How I Met Your Father escrita por ericatron


Capítulo 5
Capítulo 5 - O Sr. Fulia e o Elfos Domésticos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/646462/chapter/5

Harry, eu já contei a história de como conheci seu pai. Foi isso, fim.

Harry: gu gu da da dá

Brincadeira!!! Tem coisas muito mais iradas que eu quero que traumatizem seu subconsciente.

Vou tentar lembrar de tudo na ordem.

Não sei se consigo contar a história da seleção das casas sem ser muito meloso. É muita pressão, entende, você só consegue pensar coisas sérias lá na hora e, mesmo que venha alguma brincadeira à mente, você está apavorado demais pra colocar em prática.

– Você está nervoso? – perguntou seu pai, enquanto caminhava pelo saguão em direção a um banquinho com um chapéu em cima.

– Claro que não! – menti.

– É, eu também estou.

Cara, Hogwarts é incrível. Você chega lá atravessando um lago em um barquinho que pode virar a qualquer momento e você ser devorado por uma lula gigante que vive lá no fundo. Depois você entra em um saguão muito lindo mas com tantas escadas que te faz perguntar o que acontece com as pessoas que precisam de cadeira de rodas pra se locomover. (A nível de curiosidade, as escadas viram rampas magicamente sempre que eles vão passar)

Então, você chega ao salão principal, um lugar onde você é novo e todos estão olhando para você caminhando em direção ao lugar onde será julgado publicamente em uma pressão emocional angustiante que é mais do que uma criança de onze anos pode lidar. Mas tudo isso passa quando você olha pra cima e vê O TETO MAIS IRADO DE TODOS OS TEMPOS.

– Não se preocupem – disse Remo. – O Chapéu Seletor nunca colocaria vocês em uma casa em que não fossem se encaixar. Eu acho.

Aquilo teria nos deixado aliviado se ele não estivesse tremendo todo.

– É... – falei. – Afinal, nem é tão importante assim. Só está em jogo os próximos sete anos da minha vida e, vocês sabem... o amor dos meus pais.

– BLACK, Sirius!

A professora McGonagall me chamou. Naquela época ela ainda não era a nossa amiga e companheira de luta que arranja lugares escondidos para seus pais tran... marem. Tramarem contra o tinhoso. Mas eu vou falar dele depois.

Naquela época ela era a professora rígida que, não importa o quanto no fundo tivessem um coração, você teria medo de desapontar.

Bom, como você sabe, a gente foi tudo pra Grifinória, grande surpresa, vou pular essa parte.

Nas primeiras aulas nossas brincadeiras eram tímidas, mas existiam. Seu pai sempre fazia uma piadinha na hora da aula e, quando ele percebeu que as pessoas riam, elas começavam a ficar cada vez mais frequentes. Seu tio Remo anotava tudo e prestava atenção como se achasse aquilo tudo interessante. Eu ficava rabiscando feitiços inventados mas eu ainda estava no primeiro ano, né, eles nunca davam certo. Seu tio Pedro geralmente passava a aula inteira com a testa enrugada e o nariz franzido, tentando entender alguma coisa. Seu tio Remo começou a oferecer ajuda e ele acabou entrando no grupo.

Mas na segunda semana, algo LOKO aconteceu.

Não estou falando de algo louco.

Estou falando de algo LOKO.

Algo louco é pular de paraquedas.

Algo LOKO é pular de paraquedas e fazer altos loopings enquanto acende um fósforo e aterrissa em cima de um urso.

Naquela semana todo o pessoal da Lufa-Lufa resolveu abandonar o salão comunal e ir viver nos jardins.

No começo ninguém fez nada, afinal não existia nenhuma regra que impedisse isso (até porque ninguém tinha pensado nisso antes), embora os professores se opusessem.

Depois, a coisa começou a ficar preta quando um aluno foi expulso por tentar plantar fósforos ilegais nos terrenos de Hogwarts e só os estudantes maiores de idade eram permitidos ficar morando no jardim. Durante todo aquele ano a grama era cheia de barraquinhas. Havia uma fogueira que nunca se apagava. Havia redes penduradas nas árvores, que também serviam de varal.

