CAT

Eu estava me escondendo no  meu quarto do chocolate. Por quê? Porque, depois daquele episódio da novela eu resolvi criar meu próprio estoque de chocolate pra não ter que colocar aquelas roupas cheias de glitter de novo. Argh. Só de pensar tenho arrepios.

A câmera que eu coloquei pra ficar de olho nas coisas me mostrou Elena entrando no uarto

—Cat? - ela chamou.

Não respondi.

—Cat? O Magnus pediu pra eu te entregar seu roteiro!

Continuei em silêncio. Elena deu alguns passos e bateu a porta. Revirei osolhos. Ela acha mesmo que vai me pegar com essa? Depois de um tempo Elena bufou e saiu de verdade do quarto.

Ri e peguei mais chocolate.

—Ei, desde quando tem câmeras aqui? E onde você arrumou todo esse chocolate?

Dei um grito de susto. Me virei e vi Elena na porta.

—Como você me achou?

Elena deu de ombros.

—Vi você entrando aqui mês passado. Mas da última vez que eu vim aqui isso era só um lugar pra você dormir sem ninguém enchendo o saco.

—Fiz algumas mudanças.

—Ah, não brinca?

Elena pegou um chocolate.

—Tira a mão do meu chocolate!

—Ah, mas você tem um monte!

—Da próxima vez pede invés de ir pegando a comida alheia!

—Por favorzinho?

Revirei os olhos.

—Tudo bem.

Elena fez uma dancinha de comemoração e abriu o chocolate. Depois que acabou o chocolate, me jogou o roteiro do próximo capítulo.

—Não, valeu.

Tentei devolver o roteiro pra ela, mas ela o empurrou de volta pra mim.

—Você vai ter que participar de todos os capítulos da novela. T-O-D-O-S! Sem mimimi!

Resmunguei algumas pragas contra ela e fui decorar meu texto.
* * *

—Eu estou morto. - declarou Thomas.

—Posso ficar com o x-box que você deixou em Londres então? - perguntou Evan.

Thomas jogou uma almofada nele.

—Nem se eu morrer de verdade.

—Mas se você morrer de verdade não vai poder jogar!

—Foda-se. É meu.

—As mocinhas podem calar a boca, por favor? Os gritos do Magnus me deram dor de cabeça. - Reclamei.

Evan e Thomas reviraram os olhos.

—Bom, pelo menos hoje foi o último dia de gravação. - Astrid disse.

—A novela vai ao ar hoje à noite, não é?

—Acho que  sim.

—Como vamos comemorar? - Jullie perguntou.

—Dormindo! - respondi.

Jullie revirou os olhos.

—Vamos lá, nós temos que comemorar o fim das gravações e o começo da novela.

—Que tal uma noite da pizza? - Joey sugeriu.

Todos gostaram da ideia, e um pouco antes das oito todos se dirigiram para o uqarto que eu dividia com a Elena e nós nos amontoamos na frente da TV (Magnus tinha arrumado e vendido TVs pra todo mundo em Idris, para que todos vissem a novela, e deu uma para cada dormitório do elenco) para conferir nossa atuação incrível, apesar de já termos visto a novela quase toda.

—Nós somos atores incríveis. - Erick disse.

—E humildes. - brincou Isa.

—Eu merecia um Oscar por essa cena! - Elena exclamou.

—Podiam fazer um Oscar de caçadores de sombras. - Evan comentou.

—Mas nós somos os únicos atores de Idris. Sem falar que a maioria dos caçadores nem sabe o que é o Oscar. - lembrou Astrid.

—Exatamente, mais chances pra gente. - falei.
* * *

—Cat!

—Hmmm...

—Cat, acorda!

—Daqui a pouco.

—Cat, você precisa ver isso!

Ouvi um barulho estranho. Levantei e vi Elena encostada na porta.

—O quê...?

—Dá uma olhada.

Ouvi gritos. Será que um demônio invadiu a escola? Impossível, a escola fica dentro de idris. Será que alguém conseguiu derrubar as barreiras?
Abri uma frestinha da porta e vi... um monte de gente com cartazes do "Entre caçadas e sombras" fangirlando do lado de fora.

—Ai. Meu. Santo. Raziel.

—Aparentemente a novela do Magnus foi um sucesso. - Elena disse.

Dei mais uma espiada no corredor. Estava bloqueado pelos "nossos fãs".

—É, parece que não vai dar pra ir pra aula hoje. Que pena. Boa noite!

Elena me puxou de volta.

—Cat, que dia é hoje?

—Hmm... Segunda?

—E o que tem segunda?

—Hã, dor e sofrimento?

—To falando do café da manhã.

Arregalei os olhos.

—Hoje é dia da panqueca!

—Aham.

Me troquei e saí do quarto... e fui barrada por um monte de gente pedindo foto e autógrafo.

—Hã, agora não é uma boa hora. Quem sabe mais tarde...

Continuei tentando passar, mas aparentemente aquele povo queria muito um autógrafo. Infelizmente, até eu dar autógrafo pra todo mundo a panqueca ia acabar (vários alunos estavam na nossa porta, mas os que não estvam ainda podiam  acabar com a panqueca). Consegui voltar para dentro do meu quarto.

—Não teve sorte, não é?

—Acho que dá pra chegar lá pela ventilação.

—Olha não sei se você percebeu, mas não estamos mais em uma novela.

—Vem logo, Blackgold. Nada vai ficar entre mim e minhas panquecas!

Elena revirou os olhos e me seguiu.