Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 6
Asas irritadas


Notas iniciais do capítulo

Ok, aí está!
Espero que gostem >



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Quando Lucy acordou cedo no outro dia, estava se sentindo bem. Sua mão ainda ardia um pouco, mas o dolorido passou depois de limpar e colocar um curativo. Seu coração estava melhor também, graças aos cinco magos da Wolfblood.

Sonhou que todos eles apareciam repentinamente em seu quarto, na noite anterior, e levavam-na para passear por toda Magnólia, parando nos lugares mais bonitos para conversar banalidades.

Lucy sentia com se eles sempre estivessem ali, esperando por ela. Os conhecia há dois dias, mas pareciam anos. Essa recente amizade foi tão repentina quanto sua amizade com Natsu.

Natsu. O que ele disse na noite passada passou pela cabeça de Lucy novamente. Sentiu os olhos arderem e deu leves tapas no rosto para espantar as lágrimas.

Se ele está bem sem mim, não vejo motivos para ficar mal.”

Levantou-se e andou até o banheiro. Viu os cacos do espelho jogados pelo chão e pia. Suspirou, pegou uma vassoura e começou a limpar. Depois de confirmar que tudo estava limpo, Lucy foi tomar banho.

Diferente das outras vezes Lucy preferiu passar somente alguns minutos, pois queria ir à guilda. Depois do banho, Lucy se vestiu com uma roupa quente, colocou luvas para esconder o corte e saiu de seu apartamento.

Comeu em um pequeno café perto do centro de Magnólia. Ao terminar invocou Plue e foi para a guilda com ele ao seu lado.

Ao chegar, passou alguns segundos encarando o portão, até que deu de ombros e entrou.

A guilda estava quase vazia, provavelmente porque ainda estava cedo. Andou até o bar, onde Mira limpava copos e talheres. Quando viu Lucy sorriu docemente.

– Mira-san! Você faz algo além de limpar copos?

– Lucy! Estou aliviada por vê-la. E você sabe que gosto de fazer isso.- Mira pegou um dos copos e quase o encheu de suco, mas então lembrou-se do novo gosto de Lucy. Virou-se novamente para ela.- Você vai querer o que?

– Suco.- Disse, rindo um pouco.- Acho que está um pouco cedo para beber álcool. Não quero acabar que nem a Cana, não é?- Mira riu alto. Colocou suco no copo e deu para Lucy.

– Não fale tão alto, ela está dormindo em um dos cantos da cozinha.- Lucy quase cuspiu o suco. Soltou uma gargalhada alta depois de engolir. Mira se assustou, mas logo em seguida acompanhou Lucy.- Então, está fazendo o que aqui tão cedo?- Perguntou depois alguns minutos.

– Só vim para falar com Gajeel.

– Ele geralmente chega meio-dia para almoçar.- Antigamente Mira acharia estranho a maga querer falar com Gajeel, mas as coisas mudaram muito se tratando de Lucy Heartfilia.

– Como ainda faltam quatro horas, vou ficar te incomodando até ele chegar.- Lucy disse e logo em seguida bebeu um pouco do suco.

– Você nunca me incomoda, Lucy.- Mira estava seria ao dizer isso, o que surpreendeu Lucy. Sorriram uma para a outra, logo começando uma conversa animada. Duas horas depois Levy chegou. Quando viu Lucy correu até ela e a abraçou.

– Lu-chan! Você está bem?- Sua voz zoava preocupada, o que deixou Lucy ainda melhor do que estava. Era bom saber que podia contar com Levy novamente.

– Sim, Levy-san.- Levy se afastou e olhou-a irritada. Lucy percebeu.- Ops, foi sem querer, Levy-CHAN!- Logo abraçando-a novamente. Levy riu.

Logo as três voltaram a conversar. Levy perguntava-se o motivo de Lucy estar tão animada assim, mas decidiu deixar de lado. Não importava, porque pelo menos podia vê-la sorrindo.

Meio-dia em ponto Gajeel chegou à guilda com alguns hematomas fracos no corpo. Sentou sem uma das mesas ao fundo, com Lily ao seu lado, e ficou olhando entediado para um pedaço de metal que segurava. Lucy se levantou, despediu-se das meninas e foi até ele. Levy acompanhou-a com os olhos.

