Another Hermione escrita por Mrs Rainbow


Capítulo 34
34 - Não gosta de Pink Floyd?


Notas iniciais do capítulo

Acabaram os capítulos :c

Espero que tenham gostado do presente! :D



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Hermione

E eu caí de cara em um tapete vermelho, berrei de dor ao sentir meu ombro deslocar, meu pulso e a área das minhas costelas esquerdas queimarem e minha perna quebrar. Minha cabeça doía como nunca, eu sentia algo viscoso escorrendo rapidamente por entre meus cabelos e isso me assustou, eu sentia meu cabelo encharcado de sangue mas não sentia o cheiro ou via o tapete molhar do mesmo.

Riddle, que estava na poltrona a minha frente levantou o olhar surpreso do livro que lia para mim.

Tentei fechar minha mente, mas a dor não me deixava concentrar.

– Você... É um... Grande... Filho da Puta. – Arfei ainda sentindo as dores, ele me olhou ainda confuso e eu gemi de dor ao me sentir ser movida.

– Mas o que? – Perguntou soltando o livro e se levantando, Riddle me estudou ainda no chão como se eu fosse uma ave muito rara. – O que tem de errado com seu ombro? – Ele então riu meio debochado. – E sua perna está numa posição bem estranha.

Rosnei para ele e me sentei com dificuldade, as dores ainda estavam lá, mas eu conseguia mover o corpo.

– Eu caí da escada. – Ele se calou me olhando apreensivo e eu berrei quando senti meu ombro voltar para o lugar. Por acaso a Madame Pomfrey já ouviu falar em morfina? Muito útil nesses tipos de situação, pensei raivosa.

– O que foi?! – Exclamou assustado.

– Porra! – Berrei quando ela terminou de me remendar, eu ainda estava arfando quando senti meu corpo dormente. – Ah! E ela só usa agora! – Chiei irritada, arfei uma última vez antes de respirar fundo e mirar Riddle, que me olhava ainda esperando uma resposta. – A Madame Pomfrey estava colocando meus ossos no lugar. – Suspirei e me levantei meio mole, não me firmei em minhas pernas e caí por cima de Riddle, que fez uma pose de quem iria me segurar, mas eu acabei passando direto por ele e caindo de cara com o chão, ele foi para meu lado e eu me levantei novamente, dessa vez me firmando.

– Me diga porque caiu da escada. – Ordenou imponente e eu bufei olhando ao redor vendo um lugar diferente do que da última vez, era um quarto luxuoso que ao invés de parecer Sonserino, tinha tudo em vermelho e dourado.

– Wow. – Murmurei espantada.

– Responda! – Chiou, mas eu lhe ignorei andando ao redor do quarto, ele bufava como um touro quando eu o olhei preguiçosamente, e, pela primeira vez, eu vi Riddle como uma pessoa normal.

Ele estava descalço usando uma calça moletom e uma camisa cinza, ele marcava a página de seu livro com os dedos longos e finos.

– Não sabia que você conseguia dormir. – Ri baixinho e o mesmo fechou mais ainda a cara com os olhos lampejando em vermelho, mas era um vermelho diferente, mais intenso e... lascivo.

Seus olhos me estudaram de cima a baixo, e novamente, me senti exposta sobre seu olhar, meu estômago embrulhou em nojo quando ele engoliu seco olhando para as minhas pernas.

– E porque eu não dormiria? – Perguntou voltando a me olhar nos olhos, cruzei os braços dando de ombros.

– Não sei, as vezes eu esqueço que você não tem humanidade o suficiente para sentir remorso por matar. – Ele sorriu de lado malicioso.

– E você dorme? – O olhei novamente franzindo o cenho com sua pergunta.

– O que quer dizer?

– Você dorme depois de saber que o Whitewood morreu por sua causa? – Sorri de leve o deixando um tanto surpreso, cheguei alguns passos perto para sussurrar fria.

– Eu durmo feito um anjo por causa disso, durmo sorrindo ao lembrar que aquele porco morreu por minha causa. – Sorri cortante e seus olhos brilharam mais um pouco, dessa vez admirados.

