— Vou te perguntar mais uma vez, ou então é outro dente que irei arrancar. Onde está a garota loura que você transportou dois dias atrás?- Gajeel não era conhecido por ser a pessoa mais gentil, mas aquele homem não sabia disso. Ainda.

— Eu não sei... Eu só era responsável pela locomoção. Só fui pago para isso.- O homem estava desesperado, o dragon slayer de ferro podia ver em seus olhos. Quase sorriu, afinal, adorava causar esse efeito nas pessoas. Mas nesse momento não tinha tempo para aproveitar, a vida de Lucy estava em perigo. Olhou fundo nos olhos do homem e sussurrou:

— Não é suficiente.- E então o apagou.

Ele estava frustrado. Lucy desaparecera há quatro noites e a loucura começou a reinar na Fairy Tail. Natsu o culpava por tê-la perdido, Mira se culpava por tê-la perdido, Levy andava estressada por todo canto e agora Gajeel precisava conviver com um Happy totalmente deprimido porque, de acordo com ele, Natsu não tinha tempo para limpar suas lágrimas.

Mas nada se comparava ao ódio que sentia de si mesmo. Ele estava de vigia na noite em que ela fora sequestrada e por culpa sua sabe-se lá o que devia estar acontecendo com ela neste momento. Saiu procurando seu cheiro por horas, até que encontrou essa empresa de carroças. Foi questão de tempo até conseguir as informações que queria, embora não fossem suficientes.

— Que droga!- Chutou uma cadeira próxima a si e se jogou no chão, as mãos cobrindo o rosto.- Natsu vai me matar...

~•~

— Eu vou te matar, seu desgraçado!- Natsu enforcava Atsushi, até que Erza entrou no meio e agarrou o dragon slayer, puxando-o para longe do outro mago.

— O que está acontecendo aqui?- Gina perguntou enquanto levantava Atsushi.- Por que você o atacou?

— Como se vocês não soubessem!

—Natsu!- Erza o repreendeu.

— Olha, eu não sei qual o seu problema e, para dizer a verdade, nem me importo. Só quero falar com Lucy, então me diga onde ela está.- As fadas todas pararam e o olharam confusas.- O que foi?

— Você tem noção que acabou de perguntar onde Lucy está, moleque?- Gajeel se pronunciou pela primeira vez desde que voltara de sua investigação. Antes que Atsushi pudesse dar uma resposta muito irônica, Levy se intrometeu.

— Quando foi a ultima vez que vocês viram Lucy?- A pergunta foi dirigida para Gina, mas Atsushi respondeu.

— Três dias atrás.- Sua voz deixava clara o quanto ele estava desconfiado. Levy fez sinal para que continuasse.- Ela... Disse que surgiu uma emergência com vocês e que precisava vir a Magnólia, então só se despediu e sumiu.- Levy e Gajeel trocaram olhares preocupados, o que somente deixou Atsushi mais estressado.- Vocês podem dizer o que está acontecendo?- As luzes acima deles piscou e Natsu se preparou para o ataque.

— Diga-me garoto...- Os magos foram se afastando ate que Makarov entrou no campo de visão dos lobos.- Alguém na sua guilda possui o poder de mascaras?- Atsushi o olhou confuso, para em seguida confirmar.- Bom, vou ser direto: Lucy desapareceu quatro noites atrás, de acordo com nosso espião.- Atsushi deu um passo para trás, como se tivesse levado um soco, Gina suspirou surpresa, Maru e Moro tentaram se apoiar uma na outra e Yamori continuou olhando fixo para Makarov, que estudava a reação de cada um.- Mas, de acordo com vocês, ela estava em casa até três dias atrás. Meio confuso, não acham?

— Você... Não está tentando insinuar o que estou pensando que está, não é?- A frieza era clara na voz de Yamori.

— Acho melhor se sentarem, temos assuntos para colocar em dia.

