O Nascimento do Dragão das Sombras. escrita por Dr Stein


Capítulo 1
O Prólogo de uma lenda da Magia.


Notas iniciais do capítulo

Hage Flume, um jovem garoto de 5 anos de idade está na companhia de seus pais, Maxwell e Loren Flume e seu irmão gêmeo mais novo, Lume.
Sua vida virou de cabeça para baixo quando desobedeceu sua mãe e isso levou a várias desventuras, que o levaram a se tornar o temível Dragão das Sombras da Fairy Tail, um dos magos mais famosos e poderosos de sua época.
Começa agora, uma nova Lenda da Magia e nasce o novo Herói de Fiore.



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Na cidade de Magnólia, situada no reino de Fiore, uma lenda existe há mais de um milênio, a famosa Guilda dita como a mais poderosa, a Fairy Tail.
Meio milênio se passou desde a época na qual Natsu e os outros viveram suas aventuras e agora o reino mágico vive uma era de paz pela qual esses lendários heróis lutaram com tudo. Mas numa nova era, onde novos problemas surgem, novas lendas nascem e agora nasce o mito do “Dragão das Sombras”.

O ano era X1.291, uma família composta por um casal muito rico e seus 2 filhos gêmeos passeava por Fiore, numa região próxima à capital do país, Crocus.
O pai das crianças tinha cabelos negros e olhos castanho-avermelhados e vestia um elegante terno e calças sociais da mesma cor, assim como sua gravata. A camisa e o blazer que utilizava eram ambos da cor cinza e em suas mãos tinha vários anéis de prata. Na lapela de seu terno, ele tinha o brasão de sua família, uma espada envolta por 2 asas. Aquele era o Lorde Maxwell Flume, chefe de uma grande “máfia”. Ele era um homem alto e em boa forma, vez ou outra ele pedia um pouco de silêncio aos seus imperativos filhos.

Sua esposa tinha longos cabelos castanho-claros e seus olhos verdes tinham um ar alegre, diferente de seu atento e sério marido. Ela podia ser casada com um homem muito rico, mas não trajava vestidos ou joias caras. Uma blusa azul clara, calças jeans azul escuras, um par de sapatos pretos e um casaco branco. Vestes consideradas muito simples para quem sabia a identidade dela. Ela nem prestava atenção nas pessoas que haviam na rua. Ela só tinha olhos para seus 2 filhos de 6 anos que não paravam de correr a sua volta pedindo atenção. Ela tinha aquele sorriso alegre que toda mãe esboça quando perto de seus filhos pequenos. Lady Loren Flume era uma mulher de pouca vaidade, mas com uma beleza natural incrível. Ela era pelo menos uns 20 centímetros mais baixa que Maxwell e tinha um corpo curvilíneo. Não usava nenhum tipo de maquiagem, como antes descrito, Loren possuía uma beleza natural assombrosa de tão grande.

Seus filhos eram Hage e Lume Flume. Os gêmeos não tinham grandes diferenças. Ambos tinham a mesma altura, os mesmos cabelos negros, e o mesmo tom de pele claro. A única diferença considerável era a cor de seus olhos. Hage era o gêmeo que nasceu primeiro e tinha os olhos castanho-avermelhados de seu pai, mas os seus tinham a cor mais puxada para o vermelho que para o castanho. Lume tinha os olhos verdes da mãe e os seus eram mais brilhantes que os de Loren. Ambos davam voltas correndo em volta da mãe brincando.

Os 4 seguiam em direção a um prédio que ficava próximo da entrada de uma floresta.

—Loren, fique aqui...
Pediu Maxwell.
—Vou entrar lá para essa droga de reunião e depois poderemos voltar para nossa casa no reino de Seven.

—Pois bem, querido.
Concordou Loren.
—Bem, estarei aqui por perto, brincando com os meninos enquanto você não volta.

Maxwell concorda com a cabeça e antes de adentrar o prédio beija sua esposa.

Hage e Lume correm para perto da floresta onde começam a brincar de pega-pega e Loren teve que correr para acompanhar os dois.

—Ei ! Não sumam da minha vista, meninos !
Gritou Loren para eles.

Maxwell sorriu ao olhar para eles enquanto adentrava o prédio. Podia ser um homem muito sério, mas amava sua esposa e seus filhos. E acima de tudo, agradecia toda manhã ao acordar pela vida que tinha.

Loren esticou um lençol surrado que ela usava para aquelas ocasiões no chão e sentou-se lá, onde ficou observando seus amados filhos correndo entre as árvores daquela ponta da floresta. Ela nunca deixava aquele sorriso materno e satisfeito sumir do seu rosto e tanto Hage quanto Lume sorriam e gargalhavam felizes enquanto brincavam.

—Ei, Mamãe, venha brincar com a gente !
Chamou Lume.

Apesar de ser o mais novo, Lume era o único que já falava frases inteiras. O garoto disse a primeira palavra aos 2 anos e meio e desde então já tinha um vocabulário bem desenvolvido para um rapaz de 6 anos. Maxwell notou o talento dos garotos e por isso, já fazia 1 ano que ele começou a estimular seus filhos nos campos da estratégia, com jogos de adivinhação, leitura e partidas de xadrez.

Hage correu até Loren e pegou sua mão, tentando puxá-la com aquele sorriso que expressava sua vontade de que a mãe fosse brincar com eles.

Hage era o mais velho e tinha habilidades mais aguçadas quanto ao raciocínio, mas era mais calado e só costumava falar com Lume enquanto brincavam ou com sua mãe. Ele respeitava o pai de forma até exagerada, só falando quando permitido. Suas primeiras palavras foram quando ele completou 2 anos, 6 meses antes de Lume.
A etiqueta era algo muito frisado por Maxwell e seus filhos cada vez mais se tornavam mais como o pai e deixavam de fazer certas “irresponsabilidades” como a mãe.

Ambos vestiam pequenos blazers e blusas sociais, assim como calças sociais e sapatos pretos. Hage usava blazer e calças negros com uma blusa cinza e Lume usava Blazer e Calças azul escuros.

Loren sorriu para Hage e levantou.
—Tudo bem...Então, devo perseguir vocês até pegar um ou eu começo fugindo também ?
Ela perguntou para Lume.

—Não !
Ele disse decidido para a mãe.
—Diga pra ela sua ideia, Hage.
Ele pediu ao irmão, que logo se retraiu um pouco e falou lentamente.

—B-Bem...Mãe, a gente tava pensando em brincar de Esconde-Esconde agora...
Disse timidamente Hage.

—Oh...Muito bem então.
Respondeu Loren.
—Escondam-se. Contarei até 20 para que tenham tempo o bastante para se esconder com calma. Só não vão muito longe, ok ?

—Claro.
Responderam os dois correndo para achar um esconderijo.

Assim que Loren fechou os olhos e ficou de costas para os garotos, Hage começou a correr mais para dentro da floresta onde pretendia se esconder.

—Ei ! Hage !
Chamou Lume preocupado.
—Não vá tão fundo na floresta, se não vai estar desobedecendo a mamãe e pode se perder !

—Calma, Lume ! Vá se esconder. Eu apenas quero ganhar esse jogo.
Disse Hage enquanto corria mais e mais para dentro da floresta.
# Mostrarei pra Mamãe o quanto eu cresci nesses últimos meses mentalmente falando ! #

Hage se escondeu atrás de uma enorme e grossa árvore e ele se encontrava bastante embrenhado na mata, onde quase que certamente ela não o encontraria até que ele se revelasse.

—Aqui ela não me acha !
Disse Hage rindo para si mesmo.

—O que um moleque da sua idade faz aqui ?!
Perguntou uma voz grave masculina.

Hage se assusta ao ver o dono da voz. Um homem enorme, com quase 2 metros de altura. Ele tinha longos cabelos negros que batiam nas costas e usava um Tapa-Olho no olho esquerdo, onde se via uma cicatriz que descia do topo da testa até o fim do queixo no lado esquerdo de sua face, passando por onde ficava o olho escondido pelo tapa-olho. Ele usava um kimono negro que tinha as mangas rasgadas na altura dos antebraços e um hakama também negro. Seu nariz pontudo e a face endurecida pelas experiências que teve com batalhas davam a ele um ar assustador. Em sua mão direita, apoiada no ombro direito, ele empunhava uma Nodachi, uma Katana que possuía um tamanho anormal. Ele encarava Hage, que mal tinha 1 metro e 20 de altura.
—Responda ! Por acaso você é um Órfão que foi abandonado na floresta ?! Se for o caso, talvez eu deva o retalhar e dar fim logo ao sofrimento que está para começar com a fome e com as provações às quais a natureza lhe submeterá !

Hage sabia que o homem acabara de o ameaçar de morte e por isso acabou recuando alguns passos, pisando caindo em um desnível que havia ali e batendo a cabeça, desmaiando.

—Que droga...Acho que assustei o moleque...Bem, não é problema meu...
Disse o homem que logo guardou sua espada na bainha que possuía presa às suas costas por uma corda.
—Tenho que encontrar a trilha novamente ou irei me atrasar para o meu próximo combate...

O homem começou a se aprofundar mais e mais na floresta, até que não podia mais ser visto.

Perto do prédio, Loren encontrou Lume e começou a caçar Hage, mas não encontrou seu filho e logo ficou preocupada. 1 hora se passou desde o sumiço do garoto e Maxwell saiu do prédio, sendo pego de surpresa por sua mulher em prantos, que implorava pelo perdão do marido por ter deixado aquilo acontecer e por ajuda para acha-lo.
—MAXWELL ! É o Hage... Ele SUMIU !

Maxwell não perdeu tempo e adentrou o prédio, chamando seus parceiros de negócios e os subordinados que lá trabalhavam. Todos foram procurar Hage.

Uma busca de 4 horas começou e ao fim dela, nada. Ninguém achou nem sinal de Hage.

—Não é possível... !
Gritou Maxwell.
—Hage não pode estar perdido...NÃO PODE ! PROCUREM ! NÃO DEIXEM DE PROCURAR POR ELE !!!

—S-Senhor Maxwell Flume...
Dizia um homem da mesma idade de Maxwell, mas ele tinha cabelos e barba loiros de tom tão claro que se aproximavam do branco. Seus olhos Azul claros expressavam seu nervosismo extremo ao ter que dar aquela péssima notícia para seu maior parceiro de negócios e grande amigo. Ele sabia o que era para um pai acontecer aquilo com seu filho. Como pai, o Lorde Solari sabia o que sentiria se aquilo acontecesse com um de seus 4 filhos.
—Não podemos enviar ninguém durante a noite...Na floresta dos arredores de Crocus, mora o Dragão protegido pela família que está sempre ausente, os Lunari. O Rei dos Dragões Negros, o Dragão das Sombras Umbra Caligo. A floresta é o território dele e um lugar por onde ele caminha durante a noite, quando é proibida a entrada de todos.
Senhor Flume, por favor, desculpe-nos por termos falhado com o senhor....Mas prometemos que retomaremos as buscas ao amanhecer, quando é permitida a entrada na floresta novamente.

Maxwell não estava apto a aceitar aquilo, mas como líder daquela organização, ele não podia quebrar uma regra como aquela e por isso teve que aceitar.
—Muito bem...Então preparem uma busca meticulosa para amanhã, no primeiro raiar do Sol. NEM UM MINUTO APÓS.
Maxwell adentrou o quarto onde estavam seu outro filho e sua esposa. Lume dormia em sua cama e Loren chorava enquanto sentada na sua. Maxwell sentou-se ao lado dela e a abraçou, tentando reconfortá-la.
—Calma, Loren...Nós iremos acha-lo, eu prometo.

Era o meio da noite e Hage despertou. Ninguém o havia encontrado porque ele caiu em um buraco após o susto que tomou e desmaiou ao bater a cabeça.

—O-Onde eu estou ?
Perguntou Hage olhando de um lado para o outro.
—Estou na floresta ?! M-Mas...É de noite ! Parece que eu desmaiei depois que aquele cara apareceu e não me encontraram. Tudo bem, só preciso seguir pela direção de onde eu vim e...

Hage teve seu raciocínio interrompido por uivos e rosnados. Olhos amarelos ferozes e presas brancas brilhantes estavam entre ele e o caminho que dava na saída da floresta. Uma enorme matilha de lobos era o que havia ali e eles pretendiam pegar e matar Hage para então devorá-lo.

—Essa não... !!!
Hage começou a correr mais para o fundo da floresta a toda velocidade.
—Eu não posso morrer ! Tenho que voltar para os meus pais ! Tenho que sobreviver nem que....

Um lobo saltou e ia morder o pescoço de Hage, matando o garoto, porém, o lobo foi partido ao meio, jorrando sangue para todos os lados. A enorme lâmina que o cortou pertencia ao mesmo homem que colocara Hage naquela situação.

—Olha só quem temos aqui...Se não é aquele moleque...
Disse o homem.

Os lobos pararam do nada e ficaram rosnando para o homem.
Ele sorriu para eles de forma sádica e emitiu um grito que mais parecia um rugido.

