Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 15
Asas arrancadas


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Punam-me, pois eu pequei.
Eu demorei muito, não é? Minha única desculpa é: Falta de inspiração. Sério mesmo, eu não conseguia escrever nada. A maior parte desse capítulo escrevi hoje ;-;
Quero dedicar esse capítulo à linda JeniOtom. Eu te adoro e você precisa saber disso u.u
Bom, Só vou desejar um Feliz Natal e Feliz Ano Novo meio atrasado o/
Podem ler agora e.e
Até as notas finais,
Kissus!



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– Mestre, eu posso falar com o senhor?- Makarov levantou os olhos para a porta, onde Lucy se encontrava. Ficou surpreso por encontrar a maga tão tarde na guilda, mas acenou com a cabeça e apontou para a cadeira a sua frente.

– Claro, minha filha. Sente-se.- A loura sentou-se ereta, mostrando o quão tensa estava. Makarov também observou seus olhos marejados e percebeu que a conversa não seria boa. Quando Lucy notou o olhar do homem sobre si, abaixou a cabeça, enxugando os cantos dos olhos. Makarov pensou ter ouvido a moça fungar, deixando-a se acalmar por alguns minutos. Quando a maga pareceu um pouco melhor, decidiu falar.- Lucy, o que houve?

Isso pareceu desperta-la, já que ela levantou o rosto repentinamente. Makarov não conseguiu ver nada além de determinação em seus olhos.

– Mestre, eu quero sair da guilda.

~•~

3 semanas antes

Quando Lucy voltou a guilda, quatro dias depois de encontrar com seu antigo time, Magnólia parecia diferente, mas tratou de tirar esses pensamentos da cabeça.

Depois do que Natsu lhe dissera, Lucy voltou desolada para a mansão de seus amigos. Ignorou todos, exceto Gina. Precisava conversar com ela. Depois de contar tudo, Lucy ouviu sermões e palavras de incentivo, todas misturadas, o que a confundiu por um tempo. No fim da noite, Lucy se encontrava novamente decidida a falar com Natsu. Não sabia o porquê, mas não conseguia desistir dele, pelo menos não ainda.

Com esses pensamentos foi até seu apartamento, arrumando seus pertences assim que chegou. Arrumou o local, tirando a poeira acumulada. Depois de resolver tudo, Lucy foi procurar algo para comer. Não encontrou nada dentro do prazo de validade, então foi ao mercado.

Seguiu o caminho lentamente, tentando adiar sua ida a guilda o máximo possível. Comprou que devia e voltou para casa. Comeu, tomou banho e depois, quando percebeu que não havia mais nada para se fazer, foi até a guilda.

Definitivamente há algo de diferente em Magnólia.” Pensou Lucy ao encarar o portão da guilda. “São três da tarde e não ouço barulho nenhum vindo da guilda.”

Entrou desconfiada, deparando-se com uma guilda quase vazia. Olhou confusa para todos os lados, notando somente alguns magos, entre eles Cana, que dormia em cima de um barriu de cerveja, e Mira, como sempre limpando copos no bar. Foi até a maga.

– Mira-chan!- Disse ao se sentar em um cadeira. Mira pareceu não nota-la.- Mira-chan!- Disse mais alto, quase gritando e, somente assim, a maga pareceu acordar.

– Lucy?- A loura estranhou Mira a encarando confusa, como se não tivesse certeza de para quem estava olhando. Depois de alguns segundos se afastou, um sorriso doce no rosto. Lucy ficou incomodada com a reação da amiga.- Ah sim, Lucy. Desculpe, eu estava meio distraída.

– Tudo bem, sei como é se perder em pensamentos.- E sorriu fracamente, dizendo a si mesma que não havia nada com que se preocupar.- Onde estão os outros membros? É tão esquisito não ter todos fazendo a bagunça de sempre aqui.

