Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 23
Partida


Notas iniciais do capítulo

Gente, sei que demorei demais, faculdade me matando porque não parei nem mesmo no natal!
E falando nisso, como foi o natal e ano novo de vocês? O meu foi regado em rabanada .-.
Bom, só queria avisar aqui que o próximo será o último antes dos epílogos (sim, não será só um epílogo) e dessa vez virá tudo mais rápido porque finalmente ficarei de férias e já estou até escrevendo.
Dedico esse capítulo a Luxy Hearfilia por estar acompanhando essa fic desde o começo e nunca me abandonar, mandando esses maravilhosos comentários ♥
Aproveitem o capítulo e até as notas finais!
Kissus!



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Lucy não sabia dizer por quanto tempo ficou encarando o cadáver de Moro. Não havia nada além das duas. Ainda conseguia ouvir seu grito, embora não saísse mais de sua garganta.

Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Moro estava morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta. Morta.

Lucy notou algo a sua frente, a uma distancia pequena de Moro. Uma jovem bela, com um sorriso maníaco e surpreso emoldurado em seu rosto. Ela era a responsável por isso. Ela arrancara a vida de sua garotinha. E ela iria pagar por isso.

Como se fosse ensaiado, no momento em que Lucy levantou a primeira perna, o chão começou a tremer e a escuridão tomou o lugar. Ela deu o primeiro passo e Evie, cujo olhar ainda permanecia em Moro, virou-se para ela. A maga tentou estender a mão para puxa-la, mas Atsushi foi mais rápido, arrancando-lhe os membros. Ela gritou e Lucy sorriu. Ela tentou se levantar, mas Gina, que surgira como um raio prendera-lhe as pernas no chão com duas laminas. O olhar de Evie mudou gradualmente ao perceber quão perto Lucy estava. Tentou proferir algum tipo de encantamento, mas Yamori, agora atrás dela, fizera-lhe morder a própria língua.

Lucy se ajoelhou em frente ao pequeno corpo dilacerado e o olhou atentamente. Lentamente estendeu a mão em direção ao rosto delicado, apreciando o olhar de pavor que ela fazia, e acariciou levemente a pele macia.

— Vai me matar, Lucy-chan? – A garota balbuciou. A loura segurou o sorriso nos lábios ao perceber que, mesmo provocando-a, a voz de Evie não escondia o medo. Mata essa vadia!

— Não. – Lucy dirigiu a mão ate as costas de Evie e sorriu satisfeita ao encontrar o que tanto desejava. Evie arregalou os olhos quando viu as chaves em suas mãos. – Não lhe darei esse gostinho. – A maga tentou se mexer ao ouvir Lucy chamando um de seus espíritos e soltou um ganido ao ver Loke surgir. – Era ele quem queria ver, não é?

— Lucy? – A loura ignorou o olhar confuso de Loke. Ela só concentrava o olhar em Evie. – O que está acontecendo?

— Quero que a mate.

— O que?! –  Nunca passou pela sua mente que ouviria Lucy proferir tais palavras. – Eu não entendo, eu...

— O que é tão difícil de entender? Quero.que.a.mate. – A maga encarou seus olhos e Loke conseguiu ver, além do ódio, dor. Deu um passo para trás, pois nunca vira tanta dor nos olhos de sua mestra. Foi quando percebeu o corpo atrás dela. Era uma das gêmeas, morta. Olhou então em volta, deparando-se com o estado dos outros magos.

Loke não soube dizer por quanto tempo ficou encarando cada um, mas quando finalmente pôs os olhos em Lucy, assentiu levemente. A maga sorriu e voltou-se para Evie.

— Você disse que precisava se vingar dele, que esse era o objetivo de tudo isso que causou a nós. – Lucy tombou a cabeça para o lado. – Imagino a frustração que sentirá pela eternidade sabendo que foi morta a um passo de finalizar a vingança. – Levantou-se em um movimento e se afastou dois passos. – Loke.

O espirito se aproximou e se preparou para a execução. Ele respirou fundo e deu o golpe, ignorando o grito abafado que saiu dos lábios da garota.

Lucy permaneceu olhando-a nos olhos até que a luz se extinguisse deles e finalmente desmaiou.

~•~

Uma semana depois

Acordou com uma dor de cabeça infernal. Ainda de olhos fechados tentou lembrar onde estava, não obtendo sucesso. Quando se preparava para abrir os olhos e se levantar, ouviu vozes cada vez mais altas. Permaneceu quieta e logo pode ouvir uma porta sendo aberta.

— Ainda não acordou? – Aquela era definitivamente a voz de Makarov. Onde diabos estava?

