Night Visions escrita por Isaque Arêas


Capítulo 5
Cha Ching


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi baseado em "Cha Ching - Imagine Dragons": https://www.youtube.com/watch?v=wO0ohGn-x3E



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Era um pequeno loft no terceiro andar. Subimos por uma escada de madeira que rangia um pouco, a pintura listrada de um verde sem graça descascava em alguns pontos do corredor escuro revelando uma parede de tijolos. Enquanto Sam abria a porta ela me advertiu para não reparar na bagunça, mas eu reparava em tudo à minha volta. Desde a madeira do chão que estalava a cada passada até o tapete escrito “Bem-Vindo” na entrada. Ela finalmente destrancou a porta e entramos.

O loft era apertado, mas muito aconchegante. Samantha não parecia ser uma pessoa bagunceira, mas as aparências enganam. No chão haviam algumas revistas e jornais, vários recortes e livros espalhados nas mesas. Tentando seguir o pedido da moça eu desviava o olhar da bagunça.

— Desculpa, eu estava trabalhando quando soube e corri... — disse a menina limpando tudo e guardando em uma caixa. Ela era muito afoita, mas era tão simpática que sua ansiedade não irritava quem olhava. — Você quer um copo de água? Pode se sentar.

Respondi que sim com a cabeça. Enquanto ela foi à cozinha que era ao lado da sala, dividida apenas por um balcão, eu me sentei num sofá um pouco antigo e observei o espaço à volta. A sala tinha janelas enormes de onde eu podia ver toda a cidade. Havia uma TV presa à parede e dois sofás, um com três lugares e outro com dois. Havia uma pequena mesa redonda próxima à cozinha com duas cadeiras de modelos diferentes. A pintura da sala em diversos pontos revelava os tijolos do apartamento e o piso era de madeira bem polida. A sala por mais simples que fosse tinha um aspecto único, não sei explicar, apenas gosto de estar aqui.

Samantha voltou com os copos de água e se sentou no outro sofá de frente para mim. Me olhava enquanto eu bebia água e parecia querer me perguntar algo.

— Pergunte. — disse eu limpando a boca.

— Ahn? O que?

— Você parece querer me perguntar...

— Ah, é melhor não... A psicóloga acha melhor não... Eu, bem...

— Eu não ligo.

— É que eu estou um pouco curiosa... Como foi? Esse tempo?

Eu sabia que ela me perguntaria algo sobre isso. Então eu pude me preparar, mas há questões que por mais que você se prepare a vida inteira, treine falas, pense e repense nunca serão como você imagina e você nunca se sentirá seguro como espera. Eu estava pronto pra responder que vivi na floresta e resumiria a história, mas os gritos de horror vindos dos trabalhadores daquele laboratório inundaram os meus ouvidos. O calor que eu sentia em meus ossos voltou a queimar a minha pele. Quando voltei a mim apenas consegui responder:

— Foi bem ruim.

— É eu imagino... — disse a garota desviando o olhar para baixo.

— Sam... De onde eu conheço você?

— Bem nós éramos amigos desde que eu me lembro. Acho que desde a pré-escola. Você comia giz de cera e eu achava engraçado porque você ficava com a boca parecendo um arco-íris nojento. — disse a menina tentando não rir — Então ameaçaram me trocar de escola quando estava me formando e você não deixou. Você agarrou as pernas da minha mãe e implorou pra ela me deixar na escola.

Eu sorri, ela também.

— Eu já não queria sair mesmo, só você era meu amigo lá, mas já era legal. Quando a gente cresceu todo mundo conhecia a gente. DS, a dupla. Só fazíamos trabalhos juntos. — o rosto dela foi ficando cada vez mais infeliz e eu estranhei a mudança de humor — Você tinha dificuldade em física e eu te ajudava, você me ajudava em artes e... — Samantha começou a chorar soluçando — Cara, quando você sumiu foi tão horrível. O meu mundo desandou, você não tem noção. Eu soube quando cheguei na escola e não te vi e durante as outras semanas, até que as notícias sobre seu desaparecimento surgiram...