~•~

Lucy não conseguia raciocinar direito, tamanha a dor de cabeça que sentia. Não lembrava do que acontecera antes de parar ali, naquele cativeiro. Só sabia que a cada onze mil na sua contagem mental alguém vinha alimentá-la, o que era um eufemismo para “jogar uma bandeja com pão mofado através de uma abertura na porta”. Na verdade, sua contagem estava ficando cada vez mais inexata, pois Lucy não dormia desde que acordara ali. O cheiro de xixi e vômito não ajudavam muito, afinal, a maga não conseguia manter nada em seu estomago.

“Quanto tempo será que eu duro? Talvez mais algumas horas, vai saber o que esse mofo pode fazer ao nosso sistema!? Tomara que seja logo...”

Não sabia mais o que pensar, na verdade. A um passo da loucura, era onde Lucy estava. E talvez, se aquela porta não houvesse aberto e Elric aparecido, Lucy provavelmente teria desmaiado.

— Mestre!- Não foi mais que um sussurro, mas Elric sorriu como se pudesse ouvi-la. E Lucy sentiu as lágrimas caírem ao ver aquele sorriso.

— Vamos, minha criança, temos que tira-la daqui.

E Lucy fechou os olhos, deixando-se levar.

~•~

— Você não pode estar falando sério?- Atsushi quase gritava de tanta raiva, mas não surtia efeito na expressão séria de Makarov.

— Sei que é difícil de aceitar, mas...- Foi interrompido por Moro.

— É impossível de acreditar!- Suas bochechas estavam vermelhas e ela ofegava. Talvez pelo esforço que tivera que fazer para sair dos braços de Gajeel, onde Maru ainda estava.- Você está dizendo que Lucy foi sequestrada pela nossa guilda! Isso é loucura!

— Também acho uma loucura, menina, mas são fatos. Estamos analisando toda essa situação há meses e essa é foi a única resposta que encontramos.

— Não espera mesmo que confiemos em você, não é?- Yamori, que até então olhava para o chão, pronunciou-se.- Vocês podem estar inventando tudo isso e mantendo a Lucy escondida em algum lugar!

— Por que faríamos isso?- Mira perguntou.

— Eu sei lá! Até alguns meses atrás vocês a ignoravam como se ela fosse um copo descartável.- A albina abaixou a cabeça, machucada pelas palavras do mago.

— Nós não fizemos intencionalmente!- Levy gritou.

— Oh, nunca ouvi falar de um caso de abandono não intencional.- E ali estava o Yamori cínico do qual muitos fugiam.- Fale-me mais. Vocês fazem parte de algum grupo de apoio para esse tipo de transtorno?

— Yamori, chega.- Gina disse enquanto massageava a cabeça. De todos ela era a mais estressada, embora não demonstrasse.

— Não! Você não ouviu o que estão dizendo? Estão acusando a nossa guilda de sequestrar Lucy! Como se pudéssemos fazer isso com ela.

— Vocês não, mas o mestre de sua guilda não tem um histórico muito limpo.

— Natsu Dragneel também não, mas não vejo ninguém o atacando! Ele, até pouco tempo atrás, perseguia Lucy!

— Eu não...!- Erza o calou, mas ele logo se livrou dela. Yamori e Natsu começaram uma discursão e logo as lobas gêmeas se juntaram.

— Já chega!- Gina gritou e vários copos explodiram, não machucando nenhum mago, felizmente. Ela olhou irritada para Makarov.- Olha, se você não tem provas contra nossa guilda, não vamos perder nosso tempo ouvindo essa baboseira. Vamos, precisamos avisar sobre o desaparecimento de Lucy para a guilda.- Levantou-se para ir embora, os outros a imitando, mas foi parada por uma voz grossa que os lobos nunca ouviram antes e que as fadas pensaram que nunca mais ouviriam.

