Young Justice - Apocalypse escrita por Child


Capítulo 7
Conhecimento é a Base de Tudo


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou com mais um capítulo fresquinho pra vocês o/

Seguinte, eu deveria postar esse capítulo só na semana que vem, maaaaas, eu já tinha ele pronto há alguns dias e decidi postar de uma vez, poxa, escrevi com tanto carinho e amor que não postar estava me deixando agoniada. Então, cá estou eu.

Vamos lá e boa leitura!

PS: Leiam as notas finais u.u



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Batcaverna, 29 de Março 03h04min

O lugar estava escuro como sempre e silencioso, mas não vazio. O grunhir dos morcegos era audível e claro, Bruce. Sem dúvida alguma, aquele era o local onde o homem mais passava o tempo de toda a mansão.

Alfred adentrou o recinto, caminhou até o computador principal onde Bruce parecia quebrar a cabeça com um novo caso.

— Pensei que estivesse trabalhando. — Comentou Alfred.

— E estou. — Murmurou Bruce.

— Não aqui. Lá fora. — Explicou o mordomo.

— Coloquei a equipe no caso. Tem alguma coisa muito errada, só não consigo descobrir o que é.

— Qual o problema, patrão Bruce? — Indagou Alfred aproximando-se da escrivaninha onde o homem analisava o caso.

Bruce suspirou pesarosamente apoiando os cotovelos na mesa a sua frente, suas mãos foram aos cabelos pretos bagunçando-os relativamente.

— Pinguim estava traficando armamento pesado para este homem.

Bruce apertou uma tecla do computador para ampliar a imagem recuperada de sua máscara. A imagem mostrava um homem de média estatura, cabelos curtos e escuros.

— Pesquisei em todos os bancos de imagens que conheço e não achei informação alguma, nem mesmo um nome. — Explicou Bruce. —Pinguim também não sabe o nome deste infeliz. A equipe está investigando. E também tem a Arlequina e Coringa que roubaram um desses caminhões com armas e por falar em Coringa. Ele tentou matar Bloom.

— Coringa tentando matar alguém? Isso não é novidade. — Rebateu Alfred.

— Não. É diferente. Ele a olhava com uma sede de sangue que eu nunca vi antes. Não sei o que aconteceu com ele. Mas seja o que for isso deixou Bloom perturbada.

— Como assim mestre Bruce?

— Eu não sei Alfred, não estava consciente. Não vi o que aconteceu. Quando acordei, ele já estava tentando matar ela e dizendo...

Bruce se calou por uns instantes. Apesar de estar com a cabeça dolorida no momento, o homem lembrou-se de algumas palavras do Coringa enquanto ele tentava atacar a garota.

— Que ia arrancar os olhos dela! – Exasperou Bruce. — Ela fez aquela coisa do olhar astral com ele. Ela viu o que ele realmente é. Quem ele é.

— Então a Srta. Sparx sabe a verdadeira identidade do Coringa?

— Possivelmente.

— E viu toda a loucura daquele doente?

Bruce balançou a cabeça em sinal de afirmação. Ele havia entendido a gravidade do problema e só conseguia pensar nas possibilidades e nas probabilidades de Bloom ter sido afetada pela loucura de Coringa e quanto tempo ela aguentaria viver com tudo aquilo.

— Tenho que ficar de olho nela. — Disse Bruce se levantando de sua cadeira. — A mente daquele psicopata não é o melhor lugar do mundo pra entrar.

— Perdoe minha sinceridade, mas o senhor não é muito bom com jovens. Eu sugiro que deixe isso com alguém da equipe, o mestre Dick, por exemplo. — Sugeriu Alfred.

Na maioria das vezes Bruce detestava concordar com Alfred, mas como de costume, mais uma vez o mordomo estava certo. Bruce sentou-se novamente, olhou para o computador por alguns segundos e acionou seu comunicador.

— Dick?

— Olha, eu tô no meio de um interrogatório. Tem como ser rápido?

— Faça o que tem que fazer e me retorne, preciso conversar com você. É sobre a Bloom...

 

Monte da Justiça, 29 de Março - 4h00min

— Reconhecido, Asa Noturna B-01 — Anunciou o computador.

