Eu de Letras, ela de Irônicas escrita por Sr Devaneio


Capítulo 12
Capítulo 12 – Torta americana


Notas iniciais do capítulo

SEJAM BEM-VINDOS, NOVOS ACOMPANHANTES! É um prazer receber todos conosco :)
Olá minhas queridas e amigos! Como vão? :)
Este capítulo estava pronto desde anteontem, ma eu quase prometi a mim mesmo que só postaria junto com o novo capítulo da minha Original de Apocalipse Zumbi, o que acabou não acontecendo, então desculpem pela demora.
Eu tenho tantos capítulos para dedicar que os próximos sem dúvida serão destinados à alguém. E vejam só: vocês deram uma sorte do caramba, pois os capítulos estão cada vez mais divertidos! Hahahaha
Ah! Acho (acho) que eu não expliquei o motivo de eu não dar a estrelinha de melhor comentário. Pois bem, o motivo de eu não fazê-lo é simples: absolutamente todos os reviews que vocês me enviam são os melhores e eu não me sentiria bem, confortável ou qualquer outra coisa se escolhesse "O MELHOR DO MELHOR", entendem? Por isso decidi por não fazer mais isso desde muito antes dessa história surgir em minha mente.
Espero que entendam :) e gostem da continuação de nossa história. Lembrando: aquelas que favoritarem a história terão um lugar especial no céu do meu coração. - Isso foi super gay, mas não to nem aí.
De qualquer forma, espero que gostem!
Obrigado por me acompanharem até aqui. Vocês são simplesmente demais!
*A propósito, não sei se cheguei a comentar com vocês, mas no momento transparência de hoje quero anunciar que chegamos a seis incríveis recomendações. SEIS cara. Eu estou tão feliz com tudo que não poderia ser mais grato a Deus por ter colocado esse link no caminho de vocês e a vocês por me darem uma prova tão grande de confiança. Obrigado mesmo!
Vocês. São. Incríveis!
MISS WEIRDO, menina que mal conheço e já considero pacas, este é SEU! Obrigado por tudo ♥!



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*ANTERIORMENTE EM: EU DE LETRAS, ELA DE IRÔNICAS*

– Licencinha coleguinha! - foram suas primeiras palavras quando estava bem de frente para mim.

– Toda. - respondi um tanto seco, mas despropositadamente, enquanto ela se sentava.

Primeiro intrusa no meu quarto.

Agora uma intrusa nas minhas aulas também.

Eu estava tentando achar uma forma de processar isso enquanto excluía a voz que cochichava “é de propósito” na minha mente.

Afinal, não tinha por que ser, não?!

Cogitar isso nem fazia sentido, na verdade...

*L&I*

Confesso que estava surpreso, mas muito mais descrente de toda aquela situação. A sra. Granma voltou a falar enquanto Anna se sentava à carteira que era colada com a minha. Ela colocou a mochila no colo e tirou de lá um caderno de matéria única para logo em seguida o abrir e colocar o papel que segurava dentro da dobra que havia na contracapa.

Captei um relance de assinatura, então deveria ser algum tipo de autorização. Não olhei para ela. Na verdade, não olhei mais para nenhuma direção que não fosse a frente.

As líderes de torcida ao nosso lado animaram-se quando a viram e percebi que ela mandou-lhes um aceno discreto antes de guardar o caderno na mochila e tira-la de seu colo. Anna passou a prestar atenção na aula, assim como eu tentava fazer.

Tentava em vão, pois a única coisa que me passava pela cabeça era a probabilidade daquilo realmente estar acontecendo. Um tempo se passou até que, em certo momento, ela falou baixinho:

– Não precisa ficar tão tenso, querido. Eu não mordo...

Aquilo me surpreendeu mais. Eu nem havia reparado que estava demonstrando tanto (apesar de demonstrar mais do que eu realmente estava).

– Isto é - ela continuou - a menos que você queira. Aí podemos pensar em algo que fique agradável para ambos.

Pela primeira vez, virei o rosto para encará-la. E ela piscou para mim na maior cara-de-pau. Neste momento ouvi a voz da senhora Granma em alto e bom tom e desviei o olhar:

– Agora, vamos à parte favorita de vocês: a prática!

– Parece que as coisas vão ficar interessantes - comentei observando nossa professora levantar uma bucha em uma das mãos enluvadas e uma pequena bandeja na outra.