– Ah sim, estão todos em missões.- Lucy pretendia perguntar o porquê de todos terem saído ao mesmo tempo, mas Max chamou Mira, que se despediu de Lucy com um sorriso. Lucy ainda permaneceu alguns minutos na guilda, mas acabou por decidir voltar para casa.

O caminho foi calmo, o que agradou Lucy. Quando chegou, foi até a escrivaninha. Abriu uma caixinha, onde as cartas endereçadas a sua mãe se encontravam, e decidiu ler uma. Abriu exatamente a carta que mencionava Natsu pela primeira vez.

Leu a carta lentamente, absorvendo cada detalhe. A Lucy de antes parecia tão empolgada com o Dragonslayer.

“Como as coisas mudam.” Ela pensou nostálgica. E, foi com esse pensamento que Lucy escreveu a primeira carta em meses. Sabia que sua mãe estava com saudades, podia sentir.

Querida mãe,

Como andam as coisas por aí? Sei que passei muito tempo sem escrever, é que aqui está uma bagunça, mas não a bagunça de sempre, uma verdadeiramente trabalhosa.

Lembra-se que na última vez que escrevi eu disse que uma maga que estava supostamente morta voltou? E como todos ficaram felizes? Bom, no começo fiquei muito alegre, pois nada melhor do que ver aqueles que você ama felizes, não é?

Mas então eu sumi. Não literalmente, mas era como se eu não existisse, sabe? Convivi bem com isso, até que não deu mais. Foi quando eu decidi sair da guilda.

O sentimento foi horrível. Ainda pior que fugir de casa, deixando o papai para trás. Eu queria falar com a senhora, mas não consegui, e não sei o porquê. O importante é que quando eu estava fazendo minha última missão como uma fada, acabei me encontrando com lobos.

Não lobos de verdade, mas parecem. São selvagens, leais e unidos. E, por algum motivo, eles me fizeram permanecer por mais um tempo na Fairy Tail. E, o mais estranho, meus amigos voltaram a falar comigo. Eles estavam se esforçando, por isso eu decidi me esforçar também. Mas eu já estava tão acostumada com os lobos que deixei meus amigos de lado. E não posso dizer que foi sem querer.

Sei que a senhora quer saber sobre Natsu, e só posso dizer que brigamos. Ele me viu com os lobos e ficou com raiva. Eu acho que já esperava isso, afinal, ele morre de ciúmes dos amigos. Eu disse mentiras cruéis, mas, em minha defesa, ele também. E, no fim, quando eu estava atrás dele para pedir perdão, ele disse que não se importava mais comigo. Eu sei, eu sei, ele mentiu, mas ainda assim magoou. Voltei para Magnólia para conversar melhor com ele, tentar explica-lo que não sairei da guilda sem antes tentar de verdade para que voltemos a ter a amizade de antes, ou pelo menos algo parecido.

Mas, voltando para os lobos, queria que a senhora pudesse conhece-los. Tem Maru e Moro (na verdade os nomes delas são Marudashi e Morodashi) que são as criaturas mais doces que já vi na vida. Também são ciumentas e mimadas, mas acho que isso só me faz ama-las mais. Tem Yamori, que gosta de ser chamado de Doragon. Ele é um trapalhão, egocêntrico e incrível. Ele sabe o que dizer e quando dizer, mesmo que não pareça. Gina é outra que é bem atrapalhada. Também é doce, rígida e nunca faz nada fora da lei. Acho que posso considera-la minha melhor amiga, empatando com a Levy-chan, é claro.

E por último, não menos importante quanto os outros, tem Atsushi. Ele me deixa confusa. É gentil, calmo, muito misterioso às vezes e fica nervoso fácil. Nunca vi alguém corar como ele. Sempre me sinto bem quando estou com ele, mais do que me sentiria com um amigo.

Acho que superei meus sentimentos pelo Natsu. É melhor assim, afinal, apaixonar-se pelo melhor amigo é tão clichê.

Bom, eu realmente não sei mais o que escrever aqui, mas prometo logo lhe atualizar.