Os lobos estremeceram, mas estavam em dezenas deles de uma só vez e por isso todos avançaram ao mesmo tempo.
—Pelo jeito...Não dá pra poupar essas feras...
Disse o Homem.
—Niten-Ichiryu: Vento Dilacerante !
Ao brandir sua Nodachi, o misterioso homem liberou uma onda de vácuo com a tamanha velocidade na qual cortou o ar. A onda cortou todos os lobos e banhou tanto ele quanto Hage com o sangue das bestas que morreram. Os poucos lobos restantes fugiram acovardados.
—E aí, moleque ? Tá tudo bem ?
Perguntou ele para Hage.

Hage desmaia devido ao nervosismo.

—Merda...Essa floresta fica um gelo de noite e uma criança assim não vai sobreviver sozinha...Não é problema meu, mas...Deixar esse moleque morrer assim vai deixar um gosto ruim na minha boca...
Disse ele finalmente após considerar por alguns momentos a ideia.
—Diga Adeus a cidade de Crocus, garoto...Estamos indo para a fronteira com Bosco... Onde eu moro, bem no outro extremo desta floresta...

Dias se passaram e as buscas efetuadas pelas famílias aliadas à família Flume continuaram por meses, sem nenhum resultado. No fim, quando a busca completou seu sétimo mês, Hage Flume, o primeiro na linha de sucessão da família foi de desaparecido a morto e um velório simbólico foi realizado. No dia seguinte, um caixão sem corpo foi enterrado, contendo todos os pertences de Hage. Numa cerimônia simbólica que daria um túmulo onde honrar a memória do filho perdido de Maxwell e de Loren. A família Flume ficou reclusa por algum tempo após aquilo, mas cerca de 1 ano e meio depois, os negócios voltaram ao normal e Maxwell se forçou a voltar a aparecer em público. Loren continuava sempre triste em razão da perda, mas sempre buscava conforto em Lume, seu filho restante.

Hage despertou quando o Sol do meio dia brilhava e iluminava fracamente o chão onde o homem que o carregava andava. As árvores se tornaram tão juntas e altas que o local tinha uma iluminação parecida com a do fim da tarde.

—Finalmente acordou, hein, moleque...Qual o seu nome ?
Perguntou o homem.

—M-Meu nome é Hage...E o seu ?
Hage perguntou após se apresentar.

—Eu não tenho nome...Mas eu venho de um local bem distante, onde o espadachim mais poderoso recebe o título “Kenpachi” e esse é o nome que escolhi carregar.
Respondeu ele com um sorriso orgulhoso.
—Escuta só, garoto...Pelo que entendi...Você é filho de um casal bem rico e acabou perdido na floresta...Tenho uma boa e uma má notícia:
A boa é que você não vai morrer, está comigo e eu vou cuidar de você.
A má...É que você nunca mais verá seus pais, por isso...Esqueça que os conhece, esqueça que tem pais...Agora somos eu você, pelo menos por enquanto...
Disse Kenpachi.

—M-Mas...
Hage ia começar a falar, mas foi interrompido.

—CALE-SE ! Moleque, vou te mandar a real, estamos quase na fronteira de Fiore com Bosco e isso é MUITO longe de Crocus. Atravessamos tantos quilômetros quadrados de floresta desde que você apagou que agora é impossível para você retornar até Crocus. É só um moleque de 6 anos...Como pretende fazer isso ?
Perguntou Kenpachi sendo um pouco mais duro do que pretendia.

—Bem...
Hage começa a chorar nas costas de Kenpachi e esse então ordena que ele pare.

—Ei ! Para com isso...Você vai aprender a gostar dessa vida...Eu nem ficarei com você para sempre. Vou te dar uma pequena base para que não sofra demais nesse mundo e depois...É com você.
Kenpachi então para, põe Hage no chão e o encara do alto.
—Me diga, Menino Hage... O que você quer fazer da vida a partir de agora ?!

Hage pensou por alguns instantes enquanto as lágrimas corriam por seu rosto e então decidiu-se ao enxugar suas lágrimas.
—Quero ser forte o bastante para desbravar este mundo até encontrar meus pais ! Quero um dia encontrá-los, mesmo que eu um dia os esqueça durante a longa vida que pretendo ter !
Disse Hage.

Kenpachi sorriu para Hage e indicou que o acompanhasse.
—Aquele cara o fará tão forte quanto quiser ser, moleque...E eu irei ajuda-lo, pois fui com a tua cara. Faremos de você o mago mais poderoso do país...NÃO ! Deste mundo.

—Mago ?
Perguntou Hage.

Kenpachi espalmou a mão em sua face em decepção.
—Vai me dizer que não sabe o que são os magos ou as guildas, é ?!

Hage fez que não sabia.

—Bem, como você é um moleque nascido em berço de ouro, deve saber que as vezes as pessoas precisam que certos serviços mais difíceis precisam ser feitos por pessoas especiais, né ?
Perguntou Kenpachi.

Hage fez que sim.
—Eu já vi um homem capaz de voar e outro que lançava raios...Isso é ser um mago ?
Ele perguntou logo em seguida.

—Isso e muito mais, garoto...Eu por exemplo sou um Mago, mas estou bem longe de ser algo de nível comum...Mas de mim nada você vai aprender da magia além da teoria...Seu professor de magia será alguém com...Digamos...Mais poder.
Disse Kenpachi um pouco relutante. Ele não queria admitir que havia alguém mais forte que ele.

—Entendo...Quem é esse ?
Perguntou Hage.

—Isso você saberá quando for morar com ele...No momento, veja...É aqui que vai passar o próximo ano, minha modesta moradia.
Disse Kenpachi indicando uma modesta cabana que foi construída usando uma árvore como viga central. Era uma cabana bem grande se comparado ao adjetivo usado pro Kenpachi para descrevê-la. Porque algo daquele tamanho nunca poderia ser chamado de “Modesto”.
—Aqui eu moro, como, durmo, treino e faço todo o resto...Espero que ache aconchegante...
Disse Kenpachi seguindo para a entrada.

—Depois de dormir no frio daquela floresta por um dia inteiro e depois ficar apagado tendo como única fonte de calor suas costas...Qualquer coisa que tenha fogo no qual eu possa me aquecer está ótimo...
Comentou Hage.

Lá dentro havia um pouco de tudo. Animais empalhados, armas, armaduras e escudos completamente avariados, crânios, louça jogada para todos os cantos, comida podre, roupas sujas, lácrimas largados por lá e tudo isso só na sala de estar.

Havia um banheiro, onde havia vários remédios e recursos para cuidados de ferimentos e doenças, produtos de higiene (O que era surpreendente para um lugar onde morava alguém daquele tipo) e vários esfregões, baldes e panos de chão, além de mais roupas sujas e toalhas úmidas.

Na cozinha, havia um pequeno fogão a lenha, uma mesa de carvalho bem grande e várias estantes. Um balcão de mármore rusticamente entalhado naquela forma havia lá e nele havia várias garrafas nos mais diversos estados. Abertas, lacradas, vazias, pela metade, quase cheias. Todas eram bebidas alcoólicas, o que preocupou Hage por um momento, Aquele cara já assustava quando sóbrio, imagina bêbado.
Em um armário, ele viu uma coleção de garrafas, onde havia inclusive uma cabaça enorme, onde ele deduziu corretamente que Kenpachi enchia de bebida quando saía em viagens longas e enchia a cara no caminho.
Como em todos os outros cômodos, havia muita bagunça. Até garrafas quebradas estavam espalhadas pelo lugar, assim como muita sujeira e comida estragada.

Havia também um cômodo onde eram guardados os mantimentos, como água fresca pega num riacho que havia ali do lado e comida, que ele havia caçado com as próprias mãos e conservava com sal. Lá estava impecável, parecia ser o único lugar arrumado da casa, até que Hage viu o quarto de Kenpachi.
Era o quarto maior e parecia uma suíte. Havia uma enorme cama, um armário e cômodas, inclusive um criado mudo ao lado da cama. Havia um porta-espada, onde estava agora a Nodachi de Kenpachi e num cabide estavam um Kimono e um Hakama idênticos aos que ele usava agora, porém limpos.

O quarto que ficava do outro lado do corredor que levava até a “suíte” da casa era menor, tinha uma cama menor, um armário mais modesto e apenas um criado mudo e uma cômoda. Todos os móveis eram rusticamente esculpidos, de uma forma bem descuidada, mas que tinha seu estilo.

—Gostou ?
Perguntou Kenpachi quando adentrou o quarto menor, logo atrás de Hage.

—Achei tudo muito bagunçado...
Comentou o garoto.

—Vá se acostumando...Só costumo deixar arrumados os quartos e o cômodo onde guardo os suprimentos...
Kenpachi riu.
—Tive uma ideia...Já que vou cuidar de você e te ajudar no seu objetivo de ser mais forte...Seu treinamento vai começar já com um grande desafio.

Hage ficou confuso até que Kenpachi o entregou um esfregão, uma sacola, uma pá, uma vassoura, um balde e 4 panos de chão.

—Muito bem, moleque nascido em berço de ouro...Hora de trabalhar. Um corpo frágil como o seu atual está completamente inapto a passar pelo meu treino.
Ordenou Kenpachi.

Ele esperava relutância da parte de Hage, pois achava que ele era apenas um garoto mimado e sem força de vontade. Mas ele queimou a língua ao ver Hage pegar tudo e se dirigir até a sala.
—Onde eu lavo toda essa roupa ?
Ele perguntou.

—Eu costumo lavar com a água corrente de um rio que fica uns 100 metros ao norte daqui. Eu o acompanharei quando for limpá-las...Apenas as separe por enquanto.
Respondeu Kenpachi que se deitou na sua cama.
—Dormirei por pelo menos 7 horas antes de acordar...Por favor, não piore mais as coisas nessa casa e não a bagunce mais...
Kenpachi adormeceu assim que caiu em sua cama, sem sequer trocar de roupas.

—Como se isso fosse realmente possível para mim...
Resmungou Hage.

Ele então começou a ensacar todo o lixo. Garrafas quebradas, comida estragada, poeira que varreu e juntou, roupas que foram estragadas pela exposição à bagunça ou pelos insetos e por aí via. Ao terminar, o lugar já parecia mais habitável, mas ainda tinha muito o que fazer.
Logo em seguida, com outro saco, ele juntou todas as roupas sujas e tudo até ali lhe tomara 4 horas de trabalho sem parar.

Hage já estava cansado, afinal, ele não gostou de ouvir Kenpachi zombar dele em razão de sua origem, mas verdade seja dita...Ele nunca levantou um dedo para trabalhar em casa, nem que fosse para arrumar seus brinquedos. Ele apenas sabia o que estava fazendo porque vez ou outra seus pais saíam e ele e Lume ficavam observando os criados a mando do pai, para saber como eles agiam e como trata-los.

—Não importa se estou cansado...Vou terminar isto.
Ele disse para si decidido.

Mas agora vinha a parte difícil.
Esfregar o chão.
Hage teve que sair da casa com 4 baldes e encher cada um, levando-os então de volta para a casa. Lá, ele misturou sabão à água e encharcou o esfregão nela, passando a esfregar o chão e limpando tanto as manchas quanto a poeira e qualquer resto de lixo.

As 3 horas restantes já haviam acabado e Kenpachi não dava nenhum sinal de que ia acordar tão cedo. Hage havia terminado de esfregar todo o chão da casa, em todos os cômodos que precisavam daquilo. Agora faltavam as paredes.

Lá se foram mais 3 horas trabalhando. As paredes passaram a brilhar. Mas tanto o chão, feito de madeira, quanto as paredes de concreto estavam descascando ou com as cores desbotadas. O lugar estava limpo, mas estava acabado.

Kenpachi saiu de seu quarto bocejando e preparou um Café com a última acha de lenha. Logo em seguida, enquanto o Café ficava pronto, ele encarou o cansado Hage, que estava sentado em uma das cadeiras da sala, quase dormindo. Sucumbindo ao cansaço.

—EI ! Garoto !
Chamou Kenpachi gritando.

Hage quase saltou da cadeira de susto.

—Estamos sem lenha...Sei que você tem apenas 5 anos, mas quanto mais cedo aprender, melhor...Ainda mais para o que pretendo lhe ensinar de verdade.
Kenpachi indicou o quintal.
—Pegue o machado e corte algumas toras que eu já separei...Em breve farei com que você consiga as toras para então corta-las em achas...Mas por enquanto pegarei leve.

Hage foi até o quintal e pegou o machado, indo até onde haviam as toras de madeira e as posicionou no que sobrou de uma árvore. Aquela parte inferior da árvore foi deixada ali com a raiz de propósito, como os moradores das florestas costumam fazer, para usar como base onde cortar as toras.

Hage posicionou a primeira tora e ergueu com muito esforço e dificuldade o machado, pronto para descê-lo rapidamente e cortar a tora, mas ao fazer ele falhou e o machado apenas fez um corte superficial na tora.