– Ora vejam só que interessante: o gato não comeu a língua dele! - brincou Anna - Achei que fosse me ignorar pelo resto da aula.

Olhei para ela novamente. Sério.

– Por favor, peguem seus pares e dirijam-se à uma pia. - a sra. Granma mandou.

Sorri com apenas um canto da boca:

– Está pronta para se molhar? - perguntei.

– Só se for com você - ela respondeu parecendo sincera. E então notou algo em mim - Mas antes...

Então, enquanto a turma se dirigia em pares até as bancadas, ela se aproximou bastante e elevou uma mão até meu rosto. Muitas coisas me passaram pela cabeça com aquilo e eu, obviamente, recuei.

– Calma. Você está com uma pequena desordem ciliar. - Anna explicou-se e logo em seguida acrescentou – E está com medo de mim. Relaxe, coleguinha. Ninguém vai se machucar com um trato nos cílios.

Permiti que ela arrumasse meus cílios novamente. Enquanto o fazia, falei:

– Primeiro invade meu quarto, agora invade minha classe? Está me perseguindo, moça?

Ela me olhou nos olhos.

– Não sei moço. Me diz você.

– Eu acho que está. – brinquei.

– Então talvez esteja mesmo. Mas eu chamaria de coincidência, já ouviu falar? Acontece, às vezes, com as pessoas e tal...

– Hum... não sabia.

Ela já havia terminado sua arrumação, mas ainda se mantinha perto.

Pela terceira vez estávamos cara a cara um com o outro.

– Pois é, mas dá pra ver nos seus olhos que você está adorando. – Ela rebateu segundos depois – Vamos, só falta a gente. – Acrescentou, se virando e indo em direção à uma pia vazia disfarçando um sorriso.

– Estou, é? Veremos... – falei baixo, começando a ir atrás.

[...]

– Uma boa refeição começa com o uso de utensílios devidamente limpos. Agora que as formas estão nessas condições, começaremos a mexer com comida. Quem aqui tem certa experiência na cozinha? – perguntou a sra. Granma.

Dos cerca de vinte e cinco alunos que havia na classe, cerca de oitenta por cento levantou uma mão – inclusive eu e Anna.

– Ótimo. Sobre as bancadas de vocês estão diversas receitas simples e fáceis de se fazer. Quero que vocês as sigam e tentem terminar dentro do prazo. Este será o primeiro trabalho. – Ela fez uma pausa para olhar em seu relógio de pulso e acrescentou – Vocês têm uma hora e quarenta para terminar. Podem começar!

Olhei para Anna:

– Qual seu nível de experiência na cozinha? – perguntei.

– O suficiente para não tacar fogo em nada.

– Vai servir. – Falei já pegando a receita.

– O que temos que fazer?

Analisei a receita rapidamente.

– Torta. Você já fez alguma antes? – olhei para ela.

– Já ajudei minha avó a fazer algumas... – ela respondeu, erguendo os ombros rapidamente.

– Certo. Bem, leva mais ou menos uma hora para assar. Teremos quarenta minutos para fazer a massa e o recheio. – falei olhando no relógio de parede da classe. Depois encarei Anna - Qual vai ser, massa ou recheio?

Ela pensou um segundo e respondeu:

–Recheio. Não quero sujar minhas mãos, fiz as unhas ontem.

– Certo. Mãos à obra, então. - Falei, lavando as mãos na pia que havia ali perto e colocando o avental.

Seguindo a receita, misturei o que devia ser misturado, mexi o que devia ser mexido e, como os ingredientes renderiam uma porção para duas pessoas, em pouco tempo a massa ficou pronta para começar a ser colocada na forma.

Forrei a bandeja com a quantidade necessária para comportar a massa e levei tudo a um dos fornos por cinco minutos, para endurecer o suficiente a ponto de massa e recheio não se misturarem.

Eu já havia feito tortas antes com minha mãe, e tinha gostado do fato de termos pego uma receita que eu já sabia.

A essa altura, Anna já havia terminado o recheio e quando a base da massa ficou pronta, preenchemos com o recheio. Então bastou terminar de cobri-la.

–Prontinho! - disse Anna, sorrindo para mim satisfeita ao vermos a torta sobre a bancada.

– É… agora é só colocar no forno e esperar cerca de uma hora para ver o resultado. – Falei.

– O recheio ficou uma maravilha, isso eu sei! – Ela rebateu. Ergui uma sobrancelha. - Não me olhe com essa cara. Ficou sim. - Ela acrescentou, por fim.

