Eu de Letras, ela de Irônicas escrita por Sr Devaneio


Capítulo 1
Capítulo 01 - Como se fosse a primeira vez


Notas iniciais do capítulo

Eia! Capítulo 01.
Agora sim, começamos pra valer. O comecinho está um tanto começo de história mesmo, mas relaxa que melhora minha gente! ;)
Boa leitura!



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— Tem certeza de que não está esquecendo nada? – ela perguntou, pela quinta vez.

— Tenho mãe. Peguei tudo, pode ficar tranquil...

Ela me interrompeu com um abraço apertado.

— Passou tão rápido... Um dia desses, você era o menininho que não largava a barra da minha saia... Um dia desses, você era o meu menininho...

Conhecendo-a como eu conhecia e dado seu tom de voz, eu sabia que ela iria chorar. Retribuí o abraço e falei:

— Mãe, logo, logo o Natal chega e eu volto para ver a senhora e o pai. Não se preocupe. Passa rápido!

— Tem razão - ela disse, soltando-se do abraço após alguns segundos -. Desculpe, é que passa mais rápido para você do que para nós que ficamos sem filho por meses. – seus olhos estavam marejados.

Preparei-me para responder, mas meu pai – que até então se manteve calado – finalmente resolveu se pronunciar:

—Margoth, deixe o menino ir. Você quer que ele perca o avião? – ele disse com sua voz potente.

Nesse exato momento, meu voo foi anunciado nos altofalantes do aeroporto.

— Não... – choramingou ela.

Dei um beijo em sua testa e olhei para meu pai.

— Até logo, pai! - falei me aproximando para abraçá-lo. Ele apenas deu uns tapinhas em minhas costas e me desejou um bom semestre. Parecia durão, mas eu sabia que tão poucas palavras eram para ajudar a segurar as lágrimas. Dei um último abraço em minha mãe, que me pediu pela centésima quinta vez:

— Não se esqueça de ligar assim que chegar lá!

Apenas assenti e peguei minha mochila no chão. Era melhor evitar palavras do tipo "tchau", " até logo" e qualquer outra expressão de despedida ou ela iria chorar ali mesmo.

Antes que eu pudesse me virar, ela me chamou uma vez mais:

— E, Andrew...

— Sim, mãe?

Meu pai, como que prevendo alguma besteira iminente, levantou uma sobrancelha de modo desconfiado.

— É, filho... – começou um pouco embaraçada. Então, se aproximou do meu ouvido, pigarreou e disse:

— Naquelas horas de animação repentinas... você sabe... use camisinha.

Ok. Ela tinha se superado.

— Mãe! – falei, sem fazer questão de esconder meu espanto.

—Margoth, o garoto tem 21 anos! – repreendeu meu pai.

— Não quero ser avó não cedo. Pelo menos, não com você sem uma faculdade... – ela tentou amenizar as coisas.

Olhei ao redor para ver se alguém tinha escutado. Um grupo de garotas próximo estava olhando para nós, ou melhor, para mim e sorrindo entre si. Eu queria sumir.

Por mais que já tivesse a idade que tinha, ainda estava totalmente despreparado para algo daquele tipo. E, bem... definitivamentenão é o tipo de coisa que se diz para o filho no aeroporto quando o está mandando para a faculdade! Ainda mais por ser o segundo ano em que isso acontecia! Dona Margoth definitivamente já deveria ter se acostumado...

— Desculpe, foi o nervosismo! – ela disse rapidamente, após uma breve pausa refletindo no que acabara de dizer. Depois acrescentou – Você sabe que confio em você. É só que...

— Mãe, chega, por favor. Não tenta consertar que só piora – cortei-a delicadamente –. E tenho que ir, pois já é a terceira vez que chamam o meu voo. Amo vocês, ligo quando chegar!

A mulher de cabelos castanho-escuros curtos e blusa florida que me observava cobriu o nariz e a boca com as mãos, emocionada. O homem forte ao seu lado, com os cabelos negros penteados sempre para o lado direito e os mesmos intensos olhos azuis que os meus a abraçou e fez um sinal indicando que estava tudo bem e que eu devia ir agora.

Dei um último sorriso e virei-me, indo em direção ao portão de embarque.

Evitei pensar no ocorrido durante o voo, afinal ninguém havia escutado e de qualquer forma, eu não era do tipo tímido demais. Preferi focar apenas no semestre que iria começar em um dia e mais algumas horas e em como seria a decoração do meu quarto desta vez.

Uma hora e dez depois, mais os vinte e cinco minutos que o táxi levou do aeroporto à universidade, lá estava eu novamente: de pé, encarando a entrada da Master CollegeUniversity com o sol do fim da manhã iluminando tudo e o ar fresco trazendo aquele clima de ansiedade e empolgação sem deixar de começar a esquentar.

Acabei tendo um dejá vu com tudo aquilo. A sensação rápida me lembrou da primeira vez em que pus os olhos naquele lugar. E como se fosse a primeira vez, respirei fundo, ajeitei a mochila em minhas costas e comecei a caminhar; atravessei os enormes portõesde ferro trabalhado e, carregando minhas malas, fui em direção à recepção da universidade.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Digam para que eu possa melhorar :)
Espero vocês logo mais, no próximo capítulo!
*A propósito, o capítulo anterior saiu da formatação : desculpem por isso. **E ficou um "S" solto no final, que eu sinceramente não imagino de onde possa ter vindo. Hum...