Ele sorriu de lado malicioso antes de falar.

– Fala com tanta frieza, mas quando matar pela primeira vez, vai enlouquecer. – Dei de ombros segurando o riso, lhe dei minhas costas olhando pela janela, antes que eu pudesse captar uma localização, Riddle fechou as cortinas por detrás de mim, me virei o encontrando quase que me atravessando e o olhei entediada.

Passei por seu peito pensando que ele deveria ser podre por dentro, ri dos meus próprios pensamentos, mas parei no lugar ao escutar sussurros.

– O que disse? – Perguntei a ele girando pelos calcanhares, ele franziu o cenho enquanto se sentava em sua poltrona e levantou os olhos do livro.

– O que? – Chiou parecendo irritado com minha presença, sorri larga com isso, mas então fechei o sorriso ao continuar a ouvir os sussurros. Franzi o cenho confusa e tentei apurar meus ouvidos. – O que está fazendo? – Chiei para ele colocando um lado do meu cabelo atrás da orelha enquanto levava um dedo aos lábios. Ele bufou e começou a me ignorar enquanto eu ouvia.

Eu disse que ela ia ficar bem! – Era a gargalhada de Sirius, reconheceria em qualquer lugar.

Você acha que isso é ficar bem?! – James berrou, mas sua voz para mim era apenas um sussurro muito forte, eles me eram familiares, pareciam com...

Os sussurros dos meus amigos quando passei pelo ritual, eram leves e parecia se perder ao vento. Eu sentia as vibrações de suas vozes, o berro de James foi forte, senti as vibrações em meus ouvidos.

Madame Pomfrey falou algo sobre poções e Sirius sobre monitores, então eu senti um carinho leve em meu nariz e soltei um risinho colocando minha mão sobre o mesmo, eram os dedos finos e ásperos de Sirius.

Mais alguns sussurros e logo eles acabaram, suspirei nostálgica e estralei os dedos em um gesto nervoso ao não conseguir fechar a minha mente, Riddle apertou seus dedos na capa dura de seu livro e então me olhou irritado.

– Porque não consigo te tirar daqui? – Superei o choque em alguns segundos logo dando de ombros, eu poderia dizer a verdade, ou poderia irritá-lo... Hm, qual parece mais viável?

Irritar Lorde Voldemort, ou, contar a verdade e tentar resolver isso?

Sorri de lado maliciosa e o mesmo estreitou os olhos para mim parecendo ainda mais irritado.

– Lembra o que eu disse? Que quando eu quisesse invadir sua mente de verdade, você não conseguiria me tirar? – Suas narinas inflaram de ódio e eu sorri ainda mais larga, vão ser longos dias.

[...]

Tired of lying in the Sunshine! Staying home to watch the rain! – Berrei fazendo Riddle respirar profundamente e soltar o terceiro livro no chão para puxar de modo raivoso os próprio cabelos. – You are Young and life is long! And there is time to kill today! – Em plenos pulmões, eu cantava todas as músicas do Pink Floyd conhecidas, apenas algumas horas haviam se passado e ele já tinha uma veia da testa quase estourando. – And then-

Cala a boca! – Urrou feroz, gargalhei encostada na parede.

– Ora, não gosta de Pink Floyd? – Perguntei sarcástica e ele me olhou raivoso.

– Essa banda é para vagabundos! – Gargalhei acenando freneticamente com a cabeça, ele bufou e se deitou em sua cama.

O olhei por alguns segundos vendo-o me encarar de volta até andar até a janela novamente, pelas persianas nenhuma luz passava, o quarto estava iluminado apenas pelas luzes dos abajures, que foram desligados no segundo seguinte.

Continuei a cantar andando pelo quarto e o vi com a cara enfiada no travesseiro e a mão apertando o mesmo.

– Se não calar a boca neste momento, eu irei matar cada trouxa desse maldito bairro. – Rosnou e eu me calei espantada, Riddle bufou de satisfação e eu estralei a língua me sentando no chão encostada em uma das paredes. – Boa noite. – Debochou e eu bufei.