Eu me levantei e me sentei ao lado de Sam. Ela me abraçou e suas lágrimas umedeceram a minha camisa. Ela continuava falando um pouco mais abafado, devido ao abraço.

— Eu juntei o restante do pessoal da escola, te procuramos em todos os cantos e nada. Te procuramos por semanas e alguns foram desistindo. Fizeram uma homenagem com velas em frente à escola, mas eu te procurava todos os dias. Até que se passou um ano... Eu entrei pra faculdade e você não estava lá pra comemorar comigo. Dois anos se passaram... Eu parei de procurar a pé, mas todos os dias eu entrava na internet eu ouvia a frequência do rádio da polícia... Eu fazia de tudo.

Ela se afastou e enxugou o rosto.

— Enfim, o que importa é que você está aqui. Você está bem.

Eu não sabia o que dizer, então permaneci em silêncio e olhava o sorriso corado de Sam.

— Acho que... Bem, não sei se é uma boa ideia, os policiais me disseram pra nesse primeiro momento nos isolarmos, a mídia pode ser cruel, mas eu não estou ligando pra nada. Você está cansado?

— Não.

— Você quer ir comigo dar uma volta na cidade? Mas dessa vez só os pontos que a gente conhecia. Não que eu queira que você se lembre de tudo, mas você pode querer entender seu antigo lar...

— Acho ótimo!

— Tudo bem — disse Sam se levantando e pegando um cachecol cinza pendurado em um gancho na parede próxima à porta — Se algum repórter aparecer a gente derruba ele.

Eu sorri para ela e ela de volta para mim. Saímos pela porta e mais uma vez voltamos à cidade.

***

Sam me levou primeiramente à nossa antiga escola. Era um sábado e os alunos não estavam lá, mas ela me mostrou a estrutura por fora. O prédio era bem bonito, parecia antigo, mas bem preservado. Ela me contou sobre como nos sentávamos embaixo de uma das árvores do campus para almoçar e zombávamos das líderes de torcida. Me contou que tinha inimizade com uma delas, Katheryn. Disse também que um dia eu havia revelado que sentia atração por Katheryn e que ela discutiu comigo o almoço inteiro e saímos brigados naquele dia. Hoje ela ria de tudo isso.

De lá fomos para uma pequena praça afastada da cidade. Era lá onde todos da escola se reuniam após as aulas para conversar. Havia uma pista de skate e a maioria andava. Ela disse que eu tocava violão e que ela imitava personalidades como Britney Spears e as Spice Girls enquanto eu tocava. Parecíamos ser bem divertidos e as pessoas pareciam gostar de nós. Pelo que Samantha me contava tínhamos um grande núcleo de amigos. Sam também disse que a praça era onde um amigo nosso chamado John promovia ações sociais em que nos dispúnhamos para tocar e ler histórias para crianças e que ela sentia saudades de fazer isso.

Nossa última parada foi em um lugar chamado Seahurst Park. Era uma mistura de campo com praia. Era um parque que ficava de frente para o mar. Sam disse que íamos para lá para conversar. Muitas vezes esperávamos nossos pais dormirem, fugíamos de casa e pedalávamos até o parque. Ficávamos observando o mar e conversando sobre algumas questões de nossas vidas até o amanhecer. Conversávamos sobre romances escolares, sobre aulas e sobre coisas do universo. Eu olhava para aquele mar no momento em que ela falava e não podia deixar de sentir tristeza por não me lembrar de nada daquilo. Nos sentamos para observar o mar, já estava anoitecendo e o ar ficava cada vez mais frio.

— Você não se lembrou de nada? — perguntou Sam.

— Não... Sinto muito.

— Tudo bem. Relaxa.

— Eu queria, juro.

— Eu sei, eu vi pelos seus olhares.

— Nós vínhamos aqui para conversar sobre segredos não é?

— Sim.

— Sam. Você é quem você diz ser? Eu vivo inseguro com todos, inclusive com você, por favor, não minta pra mim. Você é a única que pode me dar as respostas que eu preciso se você disser que você é quem diz ser.

— Sim David, eu sou quem eu digo ser... Sou Sam, eu realmente te conheço. Eu jamais mentiria pra você. Sei que não tem como provar muita coisa, mas é verdade, tudo que eu digo e verdade.