—Você, de fato é incapaz, né ? Bem que eu imaginei...
Disse Kenpachi, que sentou em sua cadeira de balanço enquanto bebia uma caneca de café recém feito.
—Olha, garoto...Quero que produza para mim pelo menos 10 achas de madeira ou não vai comer...É uma promessa, ouviu ?!
Advertiu Kenpachi.

Hage fez que sim e tentou, novamente sem sucesso, cortar a tora.

Após 10 tentativas, a tora estava cortada até o centro, mas Hage estava ficando exausto.
—É IMPOSSÍVEL ! Eu não sou capaz de cortar 10 achas !
Reclamou Hage ao largar o machado por não conseguir sequer segurá-lo.

Kenpachi se levantou e seu olhar endureceu.
—IMPOSSÍVEL ?!! É assim que pretende se tornar poderoso ?!! NÃO CONSEGUINDO CORTAR TORAS ATÉ QUE TENHA 10 ACHAS ?!!
Perguntou ele numa voz furiosa. Kenpachi pegou o Machado e apenas tocou a tora no local até onde Hage tinha conseguido cortar. A tora foi partida ao meio e Kenpachi logo partiu as duas metade em outras duas cada uma, totalizando 4 achas de madeira.

Logo em seguida, Kenpachi empilhou, alinhadas, 2 toras, e eles as cortou 2 vezes e ao mesmo tempo, criando mais 8 achas e totalizando 12.
—VÊ ?! Em um instante eu produzi não 10, mas 12 achas. Você pode até só ter 5 anos, mas o aceitável é que ao menos consiga partir UMA tora.

Hage se encolhia de medo. Kenpachi era muito rígido e exigia dele algo que ele não podia fazer. Naquele momento, Hage lembrava da ameaça de morte que recebeu daquele homem quando se conheceram.

—Escuta aqui, moleque...Esqueça quem foi, esqueça sua família, esqueça SEU NOME. Você agora não é mais que um verme, é alguém sem nome, sem identidade, sem feitos ou honra. É meu subordinado, alguém que trabalha para mim E QUE VAI FAZER TUDO QUE EU MANDAR !!!
Disse Kenpachi com aquelas feições intimidadoras.
—Agora veja bem...Você vai ficar sem jantar. Pois eu sempre cumpro minha palavra.

Hage fez que sim. Ele não tinha nem como negar a ordem de Kenpachi, pois ele concordou com os termos ao simplesmente pegar o machado e tentar executar a tarefa.

Ao adentrar a casa, porém, Hage sentiu algo como satisfação. A casa estava muito mais com cara de casa do que antes. Ele se dirigiu ao quarto que Kenpachi designou para ele, o único outro da casa. E lá ele se deitou em sua cama, onde iria dormir o resto da noite, com fome.

—AH SIM !
Gritou Kenpachi, que apareceu na porta.
—Amanhã, você irá pintar todas as paredes que precisam de uma nova mão de tinta e irá envernizar e encerar o chão ! A pintura deve ser terminada até o meio dia ou não irá almoçar e o resto até o anoitecer, ou ficará sem jantar de novo !
Ordenou Kenpachi que logo em seguida foi até a cozinha, onde alguns minutos depois Hage sentiu o cheiro de carne sendo assada.

—Sim, senhor Kenpachi...
Disse Hage que não conseguiu evitar algumas lágrimas antes de dormir.

Kenpachi estava na varanda olhando para a escura floresta fixamente enquanto refletia sobre tudo o que havia acontecido desde a noite anterior. A luz crescente brilhava no céu e Kenpachi deu um leve sorriso enquanto levantava-se da cadeira na varanda e adentrava a casa. Um sentimento de satisfação tomou seu ser quando viu todos os cômodos tão arrumados quanto quando ele mesmo havia os construído.
—É...O garoto até que tem futuro...Mas será que vai sobreviver um ano inteiro ?
Se perguntava Kenpachi.

Aquela noite foi um pequeno inferno para Hage. Ele teve pesadelos.
Sonhou com seus parentes chorando e gritando por ele, com ele correndo em direção a eles, mas ao invés de se aproximar, se afastava e logo as trevas começaram a cerca-lo e o olhar frio e sádico de Kenpachi o fitava do alto daquela escuridão, complementando aquele mundo de pesadelos com o sentimento primordial que guia os instintos humanos, o medo.

Após um momento de calmaria, o sonho de Hage mudou. Ele estava na frente da enorme porta que dava para sua casa, onde morava com os pais e com o irmão. Ele então correu até a campainha e a tocou, esperando uma resposta. Um rapaz idêntico a ele, porém com roupas azul escuras atendeu a porta e seus olhos verdes ficaram surpresos ao ver Hage.

—LUME ! Eu senti tanta saudade.... !!!
Disse Hage que sorria e tentava conter suas lágrimas de felicidade.

—Hm...
Lume parecia confuso e envergonhado.
—Desculpe, mas...Quem é você ? E por que será que se parece tanto comigo, que estranho, sabe ?
Lume dava um sorriso tímido e confuso, mostrando a Hage que ele não estava brincando, ele não fazia ideia de quem Hage era.

—M-Mas Lume...
Hage tentava conversar com o irmão, mas era interrompido.

—E como sabe meu nome ? Eu sei que meu pai é famoso aqui em Seven, mas isso chega a ser assustador... !
Reclamou Lume.

—Ei, amorzinho, o que houve ? Quem está aí na porta ?
Perguntou uma suave voz feminina que Hage conhecia muito bem.
Loren abriu mais um pouco a porta e fitou o pequeno Hage com a mesma confusão e até com um certo divertimento.
—Ora ora...É seu amigo, Lume ?

—Não, ele bateu na nossa porta agorinha a pouco e não sei quem é...Mas é curioso o quanto ele parece comigo, não ?
Perguntou Lume que logo abraçou a mãe.

—Sim, de fato...Ei, menino, o que faz aqui, se perdeu ?
Perguntou Loren daquele jeito preocupado com todos e gentil que ela sempre teve.

—N-Não pode ser...
Hage recuava alguns passos enquanto entrava em choque. Sua família esquecera dele.

O altivo e sério na maior parte do tempo Lorde Maxwell Flume então apareceu e lhe fez o pedido que Hage mais temia por saber que aquilo feriria seu coração de uma maneira terrível.
—Rapaz, por favor...Você está incomodando meu filho...Faça um favor para mim e para si próprio...Vá embora. Aqui não é seu lugar...
Disse Maxwell até com dureza demais.

—Maxwell !
Reclamou Loren.
—Não se deve destratar ninguém dessa forma, querido !

—Desculpe-me, mas olhe só para essas roupas... ! Ele certamente é um desses pivetes que ronda por Seven pedindo esmola ou roubando alguém...
Disse Maxwell sem nem pestanejar.

Hage estava em choque e ao olhar para seu corpo notou que trajava roupas completamente gastas e que mais pareciam trapos costurados em formato de roupas. Ele estava a imagem perfeita de um morador de rua.

A porta foi brutamente fechada na sua cara e Hage estava completamente deprimido, querendo a morte.

—Eu disse para que os esquecesse...Lembrar deles só lhe trará dor ! Eles vão esquecer você tão logo quanto você deve esquecê-los !
Disse a voz de Kenpachi, que surgiu na frente de Hage naquele terrível pesadelo.

—M-MAS.... !!!
Hage nem teve a chance de retrucar.

—“MAS” NADA !!! Já mandei que você esquecesse quem uma vez foi, o nome que teve ou a família a qual te criou ! Você agora é minha propriedade por pelo menos um ano ! Fará tudo que eu lhe mandar fazer e irá arcar com as consequências de não o fazer, ENTENDEU ?!! Você não é mais o herdeiro de uma família rica, é meu subordinado, um mero criado ! E DEVE ACORDAR JÁ !!!
Gritou Kenpachi.

Hage acordou da cama saltando de susto e logo notou que o sol já brilhava lá fora. Eram 6:30 da manhã e Hage tinha que pintar as paredes de todos os cômodos que estivessem precisando de uma nova mão de tinta antes que desse meio dia, ou ele não almoçaria. E ele não comia nada já faziam 24 horas.

Hage encontrou um Pincel e tinta branca. Ele levou ambos até a sala, onde começou a pintar toda a sala. Começando pela parede onde havia a porta que dava para a cozinha.

Passaram-se 30 minutos e Hage havia chegado na metade daquela parede, mas teve que arrumar alguma cadeira para alcançar mais alto e depois notou que precisaria de uma escada, a qual encontrou nos fundos do quintal. Quando terminou a sala, foi para a cozinha que basicamente só era dividida da sala pelo balcão de mármore e pintou as paredes dela de branco também. Kenpachi havia dito que queria que o banheiro tivesse uma pintura diferente, ou melhor, deixou escrito num bilhete. Kenpachi havia saído para um caminhada.

Ao encontrar outra caixa de tinta, Hage descobriu que nela havia tinta azul e dela pintou o Banheiro. Ao fim do árduo trabalho, haviam se passado, ao todo, 3 Horas, o que queria dizer que Hage tinha ainda 2 horas para descansar antes do almoço ao qual já havia feito por onde poder consumir.

Kenpachi chegou assim que Hage sentou-se em sua cama e naquela voz autoritária e zangada ele gritou:
—MOLEQUE ! VENHA AQUI !

—O que foi ?
Perguntou Hage sem compreender.

—Escute aqui ! Eu disse para pintar todas as paredes ! E você pintou apenas aqui dentro ?!! Pinte as paredes lá de fora também ! E você só tem 2 horas. Se não terminar até lá...NADA DE ALMOÇO.
Ordenou Kenpachi, que começou a juntar os ingredientes do almoço. Haviam grãos de arroz e pedaços de carne, assim como temperos especiais e uma garrafa de álcool para cozinha.

Hage não perdeu mais tempo. Pegou a tinta azul que havia em maior quantidade e correu para o lado de fora, onde se pôs a pintar as paredes.
Ele corria o máximo que podia, mas tinha que tomar cuidado para não sujar as janelas e nem deixar a pintura falhando em canto algum. Era um trabalho árduo por necessitar da ajuda de uma escada que a todo momento Hage precisava regular e por ter de ser feito com uma perfeição cirúrgica.

Quando terminou, Hage não fazia ideia de que horas eram, mas o Sol estava para chegar ao topo do céu, onde ele fica quando dá meio dia e por isso Hage correu para dentro, onde encontrou Kenpachi pondo a mesa e o olhando surpreso.
—Ora ora...Você conseguiu, é ?
Perguntou ele.

—Não sei...Apenas posso dizer que terminei...
Respondeu Hage ofegante.

—Muito bem...Pode se servir...São 11:58 nesse exato instante. Quando terminar, encere o chão e passe verniz... E dessa vez, é nos quartos também. Tem até o anoitecer. Ou então...Já sabe.
Ordenou Kenpachi.

Hage comeu tanto que teve que esperar uma hora para conseguir se mexer sem sentir dores no abdome. Então ele pegou o pincel e começou a envernizar as tábuas de madeira que constituíam o chão. Quando terminou, eram 17 da tarde e faltava encerar o chão. Um esfregão e um balde com cera. Hage terminou às 19 em ponto e o jantar estava sendo posto na mesa.

—Está sendo bem pontual, hein...Muito bom, garoto...
Elogiou Kenpachi.
—Pode comer e ir dormir...A partir de amanhã, começa sua nova vida de verdade.

Hage assim o fez e foi acordado no dia seguinte por Kenpachi.

—A PARTIR DE HOJE, VOCÊ É GAROTO SEM NOME E QUE POSSUÍ COMO ÚNICA IDENTIDADE A DE MEU PUPILO !
Ele gritou em aviso.
—prepare-se para um ano de treinamento árduo e que poderá leva-lo à morte ! ESTÁ PREPARADO ?!
Ele perguntou.

—Estou preparado para morrer desde que vi aqueles lobos bloqueando minha passagem... ENTÃO SIM, EU ESTOU !
Respondeu Hage decidido.

Kenpachi entregou uma pequena espada de madeira. Era uma espada curta, mas que na mão de uma criança de 5 anos era como uma espada de tamanho normal e pesava de igual forma.

Kenpachi puxou uma Bokuto e apontou-a para Hage.

—Vamos começar seu 1 ano de treinamento com armas !
Disse Kenpachi.

Um ano se passou. Hage e Kenpachi treinaram todo dia sem parar e durante aquele ano, nunca mais Kenpachi saiu da cabana sem Hage, pois ele o levava para pegar água, madeira ou caçar e só para isso. Hage aprendeu a lutar com diversos tipos de armas brancas, mas não desenvolveu tanto seu físico, pois Kenpachi assim o quis. Seu treinamento envolveu aprender a lutar com cada arma que Kenpachi conhecia e conhecer cada detalhe de cada uma delas.

Um ano se passou desde que Hage fora “adotado” por Kenpachi e agora, com 6 anos, Hage estava para ser levado até o amigo de Kenpachi, aquele que ele disse que seria seu professor e novo responsável.

—Ele é um cara meio difícil de lidar no começo, mas faça o que fizer, não grite, não se borre e não saia correndo...Seria muito rude da sua parte.
Avisou Kenpachi.

