Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 3
Asas corajosas


Notas iniciais do capítulo

Aí está um novo capítulo ^^ Espero que gostem.
Até o próximo, kissus!



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Quando acordou estava em uma espécie de cela. Cheirava a fezes e sangue, provocando em Lucy ânsia de vômito. Olhou para os lados, mas não conseguiu ver nada além de roupas velhas e rasgadas.

Sua cabeça doía pela pancada de mais cedo, impedindo-a de pensar com clareza. Pôs uma das mãos sobre o lado esquerdo do quadril, procurando suas chaves e não ficou surpresa quando não as encontrou.

Suspirou e tentou acalmar os nervos. Pelo menos suas roupas estavam inteiras.

Ouviu sons de passos não muito longe e decidiu se esconder em um canto mais escuro. Lucy permaneceu quieta, quando as criaturas apareceram.

A cor de suas peles, se é que poderia chamar aquilo de pele, pareciam mais escamas, era de um verde musgo. Os corpos eram grandes e rostos deformados. E os olhos, eram de um negro aterrorizante. Podia-se ver o vazio que habitava a alma deles.

Lucy entrou em pânico. Estava presa, sem suas chaves, sem muito poder mágico, com as criaturas mais assustadoras que já vira na vida.

Passaram direto por sua cela. Segundos depois Lucy ouviu o som de chaves e um grito masculino. As duas criaturas passaram arrastando um homem fraco e mal cuidado. Ele implorava, mas era ignorado. Lucy os acompanhou com os olhos até que eles sumissem em uma escada estreita no fim do corredor.

Sentiu vontade de chorar, mas precisava manter a calma, senão morreria na certa.

Respirou fundo e começou a procurar uma forma de escapar. A luz era fraca, mas Lucy conseguiu ver algumas coisas. Nada que pudesse ajudá-la a fugir, claro.

Tentou por alguns minutos, mas não obteve sucesso. Sentou no chão novamente e se pôs a pensar.

“Se pelo menos tivesse meu poder mágico, poderia tentar chamar Loke, já que ele é o único que aprendi a invocar á distância.”

Ouviu o som de passos novamente, mas não teve tempo de se esconder. As criaturas apareceram em seu campo de visão e Lucy segurou o grito na garganta.

Eles andaram até sua cela. Lucy sentiu suas pernas ficarem bambas, mas se levantou e os encarou determinada. Não os deixaria ver seu medo, pois assim saberiam que teriam poder sobre ela.

Abriram a cela e cada um segurou em um dos braços de Lucy. Foram na mesma direção que vieram. Subiram as escadas e, quando chegaram no ultimo degrau, Lucy ouviu música. Era esquisito, do tipo de música que se toca em um ritual. Como se fosse possível, seu coração bateu ainda mais rápido.

Passaram por mais corredores, até que Lucy se deparou com uma enorme sala. Havia uma mesa no meio e nenhuma janela. O homem que viu mais cedo estava amarrado sobre a mesa, somente de cueca e um pano amarrado a boca. Várias outras criaturas se encontravam envolta da mesa, olhando para ele. Quando os dois se aproximaram com Lucy, vários deles se viraram para olhá-la. Um deles, o único com olhos vermelhos, falou algo em uma língua desconhecida e as duas criaturas que a seguravam arrastaram-na para uma das cadeiras.

Lucy permaneceu com a cabeça levantada, encarando cada criatura, tentando ao máximo não demonstrar medo. O de olhos vermelhos, que estava a sua frente, deixou a cabeça pender para o lado e deu uma espécie de sorriso.

–Olá.- Sua voz saiu arrastada e as palavras lentas, como se ele ainda estivesse aprendendo a se comunicar. Lucy arregalou os olhos.- Não precisa ter medo.

– Não estou com medo.- Esforçou-se ao máximo para deixar sua voz firme. A criatura somente “sorriu”.- Por que estou aqui? Não deveria estar amarrada como ele?

– Porque você é o humano mais estranho que já vimos.

– Como assim?

– Você é diferente desse humano.- Apontou para a mesa.- Você tem essas coisas.- Apontou para seus seios.

“Então sou a primeira mulher que eles já viram? Okay Lucy, aí está seu plano.”

– Sim, é porque sou uma mulher.

