Não demorou muito para Sasuke e Sarada estarem no aeroporto. Ainda faltavam alguns minutos para Saya e Saito chegarem, mas a ansiedade tomava conta da pequena Sarada, a garotinha dos cabelos negros andava de um lado para o outro, contando os segundos para a chegada dos meio irmãos.

- Filha, acalme-se - Sasuke falou com um sorriso no rosto ao ver a filha inquieta no aeroporto - Que tal um sorvete enquanto eles não chegam ?

- Ótima idéia - Sarada ficou toda empolgada, deu a mão para o pai e foi com ele para uma lanchonete que tivesse sorvete.

A pequena Uchiha pareceu ter se distraído com o sorvete e, por um momento, se esquecido da ansiedade pela chegada dos irmãos mais velhos.

Quando Sarada terminou de comer, Sasuke foi com ela para o portão de desembarque. Não demorou muito para que Saya e Saito chegassem, trazendo suas bagagens de mão, visivelmente desanimados.

Sarada esboçou um largo sorriso ao ver os dois, a menina não lembrava dos irmãos e só sabia como eram por fotos, mas os reconheceu assim que os viu.

- Papai, olha lá - Sarada apontou para o dois adolescentes que caminhavam em direção ao pai - A Saya e o Saito !

- São eles sim, filha - Sasuke sorriu ao ver os filhos, finalmente, após três anos, eles estavam de volta.

Os irmãos abraçaram o pai, era óbvio que sentiam saudade, embora estivessem tristes. Mas não era pra menos, afinal, eles perderam a mãe há pouquíssimo tempo por causa de um acidente, sem falar que eles estavam no carro também, ou seja, ainda estavam bastante traumatizados.

- Fico tão feliz ao ver que vocês estão bem - Sasuke falou enquanto passava a mão pelos cabelos do filho.

- Fico feliz em te ver novamente, pai - O garoto, que estava com um curativo na testa, abraçou o pai. Ele olhou para baixo e viu a garotinha que o encarava com um sorriso contagiante - Ei, Sarada, você tá enorme ! - Saito sorriu para a irmã caçula e a pegou no colo - Lembra de mim ?

- Não - A menina, que tinha apenas dois anos quando os irmãos foram embora, respondeu risonha - Mas eu sei que você é meu irmão.

Sasuke ficou alegre ao ver que Saito e Sarada se deram bem, o que o preocupava era a sua primogênita. Saya estava séria, sequer falou com o pai. Era óbvio que estava triste, a mocinha era muito apegada com a mãe, lógico que ainda não estava conformada com a sua morte.

- Saya - Preocupado, Sasuke chamou a filha e ela o olhou - Tudo bem ?

- Tá - Ela assentiu - Só quero ir embora.

Após pegarem as bagagens, eles foram para o carro. Durante todo o trajeto para o apartamento dos Uchiha, Sarada ficou tagarelando com o irmão no banco de trás, enquanto que Saya, que estava no banco da frente, ficou séria, com a cabeça escorada no vidro, visivelmente abalada.

Sasuke não sabia o que dizer, não sabia como agir. Num momento como esse, quando se perde alguém muito querido, não há o que fazer, não existem palavras para amenizar o sofrimento de uma pessoa. Apenas o tempo consegue curar tais feridas tão profundas.

Finalmente no prédio, eles tiraram as malas do carro, pegaram o elevador e foram direto para a cobertura, onde Sasuke morava com a esposa e a filha.

Sakura, que estava sentada no sofá da sala enquanto lia um livro qualquer, sorriu quando viu Sasuke entrar com os filhos e várias malas em casa. Claro que a loira se levantou para ajudar.

- Olá, crianças - Sakura falou toda sorridente enquanto pegava uma mala preta que Saito arrastava - Como vocês estão ?

- Está tudo ótimo, Sakura - Saya respondeu da maneira mais irônica possível e a expressão alegre no rosto de Sakura logo se perdeu.

- Eu sinto muito pela mãe de vocês - Disse Sakura.

- Ah, é claro que sente - A garota dos cabelos ruivos não escondia o fato de estar inconformada por precisar morar com a madrasta, ela falava com Sakura da forma mais seca possível.

- Saya ! - Sasuke repreendeu a filha, mas, antes que ele prosseguisse, sua esposa o interrompeu.

- Tudo bem, Sasuke - Por mais que Sakura não gostasse do comportamento da enteada, precisava relevar, visto que a menina havia perdido a mãe e provavelmente estaria achando que Sakura fosse querer assumir tal papel - Venham comigo, vou mostrar o quarto de vocês.

Os dois assentiram e, junto com a pequena Sarada, seguiram a madrasta pelo luxuoso apartamento até chegar num corredor. Sakura abriu uma das portas, expondo um belo quarto com móveis embutidos, as paredes cobertas por um papel de parede listrado de verde com azul.

- Saito, esse vai ser o seu quarto. Consegui arrumá-lo em tempo recorde pra você, mas depois podemos decorá-lo como você quiser - Sakura falou sorridente - Podemos trocar o papel de parede, colocar algumas prateleiras, você que sabe.

- Eu ajudei a escolher o papel de parede - A pequena Sarada falou toda orgulhosa de si mesma.

- Assim tá ótimo - O garoto, que era a cópia do pai quando mais novo, sorriu minimamente e pegou suas coisas para entrar no seu novo quarto.