Dick olhou ao redor percebendo que a montanha estava vazia, logo considerando que Batman ou alguém da Liga teria os enviado para uma missão, Batman era a opção mais provável, afinal, nenhum outro membro da liga os enviara sem instruções diretas do líder, exceto Batman é claro.

Sem demora o rapaz subiu as escadas do Hangar, rumou pelo corredor e passou a sala de tv, subindo as escadas que levavam aos dormitórios onde Bloom certamente estaria.

Ao se deparar com a porta fechada, hesitou em entrar. Afinal, Bloom era uma garota e porta fechada era sinônimo de um pedido de privacidade. Ele suspirou. Os nós dos dedos foram até a porta, mas não a tocaram. E então Dick desistiu e retornou ao Hangar para verificar a possível missão da equipe.

Após abrir um painel contendo a localização de cada membro da equipe, observando-o seus movimentos, Dick desativou o comunicador de Bloom e então chamou:

— Asa Noturna para equipe. Alguém na escuta?

— Equipe Gama na escuta, Batgirl falando.

— Equipe Gama, relatório. —  Ordenou Dick.

— Eu, Azul e KF estamos na Velha Gotham, procurando pistas do comprador misterioso do Pinguim. Até agora só encontramos muitas balas e armas sem identificações.

— Batman pediu pra que a equipe investigasse? — Questionou Dick. — Ele não me escuta, isso é só mais um caso de tráfico em Gotham, não sei porque ele insiste em investigar e ainda colocar vocês nisso.

— Sim. Ele está cuidando do Coringa e um caminhão roubado. — Respondeu Batgirl. — É, talvez seja isso, ou alguém tá se preparando pra matar muita gente... Huum... Azul acabou de achar uma informação útil, Niklaus Mancheski, mais conhecido com Lauz. Podemos prosseguir?

— Prossiga e se encontrar o Batman de novo, diga a ele que isso é perda de tempo.

— Entendido, Batgirl desliga.

Dick abriu várias telas holográficas, cada uma contendo imagens das câmeras de segurança espalhadas pela montanha. Utilizou o registro de dados dos tubos Zetas para verificar se Bloom havia entrado na Montanha, após confirmar, vasculhou uma a uma das câmeras até encontra-la. Embora as câmeras não mostrassem dentro dos dormitórios, pelo menos ele saberia onde a garota estaria. Não demorou muito para que ele encontrasse uma gravação de dez minutos atrás, indicando que ela tinha ido em direção da saída da praia e sem demora ele foi atrás dela.

Dick deparou-se com uma figura interessante em pé diante de Bloom, uma mulher trajando com um longo vestido e máscara pairava por cima da água, seu corpo cintilante em cor alaranjada indicava misticidade. Bloom pareceu se aproximar da mulher e então caiu de joelhos ao chão, seu grunhido alto e o choro de sua companheira de equipe chamaram a atenção dele.

Rapidamente Dick puxou seu cinto de utilidades e prendeu-o na diagonal em seu ombro e dorso, puxando dois discos explosivos e correndo na direção de Bloom, parando ao ver a mulher se abaixar e ampara-la num abraço. Uma lembrança rapidamente surgiu na cabeça de Dick, onde Bloom dizia que tinha uma irmã já falecida e que ela vagava pelo mundo na forma de um espírito.

Ele se aproximou aos poucos percebendo os detalhes e notando que a mulher era translúcida, um espírito, confirmando sua lembrança. Aquela era a irmã de Bloom. A mulher percebeu a aproximação de Dick, olhou em seus olhos como se suplicasse que ele ficasse com ela naquele momento. A luz que emanava do corpo da mulher se apagava aos poucos, até desaparecer completamente e não sobrar nem mesmo um rastro. Bloom enxugou as lágrimas, sentou-se na areia abraçando suas pernas, sua cabeça estava apoiada nos joelhos e olhando o horizonte. Apesar da pouca iluminação nesta parte da Montanha, a lua cheia iluminava o suficiente para que Dick caminhasse na direção dela e assimilasse tudo em sua volta.

— Não foi pra missão? Batman chamou boa parte da equipe. — Indagou Bloom ao sentir a presença dele.