– Mulher? O que é uma mulher?

Lucy sorriu.

– Uma mulher é uma subdivisão do humano, que tem mais poderes do que o ser sobre a mesa.- A criatura olhou para o homem quando Lucy se referiu a ele, logo depois voltando seu olhar para ela. Demonstrava estar intrigado.

– Poderes? Que tipo de poderes?.- As outras criaturas aproximaram o rosto para vê-la melhor, sem nem ao menos tentarem esconder seus olhares curiosos.

É Lucy, sua estúpida. Que poderes?”

Eu... Eu posso controlar todos os humanos como ele.- “Parabéns! Você ganhou o prêmio de pior improvisação”.

– Mostre.

Encarou os olhos castanhos do homem, torcendo para que ele fizesse o que ela ordenasse. Lucy levantou os braços e o homem suspendeu o corpo o máximo que pôde. As criaturas soltaram exclamações.

A criatura de olhos vermelhos fez um sinal para os guardas e Lucy aproveitou a deixa para pegar uma faca e esconder em suas roupas. Seus braços foram puxados e começou a ser arrastada em direção as escadas novamente. Antes de começar a descer os degraus, Lucy ouviu aquela voz arrastada dizer:

– Pode não estar com medo, mas devia. Você não pode nos controlar.

Sentiu seu corpo arrepiar, mas manteve a pose. Quando as criaturas a deixaram em sua cela, Lucy começou a armar seu plano.

Alguns minutos depois todos os detalhes estavam prontos.

Gritou. Uma das criaturas apareceu, com as chaves das celas presas em suas escamas. Quando se aproximou das grades, Lucy sacou sua faca e colocou em seu pescoço. A criatura deu um gritinho e tremeu de leve. Lucy estendeu a mão, que logo foi preenchida com as chaves.

Puxou a cabeça da criatura, de uma forma que batesse forte nas grades, fazendo-a desmaiar. Respirou fundo e abriu a porta da cela.

Procurou outros prisioneiros, mas parecia que além dela, só havia aquele homem na mesa.

Subiu as escadas lentamente, prestando o máximo de atenção a barulhos e movimentações estranhas. Quando chegou no topo, seguiu o mesmo caminho de antes. Chegou na sala, percebendo que estava escura e quase vazia, pois ainda havia o homem e uma criatura de guarda.

A criatura estava de costas, então Lucy andou o mais lentamente possível e enforcou-a, até deixa-la desacordada. Correu para o homem.

– Eu vou soltá-lo, não se preocupe.- O homem se agitou.- Pode parar? Ou vou ser forçada a deixa-lo aqui.- O movimento parou instantaneamente. Lucy o soltou e o homem tirou o pano da boca.

– Suas chaves.- Lucy o olhou confusa.- Você é uma maga celestial. Sei onde suas chaves podem estar.

Lucy segurou rudemente seus braços.

– Leve-me até elas. Agora!.- O homem a olhou assustado, fazendo Lucy perceber seu descontrole. Soltou-o e ficaram em um silêncio tenso por alguns segundos.

Ele pareceu ter despertado e puxou-a pela mão até uma porta do outro lado da sala. Olhou para os dois lados, então empurrou-a levemente.

– Estou fraco, não posso ajudá-la.- Lucy assentiu foi andando na frente. Dobraram mais dois corredores, quando ele apontou para um porta.- Aqui. Elas provavelmente estão nesse cômodo.

Lucy abriu a porta lentamente. Uma das criaturas se encontrava dormindo com a cabeça encostada na parede. Suas chaves estavam penduradas em cima dela.

O homem levou um susto quando Lucy simplesmente pegou a faca e bateu com o cabo na cabeça da criatura. Pegou as chaves e se virou para ele.

– Qual o seu nome?

– Mikeru, senhorita.- Lucy assentiu.

– Senhor Mikeru, obrigada por me mostrar onde minhas chaves estavam. O senhor deve saber onde é a saída, então sugiro que vá embora o mais rápido possível.- Ele arregalou os olhos.

– Mas, senhorita... Você não vem?

Lucy deu um meio sorriso.

– Preciso terminar minha missão. Só vá, eu consigo me virar.- E apontou para suas chaves. Ele assentiu e se virou para a porta.

– Boa sorte.- E desapareceu.