Com amor,

Sua Lucy.

Lucy colocou a carta em um envelope e depois guardou na caixa. Respirou fundo e sorriu, aliviada por finalmente conversar com a pessoa que mais amava.

~•~

2 semanas antes

Lucy foi poucas vezes à guilda e quando decidia ir, era só para procurar Natsu ou Levy. Tentava conversar com os outros magos, mas todos pareciam distraídos ou ocupados, descobrindo depois que o motivo era o Exame Classe S que o Mestre anunciara na semana retrasada. Encontrou Levy algumas vezes, mas não conversavam muito. A amiga parecia preocupada com algo, então Lucy decidiu dar um tempo a ela.

Já Natsu não apareceu na guilda um vez sequer. Lucy chegou a ver Erza, Gray e Wendy, mas Natsu desaparecera. Erza disse que o mago pegou cinco missões com Happy e que não voltaria tão cedo. Lucy disse a si mesma que era pelo o Exame e continuou decidida a falar com o amigo.

Foi pensando nisso que foi a guilda novamente. Eram cinco da tarde e as ruas de Magnólia estavam lotadas. Chegou a guilda, entrou e foi direto ao bar.

Antes que Lucy pudesse chamar Mira, o portão da guilda foi aberto com violência. Lucy virou o rosto, esperando que fosse Natsu, mas era somente Gajeel que entrava com Lily em seu encalço, no rosto a personificação do tédio. Quando o mago percebeu Lucy, andou até ela, sentando-se ao seu lado.

– E ai, Bunny-girl?- Ele piscou, o sorriso maroto no rosto. Lucy riu, tentando esconder a decepção.

“Pelo menos tenho alguém para conversar.”

– Fico me perguntando se você ainda vai me chamar pelo nome. Até sonhei com isso um dia desses.- Gajeel riu e assim começaram a conversar. Era bom estar com Gajeel. Ele não parecia esperar algo dela e isso era o que Lucy precisava, saber que não o decepcionaria como fez com os amigos.

Em algum momento Lucy percebeu que algo estava errado. Quando alguns membros foram chegando, Gajeel parecia chamar sua atenção antes que ela pudesse falar com alguém, além do fato de todos parecerem meio aéreos. Lucy perdeu a paciência quando tentou chamar Max e Gajeel a interrompeu novamente, falando alguma banalidade que passou em sua missão.

– Gajeel...- O mago parou de falar quando viu a expressão séria de Lucy.- O que está acontecendo?

Gajeel a olhou envergonhado, logo suspirando. Ele abriu a boca diversas vezes, mas não saía palavra alguma. Lucy levantou-se, pronta para ir embora, tamanha a irritação que sentia, porém Gajeel a segurou pelo pulso.

– Está acontecendo de novo.- A loura o olhou confusa.- Eles estão voltando a te ignorar.

O mundo de Lucy parou. De novo. Estava acontecendo de novo. Estavam todos a ignorando.

NÃO! Ele está mentindo.” Lucy se virou para o bar.

– Mira-chan.- A maga pareceu não ouvi-la.- Mira-chan!

– Ah, Lucy, você voltou? Há quanto tempo.- Mira nem parecia vê-la de verdade.- Quer seu suco?

Lucy se levantou repentinamente e foi embora, Gajeel a seguindo. Mira olhou confusa para Lily, que somente encolheu os ombros, e logo voltou ao trabalho. Quando a loura saiu da guilda, começou a correr, sem ao menos ver para onde. As lágrimas já caiam, mas Lucy não se importava.

Ele está mentindo. Só pode ser mentira! Nenhum deles poderia fazer isso comigo novamente.”

– Lucy!- Gajeel gritou, fazendo a maga parar. Estavam no parque de Magnólia. Lucy tentou limpar as lágrimas, mas elas continuavam caindo.- Eu sinto muito.

