Eu de Letras, ela de Irônicas escrita por Sr Devaneio


Capítulo 4
Capítulo 04 - Raiva sob a luz das estrelas


Notas iniciais do capítulo

E aí galera!! :D
Eis o capítulo 4 da história e a continuação do conflito de sábado. Espero que gostem! :)



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Capítulo 04 – Raiva sob a luz das estrelas

Procurei pela infeliz por mais de três horas e meia. Até tentei pedir para Piper o número do bloco e quarto da ladra, mas ela estava mais que ocupada com uma fila gigantesca de alunos para atender e recadastrar e uma quantidade maior de chaves para entregar. De todas as pessoas que perguntei ninguém a conhecia, então ficava difícil.

Ela simplesmente havia sumido.

Às cinco e meia tive que parar minha busca, pois era o horário do jantar. Logo após, os seguranças iriam a seus postos e barrariam qualquer um que quisesse sair.

Acabei batendo a porta do quarto um pouco mais forte do que pretendia, por nervosismo. Chad, que estava em pé vestindo uma camisa social, virou o rosto e me encarou.

Murmurei um pedido de desculpas qualquer antes de me jogar na cama e cobrir meus olhos com o antebraço.

Fez-se um momento de silêncio. Os únicos sons que escutávamos eram os poucos vindos do exterior do prédio e a algazarra dos outros andares, que não paravam de receber seus respectivos moradores. Era uma abre-e-fecha de portas, risadas e gritos amigáveis infernais!

Depois de um tempo, a voz grossa de Chad preencheu o quarto:

— Sei que não é da minha conta, e me desculpe se eu estiver me intrometendo demais, mas está tudo bem?

Pensei em responder grosseiramente. Mas ele não tinha nada a ver com isso, então respirei fundo e falei:

— Não. Uma maluca pulou de uma árvore em cima de mim e roubou minha carteira.

Não vi sua expressão. Ele apenas continuou a falar:

— Ah. Cara, que ruim! Aqui mesmo?

— Exatamente nessa árvore aqui de trás – fiz um gesto apontando com a mão livre a janela atrás de mim.

— Você ao menos sabe o nome dela? – perguntou.

Imediatamente, a frase “cara, não tô mesmo a fim de falar disso. Será que você pode me deixar em paz?” me veio em mente, mas consegui segurar minha língua antes que as palavras saíssem. O que respondi (depois de respirar fundo) foi:

— Sei. Alicia.

— Amanhã vamos atrás dela. Com certeza vai estar na Cerimônia de Abertura. E, mesmo que não consigamos encontrá-la, podemos procurar na recepção pelo número do quarto.

Me surpreendi com tamanha gentileza vinda de um desconhecido. Porém, abaixei meu braço, olhei para ele e dispensei a ajuda educadamente:

— Cara, muito obrigado mesmo, mas acho que consigo resolver isso sozinho. Quer dizer, daqui ela não saiu, então fica mais fácil. Não precisa se preocupar com isso, mas de verdade, obrigado pelo apoio.

Ele deu de ombros.

— Bem, se precisar de alguma ajuda só precisa falar. – foi o que disse.

— Obrigado. Digo o mesmo.

Ele aparentemente estava pronto para onde quer que fosse. Começou a andar em direção à porta do quarto e parou no pequeno corredor que dava no banheiro.

— A propósito, já sabe como vai fazer pra jantar hoje? – falou, voltando-se para mim.

— Na verdade, não estava a fim de jantar hoje… Mas talvez eu vá ao Subway assim que tomar um banho. Tenho uns trocados que por sorte ficaram no bolso da calça —  menti a última parte.

Chad apenas assentiu, virou-se e continuou seu caminho.

A imagem de Alicia sorrindo me veio à cabeça assim que ele saiu, me deixando com raiva novamente. Aquela cínica!

Bufei.

Decidi que seria melhor parar de perder tempo pensando nisso por hora e tomar um banho gelado para esfriar a cabeça.

Apressei-me para não perder o horário em que ainda era permitido sair. Tomei um banho rápido e, ao encarar a mim mesmo no espelho, vi que meus olhos tinham aquele brilho diferente, mais forte, deixando o tom azul claro ainda mais vivo porém com uma impressão um tanto quanto intimidadora.

Ao sair do banheiro, vesti uma camiseta preta simples, um jeans escuro e o All Star azul escuro.

Puxei vinte dólares que estavam guardados na mala debaixo da cama e antes de sair dei uma olhada rápida no espelho. Meus cabelos estavam uma bagunça, mas eu não estava com paciência para penteá-los, então apenas passei a mão de forma irritada. Mantinha um foco de esperança de que talvez encontrasse Alicia nessa última saída.

Voltei para o quarto às oito e quinze. Não tinha conseguido nem um sinal dela, e para não perder a noite (que estava linda, por sinal) e tentar diminuir minha frustração e irritação, fui ao parque mais próximo respirar um pouco de ar puro rodeado de árvores.