– Espero que sonhe comigo te matando. – Rosnei e pude até senti-lo sorrir com as minhas palavras.

[...]

Três dias.

Três dias muito engraçados em que eu seguia Riddle para todos os lugares berrando coisas sem sentidos quando ele tentava explicar alguma coisa, cantava em plenos pulmões as músicas que ouvia. Sirius deixou-me para que eu escutasse, e como Riddle estava em público nem podia me fuzilar com os olhos.

– E então teremos que...

Sugar! oh Honey, honey! – Berrei e ele respirou fundo, ele evitava fazer as reuniões ou qualquer coisa que pudesse comprometê-lo, mas essa reunião parecia urgente, e eu estava amando cantar Sugar, Sugar correndo pela sala de reuniões, dançando ao seu redor. – You are my Candy Girl! And you got me wanting you! – Nem cantava no ritmo apenas gritava vendo-o ficar cada vez mais irritado e vendo seus comensais nojentos ficarem cada vez mais assustados com os olhares assassinos e gélidos de seu senhor, mas eu me divertia, sempre que ele parecia perto de matar alguém, eu parava por alguns minutos o fazendo pensar que tinha desistido e então cantava mais alto ainda.

Claro que eu não fazia todas as vezes, tinha vezes que eu parava e ficava cutucando as unhas para deixa-lo esperando os gritos, mas eles não vinham. Era uma certa tortura psicológica, mas eu gostava de deixar Tom daquele jeito, por que ele ficava puto e quebrava as próprias coisas. Ele não podia matar trouxas pois queria ser discreto, quando descobri isso, usei e abusei da informação.

Quando a reunião acabou, Riddle me mirava frustrado, o casaco de Marlene e a camisola sumiram e a roupa da ala hospitalar tomara seu lugar, um short branco com listras azuis gelo e uma camisa de botões do mesmo modo, totalmente entediantes, mas fazer o que, não é?

– Você está me dando dor de cabeça. – Rosnou e eu sorri de lado.

– Você faz isso toda vez que tenta invadir a minha cabeça, eu caí da escada por culpa sua, faz bem pagar de volta. – Ele engoliu seco com os olhos ficando vermelhos intensos e eu me arrepiei com seu olhar assustador, a quantidade de lascividade que continha... argh.

Bateram na porta de leve e Riddle se arrumou em sua cadeira ficando ereto, com o queixo empinado e um olhar cortante e gelado.

– Entre. – Sibilou e eu rolei os olhos me encostando na parede, o acompanhar – ou melhor, ser arrastada – para todos os lugares com Riddle me fazia mal, fazia eu me sentir uma deles. E Riddle também pensava isso, já que tinha certa animação e realização em sua voz quando ele falava com seus comensais, certas vezes ele olhava para mim quando eu estava quieta colhendo informações.

Sim, eu estava colhendo informações, ele provavelmente não sabia, mas eu já conseguia saber sua localização. Ele estava para o sul da Alemanha, em uma mansão em uma ilha isolada e provavelmente escondida com magia. O lugar estava mais para um forte, muitos comensais passavam a noite, treinavam e faziam sei lá mais o que no lugar.

Notei que em suas reuniões ele já está atacando lugares mais pequenos e abafando os casos nos jornais, assim ele ia ganhando poder. Era uma tática muito inteligente, cercando por todos os lados e deixando isolado, sem opções a não ser confronto direto. Riddle estava começando de fora para dentro, ele atacava e conseguia poder, comensais, dinheiro bruxo e mortes pelas pontas. E o centro, ah, o centro era eu.

Eu e Dumbledore, para ser mais exata, ou seja, Hogwarts.

Vez ou outra ele atacava nos lugares grandes para causar impacto, como no dia do passeio para o vilarejo. Quando ele atacou eu pensei que fosse Lúcio e mais os outros comensais que haviam lhe avisado o dia, mas quando ocorreram os duelos, os comensais que estavam no castelo não pareciam saber, estavam perdidos no meio da baderna. Então devia haver outros informantes, faria mais sentido do que o grupinho passar informação já que ninguém realmente confia neles. Claro que eles são populares e que a Sonserina os vê como “reis”, mas não confiam, não conseguem.

