Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 4
Asas sorridentes


Notas iniciais do capítulo

Aí está o capítulo, espero que gostem!



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A primeira coisa que sentiu foi uma coisa macia e quente a cobrindo. Depois uma luz incomodando seus olhos. E então uma dor no cotovelo. Foi quando as lembranças vieram a cabeça.

A missão. As criaturas. Senhor Mikeru. Olhos azuis.

Levantou de supetão. Sua cabeça girou e Lucy deitou novamente. Olhou para os lados, descobrindo que estava no quarto que lhe foi dado na mansão Treslin.

“Como eu parei aqui?”

— Oh, senhorita! Você acordou.- Uma voz doce soou no quarto e Lucy olhou para a porta. Um moça, de no máximo vinte anos, olhava-a aliviada.- Até que enfim! Achamos que não acordaria.- A moça andou em direção a sua cama e colocou roupas sobre ela.

— Obrigada.- Dessa vez tentou levantar devagar, sentando-se na cama. Encostou a cabeça na parede atrás de si.- Há quanto tempo estou aqui?

— Três dias.- Lucy arregalou os olhos.- Mas não fique tão surpresa. Depois do que a senhorita passou, é impressionante que tenha acordado antes de uma semana.

— Depois do que passei? Como sabe?

— O outro sobrevivente, o senhor... Senhor...

— Mikeru. Ele está bem? Tenho que procura-lo.- Lucy tentou se levantar, mas foi gentilmente empurrada de volta a cama.

— A senhorita deveria descansar um pouco mais. Ele está bem, foi até o hospital. Já falou com o prefeito sobre “as criaturas” que vivem nas montanhas e como você as derrotou.- Sua voz era animada. Lucy sorriu.

— Bom, espero não ter que passar por isso novamente. Nem sei como vim parar aqui!

— Ah sim, uns magos que também aceitaram a missão encontraram você na floresta. Trouxeram o senhor Mikeru e você para cá, até o prefeito chegar com seus soldados.

Magos?

— Eles falaram de que guilda eram?

— Não. Mas eles vieram aqui esses três dias para ver você.- Lucy ficou confusa.

— Ver a mim? Por que? E por que eles não ficaram aqui na mansão?- Lucy não conseguiu segurar a esperança de que fosse seu antigo time. Talvez eles...

“Não! Você sabe muito bem que não são eles, Lucy. Acorde!”

Sentiu o peito apertar.

— Eram muitos magos, cinco no total, para ficar aqui e eles não se sentiram confortáveis em dormir na mansão, por isso alugaram uns quartos na pousada no centro da cidade.- Ela sentou na cama em frente a Lucy.- Um dos magos, o que te trouxe até aqui, disse que só iria embora ao saber se você está inteira e bem.

Lucy sentiu as bochechas corarem. Alguém preocupado com ela? Fazia tanto tempo desde que se preocuparam com ela. Talvez fossem eles. É! Talvez fosse seu antigo time.

— Com licença. Você pode me dizer se um deles tinha cabelos rosas?- Prendeu a respiração, esperando a moça responder.

— Não, nenhum deles. Mas tinham duas gêmeas muito fofas.- Lucy abaixou a cabeça, tentando esconder a decepção.- Bom, vou deixá-la descansar agora.- Levantou-se e foi andando até a porta.- Se a senhorita se sentir bem durante a noite poderá jantar com o patrão. Ele está muito animado para conversar com você.

E deixou Lucy sozinha.

“Bom, sabíamos bem no fundo que não eram eles. Agora esqueça isso.”

Decidiu tomar um banho par se distrair. Com um pouco de dificuldade foi até o banheiro. Depois de quase uma hora na banheira, se enxugou e foi para o quarto se trocar.

Quando já estava vestida ouviu uma batida na porta.

— Entre.

Lucy ainda estava ajeitando as suas coisas quando a porta abriu. Virou-se, esperando receber o mordomo esquisito ou o senhor Treslin, mas entraram cinco pessoas.

Duas gêmeas, de olhos verdes, a pele parecendo porcelana. Uma tinha cabelos pretos e a outra brancos. Deviam ter em torno de 12 anos. As duas usavam vestidos cheios de babados, como bonecas. Talvez fossem as pessoas de aparência mais fofas que Lucy já havia visto. Ao lado delas, uma garota, provavelmente mais velha que Lucy, sorria docemente. Seus olhos prateados faziam um contraste incrível com a pele e cabelos escuros. As roupas era simples, somente uma camisa e calças de cor preta.

