Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 5
Asas magoadas


Notas iniciais do capítulo

Aí está o capítulo, espero que gostem >



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Lucy andava por Magnólia animada, lembrando da tarde divertida que passara com os cinco magos da Wolfblood. O que era para durar duas horas durou seis e foram as melhores seis horas que teve nos últimos meses. Lamentou quando eles embarcaram no trem, mas prometeram se encontrar algum dia na próxima semana, o que trouxe de volta seu ânimo. Maru e Moro quase alagaram a estação de lágrimas, pedindo para que Lucy fosse com eles, até que Atsushi e Yamori as pegassem no colo e levassem para a cabine. Permaneceu por mais alguns minutos na estação, somente olhando o trem desaparecer. Segurava com a mão esquerda um pequena lacrima de comunicação para caso quisesse falar com eles, dado por Atsushi.

Chegou em seu apartamento sem nem ao menos perceber. Entrou, logo arrumando suas roupas limpas e colocando as sujas em um cesto. Colocou a lacrima em cima de sua cama e decidiu tomar um banho antes de ir para a guilda. Passou quase meia hora na banheira, logo depois indo para o quarto se arrumar. Vestiu uma roupa quente, pegou suas chaves e saiu.

Enrolou um pouco pelas ruas da cidade, olhando várias famílias e casais comemorando o natal.

Quando percebeu que não podia mais adiar, andou em direção ao enorme prédio com o símbolo da Fairy Tail. Parou em frente ao portão e respirou fundo.

Okay Lucy, é só entrar e avisar Mira que você completou a missão. Depois você pode voltar para casa, deitar em sua cama, enrolar-se em um lençol bem quentinho e dormir até semana que vem.”

Ao abrir o portão, deparou-se com música alta e muita gritaria. Foi quando lembrou que Mira havia avisado sobre a festa de natal. Virou-se de volta para a porta, pronta para ir embora.

Ninguém vai notar minha ausência mesmo.”

– Lu-chan!

A voz animada de Levy soou alto na guilda, fazendo algumas pessoas virarem para ela e depois pra Lucy, surpresas.

“Devem achar estranho eu ainda estar viva” .

Seus pensamentos em relação a guilda estavam cada vez mais amargos.

– Ah! Levy-san...- Lucy tentou soar o mais animada possível, mas não obteve sucesso e Levy notou.

– Vi você entrando e quis te cumprimentar. Já achava que não viria.- Levy olhou para Lucy um pouco hesitante.- Mas por que parecia que estava indo embora?

– É que eu acabei de chegar da missão e estou um pouco cansada.- Suas desculpas estavam ridículas ultimamente, precisava renovar o estoque.- Levy-san, você poderia avisar Mira-san que completei a missão?

– Não!- Lucy ficou surpresa com a resposta de Levy e mais ainda com a expressão raivosa em seu rosto.- Fique aqui. O mestre quer toda a família e isso te inclui! E pare de me chamar de Levy-san. Somos amigas, é Levy-chan!- As bochechas de Levy ficaram vermelhas de raiva.

Seu coração bateu forte. Um lado de sua mente gritava coisas ruins e rancorosas sobre Levy e o outro sussurrava palavras de expectativa.

“Talvez, só talvez, se eu der uma chance... Posso me surpreender, não é? É de Levy que estamos falando. Sua grande amiga Levy. A Levy que te ignorou esses meses todos. A Levy que te quer aqui agora, para te decepcionar depois... Não! Vamos dar uma chance, só uma.”

– Okay, Levy-chan, eu fico.- Lucy sorriu. Não aquele sorriso que incomodava, um sorriso verdadeiro. Levy a abraçou, não conseguindo esconder sua alegria ao ouvir o sufixo.- Mas não por muito tempo, preciso descansar.

Levy assentiu e então puxou Lucy até o bar, onde Mira olhava para a bagunça que era a Fairy Tail com um sorriso no rosto. Ao ver Lucy e Levy se aproximando, seu sorriso aumentou. Olhou para Levy, que piscou. O plano havia começado.