Sem nem ao menos questionar quem era a mulher e o que tinha acontecido, ele respondeu:

— Eu estava em Bludhaven até agora pouco e nesse meio tempo Bruce usou minha ausência em prol de suas necessidades, parece que a equipe toda está nos arredores de Gotham. - Contou Dick. — Posso me sentar aqui?

— Pode sim. — Afirmou ela olhando as ondas da maré alta se quebrar.

O rapaz sentia-se um pouco insensível, ao mesmo tempo em que queria ajudar a garota, também tinha receio em questiona-la. Afinal, ela provavelmente só queria ficar sozinha.

— Na verdade. É bom ter uma companhia. — Expôs Bloom sorrindo de canto.

— Não tem mesmo como esconder sentimentos de você, não é? — Disse Dick retoricamente.

— Agora eu sei como se sente. Eu vi. Vi tudo o que aconteceu com Jason.  — Revelou Bloom de repente.

Os olhos de Dick se arregalaram, ninguém, exceto o próprio Coringa sabia o que de fato tinha acontecido com Jason. Ele e Bruce e todo o resto da família só sabiam que o garoto tinha sido espancado até a morte.

— O pé-de-cabra, os golpes, as risadas e urros de dor. Eu vi tudo. Não só isso. Eu pude ver através dele, do Coringa por alguns instantes. Até mesmo você e o Bruce. — Bloom suspirou pesarosamente e deu uma pausa. — Bruce é amargurado dessa maneira por tudo o que ele fez com vocês. Por tirar a infância e colocar vocês nessa vida. Uma parte dele se arrepende enquanto isso a outra tenta convence-lo de que essa foi a coisa certa a se fazer.

Dick olhou o rosto da garota cujas lágrimas rolavam lentamente sob suas bochechas coradas, porém, Bloom olhava apenas para o horizonte. Seu corpo mantinha-se imóvel, ele por mais que ele tentasse falar qualquer coisa, sua mente o obrigava a permanecer quieto e apenas deixar a garota por tudo pra fora.

— Quanto a você, eu senti sua dor, e o desejo mais obscuro que uma criança que foi obrigada a crescer podia ter, a sede de vingança. Mas também vi o quanto se sentiu vivo ao encontrar quem matou seus pais, o quanto ser o Robin passou a te machucar com o passar do tempo, você queria sair dessa vida e ser uma pessoa normal. Na verdade, no fundo, isso é o que todos querem.

Ouvir aquelas palavras saindo da boca da garota era o mesmo que sentir uma apunhalada nas costas com uma faca. Durante toda sua vida, ele escondia tais sentimentos de todos, até mesmo os mais próximos. Não eram sentimentos no qual se orgulhava, mas também não se arrependia.  De qualquer forma, as palavras de Bloom tocaram o ponto mais sensível do coração de Dick.

— Eu não entendia muito bem como seria essa vida. Não é nada do que imaginei, admito. Mas toda essa responsabilidade é incomparável. Deve ser bom não ligar para absolutamente nada. Coringa acredita que um dia ruim e um empurrãozinho podem trazer o pior de qualquer pessoa. Cada um tem um tipo diferente de empurrão, algo que nos faça ter um conflito interno e questionar a nós mesmos.  Agora eu te pergunto: o que fazemos é certo? — Desabafou Bloom.

— Bloom, essa é a pergunta que todos nós nos fazemos todos os dias. Pode até não ser o certo, mas é necessário. Sabe-se lá o que aconteceria com o mundo se não intervíssemos quando preciso. A teoria de Coringa é errada, sabe por quê? Eu tive um dia ruim, e ainda não sucumbi. O mesmo com o Bruce. Tanto que é isso o que nos move. — Contrapôs Dick. — Todos gostariam de ter uma vida normal? Claro que sim. Eu tive essa oportunidade quando deixei de ser o Robin, mas logo percebi que isso era quem eu era, toda essa luta. Foi por isso que me tornei o Asa Noturna, escolhi dar continuidade ao que me foi dado, no caso, encarei meus demônios e agora que o destino me trouxe a este momento. Eu te digo o que penso. Sabe o que nos diferencia do Coringa e de todos os outros que enfrentaremos? A linha. Linha do certo e errado, linha da consciência, sanidade, morte. Chame como quiser.