Lucy se virou para a criatura desacordada e começou a revista-la. Encontrou somente uma colher.

Saiu do cômodo com cuidado. Andou por mais uns corredores, quando ouviu duas vozes conversando em outra língua. Estavam vindo em sua direção. Lucy entrou na primeira porta que encontrou.

Olhou pela fresta duas criaturas passarem e suspirou aliviada. Foi quando ouviu um tipo de ronco. Olhou para trás e viu outra criatura dormindo. Ao seu lado, Lucy viu uma coisa brilhar na luz fraca que vinha de fora.

Era o colar Treslin.

Andou lenta e silenciosamente até a criatura. Aproximou a mão direita do colar e estava quase o tocando, quando sentiu um toque sobre sua mão esquerda. Abafou um grito.

A criatura olhava para ela. Seus olhos vermelhos pareciam cortar sua alma.

Em uma fração de segundos, Lucy pegou o colar e se levantou. A criatura já estava avançando sobre si, quando uma luz forte cegou os dois.

– Parece que esqueceu da minha existência, Lucy.

Não foi a primeira vez que se sentiu tão feliz em escutar a voz de Loke, mas nunca pensou que iria querer beijá-lo como queria agora.

Loke avançou contra a criatura, que desviou. Lucy foi logo atrás, sem perder tempo. Pulou sobre as costas da criatura, enquanto Loke a atacava de frente. Ficaram nessa dança por um tempo, quando Lucy percebeu que Loke estava cansado. Ele olhou para ela, como que pedindo desculpas.

– Vá.- Lucy gritou meio sem fôlego.- Eu me viro.

Loke desapareceu e Lucy estava sozinha novamente. Pulou das costas da criatura e correu o mais rápido que pôde.

Já tinha as suas chaves e o colar, não precisava mais bancar a inconsequente.

Ouviu um grito gutural. Portas foram se abrindo e diversas criaturas apareceram. Lucy correu quase na velocidade de Coco, mas as criaturas estavam a alcançando.

De repente uma ideia veio a cabeça.

– Abra-te, portão do arqueiro, Sagittarius!

– Moshi, moshi! Por que estamos correndo, Lucy-sama?

– Só continue! Quando eu gritar, você pega o que eu tiver na minha mão, amarra nas suas flechas e atira em algum lugar inflamável.

Lucy seguiu por um caminho que achava levar até a grande sala onde amarraram o senhor Mikeru. Quando chegou, ficou surpresa ao descobrir que estava certa, e correu para pegar um pano qualquer e colocar em uma das velas. Quando o fogo se alastrou o suficiente, Lucy gritou e jogou o pano para Sagittarius. Ele amarrou rapidamente e atirou no pano de mesa.

O fogo se espalhou tão rápido que Lucy já não achava mais oxigênio para respirar. Ela conseguia ouvir o som das criaturas agonizando, deixando-a confusa.

Pendeu o corpo para frente, mas foi pega por Sagittarius.

– Lucy-sama, você está quase sem poder mágico. Eu não ficarei aqui mais do que dez segundos, precisa fugir.

Lucy assentiu. Andou em direção à uma porta, sem saber onde daria. Parou no batente, tossindo muito. Foi quando sentiu ser apoiada pelos ombros.

– Vamos, senhorita. Não pare.- Mikeru gritou. Lucy olhou para ele sem acreditar.- Agora estamos quites.

Com Lucy ainda apoiada nele, correram em direção à saída, no lado contrário ao que ela pretendia ir. Subiram muitas e muitas escadas, até que Lucy viu uma forte luz e sentiu ar puro nos pulmões.

A neve foi como um presente dos deuses. Sentindo-se renovada, Lucy soltou-se de Mikeru e correu montanha abaixo. Mas, ao chegar na floresta, sentiu toda sua energia desaparecer. Caiu na neve, tentando procurar Mikeru com os olhos, mas não obteve sucesso.

O cansaço foi dominando-a, a dor entorpecendo com o frio. Percebeu que seu cotovelo esquerdo estava queimado. Virou o rosto para cima e olhou para o alto das árvores. Sorriu.

“Natsu... Eu consegui. E sem você.”

Antes de desmaiar, viu somente dois olhos azuis como o céu expressando preocupação.


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