– É o que veremos. - Foi o que respondi.

Peguei o recipiente e o levei ao forno, colocando em nível máximo para acelerar o processo.

Quando me virei, vi que as líderes de torcida também já tinham terminado e conversavam com Anna. Decidi não me aproximar por hora, então passei a observar o resto da classe: A sra. Granma vez ou outra ia em alguma dupla e explicava algo rapidamente, provável que estivesse tirando algumas dúvidas.

Parei para prestar um pouco mais de atenção em Charloth, que conversava com sua dupla descontraidamente. Aparentemente também haviam terminado e estavam se dando bem. Foi inevitável a recordação do selinho que ganhei dela na festa e de sua expressão ligeiramente envergonhada, mas determinada, devido à ajuda do álcool.

Admito que foi muita ousadia de sua parte, mas acabou sendo uma ousadia boa…

Começo a retornar para onde Anna se encontra. Uma moça vem na direção contrária à minha carregando uma bandeja cheia do que parecem ser futuros cookies. Ela mantém uma expressão que chega a ser divertida de tão tensa e mais parece equilibrar a bandeja em vez de carregá-la até o forno.

Seu coque era pintado inteiramente de verde, bem como as pontas de sua franja, na parte interna. Ela usava uma bata estampada com um cinto fino na cintura e shorts jeans, conjunto que, juntamente com o cabelo, conferia-lhe, de certa forma, um visual legal.

Decido por oferecer ajuda. Quando estou prestes a perguntar se aceita, seu corpo dá um leve solavanco, seu rosto assume uma expressão que mistura tensão e susto e ela vem na minha direção de uma vez.

– Merda! - ela pragueja enquanto tropeça.

Imediatamente, ergue a bandeja na direção lateral, com medo de arruinar os biscoitos, e perde mais equilíbrio ainda, chocando-se contra mim lateralmente. Mais por instinto que para ajudá-la, seguro-a com uma mão no ombro e outra em um de seus braços erguidos, e ela não cai.

– AimeuDeus! Me desculpa! - Falou, recuperando o equilíbrio rapidamente e afastando-se para me olhar nos olhos - Sou muito desastrada!

– Não tem problema! - respondo.

– Senhorita Windsor, está tudo bem? - pergunta a sra. Granma, preocupada.

A garota virou-se rapidamente e respondeu:

– Sim senhora. Meu colega me segurou e - ela olhou para a massa intacta - os biscoitos estão bem! – acrescentou mais relaxada.

– Que bom. Continue com o bom trabalho, sim?

– Claro, claro.

Vi que outra garota, em uma das bancadas, revirou os olhos. Tinha os braços cruzados, cabelo preto também preso em coque e usava óculos com uma armação moderna. Provavelmente a dupla da srta. Windsor.

– Desculpe por isso! - Windsor falou rápido antes de me contornar e ir até um forno vazio.

– Sem problemas. - Respondi e tornei a voltar para onde Anna estava.

– Tadinha! Deve ter levado um susto grande… - ouvi Vivian comentar enquanto observava a garota.

– Ainda bem que Andrew a ajudou. Ela poderia ter perdido todo o trabalho… - disse Liu, também observando-a.

Anna olhava para mim.

– Parece que você sempre está no lugar certo na hora certa, heim moço?!

– Parece que sim… - respondi, encarando-a de volta - Mas não fiz nada demais, apenas ajudei-a a não cair.

Vivian e Liu voltaram-se para nós.

– Por falar nisso, Anna estava contando como vocês se conheceram… Que diferente! - falou Vivian.

– É verdade! - Concordou Liu - Nunca tinha ouvido nada a respeito.

Ergui uma sobrancelha para Anna: - Contou, é?!

“Espero que ela também tenha dito que me roubou logo em seguida” - pensei.

Ela também contou que pegou sua carteira. - Acrescentou Liu, sorrindo, como se tivesse acabado de escutar meus pensamentos - Que danadinha, não?!

Aquilo me surpreendeu.

– Contou?! - perguntei realmente espantado, olhando para Anna.

– Fez parte do momento, ué. - Anna respondeu, dando de ombros.

Pelo menos era sincera. Ponto positivo admito.

Acabamos por conversar até que tudo começou a cheirar e muito bem. Nem vi quando deu a hora de tirar a torta do forno.