– Oi!- Gajeel levantou os rosto ao ouvir Lucy. Deu um meio sorriso como resposta.- Sua cara está terrível!

– Obrigada pela parte que me toca.- Lucy riu e sentou-se ao lado dele.-Bom, você não veio aqui somente para falar do meu rosto.

– Verdade.- Lucy ficou séria.- Eu quero agradecer por ter meio que me defendido ontem.- Gajeel somente balançou a mão.- E eu gostaria de saber porque fez isso.

Gajeel olhou para ela por alguns minutos, logo em seguida deu de ombros.

– Só queria bater em alguém e aproveitei.

Lucy bufou.

– Você acha que vou acreditar nisso? Fala logo.- Gajeel suspirou, se dando por vencido.

Okay, essa foi fácil.”

– Eu te machuquei.- Ele disse baixo, quase um sussurro. Lucy ficou confusa.- Quando ainda estava na Phantom. O que eu fiz com você foi tortura. E você me perdoou e agiu como se nada daquilo houvesse acontecido. Só achei que não poderia deixar você ser magoada daquela maneira. Não depois do que você fez por mim.

Lucy ficou estática, somente ouvindo Gajeel falar. Nunca pensou que Gajeel a considerasse dessa maneira. Sorriu sem nem ao menos perceber, constrangendo Gajeel.

– Obrigada.- Lucy disse em um sussurro. Se alguém dissesse que Gajeel a emocionaria antes, Lucy soltaria uma alta risada. Mas agora, ali, via como as coisas mudavam.

– Você faria o mesmo por mim.- Lily confirmou com a cabeça, sério.- Agora some daqui porque eu vou comer e não temos o que falar.- Lucy riu, confirmou com a cabeça e se levantou. Fez um carinho na cabeça de Lily e se despediu de Gajeel, voltando para o bar.

Sentou-se e olhou para o nada. Agora que estava mais calma, diferente da noite anterior, percebeu a besteira que fez ao cortar sua mão. Afinal, era o símbolo de sua guilda. Deixou-se levar pelos sentimentos e se esqueceu que não existia somente Natsu na guilda. Ela tinha amigos que se preocupavam com ela.

Passou alguns minutos pensando, até que ouviu alguém chama-la. Virou-se para trás, deparando-se com Lisanna.

– Posso sentar?- Apontou para o banco ao lado de Lucy que, depois do susto, confirmou com a cabeça.- Eu queria falar sobre ontem.

Lucy sentiu o estômago embrulhar, mas fez sinal para que continuasse.

– Natsu não sabia o que estava falando. Ele não quis dizer que você é- Lucy a interrompeu.

– Lisanna, não precisa falar nada. Quem deveria se explicar é Natsu, embora não ache que ele tenha algo para explicar depois de deixar bem claro o que achava do time sem mim.- Lisanna não soube o que dizer. Estava com medo de Lucy ficar com raiva ou ofendida, mas precisava defender Natsu. Se ela soubesse...- Mas obrigada por tentar melhorar as coisas.- O sorriso de Lucy causou um alívio enorme, fazendo Lisanna sorrir também.- Agora me diga: onde você comprou esse colar?

E logo as duas engataram em uma conversa banal e divertida. O humor de Lucy estava nas alturas, finalmente podia conversar com Lisanna sem sentir todo aquele desconforto. Mas tudo que é bom acaba cedo e logo Erza chegou.

– Olá meninas.- Lucy acenou com a cabeça e Lisanna sorriu.- Lucy, você saiu bem cedo ontem. O que houve?- Erza sentou ao lado de Lisanna, olhando curiosa para Lucy. Mira logo trouxe um pedaço de bolo.

– Eu não estava me sentindo bem. Sabe como é... Cerveja demais para o cérebro.- “Lucy! O que houve com sua desculpas antigas? Está ficando cada vez pior.”

– Nossa! Não sabia que bebia.- Erza estava surpresa. Nunca viu Lucy bebendo antes, mas ali estava ela falando como se fosse um hábito.

– Faz uns meses.- Erza estranhou. Mas alguns meses atrás Lucy... O que Lucy estava fazendo mesmo? Foi quando Erza parou para pensar...