As horas pareciam se arrastar ali, três dias que mais pareceram três semanas. Eu tentava acordar, por incrível que pareça eu tentava, e eu sabia que logo aconteceria, eu sabia disso pois na mente de Riddle tudo estava começando a ficar “abafado” como se uma barreira começasse a se formar ao redor de mim e eu ouvisse e visse tudo de um modo mais borrado.

Saí dos breves devaneios quando a porta foi aberta por Bellatrix, rolei os olhos novamente para isso, outra parte irritante, Bellatrix se humilhava e agia como uma cadela no cio perto de Riddle. Não que eu me importe, é que eu não quero ter que presenciar uma cena inadequada para menores de dezoito anos, sabe?

– Meu senhor. – Cumprimentou tentando soar sensual, fiz som de vômito e vi a sombra de um sorriso passar pelo rosto de Riddle.

Fui para o lado de Lestrange fazendo a mesma pose que ela, que era as mãos sobre o colo em uma pose elegante, o peito inclinado mais para frente para mostrar o decote que ia até o umbigo, uma expressão “sexy” que consistia em os olhos estreitos e um sorriso de lado. Claro que em mim não fazia sentido fazer aquela pose, já que eu fiz questão de fechar todos os botões da camisa, mas ela estava engraçada pois também empinava a bunda, então parecia uma galinha.

– Meu senhor. – Debochei a imitando, o mesmo sorriu de lado malicioso e eu rolei os olhos, mas Lestrange achando que era para ela, sorriu larga mostrando ainda mais o decote. Acho que eu já conseguia ver um mamilo dela.

– Sim? – Perguntou Riddle a olhando debochado.

– O senhor gostaria de alguma coisa? – Se endireitou abaixando um lado do vestido e eu guinchei, eu estava entre rir e vomitar com sua atitude, me curvei gargalhando e Riddle me olhou com o canto dos olhos enquanto eu caia sentada de tanto rir.

– Acho que sabe o que quero. – Parei de supetão o olhando assustada, ele sorriu malicioso e eu senti vontade de vomitar quando Bellatrix foi correndo para perto dele, rapidamente eu me sentei virada para a parede tapando os ouvidos e berrando uma música qualquer.

– Olhe para mim. – Ouvi sua voz imponente ordenando, mesmo sobre os meus berros, e eu sabia que ele não havia gritado e muito menos sussurrado. A voz ultrapassou a barreira que deixava abafado, foi como um imperius, apenas mais forte, vibrante. E isso me assustou, mas o que mais me assustou, foi que eu virei contra minha vontade, como se uma mão gigante me virasse para a cena. Mantive meus olhos fechados ainda berrando a música tentando gritar mais alto que Bellatrix.

Era constrangedor? Muito.

Desconfortável? Eu estava morrendo.

Assustador? Absolutamente.

– Olhe. Para. mim. – Ordenou novamente e eu senti meus olhos serem abertos, mas nada me preparava para a cena a minha frente.

Bellatrix convulsionava no chão enquanto Riddle tinha a varinha apontada para ela.

– P-perdão! – Chorou entre berros, suspirei aliviada e cruzei os braços tentando não me incomodar.

– O que eu havia lhe dito, Lestrange? – Sibilou frio, a olhando de cima.

– Q-que eu não deveria mais.. – Um berro rasgou sua garganta e eu bocejei, não por deboche, uma letargia de cansaço me atingiu de repente. Como se tivessem derramado litros de Melado em mim e tudo se tornara da mesma consistência. – Fazer essas p-propostas! – Ela berrou mais ainda e um filete de sangue escorreu de seu nariz.

Franzi o cenho confusa com isso, geralmente, apenas começamos a expelir sangue depois de no mínimo meia hora de tortura.

Voltei a realidade quando ela virou em posição fetal cuspindo sangue, isso apenas aconteceria se ela tivesse excesso de sangue, mas uma das únicas coisas que causaria isso seria...

Suguei o ar juntado 2 + 2.