– Por que isso esta acontecendo?- Ela se virou para ele. Gajeel se surpreendeu com a fragilidade em seu olhar.- Por que eles estão fazendo isso comigo? O que eu fiz de errado?- O mago se aproximou de Lucy e a abraçou. Nunca foi gentil ou sensível, mas depois de tudo que Lucy fizera e passara, ele poderia tentar. Lucy colocou o rosto contra o peito do mago e deixou as lagrimas caírem livremente.- Deve ser porque sou fraca. Só pode ser isso!

– Lucy.- Gajeel distanciou os corpos e a olhou nos olhos.- Você.Não.É.Fraca. Está entendendo? Ou eu vou ter que enfiar isso na sua cabeça?- Lucy assentiu, mas Gajeel pôde ver que era só para deixa-lo melhor. Não sabia mais o que fazer para ajuda-la, nunca foi bom em consolar pessoas, quanto mais meninas. Abraçou-a novamente e, depois de alguns minutos, Lucy parou de chorar.

– Talvez...- Lucy sussurrou.- Talvez seja impressão nossa.

– O que?- Gajeel a olhou confuso.

– Talvez eles só estejam ocupados e nós tenhamos confundido tudo, não é?- Gajeel abriu a boca para discordar, mas quando viu a expressão esperançosa de Lucy, mudou de ideia.

– Sim.- Sentiu a palavra arranhar sua garganta. Odiava mentir, mas Lucy precisava disso.- Posso ter confundido tudo.- Lucy concordou, embora soubesse que era mentira também. Mas disse a si mesma que daria uma chance, por isso não era bom ter pensamentos precipitados.- Está mais calma agora?- A maga concordou.- Quer voltar para a guilda?

– Não...- Ela parecia um pouco pensativa, por isso Gajeel somente concordou e se despediu. Quando ele já estava a alguns metros de distancia, Lucy o chamou.- Obrigada por ser um bom amigo.- Gajeel a olhou surpreso, mas logo sorriu. Depois se virou e foi embora, deixando-a sozinha.

Está tudo bem, Lucy. É só um engano, afinal, seus amigos não poderiam fazer isso com você de novo, não é?”

Mas Lucy não pôde concordar com o pensamento, pois Gajeel não estava mais ali e Lucy não precisava mentir.

~•~

1 semana antes

– Onee-chan! Quando você volta?- Gritou Maru através lacrima.

– Estamos com saudades!- Acrescentou Moro. As duas estavam emburradas, o que só as faziam parecer mais fofas.

– Eu ainda vou ficar algum tempo aqui. Preciso resolver umas coisas, meus amores- Lucy sorriu da forma mais verdadeira que pôde.- Eu também estou com saudades! Muitas saudades!!!- E então as gêmeas começaram um guerra com Lucy sobre quem sentia mais saudades. Era idiota, mas animou Lucy de uma forma inexplicável.

– Deixem a menina em paz, suas sanguessugas!- A voz de Gina soou alta e logo a maga apareceu na lacrima.- Como está, ser vivente que precisa de mim?

Lucy riu alto pela primeira vez desde que voltara a Magnólia.

– Acho que consigo sobreviver, mas logo preciso voltar porque meu estoque de você está acabando.- Lucy fez a melhor expressão sofrida e Gina riu.

– Vou começar a cobrar, tsc tsc.- A maga balançou o dedo na frente do rosto, em sinal de repreensão. Lucy revirou os olhos, o sorriso ainda no rosto.- E como foi com o seu amigo?- A expressão de Lucy mudou rapidamente, o que deixou Gina preocupada.

– Ele saiu em missão e ainda não retornou.- Lucy sussurrou.

– Entendo... Tenho certeza de que está tudo bem com ele.- As palavras da amiga trouxeram um calor ao coração de Lucy.- Bom, precisamos desligar, vamos sair em missão.

– Ah sim.- Lucy tentou não parecer triste. Queria poder falar com a amiga por mais tempo e, de quebra, conversar um pouco com Atsushi e ver Yamori.- Onde estão os meninos?

