CAT

A sala do diretor era... brilhante. Literalmente. Tinha tanta purpurina naquele lugar que era difícil de olhar. O lugar parecia vômito de unicórnio.

Atrás de uma escrivaninha estava um cara com uns 30 anos que parecia muito emo gótico das trevas, o que me pareceu meio irônico considerando a decoração do lugar.

–Olá, crianças. Eu sou o diretor Blueblood. Diretor Duncan Blueblood. Vocês estão aqui porque...

Ele franziu a testa.

–LIZBETH!

Uma mulher que devia ser a secretária apareceu na porta.

–Sim?

–Por que mesmo elas estão aqui mesmo? – ele perguntou.

–Elas desobedeceram à professora Ravenwood e faltaram em atividades importantes. O senhor é quem vai passar o castigo delas.

–Certo. Obrigado, Lizbeth.

–De nada.

Ela saiu da sala. O diretor voltou para sua pose de emo gótico das trevas.

–Vocês falharam com a Clave. Como punição, vamos tirar suas marcas e depois vamos jogá-las para uma horda de demônios famintos.

Eu olhei pra Elena, que estava boquiaberta.

–Isso... é sério?

Ele riu.

–Não. Mas eu peguei vocês, não foi? Deviam ter visto suas caras.

Ele riu mais até que pareceu lembrar-se do porque de estarmos ali e voltou a ficar sério.

–Enfim, vocês duas desobedeceram a um professor e mataram exercícios importantes. Isso é errado.

Ah, não brinca.

Ele se levantou e começou a andar pelo escritório.

–Agora, eu poderia mandar vocês esfregarem o refeitório com escovas de dente, copiarem os arquivos de 1785 a mão, contarem todas as armas do arsenal ou qualquer outra coisa penosa e inútil como punição. Mas eu não vou.

–Então vai nos liberar com uma advertência? - Elena perguntou esperançosa.

–Ah, que fofa! Não. Eu vou mandar vocês duas para uma tarefa muito mais útil.

Eu tenho um mau pressentimento sobre isso.

–O senhor Magnus Bane está ajudando os caçadores de sombras em um caso.

–E o que a gente tem a ver com isso?

–Ele requisitou dois assistentes até este fim de semana.

O que eu te fiz, Raziel? [N/Raziel: Para de me culpar por tudo, sua ingrata!]. Desculpa.

–Você está brincando de novo, né?

Diz que sim, nunca te pedi nada!

–Infelizmente não, senhorita Nighthunter. Obviamente, vamos contratar alguém pra isso depois, mas não temos tempo de fazer isso até o fim de semana. Então, eis sua punição: as duas vão ser assistentes de Magnus Bane pelo fim de semana.

–Você não pode só nos dar uma advertência? É o primeiro dia de aula!

–Não. Ninguém mandou começarem o ano fazendo merda. Agora saiam.

–Mas...

–Vão logo!

Levantamos e nos arrastamos para a saída.

–Até que não foi tão ruim. Quer dizer, vamos passar o fim de semana ajudando o Magnus a resolver... alguma coisa. - Elena se animou um pouco.

Coitada. Tão inocente. [N/Mundo: Elena? Inocente? HAHAHAHA.].

–Nunca conheceu um assistente do Magnus, né?

–Não.

–Provavelmente porque a maioria teve um colapso nervoso e morreu ou perdeu a sanidade.

Ela pareceu um pouco menos animada.

–Ah... Bem, são apenas dois dias. Não pode acontecer nada tão ruim.

–É, acho que não.

Na verdade, eu tenho minhas dúvidas.

* * *

O resto da semana passou rápido e sem acidentes (pelo menos nenhum acidente que envolvesse a gente). A semana passou rápido demais, na verdade.

–Você está tão ferrada! - Evan cantarolou pelo que devia ser a trigésima quarta vez no dia.

–É, eu já tinha percebido antes de você passar uma semana me dizendo isso de dois em dois minutos.

–Desculpe. É que ainda não acredito que você conseguiu detenção na primeira semana de aula.

–Por que não? Isso é a minha cara.

–Eu sei, estava brincando. Aliás, eu me esqueci de te agradecer.

–Pelo que?

–Tinha apostado 50 pratas com o Tommy que isso ia acontecer.

Dei um soco nele.

–Ai!

–Idiota. Pode me passar metade.

–Se voltar ilesa desse fim de semana, te dou os 50.

–Defina ilesa.

–Viva, sem danos mentais muito sérios, sem ferimentos graves e sem acabar em uma prisão mundana.

Estendi a mão pra ele.

–Fechado.

–Cat, hora de ir! - Elena chamou.

–Nada de gastar meu dinheiro, Blackthorn.

–Não seja tão convencida, Nighthunter.

Eu e Elena seguimos para o Gard, para passar pelo portal e encontrar Magnus.

–Até que enfim! Por que demoraram tanto? - Magnus reclamou. -Bom, não importa. Venham.

–Como vocês já sabem, eu estou ajudando a Clave com um problema. Vocês também já sabem que eu sou conhecido pelas minhas festas. Acontece que amanhã é um dia muito especial...

–Por quê? – perguntei.

–Não vem ao caso no momento. O que importa é que eu preciso dar uma festa. Como eu estou ocupado, vocês vão organizar a festa.

–Não era pra gente te ajudar a resolver o problema? – Elena perguntou

–Já tenho gente pra me ajudar com o problema. Preciso de gente pra organizar a festa.

Ele pegou um caderno e me entregou.

–Aqui tem tudo o que quero que vocês arrumem e com quem precisam falar pra arrumar. Já cuidei dos convites. Quero tudo pronto e fabuloso até amanhã de noite.

–Quer que a gente arrume tudo isso até amanhã?

–Exatamente. Tenho que ir. Boa sorte!

Ele saiu deixando nós duas pra trás.

–E agora?

–Pega o telefone. - Elena mandou.

* * *

Com muitas ligações, gritos, choro, chantagem e ameaças de morte, conseguimos deixar tudo pronto na hora.

–Nada mal! - Magnus berrou por cima da música. -Acho que não se esqueceram de nada.

–Obrigada!

Ele foi para outro canto fazer coisas que o Magnus faz.

De algum jeito, Evan, Thomas, Julie, Isadora e Erick conseguiram permissão pra vir, depois que Magnus disse que podíamos convidar algumas pessoas.

–Como conseguiram convencer o diretor a deixar vocês virem?

–Ele disse que se ele pudesse vir, estava tudo bem. - Isadora respondeu, apontando para o diretor que parecia já ter bebido muito considerando que a festa ainda estava no começo. Queria saber como ele acabou como diretor da academia. [N/Duncan: Ah, é uma história engraçada. Que eu fui proibido de contar.]. Então tá...

Quando já tinha passado de quatro da manhã, uma Julie muito desesperada disse:

–Temos um problema!

–Que problema?

–A Elena!

–O que tem ela?

–Ela sumiu!