– Lucy?- Ao ouvir seu nome, ela virou-se para Erza.- Faz quanto tempo que você passou a fazer missões solos?

Lucy olhou-a séria e profundamente.

– Três meses.- Erza arregalou os olhos. Três meses? Mas pareciam algumas semanas no máximo. Passara esse tempo todo sem falar com Lucy?- Tenho que ir.- Sorriu para Lisanna, que estava levemente desconfortável e acenou para Erza, que estava perdida em pensamentos.

Quando chegou ao portão da guilda, Wendy, Gray e Juvia entraram.

– Lucy-chan!- A voz doce de Wendy machucou os ouvidos de Lucy.

Sério? Eu só queria falar com Gajeel e passar um tempo com as meninas. Agora todos decidiram lembrar que existo quando nem eu quero mais.”

Acenou com a cabeça para o trio e foi embora rapidamente.

Gray e Wendy ficaram perdidos, mas deixaram para lá. Ela podia estar passando por algo pessoal, não seria bom pressioná-la. Andaram juntos até Erza, sem nem ao menos notar que Juvia desaparecera atrás de Lucy.

– Rival no amor!- Lucy parou, suspirando alto. Virou-se pra trás com um sorriso no rosto, o que incomodou Juvia.

– O que foi?- Tentou ao máximo ser simpática, não obtendo sucesso, é claro. Perdera a paciência que juntara para o dia todo somente na pequena conversa que tivera com Erza.

– Juvia só... Só queria saber se você está bem.- Lucy ficou confusa. Juvia a chamou somente para perguntar isso? E a expressão triste que ela mantinha no rosto deixou Lucy incomodada.- É que seu cabelo cresceu, o que fez Juvia perceber que não fala com a Rival no amor há muito tempo.

Ficaram em silêncio por alguns minutos. Lucy quase que petrificada pelas palavras de Juvia e a maga de água envergonhada.

– Eu estou bem... Irritada.- Lucy disse por fim. Já não aguentava mais tudo que estava acontecendo e a frase de Juvia foi a gota d’água.- Eu passei bem esses meses sendo ignorada, sabe? Mesmo estando sozinha, eu aguentei. E então, do nada, vocês decidem lembrar da minha existência. Justo agora que eu estava desistindo de vez. Isso me deixa furiosa!- Gritou a última frase, deixando Juvia assustada.- Você não acha que é tarde demais para perceber tudo isso? Eu já não ligo mais, não precisa se sentir culpada ou envergonhada. Eu não me importo se vocês me ignoram ou não, sabe por que?- Juvia negou com a cabeça, tremendo ao ouvir a frieza na voz de Lucy.- Porque eu não preciso de nenhum de vocês, nunca precisei.- Suspirou ao terminar a frase.- Agora, se me der licença, tenho coisa melhor para fazer do que fingir que minha paciência ainda está intacta.

Virou-se e foi embora, deixando Juvia sozinha.

Sabia que não foi justa com a maga. Não era dela que estava com raiva de verdade, mas aquilo a tirou do sério. Não queria ninguém olhando-a como se a mesma fosse um pobre coitada. Não queria desculpas. Queria que eles a fizessem sentir bem, como Mira, Levy, Lisanna e Gajeel fizeram. Queria saber que eram amigos.

Nunca precisou de um pedidos de desculpas. Era das ações que precisava. Queria provas concretas de que nunca mais seria ignorada daquela maneira. Só queria que Natsu...

Suspirou, tentando acalmar a alma. Não pensaria em Natsu, isso só a deixaria pior. Decidiu gastar um pouco de dinheiro em amor próprio e foi fazer compras por Magnólia.

Isso, nada melhor do que coisas novas para tirar as velhas da cabeça. Depois arrastá-las ao inferno e...”

Parou a linha de pensamento no mesmo instante e entrou na loja mais próxima. Era uma loja de brinquedos. Virou-se e quase saiu, quando viu dois ursos de pelúcia. Eles lembraram Maru e Moro.

Combina com as duas, será que eu deveria comprar e dar de presente para elas?”

Tentou imaginar o que as gêmeas diriam e decidiu que compraria só para receber abraços carinhosos das duas. Passou a tarde inteira comprando coisas para si e uns presentes para os magos da Wolfblood. Quando seu humor já estava melhor, Lucy decidiu voltar para o apartamento. O sol já estava se pondo quando percebeu que não comera nada desde manhã, então comprou alguns ingredientes, decidindo cozinhar algo em casa.