E dois garotos. Um de cor parda, olhos escuros que expressavam malícia, cabelos enrolados escuros e um sorriso largo no rosto. Usava umas roupas esquisitas, como se fosse um príncipe sem senso de moda. Já o outro, o mais alto do grupo, tinha cabelos castanhos, com leves tons de ruivo, pele branca e os olhos... azuis. Ele parecia sério.

Os olhos dele... então foi ele quem me pegou aquela hora.”

— Olá.- Sua voz fez Lucy acordar de seus devaneios. Todos olhavam para ela.- Vejo que está bem.- Ele deu um pequeno sorriso.- Desculpa, não nos apresentam- Foi interrompido.

— Que mal educado, esse onii-chan...- Disse a gêmea de cabelos pretos.

— Sim, sim. Onii-chan mal educado!- Cantarolou a gêmea de cabelos brancos. Então as duas começaram a saltitar em volta dele, cantarolando “Onii-chan mal educado”.

— Maru! Moro! Parem com isso!- Ordenou a garota de olhos prateados e as gêmeas pararam imediatamente. Murmuraram juntas algo que Lucy não pôde ouvir, mas que pareceu irritar a outra garota.

O garoto com olhar malicioso pigarreou, chamando a atenção de Lucy para si. Fez uma pequena reverência, com um sorriso galanteador, que deixou Lucy sem graça.

— Prazer, senhorita. Sou Kazuo Doragon*.- Pegou a mão de Lucy e beijou-a. Lucy sentiu as bochechas ficarem quentes.

— Yamori*! Yamori! O pequeno Yamori!- As gêmeas cantarolaram e o garoto fez uma cara irritada.

— Esse não é mais meu nome, suas pirralhas!- E tentou pegar um delas. As duas correram e se esconderam atrás de Lucy.

— Onee-chan, nos proteja.- Disse a de cabelos pretos.

— Sim, sim! Ele vai puxar nossos cabelos.- Disse a outra.

— Nossos lindos cabelos!- Choramingaram as duas juntas.

Lucy não conseguiu segurar o riso. Todos olharam para ela confusos.

— Desculpe, é que- Respirou fundo, parando de rir.- É que vocês são muito engraçados.

Os outros sorriram de volta.

— Bom, meu nome é Lucy Heartfilia. Muito prazer.- E estendeu a mão para a garota de olhos prateados.

— Nós sabemos.- A garota disse, logo pegando sua mão.- O senhor Treslin nos disse quando viemos conversar sobre a missão. Ele nos informou que você estava desaparecida há dois dias.- Lucy assentiu, embora estivesse surpresa por saber que haviam se passado dois dias.- Bom, meu nome é Suzuki Gina*. Esse é Okamoto Atsushi*. Yamori já se apresentou. A pirralha de cabelos pretos se chama Marudashi* e de cabelos brancos é Morodashi*. Acho que os nomes delas explicam as personalidades exóticas.

— Esse não é meu nome!- Disse Yamori irritado. O resto do grupo ignorou e Lucy decidiu fazer o mesmo.

— Pode nos chamar de Moro e Maru, onee-chan.- Disseram as gêmeas juntas. Lucy sorriu.

— Maru e Moro.- As duas sorriram.- Gina...- A garota assentiu.- Seu nome combina com você.

— Obrigada.- disse gentilmente.

— Yamori, certo?- O garoto choramingou e balançou a mão concordando. Lucy então virou-se para o outro garoto.- E o seu é Atsishu, certo?

— Atsushi.- Lucy estremeceu quando ele falou. Ele parecia tão frio e intimidante.

— Ah sim, desculpe.- ficaram se encarando por alguns segundos. As duas gêmeas tiraram sua atenção e Lucy suspirou aliviada.

— Onee-chan! Seus cabelos são tão bonitos.

— Obrigada.- Lucy sorriu para elas. Eram tão fofas! Ouviu um pigarreio e virou-se para os outros três magos.

— Bom, só viemos para ver se você estava bem.- disse Gina.

— Sim, sim! Porque onii-chan ficou muito preocupado.- cantarolou Maru.

— Muito, muito preocupado!- repetiu Moro e então as duas começaram a rir. Lucy corou.

— Agora que já confirmamos que você está bem, temos que ir embora.- Atsushi falou alto, interrompendo as risadas das gêmeas.

— Não!- disseram Maru, Moro e Lucy, o que surpreendeu a todos.

— Quer dizer...- Lucy entrou em pânico. Nem ao menos sabia porque queria a presença deles, muito menos o que dizer para fazê-los ficar.- Vocês podiam ficar um pouco mais, pelo menos até eu conseguir a recompensa da missão para pagá-los.