Estava cheio de casaizinhos se pegando, caminhando juntos ou rindo — cada um curtindo a noite à sua própria maneira. Aquilo me trouxe más lembranças de um passado não necessariamente recente, mas para mim ainda era, então puxei meu celular do bolso para ocupar a mente.

“Que coisa… roubado na tão famosa MCU. Ainda por cima, por uma garota bonita… Droga! Preciso parar de pensar nisso.”

Liguei para Ellie, por algum motivo.

— Oi, Andrew! E aí, o que manda?

— Olá, Ellie! —  suspirei — está com um tempinho?

— Huum, esse tom de voz não é legal. Estou sim, o que aconteceu?

1º: Por que eu havia ligado para Ellie?

2º: O que eu estava fazendo?

3º: Precisava desabafar urgentemente com alguém, mas ainda sim:

1º e 2º.

Já tinha ligado, já tinha incomodado, agora teria que falar. E foi o que fiz.

— Caralh*, Andrew! Que garota… mas como assim? O que você fez para ela?

— Não sei, eu nem a conheço! Dá pra acreditar? Estou muito… argh!

— Acredito. É normal ficar put* com esse tipo de coisa, na verdade, acho que é até necessário. Você não tem culpa… Mas, fora isso, você está bem?!

— Sim, sim. Não precisa se preocupar. Ah, cara, não sei o que estou fazendo. Só precisava falar com alguém sobre isso… Desculpe o incômodo, Ellie!

— Que incômodo, Andrew? Obrigada por me procurar, amigo! Quer fazer algo para distrair a mente?

— Ah, não estou no clima pra nada agora… Precisava só colocar essa raiva pra fora. Mas valeu, Ellie!

— Não precisa agradecer. Qualquer coisa, sabe como me contatar!

Pouco depois da ligação a bateria do meu celular acabou. Como não havia nada mais que eu pudesse fazer nem pra fazer e o dia finalmente tinha chegado ao fim, preferi voltar para o quarto. Vesti uma regata fresca e uma calça fina e fiquei deitado esperando o sono chegar.

Minutos depois, a porta do quarto se abriu e a luz foi acesa. Fechei os olhos imediatamente, embora não adiantasse muito, já que a luz do luar batia diretamente no meu rosto. Ouvi passos pesados se aproximando e optei por fingir que já estava dormindo. Não queria ter que explicar para Chad que não tinha encontrado a garota; pensar nisso me fazia sentir muito impotente. Então apenas fiquei lá, em silêncio, fingindo que estava em estado REM enquanto ouvia meu colega de quarto tirar os sapatos, trocar de roupa e ir se deitar.

As horas passaram lenta e tortuosamente, já que eu não havia conseguido pregar o olho. Por mais que eu tentasse e mesmo após o desabafo, não conseguia tirar o acontecimento da cabeça, relembrando o momento em que fui chamado pela voz suave até o desespero e a vergonha da descoberta de estar sem carteira. Depois rebobinava tudo mentalmente enquanto observava o céu esplendorosamente estrelado. A cada rebobinada, minha irritação com a estranha e a ansiedade pelo dia seguinte aumentavam.

Ela tinha que estar na cerimônia de abertura, por normas da própria MCU. Logo, bastava procurar bem entre as cerca de sete mil cabeças que haveriam lá. E assim que eu a encontrasse iria tirar satisfações. Imediatamente!

Esse pensamento final me tranquilizou um pouco; decidi tentar dormir para aproveitar o máximo de horas de sono a partir dali e estar bem descansado para as muito prováveis dores de cabeça que me aguardavam em algumas horas.

Porém, nesse momento, lembrei que não havia ligado para casa avisando que tinha chegado bem.

“Minha mãe deve estar tendo um filho agora!” – pensei, praguejando por ter esquecido completamente. Culpa daquela cínica!

Mas de nada adiantava ficar zangado agora. Então, concentrei minhas energias em dormir para o tempo passar rápido e eu poder resolver logo essas questões no dia seguinte.

Nem me dei conta de que a imagem dela sorrindo depois que me revelou seu nome, acompanhada de sua expressão constrangida ao desabar em cima de mim, foram os últimos pensamentos que tive antes de adormecer — literalmente — à luz das estrelas.


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Notas finais do capítulo

E aí??
Muita raiva da Alicia? Husahsauhasa
Alicia danada, não vale uma ruela! xD
E o que acharam do Andrew nessa pouca descrição?
Comentem. Obrigado ;)

A propósito, eu escrevo um Original de Apocalipse Zumbi também. Tem Romance hétero, apesar de não ser o foco, e colegiais! Sei que o tema está um tanto saturado, mas eu prometo fugir do clichê exacerbado e não deixar a história maçante ou ser "só mais uma". :)
Se quiserem dar uma olhada, o link é: https://fanfiction.com.br/historia/572464/ApocalipZe/
Foi atualizada hoje ^^
Obrigado mesmo gente! Um beijo!
Sr Devaneio