— Mais cedo ou mais tarde eu vou precisar confiar em você... Então, prefiro que seja desde cedo. Não tenho pra onde correr. Eu só tenho a mim nesse mundo.

Sam baixou a cabeça.

— Você quer me dizer mais coisas? Pode desabafar... Nós vínhamos aqui pra isso.

— Eu não faço ideia do que passei...

— Ta, vamos do início. Você sempre esteve na floresta?

— Não. Eu acordei há algum tempo no que parecia ser um laboratório... Era muito escuro e tinha um cheiro bem desagradável. Eu estava dormindo e não me lembro de nada antes. — Samantha tinha os olhos fixos em mim — Eu fugi do laboratório... Fiquei na floresta por um tempo e o restante você sabe.

— Você então está dizendo que você esteve em um laboratório e que era um tipo de cobaia? Como assim David? — Disse Sam indignada.

— Sim... Eles faziam alguns testes, não sei direito pra o que eram e nem o que fizeram — menti — apenas sei que acordei e que consegui fugir.

— Isso é insano!

— O pior é que eu olho toda essa cidade e eu penso que eu estava preso à poucos quilômetros dela. Eu era uma experiência de uma empresa provavelmente. Algo que todos deveriam saber e não sabem. Eu sinto que essa cidade me traiu, se não traiu outras pessoas que foram possíveis experiências também.

— David, mas todos te procuraram por meses...

— Não é isso Sam... Essa empresa me manteve preso. Como ninguém sabe o que ela faz?! Todos deveriam saber que eu estava preso lá — me levantei e andava irritado de um lado para o outro.

— David, não sabemos de tudo, calma. Você está conspiratório demais.

— Será que alguém sabe desse laboratório e mesmo assim o deixa continuar existindo?

— Você sabe o nome desse laboratório?

— Quando eu saí eu vi “Fox Industries” em uma placa.

— Bem, nunca ouvi falar disso...

Parei por um momento de andar e suspirei.

— Ninguém jamais vai saber Sam. Quando eu fugi o chefe da empresa estava fugindo também.

— Por que?

— Não sei — Menti novamente.

Por mais que houvesse contado sobre o passado para Sam eu achava melhor esconder meus poderes e o sangue em minhas mãos. Não sabia se ela saberia lidar com isso e ao mesmo tempo tinha medo que ao descobrir tudo isso Sam me abandonasse. Eu só a tinha além de mim e não pretendia ficar sozinho novamente.

— David, precisamos ir com calma, podemos mover uma ação contra essa empresa, mas precisamos conhecê-la primeiro para depois procurarmos um advogado. Podemos pesquisar algumas coisas sobre ela.

Eu acenei com a cabeça. Ainda continuava perturbado, mas a paisagem me acalmava. O mar quebrando na praia me lembrou o rio na floresta. O vento soprava e balançava meus cabelos recém-cortados. Fechei os olhos e o senti soprando. Abri meus olhos e vi que Sam fazia o mesmo ao meu lado.

Senti uma gota tocar meu nariz. Abri meus olhos e vi que nuvens cinzas começavam a cercar a baía. Cutuquei Sam para alertá-la.

— Ah, Seattle... Como chove por aqui!

— Temos que buscar abrigo — disse para que procurássemos uma caverna... Ou melhor, uma casa.

— Vamos ficar mais um pouco por favor — pediu Sam segurando minha mão.

Não consegui esconder minha impaciência. Os raios me assustavam e a chuva batendo na minha pele começava a me incomodar o vento que antes me fazia lembrar da floresta agora parecia me levar para longe da praia. Só queria sair dali, mas não podia dizer não para Sam. Ela parecia tão feliz. Na verdade seu rosto se cobriu com a mesma felicidade de quando a encontrei na delegacia. Suas bochechas estavam coradas, seus olhos fechados. Abria um sorriso de vez em quando e seu cabelo começava a ficar ensopado caindo pelo pescoço e grudando na pele molhada. Eu não poderia e nem conseguiria privá-la desse momento.