—Eu convivo com você já faz um ano...
Comentou Hage.
—Não tem muita coisa que possa me assustar hoje em dia...

—Pois é...Depois que quase arranquei sua pele durante nossos treinos e nas aulas...Depois que você chorou e quase vomitou ao ter que abrir e preparar sua primeira caça, depois que te ensinei tudo sobre anatomia e sobre as técnicas da espada...Você só tem 7 anos, mas já é mais capaz de matar do que muitos adultos...Estamos indo até ele para que isso se torne algo ainda mais eficaz.
Disse Kenpachi.

Hage não entendia bem o que Kenpachi dizia. Ele falava de forma misteriosa sobre aquele amigo desde que se conheceram e nunca deu muitos detalhes, apenas disse que ele era mais forte que ele e que ele seria meu professor no caminho da magia.

Eles chegaram numa gigantesca clareira que ficava no meio daquela floresta. Hage nem mais se chamava pelo seu nome de batismo. Ele agora atendia apenas quando Kenpachi o chamava por qualquer outro substantivo como “Garoto” ou “Moleque”. Ele acabou se acostumando. E não tinha pesadelos sobre sua família ou lembranças do passado já haviam meses. Ele cada vez mais se esquecia realmente de quem foi e se concentrava em quem era e em quem seria.

Na clareira, havia uma enorme caverna, de onde se ouviu uma voz estridente, quase como um rugido dizer:

—Você chegou muito cedo, Kenpachi ! E o garoto ? Está aqui ?!
Perguntou quem quer que fosse o ser que morava naquela caverna.

—Sim, sim...Claro que eu não faria com que um “grande rei” como você perdesse seu tempo a toa, né ?!
Respondeu Kenpachi de uma forma um tanto quanto irônica demais.

—TÁ BRINCANDO COMIGO, MOLEQUE ?!! EU JÁ ERA REI DESDE ANTES DE VOCÊ SER UM GAMETA NOS GENITAIS DO SEU PAI !!!
Urrou a voz que ficava mais alta e próxima. Era uma voz grave, feroz, imponente. Como uma força da natureza.

—Q-Quem é esse cara, Mestre ?!!
Perguntou Hage que recuou vários passos.

—NÃO OUSE RECUAR ! OBSERVE AGORA O SEU NOVO RESPONSÁVEL ! O REI DESSA FLORESTA E DAS GRANDES FERAS !
Ordenou e anunciou Kenpachi.

Da caverna, um enorme Dragão saiu e rugiu tão alto que Hage pensou que iria ficar surdo. A onda de choque criada pelo rugido quase o arremessou longe e Kenpachi nem reagia. Era um Dragão que tinha, da ponta da cauda até o chifre de seu focinho, cerca de 15 metros. Suas escamas eram todas completamente Negras, seus chifres reluziam como o mais puro ouro, chifres dourados escurecidos, como ouro envelhecido. Seus olhos brilhavam escarlates como o sangue e tanto suas presas quanto suas garras eram alvas como o marfim. Aquele era nada mais nada menos que o Lendário Rei dos Dragões Negros.

—Moleque, esse é seu novo responsável e professor...O nome dele é Umbra Caligo, é o rei dos Dragões Negros e é mais especificamente um Dragão das Sombras...
Apresentou Kenpachi.
—Quando eu o encontrei, eu estava indo duelar com ele...Como eu costumo fazer de tempos em tempos.

—E sempre perde...
Disse Caligo naquele sorriso estranho que mais parecia a intimidação de um predador.
—Então é esse jovem ? Você é o tal “Garoto” que ele encontrou naquele dia 1 ano atrás...

—S-Sim...
Disse Hage timidamente.

—Entendi...Kenpachi, eu vou cuidar dele... Pode voltar para sua vida normal...
Decidiu Caligo após examinar Hage dos pés a cabeça várias vezes.

Hage ficou um pouco assustado. Agora ele seria criado por Caligo e ele era aquela enorme besta que poderia devorá-lo sem dificuldade nenhuma.

—Ok, Voltarei em cerca de 6 meses...Para o nosso próximo duelo.
Disse Kenpachi enquanto se retirava.

—Não quer um agora ?
Perguntou Caligo em tom de desafio.

—Não, não...Você vai estar bem ocupado nos próximos 6 meses...O garoto é bem lento pra aprender certas coisas, mas é bem esperto...
Kenpachi responde.
—Até mais, Caligo...E vê se não se mija na frente dele, Garoto.

Kenpachi logo havia sumido ao adentrar a floresta.

—Muito bem, garoto...Você gosta de ler ?
Perguntou Caligo para Hage.

—S-Sim...Em geral, eu li sobre a forma de governo atual, sobre as guildas e sobre os magos...A maioria eu li depois que Kenpachi me acolheu em sua casa um ano atrás...
Respondeu Hage.
—Mas sempre estudei muito sobre tudo, influência do meu pai...

—Entendo...Bem, como você aprendeu bastante sobre magos e afins...Moleque, saiba que a partir de agora, vou te treinar como um Dragon Slayer, um mago caçador de Dragões !
Disse Caligo decidido.

Hage não entendeu bem o que Caligo quis dizer.
—M-Mas...Por que um Dragão ensinaria um humano como matar dragões ?
Perguntou ele curioso.

—Bem, Garoto...A verdade é que os Dragões não costumam se manterem em relações pacíficas....É verdade que os que estão mais acima na hierarquia se dão melhor por sempre discutirmos sobre a nossa “política”, mas a maioria costuma lutar por territórios, comida e até por...Companheiras, sabe ?
Explicava Caligo, que então encarou Hage.

O garoto retribuiu o olhar dele com evidente confusão.

—Hm....Continuando... Para isso, os Dragões antigos criaram a “Dragon Slayer Magic”, uma magia que tem como objetivo matar dragões.
Caligo então passa a explicar realmente o porque de estar para ensinar tal magia.
—Durante uma guerra que houve entre os Dragões, os números não tinham grande relevância, e muitos morriam. Como resultado, os Dragões buscaram ajuda nos Humanos, que ainda estavam se consumando como os “nativos” de Earthland. Então, para que vocês pudessem ser de real ajuda, confiamos a vocês a magia Dragon Slayer e criamos assim os “Dragon Slayers”, os Humanos capazes de enfrentar Dragões. Quando um Dragão sente que o Humano é merecedor ou em qualquer condição que propicie essa situação, ele o treina nessa magia.

—E por que, exatamente, você irá me ensinar ela ?
Perguntou Hage.

—Bem...Acho que um dos motivos é Kenpachi ter me pedido pessoalmente para fazer isso...
Disse Caligo em resposta.
—Mas não nego que fui com a sua cara desde que o vi pela primeira vez um ano atrás...Você me pareceu um garoto perspicaz e de bom coração...Quero ver até onde você pode afundar nas sombras dessa magia sem se corromper e se poderá completar esse treino.
Concluiu Caligo.

Hage indicou que entendeu e então, animado, disse:
—Pois então, podemos começar agora !

—Muito bem...Comecemos então.
Concordou Caligo.
—Você passará os próximos 6 meses aprendendo a manifestar e controlar o seu poder mágico...É bem mais difícil do que parece, principalmente quando se fala do elemento das Sombras.

—Ok, como exatamente eu faço isso ?
Perguntou Hage.

—Você precisa se concentrar, sentir a natureza e então tentar despertar a magia que há em seu interior. Para isso, tente sentir toda a magia que há ao seu redor, sentir cada Eternano que paira no ar e que está em todas as coisas...Tudo, incluindo as sombras são compostas em parte por Eternanos, todo o nosso mundo mágico é assim.
Explicava Caligo.
—Garoto, quando você conseguir isso, fará com que sua magia se manifeste e tome a forma que você moldar. Você poderá então finalmente se dizer um mago.

Hage se sentou abaixo de uma arvore e se pôs a meditar, como Kenpachi ensinou.
Ele então começou a tentar sentir tudo ao seu redor.

Logo Hage começou a ver alguns pontos luminosos e estes estavam em todo lugar, cobrindo tudo, se juntando e se separando de tudo.

—E-Eu consegui !
Gritou Hage contente.

—Ótimo...Você realmente tem bastante talento para um garoto de apenas 6 anos...
Disse Caligo com aprovação.
—Mas o próximo passo, mesmo os gênios não dominam em menos de 2 anos ! Você deve agora conseguir controlar os Eternanos e usá-los para gerar e controlar sua magia. Até que esse processo tenha se refinado e se tornado perfeito, você ainda tem longos 2 anos pela frente, Moleque !

Hage fez que sim com a cabeça.
—Ok, então irei treinar arduamente para fazer isso, no máximo, dentro do período de tempo estipulado por você !
Disse Hage determinado.

Todos os dias até o fim dos 6 meses podiam ser resumidos numa só rotina. Acordar, conversas com Caligo, leitura de teorias da magia e ciências em geral, treino para manifestar a magia de Hage e depois mais estudos e descanso.

Dia após dia, Hage ficava mais próximo do Dragão e cada vez mais se deixava esquecer de sua vida de 1 ano atrás. Ele finalmente começou a esquecer a pessoa que foi, Hage Flume e aos poucos ia até esquecendo seu nome, talvez em razão de ninguém, nem Caligo, nem Kenpachi o chamarem por seu nome.

Kenpachi voltou para a clareira onde Hage e Caligo viviam e o duelo ia se iniciar.

—Ei, sua lagartixa gigante com ego ! É HOJE QUE EU VOU TE VENCER !
Provocou Kenpachi.

—Hunf...É o que vamos ver, moleque convencido !
Respondeu Caligo.
O Dragão pegou Hage e o pôs num lugar mais protegido, um pouco mais para dentro da caverna.
—Assim é mais provável que você não morra...

Kenpachi tirou seu kimono negro e revelou seu musculoso e coberto por cicatrizes corpo. Kenpachi assume a postura de Battojutsu e então ataca.

—VAMOS COMEÇAR ! NITEN-ICHIRYU: 5º Kata – ESMAGAR A ROCHA !!!

Kenpachi dá um enorme salto, ficando acima de Caligo e saca sua espada. Ao atingir o auge da altura do salto, ele começa a cair com incrível velocidade devido ao seu corpo avantajado e executa um corte vertical que mirava o topo da cabeça de Caligo.

Caligo ergue seu braço direito e bloqueia a espada ao fazê-la atingir as escamas que cobriam a parte superior do mesmo.
—Como sempre, você está muito ansioso e convencido, Kenpachi...
Comentou Caligo antes de atingir Kenpachi.
—PUNHO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !
Kenpachi é atingido por um soco dado com a mão esquerda de Caligo. O punho do Dragão estava envolto pela poderosíssima magia das sombras que Hage tentava manifestar e controlar já haviam 6 meses. Kenpachi foi arremessado 15 metros para trás, parando apenas após derrubar 7 árvores ao se chocar com elas.

—D-Droga....Hoje você não se segurou nem no início...O que foi, tá querendo se mostrar pro garoto, é ?!
Reclamou Zaraki.

—O que fazemos de tempos em tempos aqui é um Duelo, Kenpachi...O certo seria que eu o matasse de uma vez, mas como temos uma relação que pode ser chamada “amizade”, eu não o faço e sei que você não faria também.
Respondeu Caligo.

Kenpachi sorriu.
—É, você até tem razão, mas eu já disse que vou te vencer, SUA LAGARTIXA GIGANTE !
Kenpachi avança correndo numa velocidade incrível contra Caligo e enquanto isso, assume a postura do Aço, Wakigamae.

—ESTILO NITEN-ICHIRYU.... !!!
Kenpachi fez que ia cortar Caligo pela frente novamente, executando um corte vertical. Ele fez isso ao começar a execução do corte, como se fosse executar um simples corte vertical.

Caligo foi enganado e ergueu seu braço para se defender, mas foi surpreendido pela mudança repentina no caminho do corte, Kenpachi o mudou para um corte diagonal da direita para a esquerda por cima de seu ombro, uma técnica de finta.

—BOTE DO TIGRE !
Kenpachi mirava o pescoço de Caligo e o atinge, mas nada além de um barulho de metal batendo em metal e um estalo foi ouvido. Caligo ficou um pouco atordoado, mas o contra golpe veio logo após ele ter recebido a finta de Kenpachi.

—RUGIDO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!
Caligo disparou uma poderosa onda de magia das sombras que atingiu Kenpachi a queima roupa e o mandou voando dezenas de metros, atravessando árvores e seguindo o enorme caminho de devastação causado pelo ataque de Caligo.
—Muito bom, Kenpachi...Finalmente conseguiu me atingir com esse golpe tão simplório...
Elogiou Caligo.

Kenpachi voltou mancando de onde havia ido parar.
—Merda...Acho que deixei a mão leve demais....Afinal, não consegui detê-lo de forma que fosse incapaz de contra atacar...
O homem que cuidou de Hage por um ano agora tinha feridas espalhadas por todo seu corpo e uma séria queimadura no braço esquerdo, que ele usou para se tentar se defender do rugido de Caligo.
—Mas sobreviver a um ataque desses a queima roupa só pode querer dizer que estou cada vez mais menos humano...Né ?