— Linha? — Indagou Bloom.

— Existe uma linha, eu a chamo linha da consciência. Ela que me mantém no lugar.  É como uma corda bamba e você tem que chegar do outro lado, e no meio do caminho você olha pra baixo. Seus medos e inseguranças. Tudo vem a tona. O que nos diferencia deles é a forma com que lidamos com isso. Entende?

— E eles desistem e caem da corda e nós vamos pelo caminho mais difícil até chegar do outro lado e ter certeza que não cairemos? — Objetou Bloom.

Dick afirmou.

— É uma metáfora interessante e faz muito sentido. Obrigada por me fazer enxergar. — Admitiu Bloom. — Escute. Nunca me deixe cair desta corda. Se algum dia eu cair da corda...

— Não vai cair. Você não pode pensar nessa possibilidade. Porque ainda se importa com as pessoas a sua volta e isso te mantém no lugar. — Interrompeu ele.

Bloom sorriu para Dick que sorriu de volta. Ambos voltaram o olhar para o horizonte, observando o reflexo da lua nas águas do oceano. O vento gélido soprava sob as faces de ambos, o cheiro da maresia era o que mantinha toda aquela conversa serena, sem contar o som das ondas indo e vindo. Era aquilo que os dois precisavam para se acalmarem depois de tudo o que haviam conversado.

— Posso perguntar uma coisa? — Indagou Dick.

— Sim. O que foi?

— Aquela mulher mascarada que estava aqui. Você mencionou uma vez... Era sua irmã? Não era?

— Daphne. — Afirmou Bloom suspirando pesarosamente. — Sim, ela é minha irmã mais velha. Eu era um bebê quando ela morreu me protegendo.

— Como ela morreu?

— É mais complexo do que parece.

— Tenho todo o tempo do mundo. Conheço tão pouco sobre você...

— Pois bem. Te contarei um dos meus maiores segredos.

— Me senti honrado agora. - Comentou Dick sorrindo.

Suas mãos se juntaram em formato de concha, onde partículas de magia se aglomeraram formando uma alusão ao passado.

— Há muito tempo atrás uma força se originou do vácuo, ninguém sabe realmente como aconteceu. Uma pequena chama transformou-se em um Grande Dragão de Fogo e ao se sentir sozinho, ele soprou a vida. Sua baforada originou cada um dos planetas e dimensão conhecida, inclusive a Terra. Depois do feito, o Grande Dragão escolheu um planeta para repousar e este foi Sparx. Durante muito tempo todos viveram em perfeita harmonia, principalmente os habitantes de Sparx que tinham a proteção do Grande Dragão. Porém, as bruxas da dimensão negra de Obsidian decidiram que era hora do Dragão partir deste mundo e elas o assassinaram enquanto ele dormia na esperança de tomar o seu poder. O Dragão enfraquecido veio a falecer. O equilíbrio dos mundos foi perdido, e continuou assim por muito tempo. Todos esperavam a volta do Grande Dragão, mas nunca aconteceu. Ou pelo menos era o que eles pensavam.

— O Dragão não morreu? — Indagou Dick, curioso observando a magia tomando forma em sua frente, seguindo o fluxo de acordo com a história de Bloom.

— Seu corpo morreu. Sua energia não. —  Respondeu a garota. — O poder do Dragão ascendeu pela primeira vez nas Nove Ninfas de Magix. Guerreiras e corajosas. As ninfas existiam para colocar tudo em ordem de novos depois do desaparecimento do Dragão. O tempo passou e o Rei Oritel de Domino, o principal reino de Sparx, anunciou o nascimento de um bebê. Bebê este que foi escolhido pelo Grande Dragão para ser seu novo Guardião.

— E então? O que aconteceu?