— Não, mas não acredito que seja algo serio. – Lucy reconheceria a voz irritada de Porlyusica a quilômetros de distancia. – Provavelmente é só cansaço excessivo.

— Depois de tudo pelo que passou, não é de se admirar que só queira descansar.

­ – E sobre a gêmea? Encontraram-na? – Gêmea? Do que estavam falando?

E como uma onda todas as lembranças voltaram. Evie. Elric. Moro.

— Moro! – Makarov e Porlyusica deram um pulo de susto quando Lucy levantou em um movimento. Tentou colocar os pés para fora da cama, mas logo ficou tonta e voltou a cair na cama. Quando se preparava para levantar novamente, Porlyusica segurou seu ombro.

— Tente não fazer esforço, criança estupida. – Lucy tentou lutar contra os braços da mulher que insistiam em mantê-la deitada.

— Não! Moro! Eu preciso... Preciso vê-la...

— Já foi enterrada, minha filha. – Sentiu o ar faltar quando Makarov proferiu aquelas palavras. – Você dormiu por quase uma semana, não podiam esperar todo esse tempo. – Enterrada, sua garotinha estava enterrada. Como viveria agora? Como Maru...!

— Maru! Como ela está? – Os dois velhos trocaram olhares, o que só a deixou mais apreensiva.

— Ela desapareceu.  Quando descobriu sobre a morte da irmã fugiu.

— Temos que procura-la. – Ela tentou se levantar mais uma vez somente para ser empurrada de volta.

— Os membros da Wolfblood já estão cuidando disso. Pedi que alguns membros da Fairy Tail também ajudassem na busca.

— Eu também quero ajudar.

— Você está machucada, suas pernas estão melhorando ainda e nem vamos falar de seu poder mágico! – Lucy quis genuinamente dar um belo soco no rosto de Porlyusica. –  Vamos, durma.

Lucy deitou a cabeça sobre o travesseiro e fechou os olhos. Toda a adrenalina que sentira alguns minutos atrás sumira e ela agora sentia presente o cansaço. Sentiu entrar cada vez mais na inconsciência e, antes de dormir, veio-lhe a mente uma ultima pergunta.

— Mestre. – Chamou-o de olhos fechados ainda. – O que houve com Evie?

Mas a resposta não veio.

~•~

Uma semana depois

Lucy queria realmente responde-los, com todo o afinco era isso que desejava, mas não conseguia. Sua voz não saía, sua boca não abria, nem sua mente parecia funcionar de verdade. A única coisa que parecia repassar por seus olhos era Moro sendo morta diversas vezes.

— Lu-chan? – Ouviu Levy chama-la, mas não reagiu. A garota já esperava isso. – Ainda não conseguimos encontrar Maru, mas Atsushi-san já conseguiu algumas pistas. Tenho certeza que logo os dois voltarão. Sabe, eu nunca imaginei que acabaríamos assim. – A garota fungou baixo e Lucy quis consola-la. Não consegue consolar nem a si mesma. – Tudo mudou tão rápido... Desculpe. – E logo ela desapareceu pela porta da enfermaria.

Essa era sua rotina na ultima semana. Ouvir as novidades de seus amigos, ver as lagrimas surgirem quando ela não respondia e voltar novamente a sua solidão quando eles desistiam de tentar chama-la para a realidade. A única que parecia entender onde Lucy estava agora, como ela se sentia, era Gina. 

Sempre que era visitada pela prateada, permaneciam as duas somente sentadas uma ao lado da outra, em um silencio confortável.

Ainda pensando na amiga ouviu a porta da enfermaria abrir. E lá estava ela, com um saco de bombons e um travesseiro a mais. Lucy afastou-se para o lado, dando espaço para que a garota pudesse sentar. Permaneceram somente comendo besteiras por um tempo, até que Gina, provavelmente não aguentando mais todo aquele vazio, decidiu falar.

— Ela era tão doce. – Lucy passou a observa-la, ainda comendo bombons. – Estranha e maluca, mas tão doce e gentil. Então por quê? – Ela olhou para Lucy esperando uma resposta, mas a loura só conseguiu negar com a cabeça. Gina suspirou e apoiou o rosto sobre ombros de Lucy. A maga então sentiu as lágrimas quentes descendo por seu braço. Lucy afagou os cabelos da amiga até que esta parasse de chorar. – Obrigada. – Lucy sorriu fraco.

Voltaram a comer os bombons e, em um momento de distração, Lucy abriu a boca.

— Gina, o que aconteceu com Evie? – A maga pareceu chocada e Lucy não sabia dizer se era pela pergunta ou por ouvir sua voz pela primeira vez em duas semanas.