Kenpachi sorriu orgulhoso e desmaiou logo em seguida.

—Senhor Kenpachi !
Gritou Hage que correu até Kenpachi para checar o estado do mesmo.

—Calma...Ele está bem. Um pouco machucado, mas vai acordar...Vamos por ele pra descansar na caverna e pela manhã ele deve conseguir ir para casa...
Caligo disse tentando acalmar Hage.

Hage concordou e logo se levantou do chão.

—Moleque, um dos motivos pelos quais peguei mais pesado dessa vez, como Kenpachi disse, foi para mostrar para você o poder que está para despertar com esse treino. Está pronto para isso ?
Explicou Caligo e logo após perguntou.

Hage pensou por alguns momentos.

Ele havia estudado sobre o elemento das Sombras. Era uma magia que apesar de não ser proibida pelo conselho, possuía sérios riscos para a psique do usuário. Um mago que não consiga lidar com o poder da magia que desperta é levado a loucura por ela e no caso do elemento das sombras, isso é ainda pior. A magia das Sombras, assim como a da luz, é algo que transcende os 4 elementos básicos e meio que possuí vida própria. Mas enquanto a Luz geralmente não interfere no usuário, as sombras sempre buscam corrompe-lo e quando o assunto é a magia Dragon Slayer, isso é algo que deve ser levado ao pé da letra. Todo Caçador de Dragões das Sombras são atormentados por uma Sombra que é como se fosse a manifestação de seu lado maligno, literalmente, a manifestação do lado mais sombrio de sua alma.

—Não me importo com os riscos ! Vou me tornar mais forte !
Disse Hage decidido.

Caligo não pôde deixar de escapar o que pareceu ser um sorriso.

Aquela foi a última vez que Hage foi questionado sobre se tinha certeza se era aquilo que ele queria. Tanto Caligo quanto Kenpachi já sabiam que Hage não recuaria, o garoto estava determinado e apostaria até a própria vida para conseguir o poder que desejava.

4 anos se passaram. Hage completou 11 anos de idade e amadureceu muito. Ele conseguiu manifestar a magia das sombras aos 8 anos, 1 ano após começar o treinamento com Caligo. Aperfeiçoou o controle da mesma em mais 2 anos, conseguindo projetar as sombras e manifestar as propriedades de magia Dragon Slayer de sua magia. Durante o 4º ano de seu treinamento, Hage estava aperfeiçoando o controle das sombras para que fosse capaz de consumir tanto sombras mágicas quanto as sombras do ambiente. E com isso, ele estava pronto para aprender a lutar com sua magia.

Durante esses 4 anos, 2 vezes por semana, Hage treinava combate desarmado e com armas brancas com Kenpachi, tendo aulas de diversas disciplinas e jogava jogos de raciocínio com Caligo, pois Kenpachi não era muito de joga-los, pois achava que o único jeito realmente bom de treinar estratégia é no vale tudo.

Num dia em que Kenpachi foi chamado apenas para ajudar no treinamento em magia de Hage, Caligo saiu da caverna acompanhado de Hage e os 3 se dirigem até um lugar da floresta onde haviam dezenas de rochas enormes, com pelo menos 5 metros em média. O treinamento tinha como objetivo Hage conseguir manifestar sua magia de forma ofensiva.

Kenpachi tinha seus cabelos bem mais longos, batendo na área do centro da coluna e desarrumados como sempre, mas de resto, era o mesmo cara de sempre, talvez com mais cicatrizes espalhadas pelo corpo.
Caligo era um Dragão. Não mudou em nada por fora, mas sua personalidade se abrandou com o passar dos anos devido a sua convivência com Hage.
Hage por sua vez estava com os cabelos tão grandes quanto os de Kenpachi, mas enquanto Kenpachi os deixava desarrumados e um tanto desgrenhados, Hage usava uma franja que cobria seu olho esquerdo e as mechas que ficavam na frente de seu rosto eram longas o bastante para que as pontas estivessem no mesmo nível que a parte debaixo dos olhos. Mesmo com apenas 11 anos, Hage tinha seu corpo bem desenvolvido devido aos 5 anos de treino. Já tinha músculos bem definidos e seu vigor era quase infinito, Hage custava não se cansar nos exercícios, menos nos de combate, onde geralmente desmaiava de exaustão. Naqueles 4 anos de convivência, Hage esqueceu seu nome, seu passado e seus familiares. Para ele, Caligo era seu pai. O dragão era gentil, zeloso e tratava o garoto como um filho de sangue seu, apesar de nunca o chamar pelo nome, talvez por não querer que Hage fosse constantemente lembrado que tinha um passado.

—É “bem simples”...
Começou Caligo a explicar.
—Você precisa agora conseguir revestir seu punho de forma a aumentar o impacto do seu golpe e reduzir essa pedra à poeira. Kenpachi, demonstre uma aplicação de sua magia.

—É melhor não...Talvez eu destrua boa parte dessa floresta...Ele sabe o que tem que fazer...E se não...
Kenpachi fez uma pausa, tentando lembrar de algum exemplo.
—Lembre-se daquele soco que o Caligo me deu naquele dia 4 anos atrás.

Hage concordou e se pôs de frente para a primeira rocha que viu, fechando os olhos e se concentrando.

# Devo agora conseguir aplicar tudo que pratiquei de uma só vez e focando na destruição dessa rocha....Só preciso manifestar esse poder. Não poderia ser mais fácil#
Pensou Hage.

—VAMOS ! Você consegue, destrua a pedra e mostre que você é capaz de utilizar sua magia !
Incentivou Caligo.

—Punho do Dragão das Sombras !
Hage manifesta as sombras em seu punho direito e golpeia a rocha, mas tudo o que se ouve é a pancada surda da mão se chocando com a rocha e um “crec”. Hage fraturou os nós dos dedos da mão direita.
—DROGA !!!!
Hage ajoelhou no chão em choque por causa da dor. Não era realmente maior dor que ele já havia sentido, afinal...Ele treinava combate com contato desde os 6 anos com Kenpachi. Mas além da dor física de fraturar ossos, o que já é uma dor e tanto, Hage tinha uma dor emocional, a de ter falhado com Caligo ao não conseguir esmigalhar a rocha, mesmo após 4 anos de preparação.

—Não chore, você progrediu de forma rápida e além das expectativas de um humano minha criança...
Caligo tentava consolar Hage.
—Você conseguirá, vai ser capaz de destruir essas rochas tão facilmente quanto eu quebro as costelas do Kenpachi.

Kenpachi fechou a cara por alguns instantes.
—Ei, isso era pra ter graça ? Dói como o próprio inferno ter as costelas periodicamente destroçadas...
Reclamou ele finalmente.

—Bem, me desculpe, mas é você quem vive insistindo nesses duelos, meu velho amigo...
Desculpou-se Caligo.

Naquela noite, Kenpachi dormia ao lado da caverna pesadamente e Caligo dentro da mesma. Hage não conseguia dormir. Ele queria despedaçar uma rocha tão rápido quanto possível e por isso Hage se levantou e saiu da caverna, indo até uma enorme árvore que havia próxima da caverna.

Por 2 horas, Hage tentou derrubar a árvore, mas nada além de perfurações ou talhos eram deixados na árvore, sem sequer fazê-la se curvar.

—DROGA ! Não pode ser...Como eu ainda posso me dizer filho de Caligo se sou tão fraco ?!
Gritava Hage em frustração. Mas seus berros logo foram repreendidos por si mesmo ao ouvir os passos e as vozes de um grupo de homens adultos que se aproximavam de sua localização.

—Ei, eu juro que ouvi uma voz de criança berrando por aqui...
Comentou um deles.

—Ouvi dizer que um ricaço de Seven perdeu seu filho mais velho por aqui...Se o moleque milagrosamente sobreviveu, deve valer uma pequena fortuna...
Disse um segundo.

—Apenas daremos uma olhada então...Howard, nos guie para onde você ouviu a voz.
Ordenou o terceiro e até então aquele que poderia ser considerado o líder do bando.

Hage não ouviu a discussão deles após a fala do primeiro homem, pois foi se esconder.

Os 3 adentraram a clareira e de longe viram Kenpachi, que dormia profundamente e ouviram o pesado roncar de Caligo, que dormia dentro da caverna.

—Então, cadê ele ?!
Perguntou Dalton, o homem que falou sobre a possibilidade de arrumar dinheiro se encontrassem o filho do tal ricaço.

—Eu não sei...Eu tenho certeza que a voz veio daqui...Mas só ouço esse barulho perturbador vindo daquela caverna e aquele cara dormindo...Mas ele porta uma espada, será um bom espólio para depois que arrancarmos a cabeça dele por precaução...
Respondeu Howard.

Hage os ouvia com atenção e não pôde se conter ao ouvir os dizeres de Howard, saltando do alto de uma árvore e atingindo-o com um chute aéreo giratório que fez com que o bandido desse de cara no chão, semiconsciente.

—Não ousem tocar um só dedo no meu mestre !
Ordenou Hage inflexível.
#Posso ser pouco mais que só uma criança, mas vou lutar para proteger as vidas do senhor Kenpachi e do meu pai ! #
Decidiu Hage.

Dalton sorriu sadicamente.
—Ei, moleque... Você é doido, é ?! SOMOS SAQUEADORES DA FLORESTA ! VOU TE DEGOLAR, SEU MERDINHA !!!
Dalton puxou um par de soqueiras dos bolsos e as colocou em suas mãos.
—Vamos ver se vai continuar tão valente depois que eu usar minha magia de combate, “THE BOXER” !!!
Dalton ergueu a guarda e avançou num soco frontal de direita, executando-o um pouco mais baixo que o normal ao dobrar mais seus joelhos para atingir Hage bem em seu rosto.
#Contra um moleque desses, não preciso pegar pesado ! Irei desacordá-lo com um simples direto de direita e depois quebrar seu pescoço ! #
Pensou o convencido bandido, antes de ser pego de surpresa por um contra golpe de Hage.

O garoto desviou o potente soco do bandido com apenas a palma da mão esquerda enquanto dava um leve passo para o lado esquerdo. Suas mãos emanavam sua magia das sombras e instintivamente ele golpeou com um contra golpe que lhe foi ensinado por Kenpachi. Hage girou em torno de Dalton e o atingiu com um poderoso soco usando sua mão esquerda, mirando a base da coluna e deslocando a mesma.
—CONTRA GOLPE ESPIRAL DO DRAGÃO !
#Esse contra golpe visa neutralizar principalmente golpes frontais em geral e atingir pontos importantes da estrutura óssea do inimigo...O real intuito é destruir por completo as vértebras atingidas e jogar o oponente numa cadeira de rodas para o resto da vida, mas não tenho a força ou a técnica para tanto...Então só consigo deslocar as vértebras #
Refletiu Hage.

Dalton grunhiu momentaneamente por causa da dor aguda que ter as vértebras deslocadas causa, mas sua baixa tolerância a dor o fez apagar antes que fizesse estardalhaço demais.

Howard se reergueu sacando um sabre árabe e com sede de sangue transbordando de seus olhos que fitavam Hage.
—MOLEQUE ! Pelo jeito você quer mesmo ir pro Inferno mais cedo... !!! MEU ESTILO QUE JÁ DERROTOU ATÉ MEMBROS DA GUARDA DE CROCUS ! Meu “Sabre da Lua Crescente”, unido de minha magia, “The Swordman” !
Ameaçou Howard. O bandido não deu sequer mais um segundo para Hage, avançando selvagenmente contra o garoto.

#Preciso atacar no momento certo... !!! #
Hage correu por alguns momentos até que deslizou por alguns instantes na grama, perto de onde Kenpachi dormia e apanhou algo, nada que despertou o interesse de Howard. Aos olhos dele, nem mesmo armado de uma espada Hage teria chance contra sua incrível perícia.

—MORRA ! FINAL EM CRESCENDO !
Howard executou um corte ascendente em formato curvo, como uma lua crescente, mas ele foi pego de surpresa quando Hage se voltou para ele e desviou de sua lâmina, bem quando sua guarda abriu.
—N-Não é possível... !!! Esse moleque...Ele...

# É AGORA ! #
Hage preparou sua espada de madeira, presente de Kenpachi e a sacou, atingindo o queixo de Howard e o nocauteando.
—FÚRIA ASCENDENTE DO DRAGÃO !

Hage estava arfando. Mesmo que tivessem sido meros magos amadores, ele era apenas uma criança de 10 anos que venceu 2 dos 3 apenas com inteligência. Talvez não vencesse o último, que tinha um olhar mais frio e sagaz e que o observou o tempo todo.

—Você compensa sua pouca altura e força com técnicas de contra golpe que aproveitam ao máximo as brechas ou as falhas do oponente...Interessante. Você foi bem treinado, tanto técnica quanto fisicamente...Acredito até que aquele homem dormindo, o que possuí a espada que queremos roubar agora seja seu mestre, não há outro motivo para que você o proteja de forma tão insistente e corajosa...Mas fique sabendo que diferente de Howard e de Dalton, eu não uso uma magia que só serve para melhorar minhas habilidades físicas...Eu sou um verdadeiro “Spellcaster” e por isso vou destruir você, moleque ! ENFRENTE A IRA DE OTO, O ELEMENTAL !