– Nos devidos quartos, arrumando as coisas para irmos.- Gina se aproximou da lacrima, a expressão desconfiada no rosto deixou Lucy confusa.- Atsushi está todo mal humorado e acho que é porque sente a sua falta.- Lucy sentiu as bochechas esquentarem e um sorriso brotou em seu rosto.- Daqui a pouco ele aparece aqui, inventando de ir par Magnólia te ver, tenho certeza!

– Não exagera!- Gina riu da expressão envergonhada de Lucy.- Se continuar assim vou fazer piadinhas sobre certo dragão.- Então foi a vez de Gina corar.

– Nunca mais te conto meus segredos, sua nojenta!- Lucy riu alto e logo Gina a acompanhou. Pararam quando ouviram os gritos de Atsushi.- Tenho que ir. Vou adorar dizer ao senhor emburrado que conversei com você e ele não.- Lucy se despediu da amiga e guardou a lacrima em sua escrivaninha quando esta apagou. Olhou para o resto do quarto e, agora que a aura animada da amiga desaparecera, a dor voltara.

Passou a semana toda fingindo que Gajeel estava errado sobre os amigos. Tentou conversar com todos que encontrava, mas era sempre deixada de lado por qualquer motivo. Wendy, Levy e Lisanna pareciam nota-la, o que foi um alivio, mas a dor permaneceu.

Tudo voltara a ser o que era antes e Lucy não sabia se conseguiria suportar.

Olhou novamente para seu apartamento e decidiu que era melhor sair. Talvez fosse a guilda somente para ver se Natsu chegara. Lucy colocara na cabeça que se Natsu e ela se resolvessem, tudo ficaria bem.

Tomou um banho, vestiu uma roupa confortável, olhou para o relógio, que marcava oito horas da noite, e saiu de seu apartamento. O clima estava perfeito e o cheiro de flores impregnava o ar. Lucy enrolou um pouco entre as ruas, apreciando a paisagem. Quando decidiu que era o suficiente, andou até o prédio mais iluminado de toda a cidade e entrou, deparando-se com alguns magos. Pensou em falar com alguém, mas mudou de ideia e foi até o bar.

– Lucy, quanto tempo!- Mira a saudou, não percebendo o olhar triste que Lucy lhe deu.

– Sim, quanto tempo.- O sorriso falso emoldurou mais uma vez o rosto da maga.- Mira-san, você pode me dizer se o Natsu voltou?

– Não o vi aqui hoje. Sinto muito.- E assim voltou a limpar copos. Lucy se virou e começou a andar até a saída, parando quando ouviu Levy a chamar.

– Você já vai?- Levy a olhou triste.- Acabou de chegar.

– É que eu estou cansada.- Lucy respondeu com o sorriso que Levy tanto odiava.- Sinto muito, Levy-chan.- A loura se virou e foi embora sem ao menos se despedir.

– Não se preocupe, Lu-chan. Eu vou arrumar essa confusão.- Sussurrou para o nada.

~•~

1 dia antes

Lucy chegou a guilda desanimada. Sabia como seria: Entraria, seria ignorada, perguntaria sobre Natsu e iria embora quando descobrisse que ele não chegara ainda.

Mas, ao entrar, soube que estava errada. A primeira coisa que viu foi o cachecol, depois os cabelos rosados e então o gato azul.

– Natsu!- Gritou e correu até o mago. Lisanna estava ao seu lado e sorriu para Lucy, mas, ao olhar para o amigo, sua expressão mudou. Lucy parou ao lado de Natsu.- Nossa! Precisava demorar tanto?

Natsu virou o rosto e Lucy o olhou surpresa. Natsu estava sério, como Lucy nunca vira antes.

– Ah, oi Lucy.- E então virou-se novamente para Lisanna. As duas magas se entreolharam.

– Natsu, por favor, vamos conversar.- O mago, porém, nem ao menos se virou para encara-la.- Eu realmente preciso falar com você.

