Elena

“Depois que J-Hope saiu correndo, nós tentamos persegui-lo, mas aquela pessoa corria muito rápido! Eu até comecei em um grupo, mas depois me separei para procurar melhor.

— J-Hope... – comecei a chamar. – J-Hope...

Coincidentemente, alguém fazia o mesmo que eu. E, coincidentemente, trombamos. Era Erick.

Droga! Eu tentava evitá-lo desde a festa. Ninguém, além de nós e Jaz, sabia do que havia acontecido. E eu esperava que ficasse assim.

— Han... Oi. – comecei, meio constrangida.

Sem dar tempo de ele responder, virei para ir embora, mas dei de cara com o homem-lontra que assustada J-Hope. Apenas me perguntava por que ele carregava dardos. Antes de qualquer coisa, alguma coisa me jogou no chão.

— Saí de cima de mim, seu retardado!

— De nada, viu? – disse Erick. – Agora, corre!

Quase que imediatamente, um dardo atingiu o que era pra ser a minha cabeça. Sorte que eu havia rolado para o lado depois de gentilmente jogar Stormblood para o chão.

— É uma boa ideia.

Nos levantamos e corremos pelo parque enquanto o homem-lontra nos perseguia. Ah, eu estava passando a odiar lontras.

Porém, do nada, eu senti uma dor lancinante na panturrilha e percebi que havia sido atingida. Antes de desmaiar, só lembrava de ter ouvido o grito de Erick.

E, ah, de bater o nariz no chão.”

Acordei ligeiramente zonza. Olhei em volta e tudo o que vi foi o escuro. Percebi que eu estava amarrada em uma cadeira e, me mexendo, senti alguém desacordado atrás de mim.

Peraí.

Eu havia sido sequestrada?

De novo?

ISSO JÁ É SACANAGEM!

Qual é! O que me fazia ser um alvo tão bom para sequestros além da minha beleza estonteante, minha inteligência, meu delicioso sangue, minha pratica em luta, meu...

Ah, saquei.

[N/Mundo: Nem um pouco convencida.]

A pessoa atrás de mim começou a se contorcer, o que me fez pensar que ou ela estava morrendo ou estava acordando.

— Hey. – murmurei. – Quem é você?

— Elena?

Tá, eu já tinha uma pequena ideia de quem fosse, mas não queria que fosse verdade.

— Erick, o que aconteceu?

— Não sei. Só lembro do homem-lontra nos perseguir. Aí você caiu no chão. E eu apaguei.

Fiquei em silêncio.

— Espera. Você já não foi sequestrada antes?

— Eu esperava que você não tocasse nesse assunto. – resmunguei. – Sim, eu já fui. Na festa do Magnus.

— E como você saiu?

— Eu apenas me soltei e caminhei por aí.

— Só isso?

— Só isso.

— Nada mais?

— Nada.

— Sério?

— Sério.

— E...

— Quer calar a boca e tentar se soltar?

— Sim, é uma boa ideia.

Começamos a tentar nos soltar sozinhos, mas os nós não ficavam ao nosso alcance. Quer dizer, dava para eu desamarrar o nó dele e ele o meu. Enfim, foi isso o que fizemos. Em pouco tempo, estávamos soltos e de pé.

— Sabe que lugar é esse? – indaguei, arrumando minha roupa amassada.

— Pelo barulho, acho que ainda estamos no parque. – respondeu ele depois de pensar.

— Ent...

A porta se escancarou antes de eu completar meu pensamento. O homem-lontra passou por ela e nos olhou sorrindo.

— Bem-vindos ao meu humilde... Calabouço.

O olhamos secamente.

— Tá, o que você quer? – falei.

— Hein?

— O que você ganha nos deixando presos aqui ou fazer seja lá o que você quer?

— Eu ganho cem dólares.

O olhei indagativa.

— Hein? – foi a vez de Erick falar.

— Uma menininha me prometeu cem pratas se eu sequestrasse vocês por um bom tempo.