— A Guerra aconteceu. Não muito longe dali, as Ancestrais assassinaram oito das Nove Ninfas, descobrindo que o poder do Dragão já não estava mais com elas e partiu para Sparx para matar o bebê. O Rei Oritel e a Rainha Marion, juntamente com a Companhia da Luz, que era composta pela Fada Faragonda, a Bruxa Griffin e o Feiticeiro Saladin conseguiram impedir momentaneamente o avanço das Ancestrais. Enquanto isso Daphne fugia com o bebê, porém, não demorou muito para que a Companhia da Luz fosse derrotada. Daphne se apressou e conjurou um portal para tirar o bebê dali, após tê-lo salvo, as Bruxas a encurralaram e enraivecidas por terem chegado tarde, assassinaram a nona e última Ninfa. Depois disso, aniquilaram o planeta Sparx, todos os habitantes foram mortos, inclusive o rei Oritel e a Rainha Marion.

— E o bebê?

— Você está olhando para ele. – Revelou Bloom.

Bloom cessou sua magia fechando as mãos em punho. O vento soprou fortemente levando as partículas de magia e as espalhando pelo ar. Dick arregalou os olhos completamente surpreso e precisou de alguns segundos para absorver completamente a história.

— Sparx? Seu sobrenome! - Percebeu Dick. — Eu estava tão focado que nem ao menos percebi. Caramba! Então você é a guardiã do Dragão?

— Pois é.

— E foi assim que você veio pra Terra?

— Sim. Meu pai, Mike, ele é bombeiro. E me encontrou no meio de um incêndio. Ele sempre soube que eu era especial, segundo ele, o fogo não me queimava, ele  me tratou como um igual e me protegeu até que ele me encontrasse. — Explicou Bloom com um meio sorriso. —Cresci como uma garota normal até meus quinze anos.

— E o Dragão? Ele está mesmo dentro de você?

Bloom balançou a cabeça positivamente.

— Ele vive aqui. — Disse Bloom repousando a mão em seu coração. — Digamos que ele sempre está dormindo, mas sei que ele está aqui. Eu sinto. Queima, mas não dói.

Dick virou seu corpo, sentando-se de lado e sorrindo como nunca sorria há muito tempo para Bloom.

— Que bom que estou te conhece melhor. — Afirmou ele.

— É ótimo pra mim também, sabe, eu sinto falta das minhas amigas, e da Lockette. — Disse Bloom.

— Quem é Lockette? — Perguntou ele. — Eu ainda tenho muito o que aprender sobre você.

— Minha pixie de Ligação Mágica. Toda fada depois de algum tempo conhece sua pixie. Elas são mini fadinhas que nos ajudam em todos os sentidos, seja pra aprimorar nossa magia, conselhos, ou até pra bagunça. Existe uma ligação de amor entre nós, é mágico, não tem como explicar. — Explicou Bloom dando de ombros. — Sua vez de me contar alguma história. — Disse Bloom.

Dick então contou a Bloom o seu passado, a parte boa de seu passado. Sobre o circo Haly e os tão famosos Graysons Voadores e suas inúmeras apresentações por todas as cidades, como admirava cada uma das pessoas que trabalhavam no circo, como aprendeu as acrobacias. Contou algumas de suas aventuras com a equipe, como a invasão ao Cadmus e o salvamento de Conner deram a eles espaço para serem levados a sério pela Liga. A conversa se prolongou até o cansaço tomar conta dos dois, no mesmo instante que Bloom sentiu o primeiro raio de sol brilhar em sua pele. Dick olhou para Bloom e a maneira com que a luz do sol clareava seus cabelos ruivos citrinos que levantaram-se ao ser atingido por uma ventania fraca, a forma com que eles balançavam o faziam lembrar da maneira que todo fogo criado pela garota queimava, era como se as chamas dançassem.

— Citrina de Fogo ou Citrina Flamejante. — Sugeriu Dick em meio a um sorriso.

— O quê? — Perguntou a garota confusa.

— Seu codinome... Sei lá, acho que combina. — Completou ele dando de ombros.

— É, podemos ver com a equipe depois. Não consigo decidir. —Articulou Bloom. — Bom, já amanheceu, é hora de ir dormir.

—Descansar um pouco é uma boa. — Concordou Dick.

Ambos se levantaram e em passos curtos rumaram para o Monte. 

— Olha só, resolveram aparecer. —Articulou M'gann.

— Onde vocês estavam? — Indagou Wally com um sorriso provocante.

— Lá fora, conversando.  — Disse Dick com desdém.

— Apenas conversando. — Reforçou Bloom.