Natsu segurou a vontade de olhar para Lucy. Não poderia falar com ela agora. Colocara na cabeça que, se a ignorasse por um tempo, poderia superar seus sentimentos. Sabia que estava sendo um péssimo amigo, mas precisava de um tempo para que, no futuro, pudesse ser um amigo melhor para ela. Mas a maga não colaborava.

– Lucy.- Disse, ainda sem olha-la.- Eu não acho que precisamos conversar sobre nada agora. Só deixa para lá, o que quer que queira falar, não importa mais.

Não importa mais. Lucy apertou o peito, segurou as lágrimas e respirou fundo.

Não importa mais. Abriu os olhos, forçou um sorriso para Lisanna e endireitou a postura.

– Você tem razão... Não importa mais.– E assim foi embora.

Natsu virou o rosto somente para ver Lucy saindo pelo portão da guilda. Disse a si mesmo que estava tudo bem, que não duraria tanto e que isso era o melhor para os dois.

Já Lucy andava decidida em direção ao seu apartamento. As pessoas paravam quando viam as lágrimas em seu rosto, mas Lucy somente seguia em frente. Havia tomado sua decisão. Sairia da guilda.

Porque não importa mais.”

~•~

– Lucy, você tem certeza?- A maga assentiu no mesmo segundo.- Não quer tirar um tempo a mais para pensar?- A maga negou. Makarov suspirou.- Você não vai mudar de ideia, não é?

– Não.- O mago pôde ver a certeza nos olhos da loura. Procurou em sua mente algo que pudesse mudar esse olhar, porém não queria ser precipitado.- Eu sinto muito, Mestre.

– Está tudo bem, minha querida.- Lucy sorriu fracamente.- Eu só queria mais tempo.- Deixou escapar em um sussurro.

– O que?- Lucy o olhou confusa.

– Nada, estava pensando em voz alta.- Colocou os braços sobre a mesa e apoiou o queixo sobre as costas das mãos, encarando Lucy profundamente.- O que pretende fazer ao sair da guilda? Quero ao menos saber que tem um plano e ficará bem.

– Eu pretendo ficar fora de missões por um tempo. Quero treinar e, somente quando estiver satisfeita, vou tentar entrar em alguma guilda.- Lucy já sabia para qual guilda entraria, porém preferiu não falar.

– Tem dinheiro para se manter enquanto não fizer missões?- A maga confirmou.

– Sim, guardei dinheiro das missões que fiz.- Makarov, que esperava encontrar algum erro nos planos de Lucy para impedi-la de sair, suspirou alto. Não queria perder sua filha, principalmente agora que havia alguém atrás dela. Deixar Lucy sozinha seria muito perigoso, mas o que poderia fazer se não tinha provas?

– Bom, parece que não posso impedi-la.- O mago se levantou, foi até o armário no canto do cômodo, puxou uma das gavetas e pegou um pano. Foi em direção a mesa, subindo em cima da mesma, e olhou para a loura.- Quando alguém abandona a Fairy Tail, precisa ouvir três recomendações.- Lucy assentiu com a cabeça para que ele continuasse. Makarov assumiu uma postura séria.- Primeiro: Jamais revelará qualquer informação vital sobre a Fairy Tail a outros enquanto viver!

– Entendido.- Lucy disse quando percebeu que Makarov esperava uma confirmação sua.

– Segundo: Jamais fará contato não autorizado com clientes antigos ou lucrará com eles.- Lucy assentiu novamente.

– E terceira...- Makarov sorriu docemente para a maga.- Mesmo que nos separemos, sempre seremos o mais forte que pudermos. Jamais deixará de dar valor à sua vida. Jamais esquecerá os amigos que ama enquanto estiver viva!- Quando terminou, limpou as lágrimas no rosto de Lucy. A maga começara a chorar e nem percebera.- Entendido?

– Si-sim!- Lucy choramingou e abraçou Makarov. O mago beijou a testa de Lucy.