— Você talvez queiram pensar duas vezes, pois eu trago informações novas.- O cabelo louro não era cortado fazia alguns meses e as roupas estavam sujas e amassadas, mas aquele definitivamente era o neto de Makarov.

— Laxus!- O senhor exclamou surpreso.- O que est- Foi interrompido pelo louro.

— Arrumem suas coisas merdinhas, encontrei a Lucy.

~•~

Lucy ouvia Elric, mas não conseguia discernir suas palavras. Só conseguia ver corredores e mais corredores a sua frente.

— Vamos, temos que nos apressar.- Lucy tentou mover as pernas, mas somente deu dois passos antes de tropeçar.- Não pare agora, estamos quase saindo.

— Onde... Onde estão os outros?- Lucy conseguiu dizer a um fio de voz.

— Shhh, poupe o fôlego. Conversamos quando estivermos em segurança.- Eles dobraram para direita e Lucy fechou os olhos, tentando evitar a luz do lado de fora.- Viu? Estamos quase chegando, você logo não terá que se preocupar com pão mofado.

Lucy parou trinta segundos depois. Sua mente não estava em estado perfeito, mas ela notou.

— O que foi? Temos que ir!- Mas Lucy não se moveu.

— Quando o senhor chegou?- Ele parou de tentar movê-la e a encarou confuso.

— Faz alguns minutos.- Lucy se afastou, as lágrimas voltando a cair.

— Então como sabe sobre o pão mofado?- Ele permaneceu imóvel e Lucy adotou uma posição fajuta de luta. Ele então explodiu em um riso alto e parou um segundo depois.

— Ah, Lucy... Você realmente não facilita.- Olhou para algo atrás da loura.- Apague-a.- E então tudo escureceu.

~•~

Acordou com a dor de cabeça ainda pior. Algum dia teria que parar com esse habito de levar pancadas na cabeça. Levantou o rosto e só conseguiu enxergar o formato de um corpo grande.

— Ah, você acordou!

Quando seus olhos se acostumaram ao local, Lucy pôde ver Elric com clareza. Ao invés dos casacos de pele que ele geralmente usava, estava somente com uma calça e camisa simples, além de seu habitual copo de uísque. Estavam no mesmo local onde ela acordara antes.

— Você dorme muito, sabia disso?- Lucy deu um olhar irritado como resposta.- Ah, vamos lá! Não faça isso.- Ela tentou mexer as pernas, somente para descobrir que estava paralisada. Provavelmente algum feitiço simples. Elric pareceu ignorar sua façanha.- Não quer saber por quê está aqui?

— Não. Quero que me solte, somente isso.

— Isso eu não posso fazer, minha querida. Mas não se preocupe, eu vou dizer exatamente o motivo de ter te sequestrado.

— Já disse que não me importo!- A agua gelada que foi jogada sobre si a acordou imediatamente. Olhou para o lado e viu Evie com um pequeno balde.- O que...?

— Não gosto de crianças malcriadas.- Ele tirou algo de seu bolso esquerdo e Lucy petrificou quando viu suas chaves.

— Não!- Ele fez sinal para que se calasse e assim ela fez.

— Boa garota. Evie-chan, leve as chaves para um lugar seguro.- A maga pegou o molho, olhou-o com interesse por alguns segundos e desapareceu pela porta.- Agora podemos conversar civilizadamente, não é?- Lucy não respondeu.- Balance a cabeça se me entendeu.- A maga segurou o ódio que sentia e fez o que foi mandado.- Acho que devo começar a me explicar, não é?

— Por que quer tanto me explicar isso?- Ele deixou a cabeça pender para o lado, em sinal de confusão.

— Oras, não gosto quando meus convidados fiquem as escuras.- Ele suspirou alto, como se estivesse se preparando para um grande discurso.- Bom, por onde eu começo? Acho que a minha juventude explica tudo. Eu era um jovem cheio de ambições para o futuro, muito orgulhoso e bonito. Ainda sou, mas esse não é o caso. Eu fazia parte de uma guilda chamada Silver Wings, e era um guilda incrível. Ou pelo menos era o que eu achava.