Ao abrir a porta de seu apartamento, Lucy notou que havia alguém ali. Pegou seu chicote, colocando as sacolas no chão, pronta para atacar quem quer que fosse. Quando chegou no seu quarto, deu um pulo de susto ao se deparar com uma gato alado azul.

– Lucy, você ia me machucar? Que malvada!- Happy disse com uma voz falsamente chorosa. Lucy respirou fundo.

– O que está fazendo aqui?- Happy abriu a boca para responder, mas alguém o fez antes.

– Que pergunta, Lucy! Viemos te ver.- Natsu apareceu na porta do banheiro. Lucy o olhou séria, mas Natsu não ligou.- Estou com fome.

– Eu também. Quero peixe!- Happy saiu voando pelo cômodo.

– Como vocês entraram?- Já sabia a resposta, mas torcia para que não fosse.

– Pela janela, oras.- Lucy segurou a vontade de matá-lo e foi em direção à cama. Olhou para a janela escancarada e o cadeado quebrado em cima do colchão.- Aliás, porque você colocou um cadeado? Foi difícil de entrar.

Respirou com calma e respondeu, o mais fria possível.

– Porque eu não queria visitas indesejáveis. Mas nem sempre temos o que queremos, não é?- Natsu a olhou confuso, o que não surpreendeu Lucy.- Olha Natsu-san, eu realmente estou cansada. Só vou comer qualquer besteira e dormir. Será que poderiam só... Ir embora?

Happy pousou na cabeça de Natsu, emburrado. Já o outro concordou com a cabeça, novamente incomodado com o sufixo em seu nome. Lucy olhou para baixo quando viu o olhar triste do mago. Não gostava daquele olhar, mas não queria deixar sua defesa abaixar por ele. Natsu andou até a porta, escondendo ao máximo a decepção que sentia.

Estava com saudades de Lucy, mas parece que ela não sentia o mesmo. Bom, se ela estava bem com aquilo, ele não ficaria mal.

Antes de sair, com Happy ainda sem sua cabeça, Natsu disse.

– Talvez, um dia desses... A gente possa sair em missão. Que tal? Só para não perder o costume.- Lucy ficou tão surpresa que respondeu sem pensar.

– Não acho que deveríamos manter o costume de algo que não voltará a acontecer.- O silêncio pairou por alguns segundos enquanto Natsu sentia o impacto da frase.- Eu estou ficando forte com essas missões solos. É o melhor para mim.- Não sabia porque estava inventando essa desculpa idiota, só sentia que deveria havia sido grossa demais.

Natsu sorriu. Entendeu a vontade dela de ficar mais forte, por isso tentou não mostrar o quão magoado ficou. Se despediram e ele foi embora, deixando uma Lucy pensativa para trás.

Estar perto de Natsu a deixava louca. Desde sempre foi assim, mas antes não haviam esses sentimentos ruins. Agora não sabia mais para onde tudo isso iria. Toda a relação que os dois tiveram, parecia outra realidade.

Jantou e tomou banho, sem nunca sair da linha de pensamento. Somente quando pôs os olhos nos presentes Natsu desapareceu de sua mente.

Arrumou as coisas em uma pequena mala, ansiosa para ver as caras que fariam ao abrir os presentes. Não os conhecia direito, por isso estava com medo de não gostarem. Quando terminou tudo, escreveu uma carta para sua mãe.

Escreveu sobre seus novos amigos, sobre Natsu, Levy, Gajeel. Uma página inteira somente para a missão que fizera, com direito a desenho. E no fim como sentia a falta dela todos os dias.

Olhou para o relógio, vendo que eram oito da noite e decidiu que iria dormir. Deitou-se na cama, olhando para sua mão direita.

Espero que amanhã seja melhor.

Ela não fazia ideia do quanto seria.


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Notas finais do capítulo

Agora os capítulos demorarão a ser postados porque já o Nyah já está acompanhando o Socialspirit.
Críticas são bem vindas (construtivas, claro).
Até o próximo capítulo,
Kissus de Kyungdan ^^



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