– Agora mostre a marca para que eu possa apaga-la.- Lucy levantou a mão direita. Makarov olhou para a cicatriz e a acariciou.- Espero que seja feliz, mesmo que não esteja conosco.- E passou o pano pela marca, apagando-a.

Lucy sentiu um vazio no coração, mas decidiu ignorar. Não poderia voltar atrás agora. Os dois magos se abraçaram mais uma vez e Lucy foi em direção a porta.

– Lucy.- A maga se virou, encarando o mago que a protegera e cuidara como se fosse sua filha. Segurou as lágrimas.- Você acha que poderá voltar para a guilda algum dia?- Lucy pensou por um tempo.

– Eu não sei.- Disse por fim.- Mas sei que sempre voltamos para casa. E, se a Fairy Tail for minha verdadeira casa, encontrarei o caminho de volta.

– As portas estarão sempre abertas para você, minha filha.

– Eu sei.- Lucy sussurrou, saindo logo em seguida.

E Makarov pôde enfim deixar as lágrimas caírem.

~•~

– Mestre, mandou me chamar?- Levy disse ao abrir a porta. Levou um susto ao ver os olhos vermelhos de Makarov, as lágrimas banhando seu rosto e a expressão tristonha .- O que houve?

– A Luc-cy saiu d-da gui-i-lda-a.- Levy arregalou os olhos.

– Como assim? O senhor deixou?- A lágrimas já caiam dos olhos da maga. Sua melhor amiga saíra da guilda, não podia acreditar.

– O qu-que voc-cê que-r-ria que eu fize-s-sse?- Makarov não conseguia controlar o choro. Era um velhinho sensível e admitia isso para quem quisesse ouvir.

– Pedia mais tempo. Eu estou quase descobrindo em quem está o objeto enfeitiçado! Ela não pode sair, está correndo perigo!- Levy gritava cada vez mais alto, sem ao menos se importar com quem ouvisse. Makarov só continuou chorando por alguns minutos. Depois, quando já não havia lágrimas para se chorar, ele falou:

– Eu pedi que um mago a seguisse e cuidasse dela, caso ela saísse da cidade.- Sua voz estava fraca, como sempre ficava quando perdia um filho.

– Um mago? Quem?- Levy também parara de chorar e estava mais calma.

– Gajeel.- Levy o olhou surpresa.- Eles dois viraram bons amigos, você sabe. Não fique com ciúmes.

– Não é hora para piadinhas, Mestre.- E Levy realmente quis dizer isso. Não se importava com a amizade dos dois, pois sabia que o mais importante agora era a segurança de Lucy.

– É só até conseguirmos provas de que todos foram enfeitiçados. Tenho certeza de que ela voltará quando a mostrarmos.- Disse Makarov com convicção.- Quanto mais faltam inspecionar?- Levy suspirou alto.

– Uns vinte, trinta. E ainda tenho que fazer de maneira que ninguém note.- A voz de Levy evidenciava o quão cansada estava. Procurar em cada membro um vestígio do feitiço usado se provara um tarefa difícil. Não havia um contrafeitiço ou poção que o anulasse. Precisavam encontrar a fonte e a destruírem e, somente assim, o mago por trás de tudo seria revelado.

– Está tudo bem, minha criança.- Bateu levemente nos ombros da menina.- Logo teremos as respostas e Lucy de volta.

– Eu espero...

~•~

Lucy arrumava suas coisas sem pressa. Sairia no dia seguinte para Laforier com alguns de seus pertences. Conversaria com os amigos lobos e pediria para morar com eles por um tempo, pagando o que tivesse que pagar. Depois de colocar a mala pronta ao lado da porta, tomou um banho rápido e foi para a cama. Olhou para a escrivaninha, onde um carta endereçada a Levy se encontrava e pensou novamente se sua decisão estava correta.

Você precisa disso. Eles só estão te magoando e, se continuar aqui, só vai piorar. Nem que seja por um tempo, você precisa se lembrar de como viver sem ser uma fada.”

