O aniversário de Harry escrita por magalud


Capítulo 9
Capítulo 9 – O passado pelo pé




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Harry sabia que se estivesse em casa, estaria levando a maior bronca de seus pais. Mas ele não tinha lenço, por isso ele limpara o nariz e o rosto na manga de sua camisa. Papai Severus teria ralhado se visse.

Só que, no momento, ele estava assustado demais para pedir um lenço ao homem sujo. Harry achou que o homem não ia se importar.

O homem parecia triste, reparou Harry, embora ele não quisesse lhe fazer mal. Mas o homem estava angustiado. Harry lembrou-se de que seu Papai Severus também deveria estar muito angustiado. E Papai Remus também! Eles provavelmente estavam procurando por todos os lugares.

Ele recomeçou a chorar.

– Por favor...

– Oh, Harry... – O homem disse, e ele tentou aproximar a mão magra e muito suja de Harry, com unhas grandes e escuras. – Por favor, Harry, não chore. Eu não quis assustar você. Olhe... Eu prometo levá-lo de volta.

Aquilo fez Harry piscar bem forte para olhar para ele. O homem deu de ombros e falou baixinho:

– Eu só queria olhar. Eu sabia que era seu aniversário, e eu vi... Mas hoje você estava tão feliz, voando em sua vassoura, tão parecido com James, e eu quis agarrar você e ficar com você. Proteger você. Cuidar de você.

– Meus papais cuidam de mim. Eles me protegem.

– Eles fazem isso, Harry? Eles cuidam de você?

Harry fungou. A voz do homem estava tremendo. Agora Harry percebia que o homem não queria mesmo fazer mal a ele. Mas ele estava muito, muito triste.

– Sim. Eles são meus papais e eles me querem muito, mesmo quando eu me meto em encrenca.

– E seus pais... eles não assustam você? Severus não é mau com você?

– Não, nunca! – Então ele se lembrou. – Bom, uma vez ele ficou muito bravo, mas foi porque eu entrei no túnel e ele não conseguia me achar e aí ele ficou muito nervoso. Ele vai ficar tão nervoso agora!

O homem parecia prestar muita atenção no rosto de Harry.

– Ele não faz você chorar? Ele ama você?

– Não. Ele me ama e eu amo ele. E o Papai Remus também. Papai Severus conta histórias para mim, sabe, para eu dormir. Eu sou o garoto deles. Antes eu não era de ninguém.

– Você era, sim. Era de Lily e James. E meu. Você era nosso garoto, Harry. Nós amamos você tanto.

Harry olhou para o homem, e, em seu coração, sentiu pena dele. Sentiu que ele era sozinho.

– Você parece tanto com seu pai... menos os olhos. São de sua mãe.

– Eu tenho uma foto dela. – Ele tentou sorrir para ver se o homem ficava mais feliz. – Na lareira. Com o Papai James.

O homem tentou sorrir e passou a mão no cabelo de Harry.

– Merlin, você parece James...

De repente, o homem parou o que fazia, olhou para o lado e ficou de pé, em alerta:

– Agora preciso ir. Eles estão vindo. Posso ouvi-los. Eles vêm buscá-lo, Harry.

– Meus papais também estão vindo?

O homem assentiu:

– Quando eles chegarem, diga que eu estarei vigiando. Vou observar você, entende, Harry? Vou ficar por perto para ter certeza de que você vai estar seguro. Diga isso.

– Tá.

Harry não conseguia ouvir nada além de seu próprio sangue nos ouvidos e seu coraçãozinho batendo acelerado. Seus papais estavam chegando! Ele ia voltar para casa, ia ficar seguro com seus papais!

Então, diante dos olhos de Harry, o homem sujo se transformou no imenso cão. O cachorro olhou para Harry com atenção. Então, ele deu um pulo imenso para chegar à porta e de lá sumir.

Foi quando Harry ouviu os barulhos abaixo.

RLSS RLSS RLSS RLSS RLSS

– Papai! Papai! Aqui!

A voz de Harry fez as pernas de Severus se acelerarem ainda mais no local abandonado, cheio de poeira e teias de aranha. Assim ele não teve tempo de imaginar nenhuma cena medonha ou repugnante. Foram segundos longos e intermináveis, mas felizmente depois desses segundos, ele viu Harry, empoeirado, sujo e com o rosto lavado de lágrimas, descendo de uma cama cheia de pó e correndo para ele.

A sensação de alívio ao apertá-lo em seus braços, mesmo que ele pudesse sentir os soluços no corpinho magro, fez Severus cair de joelhos no local. Ele soltou um fôlego que não se lembrava de ter prendido e cheirou o cabelo do garoto, reconhecendo os aromas. Sentiu os braços de Harry o agarrarem no pescoço, segurando-o para se sentir seguro.

– Oh, Harry, meu filho...

– Pa-p-pai, d-desculpe! – Harry soluçou. – Eu não queria ir longe, eu estava olhando...

– Está tudo bem – Severus tentou acalmá-lo. – Está tudo bem agora.

E estava tudo bem. Harry estava em seus braços, estava salvo, e Severus não quis pensar em mais nada. Eles se abraçaram de novo, e Severus finalmente indagou:

– Você está bem?

Foi quando Remus e Dumbledore chegaram. Harry olhou seu Papai Remus e chamou:

– Papai Remus!

Harry não largou Severus para se jogar na direção de Remus. O lobisomem o apertou contra si, fazendo um abraço triplo. Dumbledore suspirou, ofegante:

– Graças ao bom Merlin, você está bem, rapazinho.

– Eu fiquei com medo – Harry limpou a face molhada, mas só espalhou mais sujeira. – Chorei feito um bebezinho.

– Você está machucado?

– Não – respondeu Harry. – O homem não me machucou.

– Homem? – repetiu Dumbledore.

O diretor sentou na cama e sorriu para Harry, tentando recuperar o fôlego:

– Estou velho demais para isso, Harry. Diga-me, que homem?

– O homem que vira cachorro.

Remus soltou uma exclamação, e Harry arregalou os olhos:

– Papai Remus, você falou uma palavra feia!

Severus indagou:

– O que o homem fez?

– Ele disse que não queria me assustar. Disse que queria me proteger, mas eu falei que você fazia isso, papai. – Harry franziu o cenho. – Ele falou um monte de coisas.

– E... ele machucou você? Ficou bravo com você?

Harry só disse não com a cabeça, e Severus sentiu nova onda de alívio, apertando o menino em seus braços. Harry encostou a cabeça no seu ombro e voltou a verter lágrimas, mas provavelmente eram apenas fruto de alívio emocional.

– Vamos voltar para Hogwarts e avisar a todos que encontramos Harry, são e salvo – aconselhou Dumbledore. – Madame Pomfrey pode dar uma olhada em Harry.

Severus se ergueu com Harry no colo, e seus olhos finalmente encontraram o marido. Remus parecia devastado e tentou dizer:

– Eu juro, Severus, se eu soubesse que Sirius tinha fugido, eu...

Severus interrompeu-o, seco:

– Mais tarde conversaremos.

– Sim, há muito a falar – ajuntou Dumbledore, quando o grupo desceu as escadas do velho casebre. – Inclusive com a direção de Azkaban.


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