Oto, o líder daquele trio de bandidos, gerou uma esfera de chamas e a jogou contra Hage, que logo desviou facilmente, mas foi pego por um soco inesperado dado por seu oponente e é jogado longe.

Hage estranhou o impacto sobre humano do golpe e ao olhar novamente para Oto, notou que o punho com o qual ele golpeara estava coberto por rochas.
—Minha magia é a “Elemental Control”, até certo ponto, sou capaz de manipular os 4 elementos básicos da natureza para ataques em conjunto. NINGUÉM jamais me venceu, PIRRALHO !

Hage avançou e tentou atingir, mas falhou ao ser interceptado por uma rajada de vento.

# QUE DROGA... !!! Esse cara, ele vai me manter longe e... !!! #
Hage teve seus pensamentos interrompidos quando Oto disparou uma esfera de chamas que foi bloqueada por ele com seus braços envoltos em magia das sombras. Aquilo amenizou o dano, mas não o parou por completo, causando queimaduras leves em seus braços.

Hage estava encolhido no chão com os braços tremendo. As queimaduras não eram nada sérias, mas doíam muito. Aquela era a prova de que Hage ainda sofria muito com a limitação natural que ainda possuía, seu jovem e pequeno corpo.

—Darei a você um final digno...Seja esmagado pelo meu TERRÍVEL PUNHO DE GAIA !!!
Oto criou uma enorme esfera completamente coberta por espinhos, toda constituída por rochas e essa se fundiu ao seu braço direito. O mago Elemental recuou a esfera e avançou, como quem estava dando um poderoso soco frontal de direita.

Hage viu aquela enorme rocha vindo em sua direção e as palavras de encorajamento ditas por Caligo falaram mais alto que seu pânico, que seus receios, falaram tão alto que Hage sentiu em seu interior o poder fluir para seus punhos e finalmente despertar.
# É agora, nessa tênue linha entre a vida e a morte...EU VENCEREI ! #

Hage se levantou e avançou corajosamente contra Oto e seu ataque, preparando seu golpe.

—SINTA AGORA...
Hage desfere um soco envolto em uma massa inesperadamente grande de magia das sombras.
—O PUNHO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!

Oto foi pego de surpresa quando seu ataque foi sobrepujado e a rocha se partiu atirando vários fragmentos contra ele e o jogando longe. Hage havia finalmente aprendido a atacar com sua magia.

—E-Eu consegui....
Hage caiu de joelhos, sem mais nenhuma força para prosseguir. Ele deu tudo para despertar seu poder e atacar, mas não conseguiria sequer erguer um dedo daquele momento em diante sem antes descansar.

Mas o destino decidiu que Hage não teria essa sorte.

—SEU....SEU....SEU RESTO DE ABORTO DESGRAÇADO !!! EU VOU TE DESPEDAÇAR E DAR DE COMER AOS DEMÔNIOS DO CANTO MAIS REMOTO DO INFERNO !!!
Oto estava vivo e ainda disposto a lutar. Seu braço direito estava totalmente destruído, preso ao resto do corpo por alguns tendões e ossos expostos.
—OLHA AQUI...VOU TE MOSTRAR O QUE ACONTECE COM QUEM MECHE COM O PESSOAL DA EISENWALD !!!
Ameaçou Oto que ergueu o braço esquerdo e uma enorme esfera de chamas se formou acima de sua cabeça.
—IREI OBLITARAR VOCÊ COM MINHA “EXPLOSÃO SOLAR” !!!

Oto ia atacar e Hage fechou os olhos, mas um grunhido de surpresa foi tudo que Hage ouviu. A esfera havia desaparecido e Kenpachi agora estava entre os dois.

—Você disse, Eisenwald ?!
Perguntou Kenpachi com um sorriso sádico no rosto.
—Então você é o Oto “The Spellcaster” Nemuri da Eisenwald... Pois muito bem...Acho que você é um mago situado no Rank C, no máximo...Pois saiba que sou muito superior a você e saiba também que veio arrumar problemas na clareira errada !
Kenpachi estendeu o braço na direção de Oto e abriu sua mão, apontando a palma de sua mão direita para seu oponente.
—Desapareça !

—N-NÃO É POSSÍVEL...V-Você é aquele homem...Kenpachi “The Human Disaster”... !!!
Foram as últimas palavras de Oto, que foi simplesmente desintegrado e deixou a existência.

—Um merda da Eisenwald não merecia morrer pelo fio da minha nobre lâmina, então utilizei essa magia irritante na qual eu fui treinado por meu mestre...
Disse Kenpachi impaciente.
—Agora, vamos voltar a dormir moleque...E muito bem, derrotou 2 magos rank D da Eisenwald sozinho...Não pra todos.

Kenpachi voltou ao seu lugar e retornou ao seu sono profundo.

Hage adentrou a caverna e fez o mesmo.

1 ano mais tarde, Kenpachi disse que Hage agora só precisava praticar diariamente o combate com armas brancas e com magia para se tornar tão poderoso quanto quisesse, pois eu treino com armas tinha terminado e o de magia havia apenas começado, afinal, é como Kenpachi lhe disse.

—A magia é uma coisa muito curiosa...Não importa o quão poderoso se fica, você sempre tem algo novo para criar ou aprender....Lembre-se disso sempre, moleque.

Hage passou mais 3 anos com Caligo e Kenpachi. Seu primeiro mentor saiu em viagem para talvez nunca mais voltar. Um dia, um mensageiro do rei Fiore o chamou para servir no novo braço militar do governo que ajudaria na contenção das guildas negras que estavam ascendendo novamente em todo continente de Ishgar.

Hage tinha 15 anos de idade e estava tão bem treinado quanto qualquer mago adulto estaria. Ele agora tinha cerca de 1,70 de altura, tendo ficado muito mais alto do que o esperado. Caligo teorizou que aquilo era resultado de seu treinamento continuo e também de efeitos da magia Dragon Slayer, que estimula o desenvolvimento do físico do usuário ao extremo possível. Seus cabelos eram cortados com a ajuda de um punhal feito com o chifre de um Vulcan e eram mantidos naquela forma despenteada e que contava com uma longa franja que escondia seu olho esquerdo. Seu cabelo agora era sempre mantido batendo no máximo na altura da base do pescoço, os negros cabelos de Hage haviam mudado como tudo nele. Antes tão arrumados e agora era um milagre o garoto se preocupar em cortá-los. “Eles longos me fazem parecer mais feminino”, dizia Hage.

“E alguém confundiria uma pilha de músculos mortal como você com uma mulher ?! “
Respondia contendo a risada Caligo, seu pai adotivo.
Caligo falava brincando, mas era a verdade. O franzino garoto de 7 anos que ele conhecera 8 anos antes não existia mais. Hage havia dominado as mais diversas técnicas que Caligo tinha para lhe ensinar e chegou a criar uma própria, como foi instruído por Caligo, uma que tinha o intuito de atrapalhar de forma tão prejudicial o inimigo que sua vitória era certa na maior parte dos casos. A vida parecia calma e perfeita, Hage era feliz vivendo ao lado de um pai que o amava e criava, diferente do outro, o homem de quem ele sequer se lembrava de algo.

Porém...

Caligo estava estranho de uns dias para lá. Hage sentia isso. Ele o encarava de rabo de olho, como se o visse como uma presa e tudo aquilo teve o início de seu fim no fatídico dia 7 de Julho de X1.299.

Hage caminhava pela clareira, trajando um blazer improvisado feito de couro de animais que ele caçou ao longo dos anos e com uma calça do mesmo material, porém ele deu um jeito de tingi-la de preto. Ele estava praticando acrobacias para evasão quando teve que se desviar instintivamente de um golpe dado pelas garras de um Caligo com vontade de matar emanando dos olhos.

—P-Pai... !!! O que está fazendo ?!
Perguntou Hage incapaz de compreender Caligo.

O até então gentil pai adotivo de Hage fez algo que literalmente o marcou para sempre. Ele atacou novamente com suas garras e atingiu seu ombro esquerdo com a ponta das garras, causando 4 enormes feridas profundas que iam do ombro esquerdo até o meio do peitoral esquerdo. Hage urrou de dor e o sangue jorrou da ferida. Ele quase foi partido ao meio por seu pai adotivo e não sabia sequer o porque.

—CALIGO ! EXPLIQUE-SE !!!

Hage tentava inutilmente estancar o sangramento.

—Escute bem, Hage ! Eu decidi que para que você se torne realmente forte, você terá que passar por esse teste... !!! VAI TER QUE MATAR UM DRAGÃO !
Ordenou Caligo.

Hage entendeu a ordem, mas fez que não com a cabeça enquanto ainda estava em choque por aquelas palavras.

—VAI SIM, VOCÊ TERÁ QUE ME MATAR ! E assim que o fizer, irá tomar meu lácrima, a fonte de minha magia e o implantará em você mesmo para que seja um Dragon Slayer de 3º geração, aqueles ditos como os mais poderosos de todos !
Urrou Caligo que atacou com o esporão da Cauda, que parecia a lâmina de uma espada. Ele mirou o rosto de Hage e acertou apenas acima do nariz do mesmo, causando outro talho profundo.

# E-EU...EU NÃO POSSO !!! #
Pensava Hage, que estava em choque e não iria matar seu pai adotivo.
# S-Se eu fizer isso...Eu nunca mais o verei...#
—COMO POSSO MATAR ALGUÉM QUE ME ACOLHEU, TREINOU E CUIDOU DESDE QUE EU ERA UM MERO PIRRALHO QUE AINDA CHORAVA PELA MAMÃE, HEIN ?!!!
Gritou Hage com lágrimas que caíam de seus olhos, lágrimas tingidas pelo vermelho do sangue que escorria da ferida em seu rosto.
—GARRA DESTRUÍDORA DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!
Ao invés de um punho fechado, Hage golpeou com a mão aberta, com os dedos semi dobrado, em formato de garra. A magia das sombras cobriu-os e causou uma ferida leve em Caligo, como se alguém tivesse esfoliado demais aquela área da pele do dragão. O golpe de Hage quase não o fez nada. Mas Caligo não estava para brincadeiras, seu braço direito ergueu-se numa espécie de Uppercut e a garra do dedo direito relou no rosto de Hage, talhando uma enorme ferida que ia do lado esquerdo do queixo de Hage até o topo de sua testa, impedindo-o de enxergar com o olho esquerdo e cortando boa parte da franja que Hage usava.

—VOU ACABAR COM VOCÊ SE NÃO VIER PRA VALER, HAGE !!!
Ameaçou Caligo.
—RUGIDO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!

Caligou lançou seu inigualável e estrondoso rugido contra Hage, que só pôde responder tentando anular a onda de magia com outra de igual potência.

—RUGIDO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!
Hage tentou anular o ataque de Caligo, mas não teve 100% de sucesso. A onda de choque o lançou longe, fazendo-o se chocar com uma rocha cheia de pontas e ferir suas costas de forma a fazer com que mais sangue deixasse seu corpo.

# Caligo...Você é nada mais nada menos que um pai para mim...
Como pode me pedir para matar você ?! COMO PODE ?!! #
Gritava Hage em sua mente.
“Se você não pode...DEIXE-ME ! “
Gritou uma voz de volta.

Hage não soube o porque, mas ao ouvi-la, olhou para baixo e viu em sua sombra um olhar, algo que não deveria ser visto numa sombra. Aquele olhar maquiavélico e astuto, cruel e sádico. Ele estava olhando-o como um demônio pronto para fazer um pacto.

“Se você é incapaz de tirar a vida de Caligo, mesmo que seja para preservar a sua própria vida....Me deixe lutar. Eu lhe darei poder e a vitória, vou salvar sua vida ! “
Dizia a voz.

#QUEM É VOCÊ ?! #

“Ora essa...Já se esqueceu do aviso que Kenpachi e Caligo lhe deram sobre a magia das sombras ?! Moleque, eu sou SUA SOMBRA “
Hage olhou novamente para sua sombra e um sorriso longo e sádico estampava a “face” da sombra.

Caligo atacou com sua cauda e perfurou o peito de Hage, errando por pouco seu coração.
—Garoto... Pare de pensar na morte da bezerra...Ou VOCÊ vai morrer...
O tom de voz de Caligo parecia culpado e triste. Mas ele se tornou surpreso e um pouco assustado quando Hage ergueu o olhar e o encarou com aqueles sádicos olhos e o sorriso doentio que contrastava com as lágrimas que corriam livremente de seus olhos.

—VOU TE FAZER EM PEDAÇOS, SUA LAGARTIXA GIGANTE !!!
Gritou Hage com a voz deturpada que sua Sombra possuía.

Caligo ia puxar sua cauda para o alto, buscando partir fora metade do tórax de Hage, mas ele segurou a cauda e a partiu, arrancando-a de seu peito.