‘Éramos fracos. Mas não importava porque nosso mestre era um homem cujo caráter valia por dez mil homens.- Lucy viu ele sorrir nostálgico e quase sentiu simpatia. Quase.- Mas o caráter dele não foi o suficiente para impedir que ele fosse morto. Foi quando eu aprendi que não importa o quão boa é uma pessoa, se ela não tem força para se manter viva.- A maga quis negar o que ele estava dizendo, mas entendia completamente. Ser fraco irritava.- Então eu decidi criar a guilda mais forte de toda Fiore.

Lucy ficou confusa.

— O que isso tem a ver comigo?

— Calma, logo chegarei a esse ponto.- Ele tomou um gole de seu uísque e voltou a falar.- Pesquisei por anos os tipos de magias mais raras e fortes, também fiz minha pesquisas sobre que magos as dominavam. Um lista grande, na qual diversos nomes já foram riscados. Talvez faltem uns dez, e entre eles está o seu. Lucy Heartfilia, a maga celestial com nove das doze chaves do zodíaco, capaz de fazer um Urano Metria, de chamar dois espíritos e se manter em pé. Você é fascinante. E eu precisava de você na minha guilda.

— Espera, o que?!- A maga praticamente gritou.- Você só pode estar brincando, não é? Como assim você fez tudo isso somente para me ter na sua coleção de magos! Tem ideia do que eu tenho me alimentado?

— Sei que parece trabalho demais por um motivo bobo, mas você não me ajudava. Mesmo fazendo sua guilda te ignorar, você não saiu.

— Você...

— Mandei Atsushi e seu time para a mesma missão que você e só assim consegui entrar em contato. Mas ainda assim você não entrou na guilda.- Lucy não conseguia dizer palavra alguma.- Você veio morar conosco, passava todos os dias na nossa guilda, mas não entrava! Eu simulei um resgate e você não conseguiu confiar em mim!

— Você fez... Meus amigos me ignorarem.- Ela sussurrou de cabeça baixa.- Fez eu me sentir sozinha, um lixo...- Elric se aproximou da maga, tentando ver seu rosto. Ela de repente se levantou e mordeu a ponta de seu nariz. Ele se afastou assustado, tocou o local e se deparou com sangue. Lucy o encarava com frieza.- Você está tão morto...

Elric sorriu fascinado pela reação da garota.

— Evie-chan! Pode vir, por favor!- A garota logo apareceu com nada mais que uma expressão metódica no roeto.- Nossa Lucy precisa aprender algumas lições. Sabe o que fazer, não é?- Ela afirmou e Lucy ficou apreensiva.- Ótimo, chame-me quando Lucy decidir se tornar uma loba.

A loura soltou uma risada alta.

— Eu morro antes de entrar para a mesma guilda que você, seu desgraç- Levou um soco de Evie.

— Hm... Se isso acontecer, tenho planos reservas. Agora, se me derem licença, preciso encher meu copo novamente.- Balançou o objeto e sumiu.

Lucy passou a olhar para Evie, que estava ocupada pintando seus braços com... Sangue? Ela olhou para Lucy e sorriso docemente.

— Bem, vamos nos divertir?

~•~

— O que estamos esperando?- Natsu estava a um passo de pular no maldito castelo e queimar tudo o que havia ali.

— Não podemos, seu idiota.- Laxus deu um soco na cabeça de Natsu.- Precisamos ter cuidado, vai saber o que está acontecendo com Lu- Os dragon slayers paralisaram no mesmo segundo.

— O que houve?- Perguntou Mira.

— Rápido! Segurem Natsu.- Gajeel e Yamori seguraram os braços do garoto, que esperneava e tentava se soltar.

— Laxus, o que houve?- Levy estava a beira do desespero.