Durante a semana que Lucy estava ausente, Mira e Levy falaram com o máximo de membros da guilda possível. Perguntaram quando foi a última vez que conversaram com Lucy ou que a viram. Ficaram bastante assustadas ao descobrir que quase ninguém sabia sobre Lucy nos últimos quatro meses. Quase ninguém, pois um mago observara Lucy frequentemente.

Gajeel.

“Estranhei quando não vi mais a Baixinha com a Bunny-girl e Natsu e seu time saíram em missões sem ela, então comecei a observá-la. Quase nunca aparece na guilda e ,quando aparece, é para pegar uma missão. Fica no máximo uma hora e vai embora. Faz um tempo que não a vejo sorrir como antigamente.”

Sua voz era tediosa ao falar com elas, mas Levy sabia que ele estava chateado. E teve certeza quando, antes de se levantar para arranjar briga com Elfman, ele olhou frio para as duas e disse: “Parei de me perguntar quando alguém notaria faz um mês.”

Depois de conversarem com ele, Levy e Mira decidiram tentar de tudo para que Lucy se sentisse em casa novamente. Pensaram em pedir perdão assim que a vissem, mas conhecendo Lucy como ainda achavam que conheciam, sabiam que ela negaria tudo aquilo e diria que não há nada o que perdoar.

Armaram um plano para a festa de natal, onde convidariam Lucy a sentar com elas, incluiriam-a em todas as conversas com outros membros da guilda e, quando ela estivesse bem confortável, tentariam falar sobre esse assunto delicado.

Mas a festa começara oito da manhã e nada de Lucy aparecer. Levy olhava para a porta a cada cinco segundos, não conseguindo nem manter uma conversa decente com qualquer outra pessoa. E, quando Lucy apareceu, quase no fim da tarde, correu em direção à ela.

Agora estavam as três sentadas no bar, conversando. Lucy sentiu todo o incômodo desaparecer e parecia até animada.

– Quer seu suco de morango, Lucy?- Mira perguntou depois de alguns minutos, já se levantando e pegando um copo.

– Na verdade, eu gostaria de uma cerveja.- Tanto Levy quanto Mira encaram-na surpresas. Disse automaticamente e somente dois segundos depois percebeu que nenhuma das duas sabia sobre seu recente hábito.

– Desde quando você bebe, Lu-chan?

– Faz uns meses que criei gosto por isso.- Respondeu hesitante. Mira encheu um copo com cerveja e deu para Lucy que, mesmo se sentindo desconfortável, bebeu tudo em um gole. Colocou o copo sobre a mesa e olhou de canto de olho para as meninas.

As duas se entreolharam e decidiram que seria melhor assim, uma Lucy bêbada falaria mais fácil. Logo voltaram a conversar naturalmente. Depois de aproximadamente uma hora e meia conversando, quando estavam para passar para o assunto delicado com Lucy, o portão da guilda foi brutalmente aberto.

– E aí, minna?- Lucy ficou tensa. Fazia tempos que não ouvia a voz de Natsu e não sabia se estava pronta para vê-lo. Talvez devesse ir embora antes que ele a notasse.- Lucy?

Virou-se devagar, com medo de encará-lo. Quando seus olhos se encontraram, Lucy sentiu o coração parar.

– Natsu...-san.- Abaixou os olhos e pôs o sorriso falso no rosto. Natsu estranhou o sufixo, mas acabou ignorando. Se aproximou rapidamente de Lucy.

– Como você está?- Seu repentino interesse em Lucy deixou-a confusa.

“Por que isso do nada? Nem existia mais para ele, por que quer saber de mim?”

Como o sorriso ainda no rosto, respondeu.

– Nunca estive melhor.- Natsu pensou ter perdido alguma mensagem implícita em sua frase, mas acabou decidindo que era coisa da sua cabeça.

Mas Lisanna notou como Lucy ficou tensa, o seu sorriso, a dor em seus olhos. Decidiu fazer algo para melhorar o clima pesado que ninguém mais notara.

– Então, deixemos a conversa de lado e vamos comemorar. É natal gente!- Todos, exceto Lucy, olharam para ela e gritaram um “sim” em resposta.