—Não está mais lutando com aquele moleque, Caligo...EU, SOU EU ! EU VOU TE DESTROÇAR E ROUBAR SUA FORÇA PRA MIM !!!
Hage ria doentiamente e as lágrimas se tornavam cada vez mais intensas. Ele estava entrando em colapso. Hage não consegui lidar tanto com sua relutância em lutar quanto com o sadismo que sua Sombra tentava tatuar em sua psique.

—ENTÃO VENHA, IREI ARRANCAR SUA CABEÇA !!!
Gritou Caligo. O Rei dos Dragões das Sombra se pôs de pé e ergueu ambos os braços, conjurando uma gigantesca esfera de escuridão.
—ARTE SECRETA ! ESTRELA MORTAL DO DRAGÃO NEGRO !!!

Caligo mal pôde crer quando Hage começou a devorar a escuridão densa que ele conjurou para aquele ataque ao traga-la toda para sua boca.
—EU NÃO PERMITIREI !!!
Ao mesmo tempo que consumia o ataque de Caligo, Hage o atacou.
—ALABARDA NEGRA DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!
Hage conjurou uma lança feita de sombras e a arremessou em Caligo, perfurando seu estômago e fazendo o dragão urrar de dor como nunca antes Hage viu. Isso fez seu corpo vacilar e cair de joelhos, sem forças.

Caligo atacou com a esfera que havia produzido, mas agora ela tinha 1/3 de seu tamanho original. A explosão aniquilou árvores e rochas, fez a caverna de Caligo quase desabar e empurrou ambos alguns metros para trás.

Caligo olhou em volta nervoso, segurando a ferida para estancá-la, mas logo viu Hage no chão, encarnado-o com aquele perturbador sorriso que pertencia a sua sombra.

—Olha só, seu Lagarto com ego...Eu vou te mostrar TODO O POTÊNCIAL DESSE INCOMPETENTE !!!
Gritou Hage.

—Você não é o Hage...
Disse Caligo com pesar e tristeza no olhar.

O Dragão das Sombras logo se viu com o corpo coberto pro Suturas violetas. As que surgiram na palma de suas patas e nos dedos estavam o prendendo ao chão.

—Isso é...É A TÉCNICA DELE... NÃO OUSE SUJÁ-LA USANDO-A, SHADOW !!!
Gritou Caligo irado.

Shadow era o nome dado ao aspecto sombrio de todo mago que acabava sucumbindo à influência da magia das sombras e Hage agora era um deles.

—SUTURAS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !
Shadow tinha na ponta dos dedos sua magia das sombras emanando, indicando que fora ele quem conjurara aquelas suturas, mas logo em seguida ele saltou vários metros para o alto e atacou Caligo com um uma cotovelada dada aproveitando a força acumulada na queda.
—MARRETA DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!
Aquele golpe brutal atordoou Caligo e o forçou a cair completamente no chão, encostando sua barriga no solo e a tendo completamente suturada no mesmo.

—E aí, Caligo ?!
O que você acha ?! IREI TE MATAR AQUI E AGORA !!!
Se vangloriava Shadow.

—Ah é ? Então faça...Só não garanto que goste do resultado disso ! TEMPESTADE NAVALHAS DO DRAGÃO NEGRO !!!
Caligo abriu a boca e cuspiu uma onda de magia intensa como seu rugido, mas Hage foi jogado a muito menos metros e quando se levantou, tinha incontáveis feridas por todo o corpo. Ele estava perdendo sangue muito rápido e não ia se aguentar por muito mais tempo.

—V-V-VOCÊ VAI MORRER AGORA, UMBRA CALIGO !!!
Gritou Shadow.

—Então...Que assim seja...
Disse Caligo fechando os olhos com uma pesarosa e triste expressão em seu rosto.

—MORRA ! ARTE SECRETA ! ESPADA AMALDIÇOADA DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!
Ao erguer ambos os braços, Shadow criou uma gigante lâmina feita de sombras e com essa, ele saltou para decapitar Caligo.

# Hage...Eu te crio como meu filho já há 8 anos...Você cresceu tanto...E isso é como mago, como pessoa e como meu herdeiro. Eu sinto nada além de orgulho por você, desde que se mostrou capaz de manifestar essa magia tão complicada. Você sempre quis se provar capaz de fazer jus às minhas expectativas e por isso se forçou a lutar com aqueles magos da Eisenwald 4 anos atrás....Hage, eu te criei, eduquei e treinei como um verdadeiro filho, eu só posso dizer que te amo tanto quanto um pai pode amar seu filho.
Mesmo que agora seu aspecto sombrio tenha tomado conta e você esteja para me matar...
Não me entenda mal, Hage...Tudo que fiz e que agora faço, é pelo seu bem. Pena que isso signifique que nunca mais estaremos juntos, pelo menos até o dia em que você também deixe esse mundo. Só que...Espero que não seja tão cedo, seu moleque travesso. Eu nunca te chamei por seu nome antes de agora porque eu não queria lembrá-lo de seu passado. Não queria te causar dores desnecessárias e...Bem, por egoísmo também, claro. Eu queria que você continuasse comigo, como meu filho...Eu me apeguei a você, sabe ? Mas Hage, o mais importante é...Não perca para essas trevas. Eu te dei o poder para proteger e não para destruir. Não o use de maneira irresponsável, até porque...Você nunca foi disso#
Esses foram os últimos pensamentos de Caligo, antes que Shadow cortasse sua cabeça fora enquanto o corpo de Hage chorava sem parar.

—E-EU CONSEGUI !!!
A gargalhada de Shadow reverberou por toda a floresta e a chuva de sangue causada pela decapitação de Caligo o banhou naquela escarlate chuva.

Mas logo a gargalhada foi sufocada por um grito que mais parecia um uivo de sofrimento. Hage recobrou a consciência e desmaiou logo em seguida.

Na manhã seguinte, o terreno naquele local era estéril. Tudo foi arrasado pela colisão dos poderes de Caligo e de Shadow.

O homem que nasceu daquele confronto despertou no meio daquela clareira destruída e chamou por seu pai, um Dragão chamado Caligo.

Não apenas esse jovem homem não teve resposta, como despertou ao lado da cabeça decapitada de seu pai, com uma feição triste e pesarosa em seu rosto frio e sem vida.

O homem gritou de aflição e chorou de ódio. Ele foi incapaz de impedir o pior de acontecer.

Após horas de urros irados e de sofrimento, o homem cujos cabelos negros, assim como todo o seu corpo estavam encharcados pelo sangue escarlate que além de tingir toda a paisagem, agora era combinava com seus escarlates olhos.

O homem abriu o corpo de Caligo e de lá retirou uma esfera negra que emanava pura magia das sombras, era o Lácrima de Caligo, sua fonte de magia, um poder que foi conquistado ao derrotar seu pai. O homem então abriu a ferida que quase o matara ao passar muito perto de seu coração e implantou o lácrima em si próprio.

Suas forças foram recuperadas e ampliadas, mas a face melancólica e deprimida não deixava seu rosto. Era o poder que ele desejava desde novo, desde que ele era preso ao passado que agora esqueceu. Mas em 8 anos, ele aprendeu que não era o poder. Ele queria o poder para alcançar seu objetivo. Hage Flume, herdeiro perdido de Maxwell Flume queria uma família. E agora ele perdeu a única que havia lhe restado.

Hage estava morto, agora havia apenas “Um homem”.

O corpo de Caligo foi carregado por ele até próximo de uma das diferentes cidades que tinham alguma parte daquela floresta em seu território e lá estabeleceu por uns tempos, perto de Bosco.

Mais um ano se passou e aquele homem, que passou a atender pelo nome “Stein Sutures” andava pela floresta. Suas feridas, aquelas causadas por seu pai, eram agora terríveis cicatrizes que nunca se curavam, ficaram marcadas em seu corpo de forma assustadora e que costumava assustar todos a sua volta que o viam.

Stein confeccionou uma máscara e um casaco sobretudo com as escamas de Caligo, cobrindo suas cicatrizes e escondendo seu rosto. Seu cabelo havia crescido novamente e seus olhos eram quase que totalmente cobertos por ele. Durante sua caminhada, ele foi parado por um rapaz da mesma idade que ele. O garoto era magricela, mas tinha músculos definidos, mesmo que houvesse pouca carne separando a pele dos ossos. Os longos cabelos negros do rapaz batiam na base da coluna e seus olhos cansados e melancólicos fitavam Stein.

—E-Ei... !!
Ele chamou erguendo um canivete enferrujado.
—Passe tudo o que você tem aí !

Stein tinha consigo uma mochila que possuía seu almoço e amostras que ele colheu na floresta. Amostras de fauna e flora.
—Moleque, se você der meia volta agora e seguir seu rumo, eu pouparei sua vida...Que tal ?
Perguntou Stein impaciente.

O garoto fechou a cara.
—ACHA QUE EU TO BRINCANDO ?!!
Perguntou ele sério.
—Faço isso para sobreviver ! NÃO TEMO A MORTE ! Eu já a enfrentei de frente muitas vezes para fugir daquele lugar horrível ! NÃO É VOCÊ, SEU HEREMITA MASCARADO IDIOTA, que irá me parar !!!

O garoto devia ter uns 13 anos, mas foi tão veloz quanto um bom artista marcial seria em atacar com aquele velho canivete enferrujado.

Mas Stein era um cara com quem não se deve brincar ou se meter. O canivete foi partido ao meio quando Stein bloqueou o golpe usando um só dedo que foi coberto por sua magia das sombras.
—Eu sou um mago...Um mago treinado em combate corpo a corpo e em magias de Rank elevado. Acha mesmo que com aquela faca de pão você ia conseguir sequer me arranhar ?!
Perguntou Stein.

—Talvez...MAS EU TENHO UM ÁS !
O rapaz apontou a palma de sua mão direita para Stein e disparou uma pequena onda de magia dourada a queima roupa, lançando Stein longe.
—CANHÃO CELESTE !!! Cara metido...Eu sou um mago Celestial, eu posso controlar a magia que reproduz os fenômenos do universo e você é o que ?!

A resposta veio na forma de uma onda de magia das sombras que nocauteou o rapaz e o jogou longe.

—Eu sou Stein Suture, um Dragon Slayer que irá te matar se não parar de me encher o saco !
Respondeu Stein.

O rapaz acordou numa cabana bastante ampla, cheia de “espécimes” dissecados e amostras de ervas em geral. Havia um quarto trancado com correntes e cadeados, além de dispositivos duvidosos e runas estranhas. Era um quarto que ninguém deveria adentrar.

Aquele rapaz notou então que ele estava sendo alimentado via soro e ao olhar mais atentamente notou a silhueta escura do homem que havia o nocauteado.

—Q-Quem é você ?! E por que me ajudou ?!
Perguntou ele um pouco assustado.

—Errado...Primeiramente...
Stein se levantou ao mesmo tempo em que colocava sua máscara. Ele estava nas sombras para esconder seu rosto.
—Quem é VOCÊ ?!!

—M-Meu nome é Raizer, Raizer Midgor... E-Eu...Eu fugi de uma ilha que fica no meio do nada, onde crianças são feitas de escravas para construir a chamada “Nova torre do Paraíso”...Eu fugi com a ajuda de um tio que estava lá com a gente...Ele me ensinou a magia Celestial e me mandou fugir e assim eu o fiz...Mas não sem antes explodir uma das vigas principais e fazer com que a Torre começasse a desmoronar e a se desfazer, o que deve ter acabado com ela ou atrasado seu término em uns bons 10 anos.
Explicou Raizer.
—Por meses eu viajei sem contar com nenhuma refeição regular...Passei fome e sede por dias na travessia do oceano e quando cheguei em terra, fui salvo por um pescador que após me auxiliar, me mandou embora por não poder ficar comigo...Então tive que começar a roubar...

—Moleque...
Começou Stein.

—EI ! Quem é você para me chamar de moleque ?! Pelo que vejo, você nem passa dos 20 !
Reclamou Raizer.
—Eu tenho 13 anos e já sou mais habilidoso do que muitos magos da minha idade.

—Enfim...Eu sou Stein Sutures, tenho 16 anos e te ajudei apenas porque entendo sua situação...E tive também alguém que cuidou de mim para que eu sobrevivesse até agora...
Respondeu Stein.
—Ouça, talvez você não saiba, mas a floresta onde estamos, andando uns poucos quilômetros para o norte, dá em Magnólia, uma cidade onde eu costumo ir para comprar mantimentos e estava pensando em ir para lá, num certo lugar, para prosseguir minha jornada em busca de poder e conhecimento.
Stein fez uma pausa e então encarou Raizer.
—Raizer, você pode ter agido de forma diferente e até errada, mas é muito parecido comigo e eu gostaria de saber se você não gostaria de me acompanhar nessa jornada...

Raizer não sabia se estava ouvindo direito, mas concordou.
—CLARO ! Para onde, Irmãozão ?!

—Por favor...Não me chame de “Irmãozão”....
Pediu Stein fazendo um Face Palm.
—E bem...Iremos para aquele famoso lugar, onde residem os mais fortes !