— Se vocês não se importam, vou descansar um pouco. A propósito, deviam fazer o mesmo.

— Eu também, antes que eu comece a soltar labaredas por ai. Não controlo muito bem meus poderes quando estou cansada.

— Faremos, chefe.

Dick assentiu positivamente em uma despedida discreta a Bloom que sorriu de lado e então partiram para lados opostos, o rapaz caminhou na direção do Hangar e dos tubos Zetas e Bloom rumou para seu dormitório, onde se jogou na cama.

— Eu gosto dele. — Comentou uma voz esganiçada.

— Lockette? — Indagou Bloom ao relento.

Já sentada observando cada canto de seu quarto, a ruiva apenas esperava a dona da voz, que não demorou muito para aparecer. A pixie surgiu diante de seus olhos por um portal interdimensional, seus olhos grandes brilhavam ao rever sua fada depois de tanto tempo.

— Você está horrível! — Notou Lockette aproximando-se de Bloom que lhe deu um abraço miúdo, já que a pixie era pequena demais e não conseguia a abraçar de verdade.

— Obrigada, eu sei. — Afirmou Bloom, deitando-se na cama.

— Posso ficar? Estou com saudades. — Pediu Lockette flutuando até o travesseiro e sentando-se na parte desocupada.

— Estou cansada demais pra discutir isso. — Murmurou Bloom. — Depois, ok? Só quero dormir um pouco.

— Ok, eu vou te acompanhar. — Disse Lockette bocejando. — Foi uma longa viajem até a Terra.

 

Bludhaven, 29 de Março - 5h43min

 

POV DICK

Eu havia acabado de entrar em meu apartamento. Estava mais do que cansado, estava exausto. Tudo que eu queria era dormir pelo menos um pouco. Joguei meus óculos e minha jaqueta no sofá, caminhei até o quarto me livrando de meus sapatos no caminho.  Se meu cansaço não fosse tão grande quanto as dores musculares, eu teria ido direto para a cama, mas meu corpo clamava por um pouco de relaxamento. Me livrei do restante de minhas roupas e caminhei para o banheiro pra uma ducha rápida.

— Que dia. — Murmurei para mim mesmo, fechando o chuveiro e me enrolando na toalha.

Depois de colocar uma roupa mais confortável e deitar em minha cama, comecei a pensar em tudo o que passei hoje, principalmente nessa madrugada e na conversa com Bloom.

Ela tinha um diferencial. Era incrível como Bloom conseguia me entender sem que eu precisasse falar muito. Na verdade, sua capacidade de trazer a tona tais sentimentos a faziam ser a dona da mais simples psicologia. Era quase como se dissesse: "É isso que te afeta, lide" só que com palavras mais sinceras. Toda vez que ela me olha, é um peso enorme que tira de minhas costas. Como isso é possível? Mal a conheço e sinto como se a conhecesse há muito tempo. Ainda com seus demônios consegue trazer a tranquilidade.

— Que garota, meu Deus! —Exasperei olhando para o teto e fechando os olhos.

Aqueles olhos azuis que mais parecem o céu fazem qualquer um subir as nuvens, a pele clara e lisinha, o sorriso desconcertante e aquele cabelo. E aquele cabelo ruivo citrino que mais parecem chamas. Já mencionei que sou louco por ruivas?

— E se algum dia você cair dessa corda. Eu pulo e te trago de volta de algum jeito...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Digam que gostaram. Olha, deu trabalho hein.

Gente. A partir de agora as coisas vão começar a esquentar em todos os sentidos -q

Vou começar a introduzir capítulos importantíssimos assim como personagens e esse processo vai demorar um pouco. É eu sei, vocês querem capítulos, mas já estou logo avisando, por que né. :P

De qualquer forma, a escolha do codinome da Bloom ficará nas mãos de vocês, então não se esqueçam de comentar qual nome é melhor pra ela.

Citrino é uma joia (gema) preciosa de cor alaranjada que esotéricamente falando, emana segurança e calma interna, e desenvolve cada espectro existente, principalmente a espectro da vida.

Não se esqueçam de comentar, isso incentiva Larinna e eu a continuarmos postando a fic.

Um beijo e um queijo, Child ♥



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