— O que? Por que nos pagaria?- Perguntou Atsushi. Os outros olharam-na confusos.

— Porque vocês me salvaram.

— Senhorit- Lucy o interrompeu.

— Lucy. Podem me chamar de Lucy.

— Lucy.- Ele sorriu levemente ao dizer seu nome.- Você não nos deve nada. Nenhuma pessoa em juízo perfeito deixaria uma moça desmaiada e machucada na neve.

— Principalmente uma moça tão bonita assim.- Completou Yamori com um sorrisinho.

— Yamori, cale a boca!- A voz irritada de Gina soou alta.

As gêmeas começaram a rir, fazendo Lucy soltar outro sorriso.

— Bom, pelo menos me deixem pagar um sorvete ou algo assim!- Sua voz soava esperançosa e Lucy quis se bater por isso. Eles deviam achar que ela era carente ou coisa assim.

— Sim, sim!- Disseram as gêmeas.

— Não vejo motivos para não aceitar, certo Yamori?.- Complementou Gina. Yamori confirmou com a cabeça, animado.

— O mestre solicitou nossa presença na guilda para a comemoração de natal.- A sentença final de Atsushi fez todos desanimarem.- Talvez possamos sair uma outra vez.

— Verdade! Nossa guilda fica à duas cidades de distância da sua.- A voz de Gina soava animada.

— Sua guilda?

— Sim. Wolfblood.- Atsushi respondeu, mostrando sua marca no braço esquerdo.

Era o formato de um lobo uivando, em traços delicados e firmes. A cauda era tão grande que contornava metade do corpo do lobo. A cor era dourada e reluzia. Lucy ficou encantada.

— É linda...- Tocou de leve com os dedos, nem ao menos percebendo a proximidade entre os dois corpos. Olhou para cima e viu Atsushi encarando-a com um pequeno sorriso, como se estivesse apreciando-a. Corou e se afastou.- Bo-bom. E onde fica essa guilda? Nunca ouvi falar.

— Não é muito conhecida.- disse Yamori.- Mas devo dizer que já tenho um bom número de fãs.- Um sorriso arrogante emoldurou seu rosto.

— Só se for do asilo lá perto.- Disse Gina em um tom irônico, fazendo as gêmeas rirem e Yamori encará-la irritado.

— Sabe, vocês não me merecem. Outras pessoas dariam valor para o ser incrível que eu sou.

— Então vá formar uma equipe com essas pessoas e nos deixe em paz.- A palavra final foi de Gina. Yamori resmungou algo e foi para o canto do quarto.

— Fica na cidade de Laforier.- Disse Atsushi como se a recente discursão nunca houvesse acontecido. Lucy percebeu que era uma equipe um tanto que esquisita essa. Não pôde deixar de pensar na sua antiga equipe. Sentiu a animação ir embora. Atsushi pareceu perceber sua súbita mudança de humor.- Talvez possamos voltar de trem amanhã. Assim você não precisa voltar sozinha e Maru e Moro não choraminguem a viagem inteira. Além disso, adoraria ouvir como foi que você derrotou todos aqueles monstros.

— Ah sim.- Disse tentando ignorar o aperto em seu peito novamente. Estava ficando boa naquilo.- Vocês sairão que horas amanhã?

— Às cinco!- Disse Maru com a mão balançando no ar.

— Sim, sim! Cinco!- Disse Moro repetindo o ato da irmã.

Lucy sorriu.

— Okay. Então às cinco encontro vocês na estação.

— Yeeeeeeeeeeeeey!- Gritaram Maru e Moro enquanto pulavam em volta de Lucy.

Lucy gargalhou junto com Gina.

— Bom, temos que ir agora. Até amanhã, Lucy!

E se foram.

Lucy permaneceu por alguns minutos olhando para a porta. Depois deitou-se na cama, somente imaginando como seria estar com eles agora, indo para a pousada. Era estranho. Gostou muito desse estranhos e somente passara alguns minutos com eles.

Balançou a cabeça e olhou para o relógio pendurado na parede. Já era noite, ou seja, hora de ir jantar e falar com o senhor Treslin.

Andou por alguns corredores até chegar na sala de jantar. O dono da mansão já estava sentado à mesa.

— Senhorita!- Ele se levantou e a saudou com um pequeno menear de cabeça. Seus movimentos pareciam mais leves e a dor que Lucy vira em seus olhos já quase não existia.- Sente-se, por favor.