– Pare! – Gritei estridente, ele me olhou confuso e eu berrei novamente. – Pare agora! Ela está grávida! – Ele a olhou indiferente e entediado e parou a maldição a fazendo arfar aliviada, as lágrimas escorreram por suas bochechas quando ela levou uma mão até o ventre.

– Está grávida, Bella? – Perguntou Riddle se sentando em sua cadeira novamente e colocando o próprio tornozelo em seu joelho, ele girou a varinha entre seus dedos e então levantou os olhos para a mulher aos seus pés e sorriu macabro. – Não mais.

E então, eu senti um comichão em minha barriga me puxando para a escuridão.

Nada.

Apenas isso, nada.

Não havia outra forma de explicar, esse era o sentimento, nada, vazio, frio, cinza... Nada.

Senti meu dedo tremer levemente e ouvi uma voz rouca, não parecia ser de alguém velho, mas também não era de uma criança.

– Mione? – Perguntou hesitante e eu respirei fundo despertando lentamente e apertando os olhos, os abri sonolenta e olhei ao redor desorientada.

E eu vi olhos castanhos esverdeados por detrás de lentes grossas mas charmosas, me assustei com ele perto demais e gritei estridente.

– Quem é você?! – Ele arfou levemente e caiu lentamente para a cadeira, engoli seco sentindo minha garganta queimar, tentei me sentar olhando atordoada ao redor até que ouvi.

– Neve! – Me sobressaltei quando um cara bonito me abraçou do nada, me desvencilhei dele arfando.

– Onde eu estou? E que nome ridículo é esse? – Sibilei me sentando e logo gemendo de dor, meu pulso queimou levemente e a dor de cabeça não me deixava pensar direito. Me vi bem machucada e pensei o que poderia ter acontecido comigo.

– O-O que? – Um garoto perguntou assustado, sua pose era estranha para seu corpo. Ele parecia um pouco como um ratinho enquanto tinha um corpo de atleta, olhei minha mão machucada e logo uma mulher se sentou na beira da minha cama e me olhou nos olhos.

– Qual é seu nome? Consegue se lembrar, querida? – Perguntou e eu levantei o olhar para o teto e murmurei o primeiro nome que me veio a cabeça.

– Meu nome é Hermione Granger. – O garoto que me abraçou sugou o ar assustado e a dor de cabeça aumentou, berrei apertando minha cabeça entre as mãos e então num estralo, notei a merda que eu tinha feito. James se sobressaltou em sua cadeira parecendo voltar a realidade e me olhou pálido e desesperado, arfei novamente e Madame Pomfrey olhou no fundo dos meus olhos sem saber o que fazer.

– Deixe-me falar com ela a sós, por favor. – Sirius falou pálido e eu engoli seco pensando numa desculpa, sabe quando você acorda de uma soneca tão boa que você não se lembra nem seu nome? Então...

– Não acho que isso seja permitido, senhor Black. – Madame Pomfrey falou preocupada e eu ainda fingindo, olhei confusa para Sirius.

– Só alguns minutos, e ela vai ter lembrado de tudo. – Engoliu seco e eu notei que ele estava improvisando, Madame Pomfrey suspirou e saiu. James nos olhou ainda assustado e Pedro o arrastou de lá junto com Régulo. – Hãm, oi, Hermione, sou Sirius Black, talvez você se lembre que estava numa guerra...

Franzi o cenho o olhando como se fosse louco e tentando não rir.

– Sirius Black... Padrinho de Harry? Impossível! – Falei bufando, ele estreitou os olhos suspirou os fechando irritado.

– Não acredito que você fez isso, Hermione! – Gargalhei não aguentando, mas então gemi de dor ao sentir pontadas em minhas costelas. – Eu quase tive um enfarto, sua lunática! – Falou histérico e eu gemi novamente levando a mão enfaixada a cabeça.

– Primeiro, para de gritar. – Ele bufou me olhando irritado. – Segundo, como descobriu que eu estava mentindo? E terceiro, e em minha defesa, eu realmente não me lembrava de nada. – Ele chegou perto me olhando preocupado e eu o olhei da mesma maneira. – Será que isso pode acontecer de novo? Parecia que minha mente estava em branco...