A Lufa-Lufa estava numa vibe de se desapegar dos bens materiais, então eles próprios lavavam suas vestes, cozinhavam seu próprio alimento (que era vegano), curavam machucados com ervas medicinais ao invés de magia e faziam luaus todas as noites. Eles iam para as aulas descalços, tomavam banho no lago e faziam colares de miçanga.

Os lufanos só voltaram para dentro quando transformaram o salão comunal da Lufa-Lufa em uma discoteca, um ano depois.

Eu, seu pai e seus tios nunca acampamos nos jardins, embora tivéssemos feito amizade com muita gente de lá, porque era muito desconfortável. Você acordava com o sol na sua cara. A comida ficava longe. O banho ficava longe. A privada ficava longe.

No final do primeiro bimestre, Hogwarts já servia comida vegana em suas refeições (do contrário os lufanos morreriam de subnutrição).

Mas teve uma pessoa que estava à frente de tudo isso, uma pessoa que deve ser respeitada como o Grande Malfeitor da Liberdade.

Harry, essa é a história de como conhecemos o Sr. Fulia.

Ninguém realmente sabia o nome dele. Mesmo quando os professores o chamavam pelo nome de batismo durante a chamada, todos faziam questão de esquecer.

Ele era Sr. Fulia e Sr. Fulia ele sempre iria ser.

O Sr. Fulia era um lufano que estava no sétimo ano e gostava muito da gente. Provavelmente pela forma que nos conhecemos.

A gente estava no meio do nosso primeiro passeio noturno, sob a capa da invisibilidade do seu pai, tentando entrar escondido nas cozinhas. Quando chegamos, o Sr. Fulia estava lá, sentado no chão, conversando com o elfos e dividindo com eles um grande pedaço de queijo.

Como o Sr. Fulia era um gênio, ele logo percebeu que estávamos lá.

– Ei, champz – disse ele. – Vocês quatro aí escondido, vamo dar uma riscada.

Tiramos a capa e nos aproximamos. Ele estava riscando um fósforo e passando para os elfos riscarem também. Os coitados soluçavam e riam e falavam de liberdade, enquanto outros elfos ficavam no canto da cozinha olhando com reprovação.

– Irmãos – ele falou. – Sintam a vibe. Estão sentindo? Essa é a vibe. Vocês, aqui nessa cozinha à noite, estão desafiando a ordem social. Vocês são revolucionários, irmãos!!!

– AEEEEEEEEEEEE – gritaram os elfos.

– E vocês, irmãos elfos, vocês nasceram para ser livres e não devem ter vergonha disso! Essa política proibicionista nos impele a guardar nossas peles dentro de amarras progressivas capitalistas. Mas repitam comigo: NÓS NÃO!

– NÓS NÃO – gritaram os elfos.

– NÓS SOMOS LIBERTÁRIOS!

– NÓS SOMOS LIBERTÁRIOS!

– E ESSES QUATRO MENINOS AQUI QUE TEM CORAGEM PARA DESAFIAR A NORMA VÃO MUDAR O MUNDO UM DIA!

– E ESSES QUATRO MENINOS AQUI QUE TEM CORAGEM PARA DESAFIAR A NORMA VÃO MUDAR O MUNDO UM DIA!

– Essa parte não era pra repetir, champz.

– Desculpe, senhor – soluçou um pequeno elfo.

– Tudo suave, bro, tudo suave... Mas a mim você não chame de senhor não. Meu nome é Sr. Fulia, mas pra vocês elfos eu sou apenas... Fulia.

– OOOOOOOOOOOOOH!

– É isso aí, irmão, tudo firmeza, tudo na paz. Irmãozinhos – ele se virou para nós. – Vocês serão lembrados. Vocês tem coragem. Eu só não ofereço um fósforo porque vocês são muito novos, mas vocês, caras, vocês são merecedores!

– MERECEDORES, MERECEDORES! – gritaram os elfos.

Nós ficamos muito impressionados e agradecemos, seu pai fazendo uma piadinha que eu não me lembro agora, mas da qual o Sr. Fulia riu e disse:

– Pode crer... Vocês são marotos...

E essa, Harry, é a história de como nos tornamos os Marotos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!