Natsu sentou-se ao lado de Lucy, querendo passar um tempo com ela. Não sabia o porquê, mas estava com muitas saudades da amiga.

O resto do time também sentou-se perto dela, todos pareciam ter notado que não a viam fazia muito tempo. Lisanna foi para perto de Mira para ajudá-la a limpar os copos.

Começaram a conversar. Puxavam assunto com Lucy, que, embora respondesse, parecia não estar ali de verdade. Levy e Mira olhavam-na preocupadas. Ela estava tão bem alguns minutos atrás e, foi só Natsu aparecer, que seu semblante alegre sumiu. Mas parecia que somente elas duas e Lisanna haviam notado isso, pois o resto do time conversava animadamente.

– E... Como estão as missões?- Lucy perguntou depois de um tempo. Nem sabia por que havia feito essa pergunta. Mas ali estava, esperando ansiosa pela resposta.

– Ótimas!- Respondeu Erza, logo comendo mais um pedaço de seu bolo de morango.

– Sim!- A voz de Natsu era animada.- Podemos pegar missões mais difíceis e desafiadoras. Tem sido muito legal!

Mira, Levy e Lisanna arregalaram os olhos.

Lucy se levantou repentinamente, com a cabeça baixa, e se virou, preparando-se para ir embora.

E toda a guilda parou quando Gajeel deu um soco em Natsu.

– O que foi isso Gajeel?- A ira de Natsu era visível, mas não assustava tanto quanto o olhar de Gajeel. Era pura raiva, ódio.- Por que me bateu, se idiota?

Nem ao menos explicou nada e pulou em cima dele, distribuindo socos. Logo começaram a brigar, com toda a guilda assistindo e gritando palavras de incentivo.

Lucy aproveitou para ir embora, ignorando os chamados de Levy.

Do lado de fora da guilda, Lucy deixou suas lágrimas caírem livremente. Correu em direção ao seu apartamento, sem nem ao menos pedir desculpas as pessoas nas quais esbarrava.

Quando finalmente chegou, subiu rapidamente e abriu a porta. Se jogou em sua cama e ficou ali, chorando tudo que podia chorar.

Você é tão idiota, Lucy. Achou mesmo que algum deles havia sentido sua falta. Não viu como estavam felizes em poder, finalmente, fazer missões sem Lucy Heartfilia, o eterno peso da Fairy Tail. Missões onde pudessem lutar sem se preocupar com sua segurança. Não importa se completou aquela missão sem eles, pois continua fraca. E Natsu não precisa de nenhuma fraca como parceira. Talvez ele esteja melhor com Lisanna mesmo.”

Depois de chorar até suas lágrimas acabarem, Lucy andou lentamente até o banheiro. Pensou em ignorar o espelho, mas quando deu por si já estava encarando seu reflexo.

Sentiu tanta raiva do que viu. Uma menina fraca, com os olhos inchados, vermelhos e sem vida. Socou o espelho, quebrando-o.

Os cacos caíram sobre o chão e a pia. Lucy olhava para sua mão. Os dedos estavam machucados, com leves filetes de sangue, mas não era para isso que olhava. Sua marca, sua linda marca. Pegou o caco mais próximo e cortou sua mão, exatamente onde a marca ficava.

Ficou olhando por alguns minutos o corte, sem expressão nenhuma no olhar.

Foi quando ouviu seu nome.

A voz que o chamava era familiar e baixa. Parecia distante. Lucy seguiu a voz, que repetia seu nome várias vezes, até chegar em sua cama.

A lacrima de comunicação brilhava.

– Lucy? Você está aí?- Lucy pegou a lacrima. Conseguiu enxergar o rosto de Atsushi, por trás milhares de enfeites e pessoas festejando. O barulho era alto, mas ele não parecia se importar.

– Oi!- Sua voz saiu embargada, mesmo que não estivesse mais chorando. Ficou aliviada ao perceber que a iluminação em seu quarto era fraca, assim ninguém veria seu rosto. Viu através da lacrima Atsushi ser empurrado por duas meninas, que logo pegaram o objeto.