4 anos se passaram. Os Irmãos Stein e Raizer se tornaram famosos em Magnólia e agiam por si mesmos na maior parte do tempo. Mas esses nomes estavam caindo na lama em razão de badernas que esses dois causavam em bares e das confusões que eles sempre geravam.

Era o inicio da tarde do dia 23 de Setembro de X1.304.

Um barman magro e um tanto assustado, com ensebados cabelos loiros penteados para trás e presos num rabo de cavalo limpava um caneco enquanto seu bar, o “Unicorn”, estava cheio de pessoas bebendo e conversando.

Mas a festa teve um fim quando 2 figuras adentraram o lugar.

Um estava todo vestido de negro, com o rosto coberto por uma máscara e com um sorriso sádico no rosto. Seus cabelos negros arrepiados foram penteados de forma a fazer uma franja que escondesse o lado esquerdo do rosto dele.

O segundo tinha longos cabelos negros e trajava um casaco azul marinho e calças e blusas brancas. Ele era mais cara fechada, e olhava para todos com repreensão.

—EI !
Gritou o todo vestido de preto.
—Que tal umas doses extras para os irmãos Stein e Raizer da Fairy Tail ?!

O Barman começou a tremer. Na sua frente, estavam 2 dos homens mais temidos de Magnólia, 2 dos maiores talentos da Fairy Tail, Raizer Midgor “The Star Reader” e Stein Stures “The Shadow Dragon”.

—C-Claro... M-Mas...C-Como posso saber se vocês não são impostores ?!!
Perguntou o Barman que reunia cada pingo de sua quase inexistente coragem para falar, mesmo que gaguejando muito.

—Ah, mas é claro, desculpe...RAIZER !
Stein e Raizer se viraram para os clientes e começaram o Caos.

Dos pés de Stein, uma sombra surgiu e nocauteou 4 dos seguranças do lugar e Raizer fez o mesmo, mas com os 2 restantes e com 1 soco muito rápido em cada um.

—ALGUMA DÚVIDA ?! OU EU PRECISAREI TE DISSECAR ?!!
Stein bateu um canivete na mesa, realçando sua ameaça.

—C-C-CLARO QUE NÃO, M-MEU SENHOR !
O barman estava para encher um caneco, quando uma bala destruiu o caneco e todos se abaixaram, menos Stein e Raizer. Um homem encapuzado tinha em suas mãos uma pistola negra a qual ainda emanava fumaça de seu cano em razão do tiro recém disparado.

—QUEM VOCÊ ACHA QUE É ?!! Se acha mais forte que os maiores talentos da Fairy Tail da atualidade ?!! NÓS, OS SENHORES STEIN E RAIZER ?!!
Perguntou Stein Sutures.

—Quer ser derrotado pelo meu “Punho Estelar” ?!
Perguntou Raizer.

Um outro homem que vestia um casaco cinza azulado sem mangas e embaralhava um baralho começou a rir da mesa onde ele e o homem encapuzado estavam sentados.
—Ouviu isso ? “Punho Estelar”...Que besteira...
O homem continuava a rir.

—AH É ?!! SINTA O PODER DA FAIRY TAIL !!!
Raizer avançou naquela velocidade incrível de antes, mas o homem encapuzado parou seu soco com uma só mão e a torceu, quebrando seu pulso e o empurrando de volta para o lugar de onde veio.

—Hunf...A Fairy Tail deve se envergonhar muito de vocês dois então...
Disse o homem encapuzado guardando a arma e desviando o olhar dos lendários gênios da Fairy Tail por um só instante, mas aquilo foi o bastante para que Stein atirasse no meio de sua testa e o derrubasse.

—Ops...Parece que ele te pegou...
Disse o homem que agora escolhia ao acaso uma das 22 cartas que haviam na mesa após ele as embaralhar muito bem.

Um barulho estranho foi ouvido após 2 segundos do disparo, algo duro batendo no chão e deslizando.

Uma máscara negra, cuja textura escamosa a tornava um pouco bizarra estava logo do lado do homem encapuzado e esse se levantava devagar e calmamente.

—Ai...QUE DROGA ! PORRA !!! Isso doeu.... !!!
Dizia o homem enquanto ele parecia massagear a testa.
—Isso vai doer por umas horas, seu babaca !

O homem na mesa ascendeu uma vela e se revelou um jovem de curtos cabelos negros e um pouco arrepiados, com olhos negros e trajando calças brancas e uma blusa cinza debaixo de seu casaco cinza azulado. Ele tinha no pescoço um pingente em formato de estrela. O homem pegou uma carta e a mostrou para Stein e para Raizer.

—De acordo com minhas cartas, o destino de vocês é a Morte...
A carta que o homem tinha em sua mão, era o Arcano número XIII do Tarot, a Morte.
—Por mancharem o nome da Fairy Tail.

O homem encapuzado tirou o manto que cobria seu corpo e revelou seu cabelo completamente negro como uma noite sem lua, com uma franja que cobria o lado esquerdo de seu rosto, seu casaco sobretudo negro feito de escamas, com detalhes dourados e com veludo escarlate na parte interna do mesmo. As calças azul escuras e a blusa violeta terminavam a combinação escura e um tanto assustadora. Em seu colar, ele tinha um pingente que parecia ser de marfim, talvez um dente de algum animal, mas o pior não eram suas roupas, eram as terríveis cicatrizes que ele tinha por todo o seu rosto e elas só provavam algo que os supostos Raizer e Stein já temiam. Eles estavam cara a cara com os verdadeiros Stein Sutures e Raizer Midgor.

—Q-QUEM SÃO VOCÊS, IMPOSTORES ?!!
Perguntou nervoso e suando frio “Stein”.

—P-POIS É ! QUEREM MORRER, POR ACASO ?!!!
Tentou reforçar “Raizer”.

Stein pegou sua máscara no chão e a pôs, logo em seguida, ele responde:

—MANDA VER !

—ENTÃO MORRA !!! SOMBRA DO DRAGÃO !
Do chão, a partir da sombra de “Stein”, um Dragão de sombras surge e avança contra o ameaçador homem que usava a máscara de escamas.

“Raizer” avançou numa velocidade incrível contra o homem que tirava cartas de Tarot.

—Hunf...Que chato...
Disse Raizer Midgor.
—Sinta o poder das Sete Estrelas ! GRAND CHARIOT !

O impostor que tentou usar de sua grande velocidade foi nocauteado e ferido o bastante para que não conseguisse se mover.

—Ei, irmão...Só falta você...
Disse Rizer num tom entendiado.

Stein devorou o Dragão de Sombras e inspirou fundo.
—VOCÊ.... OUSOU SUJAR MEU NOME...TOME ISSO !!! RUGIDO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS !!!

O falso Stein quase morreu, mas o verdadeiro Stein teve sorte de que “Vaso ruim não quebra”.

—Ok...Acho que eu exagerei...
O bar estava para desmoronar e Stein dissera aquilo com uma naturalidade cara de pau como nunca antes visto.

Stein tinha agora 20 anos e Raizer 17. Os 2 eram membros da respeitada guilda de Magos Fairy Tail, a dita guilda mais poderosa de Magnólia e de toda Fiore.

Os boatos de que os dois estavam armando confusão eram falsos e os culpados eram 2 impostores que usavam a magia “Shadow Make” e “Speed Magic”.

Stein vive na cabana onde Raizer foi socorrido e Raizer passou a viver na guilda, ajudando com tudo por lá.

Ao longe, ocultos de todos, uma guilda das trevas se preparava para por seus planos maquiavélicos em ação.

Um homem sinistro, com longos cabelos negros presos em duas longas tranças, vestido numa túnica negra com alguns poucos detalhes em dourado e com olhos escarlates como sangue subiu num pedestal e de lá gritou:

—VIDA LONGA À EISENWALD !!!

As centenas de magos responderam repetindo seu grito:
—VIDA LONGA À EISENWALD !!!

O homem sorriu malignamente e disse para si, pensando alto:
—Espere só, Fairy Tail...Nossa vingança será terrível ! Vingaremos nossa humilhante derrota de mais de meio século atrás !

Todos gritaram em resposta, prontos para a guerra.

O reino mágico de Fiore.

É um reino onde a magia é usada no dia-a-dia das pessoas, principalmente pelos magos das guildas organizadas pelo conselho mágico.

Mas as guildas das trevas usam esse poder maravilhoso para cumprirem suas próprias ambições, o que força o conselho a recorrer ao poder do exército de contenção ou às guildas oficiais.

A principal delas e que trabalha nesse ramo secundário já faz mais de meio século é aquela que carrega o título de mais poderosa guilda de Fiore, aquela que agora é lar de Stein Sutures e de Raizer Midgor, a lendária Fairy Tail.


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Notas finais do capítulo

Umbra Caligo: vem do Latim (Umbra -> Sombra e Caligo -> Névoa.) Umbra Caligo significa algo como "Névoa Sombria". É o nome do Dragão que criou Stein Sutures e o treinou.

Stein Sutures: O nome remete ao personagem Franken Stein de Soul Eater. Esse personagem é egocêntrico, mentalmente perturbado e possuí habilidades exímias em cada atividade que pratica. Boa parte das tendências de Stein vieram de Franken Stein. O sobrenome Sutures faz referência ao hábito que ambos possuem de dissecar espécimes para pesquisa. Stein é um mago cujo poder era julgado como de Rank A quando matou Caligo, mas atualmente, apesar de não ser julgado oficialmente como tal, está no nível de um rank S. Sua classificação oficial é Rank B.

Raizer Midgor: Raizer é o nome do melhor amigo de Stein. Outro menino cuja vida não foi fácil, mas ao contrário de Hage, Raizer viveu um verdadeiro inferno desde que se conhece por gente. Viveu na afastada e desértica área onde estava sendo construída a nova Torre do Paraíso. Após conseguir fugir, Raizer começou a roubar para viver. Na torre, um homem mais velho e gentil ensinou-lhe a magia Celestial, a mesma usada por Jellal Fernandes. Raizer é um mago de força a nível de Rank A, mas assim como Stein, é julgado como Rank B oficialmente. Ele faz parte do time de Stein da Fairy Tail, composto por 3 membros.

Kenpachi: O Mago espadachim tem nome, aparência e personalidade baseadas nas do personagem de mesmo nome que é originário do anime/mangá Bleach. Ele cumpre o mesmo papel que o de Seijuro Hiko (Samurai X) como mestre e responsável de Hage durante o primeiro ano após ter ele ter se perdido dos pais. É um mestre espadachim, usuário da magia "Crash", a magia de Gildarts. Seu rank é SS, mas ele não comenta sobre isso.

Eisenwald: Uma guilda das trevas que apareceu durante o arco "Lullaby" e era comandada pelo mago Erigor, que depois se juntou à Orácion Seis. A Eisenwald retornou, buscando cumprir uma terrível vingança contra Magnólia e mais especificamente contra a Fairy Tail.

Speed Magic: É uma magia que permite seu usuário se mover em velocidades incríveis. O impostor que usava o nome de Raizer a usa para tentar reproduzir a magia "Meteor", que faz parte das várias magias a disposição de Magos Celestiais.

Magia Celestial: É uma magia que permite ao usuário criar ou reproduzir fenômenos causados por Astros ou assumir características dos mesmos, tal qual a velocidade de um Cometa, invocada pela magia "Meteor".

Dragon Slayer Magic: Uma magia muito antiga, ensinada apenas por Dragões. (O mago pode conseguir essa magia caso implante um lácrima de Dragão em si, despertando essa magia.) O caso de Hage é o da 1º geração, onde um Dragão ensina a magia para o mago. O caso citado nessa descrição entre parenteses é o da 2º geração e a 3º geração a qual Stein pertence, é aquela na qual o mago é treinado por um Dragão e após matá-lo toma seu lácrima e o implanta em si mesmo. Essa magia é a única capaz de alvejar dragões efetivamente e melhora muito todos os atributos físicos de seu usuários, desde força até durabilidade.

Shadow Make: Uma magia capaz de gerar construtos de Sombra. O usuário está limitado apenas ao seu poder mágico e a sua imaginação. O impostor que usava o nome de Stein a usava para reproduzir a magia das sombras do mesmo.

A família Flume: A família biológica de Hage é muito rica e é a líder de uma "máfia" que tem ligações muito fortes com os Dragões que vivem no continente. Cada família é ligada a um Dragão Rei (Os Dragões que lideram todos os dragões de sua espécie). A Família Flume tem como atual representante Maxwell Flume, o pai de Hage e como herdeiro (Desde o sumiço de Hage), seu filho mais novo, Lume Flume, o Gêmeo mais novo de Hage. (Isso explica o motivo pelo qual Maxwell foi impedido de continuar a busca no horário onde Caligo aparentemente age, pois ele era um Dragão ligado a família e não podiam incomodá-lo sem a permissão do representante da família referente a Caligo, sendo que eles não a tinham)

Obrigado por lerem essa One-Shot e espero que tenham gostado. Até a próxima ^^