Vendo o rosto contente e sereno de Sam decidi me abrir e experimentar a chuva. Algo que nunca aconteceu na floresta foi sentir a chuva como se fosse uma experiência realmente boa. A chuva trazia nuvens, cobria o céu, invocava raios, assustava os animais. Na floresta, por mais que eu soubesse que a chuva era apenas água, eu nunca consegui apenas vive-la. Era uma sensação estranha tentar relaxar enquanto os pingos batiam contra o meu rosto, mas o barulho das ondas revoltas começava a me acalmar e em pouco tempo aquela canção dos pingos de chuva me fez muito bem.

Cha Ching

Cha Ching

Cha Ching

Faziam as gotas de água batendo contra mim e contra a Terra. Eu nunca havia ouvido a beleza daquele som que antes me assustava. Me lembrei de como as águas do rio me guiaram para o encontro dos homens e a verdade é que algumas coisas acontecem e parecem horrível, mas é necessário ver a beleza em cada momento. Assim como meus poderes me amaldiçoaram em um primeiro momento, hoje eu sabia que só havia sobrevivido graças a eles. Assim foi com a chuva que antes trouxe o raio que me feriu, mas hoje trazia o refrigério que eu precisava.

***

Chegamos ao apartamento ensopados e ainda rindo de algumas histórias antigas que Samantha contava. Eu ia me sentar no sofá, mas Sam me surpreendeu com um grito repressor para que fosse direto para o banheiro. Ao perceber que eu não sabia o que era um banheiro ela me levou até a parede no fundo da sala. Haviam duas portas, Sam abriu a da esquerda que dava acesso a um pequeno cômodo com azulejos brancos encardidos. No banheiro havia uma pia à esquerda da porta, ao lado da pia o vaso sanitário e ao fundo uma banheira com ducha.

Permaneci parado olhando o lugar por alguns segundos.

— Meu Deus, não acredito nisso — disse Sam rindo.

— O que?

— Você não sabe usar o banheiro... Eu não acredito que até isso eu vou ter que te ensinar a usar! — Sam agora gargalhava e eu não gostei do modo como ela falou — Essa é a pia, você usa para lavar as mãos assim que acaba de usar o vaso sanitário. O vaso é onde você — Sam parou para rir mais uma vez — faz... O que você... Tem que fazer... Necessidades — Ela riu mais uma vez. Eu revirei os olhos, mas por dentro agradecia por ela ter explicado. ­— E aquele é o chuveiro, pra você tomar banho e tal... O sabonete é pra tirar a sujeira. Acho que é isso. Pode colocar a sua roupa molhada dentro da pia mesmo, depois eu levo pra lavanderia.

Sam fechou a porta e eu tirei as roupas molhadas, tratando de coloca-las na pia como Sam ordenara. Encarei o chuveiro por algum tempo tentando entender como funcionava. Achei um pequeno objeto de metal preso à parede e ao girá-lo a água caiu. Me assustei, mas depois me molhei aos poucos. A água quente me arrepiou. Não pude deixar de comparar a água quente do chuveiro à água fria do rio ou da chuva. Olhei a barra de sabão que Sam pediu para que eu usasse. Cheirava às frutas da floresta. Quando eu a segurei percebi a espuma que fazia e fiquei admirando aquilo por um momento. Me esfreguei e deixei que a espuma escoasse pelo ralo.

Saí do chuveiro revigorado e abri a porta. Parei para observar mais uma vez o loft. Senti cheiro de comida vindo da cozinha e fui até lá, estava morrendo de fome. Assim que apareci na sala em frente ao balcão que separava a cozinha da sala Samantha gritou e derrubou alguns copos em cima da pia.

­­ —David! Você ficou maluco! — Ela virou de costas e foi andando até o banheiro. Eu me assustei com a reação dela.

— Se cubra! Nossa! — Ela me disse entregando uma toalha rosa.

Então percebi que eu estava nu e aquilo realmente a incomodou. Passei tanto tempo na floresta que realmente não percebi o quanto as roupas eram importantes para todos na cidade, afinal, passara o dia inteiro com Sam e não havia visto ninguém andando nu.