– Huuum! Está cheirando bem demais! – exclamou Anna, com um sorriso enquanto segurava a bandeja com a torta que fizemos juntos.

– Estava realmente cheirando bem.

Cinco minutos depois, havíamos dividido-a em três e Granma provava, com um garfinho, meu feito e o de Anna.

– Muito boa! Parabéns, vocês dois! – exclamou satisfeita.

Anna bateu palminhas de forma bem rápida, com um sorriso enorme no rosto. Aquela visão dela tão alegre me animou também.

Trabalho concluído com sucesso!

– Conseguimos! – ela falou.

E logo em seguida, passou os braços ao redor da minha cintura e me puxou (ou tentou me puxar, já que foi seu próprio corpo que veio para junto do meu) para um abraço.

No primeiro momento, levei um pequeno susto; fora um ato bastante repentino. Mas logo retribuí.

Sua cabeça ia até meu peito, e foi nesse momento que notei que aquela parte de seu plano inicial, quando nos conhecemos, simplesmente veio a calhar. Ela não me abraçava pela cintura porque queria, mas porque era até onde alcançava.

E isso até que era engraçado.

– Ooown, vocês são tão fofos! - falou Vivian com um sorriso meigo.

– É verdade! Muito shippáveis ! – concordou Liu.

– A sra. Granma sorriu.

– Senti Anna ter um pequeno sobressalto. Em seguida, o abraço se desfez, pois ela me empurrou com um pouco de força, ato que me fez recuar um passo, e olhou embaraçada para as três.

– Estão louca… ops! Perdão, senhora Granma! - a professora apenas assentiu, divertindo-se – Quero dizer: do que estão falando? Somos apenas amigos! exclamou.

– Pode ser, mas continuam formando um belo casal. – disse Liu.

Eu nunca tinha visto Anna sem graça. No máximo envergonhada, mas isso… era ótimo! Ela não estava apenas com muita vergonha. Estava, além de tudo, muito sem graça, e o que era melhor: com as bochechas coradas.

– Parem de ser tão adolescentes, ninguém fala “shippar” na universidade! E somos só amigos mesmo!

– Claro que são… - rebateu Vivian com um sorriso maroto e um olhar descrente.

Anna virou-se para mim, indignada. Isso não podia melhorar!

– Não vai falar nada?!

– Eu não. Isso está bom demais e estou me divertindo. Rebati casual mas sinceramente.

Minha vingança! E o melhor era que outras pessoas a estavam fazendo por mim, o que a deixava mais em desvantagem ainda. Era perfeito!

O olhar que ela me lançou misturava indignação pura, irritação e impotência.

– Ok, chega. Não queremos constranger o casal ops! Digo, os dois. – falou a sra. Granma – Vivian e Liu, mostrem-me os biscoitos de vocês!

As três saíram dando risadinhas.

Não acredito! Até a Granma! Deus, obrigado por especialmente esse dia!

– Ah, mas que foi divertido mesmo, isso foi! – disse Liu, enquanto se retirava.

– Eu realmente acho que eles são fofos juntos agora! – acrescentou Vivian, alto o suficiente para escutarmos.

Anna apenas olhou para mim. Eu sorri, o que a fez virar o rosto e encostar-se à bancada emburrada de braços cruzados.

– Não vai chorar, né? - brinquei.

Ela me olhou de rabo de olho, seríssima e com um bico de indignação.

– A Granma me zoou. A Granma! - falou.

– É, mas você não está chateada por isso. – retruquei e ela suspirou.

Depois olhou para mim:

– Não acredito que você não fez nada!

– Elas estavam só brincando, Anna. Calma!

– Não se brinca com o sentimento dos outros! É assim que as pessoas machucam umas às outras, sabia?

Olhei-a perplexo.

– Diga-me, por favor, qual é o problema delas nos acharem um casal fofo. – pedi.

– É que… - ela titubeou – não somos um casal. – foi bastante sumária.

– Só isso? Por que se importar? – perguntei, ainda sem entender aquele ataque.

– Porque… isso é estranho! E se algum de nos já estiver com alguém? – ela rebateu.

– Você está com alguém? – perguntei.

Ela demorou em responder:

– Estou!

– Não está, não.

– Mas poderia!

– Mas não está. Além do mais, você realmente discorda que somos um casal “maneirro”?

Ela não conseguiu segurar o riso com minha pronúncia. Mas eu não queria fazê-la rir. Quer dizer, não assim. Foi a primeira palavra que me veio à cabeça.