– Bem, eu soube porque te conheço muito bem para saber que quando mente, franze o cenho tentando se fazer de confusa. – Sorri de lado achando graça e ele espelhou meu sorriso logo o desfazendo e continuando a falar. – E eu não sei sobre o lance da amnésia temporária, mas... E então? Vai dizer que lembra de tudo, ou vai fingir que lembrou de nós, mas não lembrou de Aluado para deixa-lo maluquinho e correr atrás de você? – Tentou soar inocente, mas seu olhar malicioso o entregava. Gargalhei novamente e fiz uma cara de inocente.

– Quem é Aluado? – Ele tentou prender o sorriso e a porta foi aberta, ele olhou sobre o ombro para James e eu sorri larga. – James! – Meu irmão suspirou aliviado e correu até mim me abraçando apertado, ele beijou meus cabelos na parte das ataduras e vi sua mão tremendo levemente. – Ei, ei! Eu estou bem... Foi apenas um choque, tudo bem. – O reconfortei acariciando com a mão boa suas costas e ele soluçou uma vez beijando minha testa.

– Nunca mais faça isso! – Exclamou e eu ri fraquinho, depois de alguns segundos ele respirou fundo e me largou acariciando minha bochecha dolorida. – Achei que tivesse prometido que não iria mais sair rolando escadas. – Riu com os olhos marejados e eu fiquei da mesma maneira.

– Eu disse que ia tentar. – Ele gargalhou e logo, Pedro e Régulo correram para o meu lado para me abraçarem e falarem comigo. – Sirius estava chato, mesmo? – Perguntei sorrindo de leve e Pedro guinchou.

– Você ouviu! – Gargalhei e apertei minhas costelas com dor.

– Claro que eu ouvi! Você interrompeu uma das melhores músicas! – Ele suspirou aliviado e eu olhei para Régulo, que tinha uma cara preocupada, abri o braço esquerdo, que era o único que eu conseguia abrir, e ele riu baixinho me abraçando de leve e acariciando minhas costas.

– Senti sua falta. – Sorri de lado e beijei sua bochecha.

– Acha que eu não ouvi você lendo para mim? – Ele sorriu tímido corando e eu ri fraquinho, logo a porta foi aberta num estrondo e Remus passou desesperando junto as meninas.

Elas correram chorando até mim e eu olhei ao redor atordoada.

– Finalmente você acordou! – Dorcas soluçou e eu ri de sua cara. – Tenho tantas coisas a te falar!

– Tá, tá. Mas eu preciso saber, você falou com Sevs? – Perguntei desesperada ela corou e acenou com a cabeça lentamente. – E?

– Estamos namorando. – Murmurou com um fio de voz e eu guinchei animada, as meninas gargalharam entre soluços e eu ri baixinho olhando para Remus tentando parecer confusa.

– Mione! – Ele chegou perto e me abraçou, fiquei tentada a devolver o abraço, mas Sirius me lançou um olhar de aviso, seu cheiro era delicioso. Remus cheirava a ervas frescas, livros e tinha um leve cheiro amentoado.

Ele me largou confuso por eu não ter o abraçado de volta e eu olhei para James com uma fingida cara de ajuda. Pontas arregalou os olhos e eu voltei meu olhar para Remus, que olhava para nós confuso.

– Perdão, mas... Quem é você? – Ele paralisou e eu olhei ao redor como quem a procura de uma resposta, Sirius apertou os lábios para não rir e eu o olhei repreendedora. Voltei meu olhar a Remus e o mesmo olhava assustado para mim e James. – Jay, quem é ele?

– É-É o Remus, Mione... N-não lembra? – Perguntou assustado, mordi o lábio meio confusa e as meninas trocaram olhares preocupadas.

– Não... – Passei a mão pela atadura da cabeça como quem se esforça e Madame Pomfrey correu até mim me estendendo as poções.

– Apenas a dê um tempo, talvez ela se lembre quando estiver mais calma. – Mandei um sorriso de desculpas para Remus e bebi as poções fazendo caretas, ele ainda estava paralisado no lugar de olhos arregalados e corpo tenso quando eu, lentamente, caí na inconsciência novamente.