— Lucy está... Está....

— Está gritando!- Disse Natsu entre um chute no ar e uma tentativa de soco.- Ela está chorando e sofrendo e precisando de mim, então me soltem!

— Natsu, acalme-se!

— Maru! Moro!- Todos viraram-se em direção ao castelo, para onde as gêmeas corriam. Natsu aproveitou a distração de todos, soltou-se e passou a correr atrás delas.

Era para ser simples. Quando Laxus apareceu, os lobos decidiram colaborar. Ainda não achavam que seu mestre estava por trás de tudo, mas deixariam essa discursão para depois que Lucy estivesse segura. Quando chegaram ao local, em um pequeno vilarejo algumas horas de distância de Magnólia, decidiram que esperariam o anoitecer para atacar. Mas as coisas fugiram de controle e Laxus ficou aliviado de adiantar tudo. Não gostou nem um pouco dos gritos de Lucy.

— Qual o plano agora?- Perguntou Freed, que corria a seu lado.

— Bater em todos que encontrar.

~•~

Lucy não conseguia mais sentir o corpo. Sabia que havia queimaduras em suas canelas e cortes em suas coxas, mas não podia mais senti-los.

— Evie-chan, acho que foi suficiente. Pode se retirar.

— Sim, mestre.- A garota sumiu novamente pela porta, não antes de dar um sorriso frio que deixou Lucy arrepiada. Elric chamou sua atenção ao tentar se aproximar com um peno molhado.

— Vamos limpar essas feridas.- Lucy se afastou quando ele colocou o pano sobre sua coxa direita.- Vamos lá, não faça isso. Logo eu serei seu mestre, temos que nos relacionar bem.- Lucy cuspiu em seu rosto. Ele soltou um risinho enquanto se limpava.- Devo ser honesto, a cada dia que passa crio mais respeito por você.- Logo em seguida Lucy sentiu seu rosto arder.- Mas não aceito que tratem assim. Espero que aprenda com esse tapa, já que os últimos minutos não serviram de aprendizado.- Ele se levantou.- Darei uma hora de folga para você e então Evie voltará com mais alguns brinquedinhos. Até lá é bom ter mudado de ideia.

— Poupe seu tempo. Minha resposta continuará a mesma.- Elric suspirou cansado e olhou para Lucy com uma tristeza que parecia até genuína.

— Que pena, você daria uma ótima loba.- E deixou Lucy sozinha novamente.

A loura aproveitou o momento para chorar. Não sabia se era de dor física, mental ou emocional, só queria que aquele pesadelo acabasse. Após alguns minutos conseguiu relaxar e fechou os olhos, esperando dormir. E por incrível que pareça conseguiu.

Em algum momento passou a ouvir a voz de alguém chamando-a. Sabia que conhecia aquela voz, mas não lembrava quem era o dono. Não importava muito, era só uma alucinação.

— Lucy!- A voz estava mais alta, mas nítida.- Lucy!- Ela conhecia aquela voz.- Lucy!!!- Não era uma alucinação...

— Natsu...- Disse em um fio de voz. Tentou se arrastar até a porta, na esperança de nem ela sabia o quê.- Natsu.- Dessa vez sua voz soou um pouco mais alta.

— Por aqui.- Ouviu ele gritar. Os passos, que pareciam ser diversos, aproximaram-se e logo a porta foi derrubada.- Lucy!

— Onee-chan!- Ouviu Maru e Moro gritarem e logo sentiu os braços de Natsu a cobrirem e gritou de dor. Ele se afastou assustado.- Desculpe, eu...

— Não...- Ela se aproximou dele. Natsu era a única coisa que enxergava.- Não me solte, por favor não me solte.- Ele se aproximou apreensivo e tocou levemente em seu corpo.

— Está tudo bem agora, calma.- Lucy não ouviu mais, somente mergulhou na inconsciência.