– Ai, Andrew, você é ótimo sabia? – ela falou recompondo-se – Vamos comer logo, a torta. Está esfriando.

– Me responda primeiro. – insisti sério, encarando-a.

Ela tirou um pequeno pedaço e mordeu. Fez uma expressão de “que delícia!” e falou, após engolir (claramente me ignorando):

– Você realmente devia experimentar. Está ótima!

Continuei encarando-a sem expressão.

– Eu não acredito que você não vai me responder. Isso é ridículo, sabia?

– Vai apelar por causa disso, agora? – ela rebateu.

Bufei e fui tirar um pedaço para mim. Aquilo estava se tornando uma discussão adolescente e estava começando a me tirar do sério.

– Ótimo! O gato comeu sua língua mesmo, agora? – perguntou ela.

– Chega. Por favor. – pedi, usando um tom que não deixava margem para a discussão continuar.

– Tá.

Comecei a comer minha fatia enquanto ela pegava outra. Estávamos um de frente para o outro.

A torta realmente tinha ficado boa!

Quando terminei, lavei rapidamente minhas mãos e boca enquanto ela me observava.

Aquilo já estava me cansando.

– Por quê está me encarando o tempo todo? – fui bem direto.

– Céus! Você fica incrivelmente sexy de barba. – ela falou, como se não tivéssemos acabado de discutir.

Olhei para ela imediatamente.

– Está vendo!? É isso que eu não entendo! Acabou de dizer que não queria que fôssemos um casal mas não para de flertar comigo. Qual é a sua, moça? – fui bem sincero agora. – De verdade: qual é a sua?

Ela ficou um instante em silêncio, olhando para algo no chão e em seguida inspirou fundo antes de dizer, olhando para mim:

– Eu não disse que não queria. – ela disse simplesmente.

– Hã? – franzi o cenho.

– Que fôssemos um casal. Eu não disse que não queria. - explicou.

Novamente encarei-a perplexo.

– Eu não entendo você. – falei por fim, exasperado.

– Eu também não. – ela respondeu com sinceridade.

– Que ótimo! “Não se brinca com os sentimentos dos outros”, lembra? - usei

suas próprias palavras.

– Fez-se um momento de silêncio.

– Tem razão. Quer dizer, desculpe. De verdade. Estou agindo como uma louca e te confundindo.

– Não. Está agindo como uma adolescente. – corrigi-a.

– É só… - ela continuou mas se interrompeu.

– É só…? Incentivei-a a continuar.

– Eu não sei ao certo, mas acho que tenho medo.

– Medo do que? Do que está falando? – eu estava realmente confuso agora.

– De gostar. De evoluir essa amizade, sem querer ou não. De… sei lá, me apaixonar ou qualquer coisa do tipo. Por você ou por qualquer outro. – Ela suspirou – Acho que tenho medo dessa coisa de sentimento.

– E quem disse que é para você gostar de mim? Eu tampouco quero que isso aconteça.

Ela me olhou séria.

– Isto é, não que eu esteja te rejeitando, é que gosto do fato de sermos amigos. – completei para que ela não entendesse de outra forma. Aquilo já estava estranho demais. – Também não vejo margem nenhuma para uma evolução dessas. – Acrescentei.

Ela suspirou pesadamente e claramente desistindo da conversa, falou:

– Olha, desculpa! Mesmo. Não sei o que deu em mim e agora vi que realmente estamos discutindo por uma besteira. Desculpe. Mesmo. Podemos continuar sendo amigos?

Pensei por um momento antes de falar:

– Eu realmente, realmente, realmente não te entendo. Mas já vi que você é meio estranha… vou tentar me acostumar, já que esse é seu jeito de ser, então sim, claro que podemos.

Ela sorriu. Acabei sorrindo também, mas apenas com um canta da boca.

– Ótimo!

– A propósito, eu te falei da competição? – ela começou um novo assunto.

– Não… que competição?

Ela pigarreou antes de explicar:

– A da Casa Branca.

– Ah. Reabriram as inscrições?

A competição pela Casa Branca acontecia todo ano, ao que parecia. Talvez por ser a única sem piscina, de todas as casas de fraternidade, a Casa Branca era também a única que não era “dada”, mas adquirida. Era também a oportunidade que vários alunos tinham de fazer parte de uma fraternidade, caso fossem rejeitados por todas. A disputa consistia em uma série de provas das mais nonsense já inventadas, onde os competidores formavam grupos e disputavam entre si. Os ganhadores ganhariam o título de Nova Fraternidade junto com a casa por um ano letivo.