- Fico feliz que gostou - A loira sorriu contente - O banheiro fica na porta ao lado. Fique à vontade.

Saito assentiu e fechou a porta do quarto, com certeza estava cansado da viagem e queria dormir.

Sakura se virou para a porta que ficava de frente para o quarto de Saito e a abriu, expondo um belo quarto, um pouco maior do que o de Saito, todo pintado de rosa claro, também com móveis embutidos. Tinha algumas prateleiras com bonecas e um baú com brinquedos ao lado de uma das duas camas. Era um quarto bastante infantil, com a cortina de bichinhos e adesivos no espelho, isso sem falar nas "obras de arte" feitas por Sarada na parede.

- Bem, Saya, como nosso apartamento só tem três quartos, então você ficará com a Sarada - Sakura notou que sua enteada estava indignada - Mas nós podemos redecora-lo também, pra deixá-lo mais...

- Eu não posso dormir com o Saito ? - Saya indagou, interrompendo sua madrasta.

- Saya, você não quer dormir comigo ? - Sarada fez uma expressão triste. Estava magoada por sua irmã não querer dormir com ela.

- Seu irmão já é um rapazinho, ele precisa de privacidade - Sakura respondeu e Saya revirou os olhos - Bem, eu desocupei um lado do guarda roupa para você - A loira entrou no quarto e abriu duas portas do guarda roupa branco, mostrando que aquele espaço estava vazio - Pode colocar as suas coisas aqui.

- Um apartamento tão grande e só tem três quartos - A ruiva murmurou e ajeitou seus óculos, o que era quase um tique nervoso.

Sakura ficou meio desconcertada, isso sem contar na pequena Sarada que estava magoada, uma vez que percebeu o desgosto da irmã por ter que dividir o quarto. Bem, era óbvio que Saya, uma mocinha de quinze anos, não queria dividir o quarto com uma criança, mas naquele momento não tinha outra opção.

- Sarada - Sakura chamou a filha, já pegando em sua mão para sair do quarto - A Saya deve estar muito cansada, vamos deixá-la dormir.

- Tá bom - Sarada assentiu, mas, antes de sair do quarto, correu até sua cama, subiu na mesma, de modo que alcançasse a prateleira, e pegou uma boneca.

Mãe e filha saíram do quarto, deixando Saya sozinha no cômodo. A ruiva suspirou pesadamente e se jogou na cama que tinha a colcha menos infantil, deduzindo que aquela cama fosse a sua. Agora ela precisava dormir, foram mais de oito horas dentro um avião, portanto, a arrumação do guarda roupa poderia ficar pra depois.

Sakura foi para a sala e se sentou no sofá escuro, ao lado do marido que parecia pensativo. Enquanto isso a pequena Sarada se sentava no chão para brincar com a sua boneca da princesa Elsa.

- Saya quer um quarto só pra ela - Disse Sakura, tirando Sasuke dos seus pensamentos.

- Sabe - O moreno suspirou - Era sobre ela que eu estava pensando... Saya está me parecendo mais abalada do que o Saito. Não que ele não esteja sofrendo, mas ele parece estar aceitando melhor.

- Querido, cada pessoa reage de um jeito quando perde alguém que ama - A loira passou a mão pelos cabelos lisos e macios de seu marido - Parece que eles ainda não gostam de mim... Saya deve estar achando que eu quero tomar o lugar da Karin.

- Vamos dar um tempo pra eles se acostumarem - Sasuke sorriu para a esposa e colocou uma mecha dos seus longos cabelos loiros atrás da orelha dela - Saya já está com quinze anos, Saito está com doze. Eles não são mais crianças, Sakura. Não é que eles não gostem de você, eles simplesmente ainda estão tristes com a morte da Karin.

- Sim, Sasuke, esse comportamento é perfeitamente compreensível - A mulher soltou um suspiro alto e olhou nos olhos negros do marido, que foram herdados pelos três filhos - Mas temos que levar em consideração que eles nunca gostaram de mim. Principalmente a Saya.

- Eles eram muito pequenos quando nós começamos a namorar, não fazia nem um ano que eu tinha me separado da mãe deles. O Saito era menor que a Sarada na época, imagino que devem ter pensado "O papai se separou da mamãe pra poder ficar com essa outra mulher".

- Sasuke, faça as contas. Foram quantos anos desde que eu os conheci até eles irem embora do país com a Karin ? - Sakura arqueou a sobrancelha, mas nem deu tempo para o marido responder - Cinco anos ! Cinco anos e eles nunca me aceitaram. O Saito ainda era mais fácil de lidar, mas a Saya sequer gostava da Sarada, dizia que não era irmã dela - Ela sussurrou essa última parte para que a filha, que brincava no chão, não escutasse - E pelo que eu vi agora, a personalidade da Saya continua a mesma.

- Ela sempre foi difícil e geniosa, ao contrário do Saito que sempre foi um garoto doce e mais fácil de lidar. Mas, mesmo que a Saya não goste, ela vai ter que se adaptar, afinal, Karin morreu, ela só tem a mim e eu sou casado com você.

Sakura tinha que admitir que seu marido estava certo. A adaptação não seria nada fácil e eles poderiam sofrer um pouquinho, mas não era nada que uma pessoa não pudesse se acostumar. Claro que Sakura temia não conseguir conquistar seus enteados, que nunca gostaram dela desde pequenos, mas a loira estava disposta a tentar do zero e mostrar que eles podiam ser amigos e se dar bem.