***

E as férias chegaram.

Resumindo, eu fiz minhas provas na ala hospitalar, todas.

Mamãe e papai vieram me visitar junto com Andy, Dora e Ted. Fui muito mimada por todos que iam me visitar, e foi muita gente. Severo apareceu e pela primeira vez me abraçou por conta própria, as meninas quase não saíram do meu lado e eu tive que me controlar para não pular da cama apenas para dar na cara da vagabunda da Vance. Lily desconfiou como eu poderia odiar ela se não lembrava do Aluado, então tive que improvisar e disse que apenas sentia que deveria odiar a vaca.

Remus... Bem, ele não larga do meu pé fazendo qualquer coisa para que eu me lembrasse dele, Sirius se divertia em vê-lo desesperado e verdade seja dita, eu também.

Pela primeira vez, eu passaria o natal em hogwarts junto com Sirius, Régulo, James e Remus.

Primeiro, por não querer deixar os irmãos Black sozinhos. Segundo, porque mamãe e papai iriam fazer uma viagem romântica e nós não queríamos atrapalhar. Andy e Ted nos chamaram para passar o natal com eles, mas eu queria que eles passassem o primeiro natal como uma família sozinhos. Apenas eles e Dora, achei que faria bem.

James ia aceitar, até eu o ameaçar com a minha muleta.

Sim, Hermione Potter está andando de muleta. Por eu não ter tomado as poções logo na hora das fraturas, tive que me curar do modo trouxa, claro que havia algumas ajudas das poções e tornava o processo mais rápido. Mas ainda não conseguia levantar completamente meu braço direito, Wood se preocupou com isso junto com o resto do time.

Mas a Madame Pomfrey os acalmou dizendo que quando as férias acabassem eu iria estar melhor do que antes por causa da flexibilidade do meu ombro e pulso.

Enfim, eu havia mandado o desenho para uma marcenaria, ferreiro, não faço a mínima ideia, alguém que pudesse fazer uma escultura pequena da moto de Sirius. A recebi no último dia das provas, estava guardada embaixo da minha cama, pedi para Alice deixa-la lá.

Hoje era o terceiro dia de férias e o dia em que eu iria finalmente sair da ala hospitalar.

– Você quer aju...

– Não. – Falei simplesmente e dei um tapinha na mão estendida de James. Sirius gargalhou enquanto Régulo bufava e me ajudava contra minha vontade. – Ei! Eu consigo sozinha! – Chiei e ele rolou os olhos me ajudando mesmo assim. – E o que vai fazer da próxima vez? Me dar banho? – Os marotos riram do meu resmungo e eu me firmei na muleta.

– Apenas se você quiser. – Brincou me lançando uma piscadela maliciosa e eu gargalhei junto com Sirius enquanto Remus e James chiavam e rosnavam.

– Onde quer ir? – Dei de ombros meio desengonçada e comecei a simplesmente andar, os meninos me seguiam com as mãos levantadas esperando que eu caísse. Rolei os olhos para isso e olhei para as escadas tremendo.

– Está bem, talvez eu vá precisar de uma ajudinha. – Eles riram e Sirius se abaixou a minha frente, franzi o cenho e ele olhou sobre o ombro.

– O que está esperando? Sobe! – Gargalhei e fiquei sobre um pé estendendo a muleta para James segurar, montei nas costas de Sirius ainda rindo e ele me seguiu enquanto eu abraçava seus ombros.

Eu havia me aproximado bastante de Sirius nessa semana, mais do que já erámos, eu o considerava agora literalmente um irmão. Se alguém machucasse ele, eu faria essa pessoa sofrer, e muito.

– Que cavalheiro. – Gargalhei junto com os meninos e ele começou a descer cuidadosamente.