Sam voltou para a cozinha. Eu me sentei no balcão. Ela estava com as bochechas coradas e não me olhava nos olhos durante a pouca conversa, achei que eu a tivesse ofendido, mas descobri que não no momento em que ela decidiu me olhar nos olhos. Do fundo da sua garganta veio uma gargalhada enorme. Sam ria tanto que começou a chorar. Ela se recostou na bancada da pia e abanou os olhos.

— Só você pra me fazer rir assim cara! Mas a culpa foi minha, eu devia ter explicado o que era a toalha. — Ela continuava rindo — De qualquer forma, pode se sentar à mesa, o jantar está pronto.

Me levantei do balcão e me sentei à mesa como Sam havia pedido. Ela se sentou na cadeira de modelo diferente da minha a minha frente. Eu senti o cheiro da comida e era estonteante, foi como se aquele cheiro me trouxesse memórias. Assim que Sam serviu eu peguei um pedaço do frango com a mão. Antes que eu colocasse o pedaço na boca, Sam me olhava de maneira vexatória. Acabei desistindo de comer e devolvi o pedaço.

— Civilidade não é o seu forte, esqueci isso... — riu Samantha.

Confesso que comer um animal depois do tempo que passei na floresta ainda era um pouco perturbador. A cada mordida eu me lembrava da morte dos homens após meus raios de energia e acho que Samantha percebeu meu desconforto. Ela comia e me olhava com olhos tensos, como se eu estivesse me machucando e ela não pudesse fazer nada. Até que após a quinta garfada eu decidi apenas comer a salada.

— Não gostou do frango?

Me limitei a baixar a cabeça. Não queria contar para ela que havia matado pessoas e só de relembrar as mortes eu me sentia mal novamente. Meus ossos voltaram a se aquecer, pedi então que mudasse de assunto. Só de imaginar o que minhas mãos poderiam fazer eu já entrava em pânico.

Sam continuou conversando sobre a nossa antiga vida. Relembrou nomes de professores. Relembrou momentos com nossos amigos. Pelo menos tentou relembrar, eu continuava bastante perdido sobre tudo que ela falava. Ao fim do jantar Sam forrou o sofá e disse que eu poderia dormir ali, mas antes queria me mostrar algo no segundo andar. Ela segurou minhas mãos e subimos a escada de madeira que rangia quando nossos pés tocavam os velhos degraus.

Chegamos ao seu quarto. Ele era apertado, tinha uma cama de solteiro, uma cômoda e era um daqueles quartos em que o teto era o telhado do prédio. Na janela que era quase como uma claraboia podíamos ver as gotas da chuva batendo contra o vidro. Sam deitou num tapete próximo à cama e pediu que eu a acompanhasse.

— Eu sei que você pode não se lembrar desse dia, mas aconteceu quase o mesmo que hoje. — eu ouvia atentamente — Estávamos na minha casa, subimos no telhado e ficamos olhando as estrelas. Eu entrei numa crise de adolescência. Tinha medo de envelhecer, meu pai estava me dando mais responsabilidades do que eu podia ter e tudo estava cada vez mais intenso pra mim. Você segurou minha mão naquele dia — Sam segurou minha mão — e disse que as estrelas estavam dizendo que tudo ia ficar bem. Eu achei aquilo tão idiota e nós começamos a rir. Então eu voltei a falar sobre trabalho e como eu já sonhava com a minha carreira, mas não sabia como começar e você zombou de mim porque eu seria só uma trabalhadora e você seria um soldado e viveria aventuras por aí... — Sam apertou minha mão — Cada minuto que eu passo com você é como se todos esses momentos voltassem David. E eu preciso tanto desses momentos...

Sam levou a outra mão aos olhos e os cobriu. Havia alguma coisa que ela ainda não tinha me contado, mas preferi não interferir. Achei que naquele momento ela só precisava ser ouvida. Nos abraçamos e ficamos mais algum tempo deitados no chão observando as estrelas.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem mais um capítulo! Talvez demore a escrever o próximo... Sabem como é... Fim da faculdade, mas é por uma boa causa, não me matem hahaha
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Abraços!!