– Sim - respondeu - Falei com as meninas, mas elas não animaram muito de irmos. Só que eu realmente queria participar esse ano, só para me divertir um pouco, mas não posso fazer se não tiver uma equipe, como você bem sabe.

Eu já havia entendido onde ela queria chegar na metade do seu pequeno discurso.

Nesse momento, o sinal tocou.

– E você quer que eu entre nessa contigo, então!? Ah, Anna, não sei…

– Por favor! Pense no quanto estreitaríamos os nossos laços assim.

– Boa tentativa, mas realmente não sei. Eu não sou muito chegado a essas coisas.

– Não vamos ganhar. E não é para ganharmos, só para nos divertirmos um pouco.

– Tenho que ver.

– Vamos lá! Só se vive a época universitária uma vez! Lembra do que o reitor falou? Frui Universitatis!

O lema. Basicamente era um jogo de palavras em latim que significava algo como “aproveite a universidade”.

– Olha, eu tenho que ir para minha próxima aula. - falei, voltando para pegar minha mochila.

A essa altura, a sra. Granma já se despedia de nós.

– Até a próxima aula, queridos! Todos se saíram muito bem hoje!

– Eu também! – ela insistiu vindo junto comigo - Andrew, por favor…

Coloquei a mochila nas costas sem dizer nada. Ela me encarava.

Suspirei com irritação.

– Por favor. Eu nunca te pedi nada! – ela insistiu uma última vez.

– Você não tem outra pessoa para entrar nessa contigo?

– Não... – ela respondeu com uma expressão um tanto abatida e fazendo o biquinho.

Revirei os olhos. Já vi que ela não me deixaria em paz se eu não desse uma posição.

– Certo. Faça o que quiser, então.

Ela sorriu e me abraçou de novo.

– Obrigada!

– Foi um simples abraço desses que começou aquela discussão toda – lembrei-a.

Ela se desvencilhou rápido.

– Desculpe. É costume no Brasil nos despedirmos de amigos com abraços e beijos…

– Sem problemas. – falei – Vou nessa. Até depois!

– Até! – ela respondeu contente.

Então me virei e saí.


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Notas finais do capítulo

Espero muitíssimo que tenham gostado.
Como vocês gostam/gostariam de ser chamados? Estava pensando em uma forma de tornar cada um único também nos reviews, então vi que a melhor opção era perguntar haha. Podem me enviar Mensagens Privadas com os respectivos nomes/apelidos que vocês mais se sentem à vontade e vamos estreitar nossas relações! Hahaha :)
A propósito, uma vez alguém tinha dito que não comentava porque não sabia o que dizer. Bem, fantasminha, se esse for o seu caso, seja apenas sincero: está bom? Está ruim? Só diga o que achou/o que está achando que está mais que o suficiente. Nem sempre os reviews gigantes são somente os melhores, o.k.? :)
Espero tê-las encorajado, então: comentem! :D

Caso sintam saudade até o próximo capítulo ficar pronto, sugiro a leitura de "ApocalipZe". É um Apocalipse Zumbi, mas garanto que um diferente de tudo o que vocês já viram. Não dá medo (para as que temem) e dá medo (para as que não temem e curtem) é cheio de aventura, ação e personagens igualmente cativantes. O PP também é bem fofinho e gente finíssima.
Então, após este pequeno recadinho, vou pedir: me deem mais uma chance? :) Garanto que não vão se decepcionar. Mas caso alguém se decepcione por algum motivo ainda inexistente, pode chamar por MP que vai ganhar capítulo dedicado pra compensar a perda de tempo.
Mas deem uma chance, por favor? :) Leiam pelo menos o prólogo e/ou o primeiro capítulo, se eu conseguir mais uma vez chamar atenção suficiente, ótimo. Se não, ótimo também, porque vocês já me deram outro voto de confiança (confiança é legal xD).
Muitíssimo obrigado. E perdoem o automerchandising, é que suas opiniões são tão preciosas que eu não queria vê-las limitadas a uma história só, muito menos a capítulos postados regularmente. Deu pra entender? xD
Espero que sim ^^
Em todo o caso, o link é esse aqui:
https://fanfiction.com.br/historia/572464/ApocalipZe

Mais uma vez, muito obrigado!!! Por tudo!