– Só por você, milady. – Galanteou brincando e eu beijei sua nuca fazendo-o gargalhar. Senti um olhar fixo sobre nós e olhei para Remus, que nos encarava sério. Sorri de leve para ele fazendo-o sorrir largo, eu estava numa fingida tentativa de lembrar dele. E por isso eu o tratava com simpatia, mas dava para notar a diferença entre eu falando com os marotos ou as meninas para quando eu falava com Remus.

Se era malvado? Talvez. Mas ele merecia sofrer um pouco, assim, só um pouquinho.

Entramos no salão principal daquele jeito e as poucas pessoas que ficaram para o natal me olharam sorridentes, acenei para algumas e desci com cuidado das costas de Sirius, pegando a muleta e andando até o nosso lugar na mesa, sorri para a professora Minerva e para Slughorn, que pareciam aliviados em me ver ali, e olhei para Dumbledore, meu sorriso foi mais fechado, mas ainda era um sorriso. Ele devolveu acenando com a cabeça e levantando o cálice, devolvi a saudação e tomei um gole do suco de abóbora virando para frente e vendo Sirius passar por debaixo da mesa, ri com isso junto a Régulo, que se sentou a minha direita enquanto Remus praticamente empurrou James para se sentar na minha esquerda.

Jay bufou meio que rindo e passou por debaixo da mesa para se sentar ao lado de Sirius.

– Então, é temporada de caça agora. – Meu irmão falou sério e eu parei o garfo no meio do caminho para a minha boca, apenas para olhá-lo como se fosse louco. Eu não fui a única, já que Remus e Régulo também o fizeram.

– O que? – Perguntei com uma careta e ele sorriu malicioso.

– Semana de caça, estamos de férias, podemos pregar quantas peças pudermos e não ganharemos detenção. – Sussurrou se curvando na mesa e eu sorri larga com os olhos brilhando junto a Sirius, enquanto Régulo e Remus nos olhavam repreendedores.

– Hermione, você não pode começar com isso agora! Pode se machucar mais! – Remus falou e eu franzi o cenho para ele.

– Somos namorados? – Perguntei retoricamente, todos se calaram e ele engasgou corando um pouco. – Você é meu pai? – Continuei meio irritada. – Meu irmão? Meu primo? Meu cunhado, qualquer coisa?! – James soltou um “ei” indignado quando falei “meu cunhado”, mas eu ignorei olhando para Remus, que estava sem palavras, admito que magoar ele era muito gratificante. Me chame de vingativa, de vadia, não me importo. Sofri por anos com ele me magoando, algumas semanas não farão tanto estrago.

– Eu sou seu amigo. – Falou me olhando sem entender.

– Talvez você seja, Sirius também é meu amigo e ele não está me impedindo. – Olhei para o mesmo, que me olhava em uma mistura de repreendedor e orgulhoso.

– Mas eu também sou, e eu digo, Lupin está certo. Você pode se machucar. – Régulo bradou e eu me virei para ele boquiaberta.

– Traidor! – Exclamei e ele me olhou impassível.

– Quer ficar sem jogar quadribol? – Me calei, mas ele cruzou os braços e continuou. – Quer continuar mancando? – Apertei os lábios em uma linha fina, mas ele apenas repetiu o que eu fiz com Aluado. – Não poder levantar mais completamente o braço? Ser expulsa do time por ter detenções demais? Você quer continuar a depender dos outros para tudo?!

– Não... – Murmurei envergonhada e ele se virou para frente cortando sua comida.

– Ótimo, então sem semana de caça. – Pôs um ponto final indicando que o assunto não estava mais em discussão e eu bufei me virando emburrada e cruzando os braços irritada.

– Nossa... Alguém conseguiu trocar de papeis com ela... – Sirius murmurou e eu estreitei os olhos irritada para ele, o mesmo levantou as mãos em sinal de rendimento e eu bufei cortando com brutalidade a comida.

Só estão me controlando porque não consigo bater neles. – Murmurei para mim mesma bufando. – Mas ainda tenho uma muleta, e tenho certeza que não vai ser muito legal ter ela enfiada no...

Neve! – Aluado repreendeu e eu bufei enchendo minha boca de comida e tentando não bater em Régulo, que comia calmamente enquanto lia seu livro.


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Notas finais do capítulo

:D