– Onee-chan! Feliz Natal!- Maru e Moro disseram, arrancando um pequeno sorriso de Lucy.

– Feliz Natal!

– Sentiu nossa falta?- Perguntou Maru.

– Porque nós estamos sentindo a sua.- Completou Moro.

– Só passaram algumas horas!- Gritou Yamori, que logo em seguida pegou a lacrima das mãos de Maru.- Feliz Natal, Lucy! Fiquei pensando em um presente para dar a você, então percebi que minha imagem seria mais do que perfeita.- Seu sorriso malicioso sempre firme. Lucy riu fracamente.

– Seu ego irá te matar sufocado um dia, sabia?- Gina tomou a lacrima das mãos de Yamori.- Oi, Lucy. Feliz Natal!

– Feliz Natal! Se divertiram?

– Nem tanto. Mestre quase nos matou por chegarmos tarde, mas se acalmou quando falamos de você. Ele ficou ansioso para conhece-la.- Lucy ficou confusa.

– Por que ele quer me conhecer?

– Magas celestiais são raras e você tem nove de doze chaves do zodíaco*, ele ficou impressionado.- Um mestre de uma guilda, provavelmente um mago poderoso, impressionado com seu poder? Sentiu o peito encher de orgulho.- Por isso ligamos para você. Que tal vir para cá? Quando puder, claro. Sabemos que quer passar um tempo com sua guilda.

Lucy segurou o riso amargo em sua garganta.

– Posso ir depois da amanha, se der.- Decidiu que se fosse amanhã seria muito desespero.

– Perfeito!- O sorriso de Gina era tão radiante que deixou Lucy com um calor gostoso no coração.

– Legal, agora me dê isso porque eu não consegui falar com ela direito.- Gina passou a lacrima para Atsushi, que deu um pequeno sorriso ao ver Lucy.- Está escuro ai.

– Sim. Eu já estava me preparando para dormir.- Lucy disse a última frase em um sussurro.

– Dormir? Mas ainda são seis da tarde.- O sorriso dele sumiu e ele aproximou o rosto da lacrima, com um olhar desconfiado.- Vocês estava chorando?

Lucy arregalou os olhos. Não queria falar sobre isso com ninguém no momento. Precisava de uma desculpa rápida, mas seu cérebro não estava funcionando direito.

– Não, é que... Eu tive um ataque de alergia. Por isso vou dormir cedo.

Levando em consideração seu estado mental, vou relevar essa desculpa ridícula dessa vez. Tomara que ele faça o mesmo.”

– Hum... Espero que melhore logo.- Seu olhar ainda era desconfiado, mas decidiu que deixaria de lado por agora.- Bom, vou desligar para que você possa dormir, até porque se o Mestre me ver falando com você vai roubar a lacrima e te perturbar a noite inteira.

Lucy quis dizer para que ele ficasse mais um pouco, ou que pelo menos passasse a lacrima para Maru e Moro, mas já havia dito que iria dormir. Não poderia voltar com a mentira agora. Por isso somente assentiu, com um sorriso triste nos lábios.

– Feliz Natal, Lucy.- Atsushi sussurrou. Lucy precisou ler seus lábios, tamanho o barulho que vinha da lacrima. O sorriso alargou um pouco.

– Feliz Natal.

Eles passaram alguns segundos somente se olhando, até que ele foi empurrado por alguém. Despediram-se e, antes de desligar, pôde ouvir Maru e Moro gritando, respectivamente, “Boa noite!” e “Sonhe conosco!”.

Deitou-se com a cabeça virada para cima, e ficou encarando o teto com o sorriso bobo. Antes de dormir desejou que realmente pudesse sonhar com eles, pois sabia que seriam lindos.


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Notas finais do capítulo

*São nove chaves porque Lucy só consegue a chave de Caprico na ilha Tenrou, depois que ele se liberta de Zoldeo.
E ai? Gostaram? Caso alguém encontre algum erro, por favor me informe.
Até o próximo capítulo.
Kissus de chocolate!



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