Lucy se sentou. Pouco comeram durante o jantar, pois ele fazia muitas perguntas e a agradecia a cada duas frases. Depois de terminarem a refeição, Lucy informou-lhe que iria embora no dia seguinte de manhã e ele pagou á ela a recompensa, junto com mais palavras de gratidão.

Lucy se retirou e foi para o quarto dormir. Fez sua higiene e se deitou na cama. Logo adormeceu.

Então sonhou, pela primeira vez nos últimos meses.

Sonhou com olhos azuis, duas garotinhas cantarolando e um casal discutindo. Foi tudo tão bom que quase perdeu a hora.

Fez tudo o mais rápido possível. Suas roupas foram jogadas de qualquer maneira na mala, seu cabelos mal penteados e quase esquecia o dinheiro da recompensa sobre a estante.

Correu para a estação, parando no hospital e pagando um dos enfermeiros para que mandassem flores para o senhor Mikeru com seu nome e endereço, afinal, queria manter contato com o homem.

Quando chegou na estação, achou que havia perdido o trem. Até que sua cintura foi circulada por dois pares de braços.

— Onee-chan! Achamos que havia se esquecido.- Choramingaram Maru e Moro. O resto do time logo as alcançaram.

— Desculpem-me!- Disse, curvando-se.- Eu perdi a hora. É que... Tive um sonho maravilhoso.- Acabou sorrindo sem perceber. Os outros sorriram também.

— Tudo bem, Lucy. Perdoaremos dessa vez. Mas na próxima...- Gina ameaçou, ainda com o sorriso no rosto. Lucy assentiu.

— Lucy!- Disse Yamori animado.- Diga: por acaso eu estava em seu sonho?.

Lucy riu.

— Pode-se dizer que sim.- E então olhou de canto de olho para Atsushi, que a encarava. Ele pigarreou.

— Bom, vamos entrando? Temos que achar uma cabine vazia e aqui fora está muito frio.- O resto do grupo assentiu.

Todos entraram no trem e, depois de muito procurar, entraram em uma cabine vazia. Maru e Moro insistiram para que Lucy sentasse entre as duas e ela assim o fez. Passaram a viagem toda conversando animadamente. Ficaram impressionados em como ela derrotou as criaturas das montanhas, embora Lucy não achasse tão incrível assim na prática.

Nunca pensou que encontraria um grupo de pessoas tão divertido, mas ali estavam eles.

Finalmente, depois de quatro horas de viagens que passaram muito rápido, Lucy chegou em sua parada. Maru e Moro fizeram caretas de desagrado. Lucy olhou pela janela, notando que Magnólia parecia tão estranha, mesmo que passados somente sete dias.

Não quero descer do trem. Adoraria acompanhá-los até a sua cidade. Diga isso, Lucy, e eles pensarão que você é a criatura mais estranha do mundo.”

E então, uma voz feminina soou pela cabine.

— Senhores passageiros, o trem precisa de alguns reparos. Demorará duas horas no máximo, então peço que tenham paciência. Obrigada pela atenção.- Lucy segurou o sorriso o máximo que pôde, tentando esconder sua alegria.

— Bom, vocês ouviram a moça.- A voz de Atsushi soou um tanto divertida, fazendo com que Lucy olhasse para ele.- Que tal você pagar aquele sorvete agora, Lucy?- E deu um meio sorriso. Maru e Moro saltaram alegres de suas cadeiras, já abrindo a porta da cabine e puxando Lucy para fora.

— Eu quero de chocolate!- Disse Maru animada.

— E eu de morango, onee-chan!- Foi a vez de Moro dizer.

Olhou para trás, vendo Yamori, Gina e Atsushi conversando animadamente e deixou o sorriso fluir.

Lucy percebeu que o dia todo não precisou dar um de seus sorrisos falsos. E sabia que não precisaria.


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Notas finais do capítulo

Doragon* significa "dragão". Já Yamori* significa "lagarto ou lagartixa". Isso deve deixar claro porque ele prefere Doragon e.e;
Gina* significa "prateada", por isso Lucy diz que combina com ela;
Atsushi* significa "sol da manhã";
Marudashi* significa "mostra tudo". Já Morodashi* significa "mostra descaradamente". Baseei esses nomes e um pouco da personalidade delas em duas personagens de mesmo nome no anime XxxHolic, mas as gêmeas da fanfic serão um pouco mais agradáveis que as do anime;
Os sobrenomes escolhi aleatoriamente.
Criticas são sempre bem vindas.
Até o próximo capítulo ^^
Kissus de café coreano ^^



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