— Lucy... – A loura não conseguiu entender o olhar que a prateada lhe dera. Sentiu medo da resposta que viria. – Você não lembra? – Ela negou. – Lucy, Evie morreu. – Gina disse lentamente, como se quisesse que Lucy absorvesse as palavras. – Você a matou.

~•~

Não sairia daquela casa nem que o diabo em pessoa aparecesse. De vez em quando ouvia Gina, Yamori ou Natsu e seu time chama-la, mas logo invocava Virgo para manda-los embora. O dragon slayer até tentara queimar sua porta, mas Erza o impedira com um nocaute.

Loke também tentara falar com ela, mas Lucy o mandou de volta para o mundo dos espíritos antes mesmo que ele dissesse algo. Não conseguia olha-lo nos olhos depois do que o forçara a fazer.

Ela se sentia suja. Tivera a coragem de matar uma pessoa. Um ser humano feito de carne e osso, assim como ela. Era um monstro.

Como poderia falar com seus amigos agora? Como poderia pensar em ao menos pisar na Fairy Tail depois do terrível ato que cometera? Saber que Makarov ainda tentara ocultar a verdade dela só a fazia se sentir pior.

Agora era tão má quanto os membros de guildas negras (rever essa denominação), nem mesmo Laxus em seu momento de loucura e ódio conseguiu fazer o que Lucy fizera.

Entretida em sua autocondenação, só notou a escuridão quando cobria quase que todo o seu quarto. Pensou em pegar suas chaves, mas quando notou a presença atrás de si, somente limpou as lágrimas rapidamente e tentou manter uma expressão fria. Viu-o andar até sua frente e, quando ele se sentou, fugiu de seu olhar.

— O que faz aqui?

— Bom, por onde começo? – Lucy fingiu não notar o sarcasmo em sua voz. – Volto cansado de mais um tentativa mal sucedida de encontrar Maru somente para descobrir que minha namorada havia acordado e se trancara no próprio apartamento, não deixando ninguém entrar. Então eu vim até aqui tentar persuadi-la de bancar a maluca e pelo menos conversar com alguém, mesmo que não seja comigo.

— Não há nada o que conversar.

— Lucy, por favor. – Ele tentara pegar em sua mão, mas Lucy rapidamente a puxou e apertou as duas contra seu peito. – Estamos todos preocupados com você, pelo menos saia dessa casa.

— Por quê? – Ele pareceu confuso com sua pergunta. – Por que está preocupado comigo?

— Porque eu te amo, Lucy.

— Como você consegue me amar? – Ela agora estava de pé, gritando. – Como consegue olhar para mim depois do que fiz e ainda assim me amar?

Ele enfim pareceu entender do que tudo aquilo se tratava. Queria muito limpar as lágrimas que ela provavelmente nem notara que estavam caindo, mas sabia que Lucy precisava deixar tudo aquilo sair.

— Eu sou um monstro. Um monstro! Você entende isso? Eu matei Evie e nem ao menos tive a coragem de me lembrar disso. Eu sou o pior ser humano que já existiu. Como você consegue me amar?

Ela então voltou a cair no chão, chorando alto. Atsushi se aproximou devagar e a abraçou, esperando ser afastado. Ela, porem, não reagiu.

— Primeiro. – Ele disse depois de um tempo. – Você não é o pior ser humano que já existiu, ou quer mesmo ser comparada a Zeref? Segundo, se você não a matasse, provavelmente eu, Gina ou até mesmo Yamori teria feito isso. Você nos considera monstros? –Lucy negou. – Então está bem claro que nenhum de nós também a considera um monstro.

— Eu estou tão perdida.

— Está tudo bem em ficar perdida por um tempo.

— Eu estou tão presa em toda essa loucura.

— Eu estou aqui com você.

— Eu não sei o que fazer.

Atsushi viu a tristeza nos olhos de Lucy, uma tristeza mil vezes maior da que vira quando a encontrou na neve meses atrás. Naquela época não sabia o que fazer, mas hoje era diferente, muito diferente.

— Só precisa dar um passo de cada vez. – Lucy pareceu assimilar lentamente o que ele disse. – Um passo de cada vez em direção à luz. Não precisa correr, pode andar em seu ritmo. E se você cair, não importa onde estiver eu correrei o mais rápido que puder para te amparar e te ajudar a levantar.

— Um passo de cada vez? – Ele somente assentiu. – E qual o primeiro?

— O primeiro é o mais fácil: só precisa respirar fundo e recomeçar.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Sei que ficou pequeno e bastante triste e vazio, mas era essa a ideia.
Mandem suas criticas (só não me matem né e.e)
Até o próximo,
Kissus de saudades!



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