Sim, Lucy precisava arrancar suas asas. Precisava ficar forte e auto suficiente. Precisava deixar suas garras saírem.

Talvez eu só precise aprender a viver como um lobo.”

E com esse pensamento dormiu.

~•~

Natsu acordara relativamente bem. Sonhara com Lucy, mas o dia estava ensolarado, o que o deixou animado.

– Happy! Vamos logo para a guilda. Quero bater no stripper!- Happy acordou no mesmo segundo, emburrado.

– Eu quero dormir, Natsu!- E fechou os olhos. Mas Natsu o puxou pelo rabo.

– Vamos logo. Acho que esse horário a Charlie já está por lá.- E isso foi o suficiente para despertar Happy. Tomaram um banho rápido, comeram qualquer besteira e foram para a guilda.

Ao chegarem, depararam-se com a guilda quase vazia. Somente seu time, Mira e mais alguns magos se encontravam pelo local. Foi até o bar.

– Natsu-san, bom dia!- Wendy disse, animada. Os outros se viraram para o mago e o cumprimentaram.

– E ai? O que faz aqui tão cedo, olhos puxados?- Gray perguntou, entediado.

– Quis ver se você estava assustando alguma garota com esse seu corpo magricela.- Provocou. Gray se aproximou, pronto para dar um soco, quando Erza falou:

– Mais um movimento e eu limpo o chão com os seus corpos.- Sua voz era calma, o que assustou ainda mais Natsu e Gray. Os dois sentaram e assim todos começaram a conversar.

– Levy-san!- Disse Mira gentil para a maga que se aproximava. O resto do grupo a cumprimentou e ela somente mexeu a cabeça.- Quer ser suco?

– Não.- Os olhos de Levy estavam vermelhos e ela parecia triste.- Quero algo com álcool.

– Às onze da manhã?- Erza a encarou surpresa.- Eu nem sabia que você bebia.

– Agora sabe.- Respondeu seca, logo olhando culpada para Erza.- Desculpe, eu estou meio... Cansada.- E suspirou. Antes que Natsu pudesse perguntar o motivo, ouviu o portão da guilda ser aberto. Olhou instintivamente para o local, procurando os cabelos louros de Lucy, mas somente se deparando com Gajeel, que vinha em direção ao grupo.

– E ai?- Sentou-se ao lado de Levy, parecendo também cansado.- Mira, trás um uísque. De qualquer tipo, só preciso de uma grande dose de uísque.

– Nossa! Você também?- Exclamou Lisanna.- O que houve com os dois para estarem assim?

– Logo vocês saberão.- Disse Levy, e bebeu um gole grande de cerveja. No mesmo segundo a porta do escritório de Makarov foi aberta e o mago saiu sério. Olhou para os lados, vendo que não haviam tantos magos, e andou até o bar.

– Mira, trás uma garrafa de vinho, por favor.- Mira assentiu, mas, antes que pudesse ir até a cozinha, Lisanna a parou.

– Deixa que eu vou. Você trabalha demais, Mira-nee.- E assim entrou na cozinha.

– Até você, Mestre?- Erza disse, surpresa.- Ainda está de manhã!

– Eu tenho esse direito.- Ele respondeu sério.- Afinal, perdi uma de minhas filhas ontem.

– O que o senhor que dizer com isso?- Perguntou Wendy. Natsu sentiu um frio na barriga por algum motivo.

– Lucy, nossa maga celestial e grande amiga de vocês, saiu da guilda.

Lisanna, que voltara no mesmo segundo, deixou a garrafa de vinho cair, tão surpresa que nem notara o barulho dos cacos no chão. Mas Natsu ouviu e pôde jurar que seu coração quebrara junto.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
Eu espero que sim .-. Bom, nem sei mais o que dizer aqui porque sou besta kk
Até o próximo,
Kissus de abacatada!

P.S: Eu não consegui fazer o desenhos. Só comecei um, mas logo faço e.e



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