Eu e Stormblood nos olhamos.

— Jaz. – dissemos em uníssono.

— Isso! – o homem-lontra estalou os dedos. – Como a conhecem?

Revirei os olhos.

— Eu quero que você saiba que ela não vai te dar nada. E que nós vamos dar o fora daqui. – falou Erick.

O cara se indignou.

— Hey! Vocês não...

Bufando, dei um chute na canela dele.

— Vamos logo. – apontei para a porta aberta.

Saímos da sala e seguimos por um corredor até darmos de cara com uma escada. Subimos a abrimos uma porta, empurrando-a para cima. A luz do sou quase me cegou quando eu pus a cabeça para fora. Ergui meu corpo e saí do alçapão, que ficava embaixo de uma montanha russa.

— Temos que encontrar a Jaz. – anunciei e saí correndo, deixando Erick para trás.

Corri pelo parque de diversões e acabei achando todos menos Julie, Thomas e, claro, Jaz.

— Oi! – exclamou Cat. – Você ‘tava sumida! E o Erick também... Estavam juntos?

Estreitei os olhos, porém não falei nada. Conversaria com Cat depois.

— Alguém aí viu a Jaz?

Antes que algum deles respondesse, uma vozinha soou do meu lado, fazendo-me pular de susto.

— Me procurando?

— Meu Raziel. – pus a mão no coração, mas olhei acusadoramente para ela logo depois. – Eu sei o que você fez!

— O que eu fiz? – perguntou inocentemente.

A fofura dela quase me convenceu. Quase.

— Não me venha com essa! Vamos voltar para o Instituto e conversar.

— Mas e a Julie e o Tommy? – falou Evan.

— Eles sabem o caminho.

***

Assim que abri a porta do quarto de Julie, dei um grito.

— AHHHHH! EU SABIA QUE VOCÊS ESTAVAM JUNTOS!

A sempre pálida Julie e Tommy coraram.

— VOCÊS TÃO JUNTOS! O PLANO DEU CERTO!

Julie se levantou.

— Peraí, plano?

— É. E deu certo!

Saí comemorando e contanto a todos que queriam ouvir – ou não – no Instituto – talvez de fora dele também, já que eu berrava muito alto. Mas, no meio da minha comemoração, acabei perdendo Jaz, pessoa com quem eu precisava conversar muito.

Naturalmente, eu fui ao quarto de Cat perguntar pela garota fofinha e um pouco medonha. Mas, quando abri a porta, dei outro grito (pra variar). Cat e Evan estavam juntos, muito próximos e o quarto estava cheio de penas. Eles olharam para mim imediatamente e se afastaram um pouco.

— O quê? Nunca viu uma guerra de travesseiros? – falou Evan, se aproximando de mim.

Sorri.

— Sim, mas não como essa...

— Vai se catar! – gritou Cat enquanto Evan passava pela porta.

Eu sorri marotamente.

— Viu a Jaz?

— Me procurando?

Pela sei-lá-quantas-vezes consecutivas naquele dia, Jaz me assustou ao aparecer assim do nada.

— Jaz, a gente tinha combinado de se falar, lembra? Por que fugiu?

— Não fugi. Por que o quarto tá assim?

— Porque a Cat e o Evan estavam sendo infantis e iam se beijar. E não mude de assunto!

Cat bufou e revirou os olhos e Jaz sorriu.

— Sério?

— Não. – falou Cat. – E não mude de assunto!

Porém, antes de falar com Blackthorn, me virei para Nighthunter.

— Você também ‘tava envolvida, não é?

— Talvez.

— Que tipo de amiga é você que faz isso comigo?!

— Que tipo de amiga é você que beija alguém e nem me conta?!

Fiz um sinal de silêncio, mas assenti.

— Touché...

Cat jogou o cabelo. Então eu me virei para Jaz.

— Agora, Jaz – comecei. –, só porque duas pessoas se beijam não quer dizer que tenham que ficar juntos.

— Eu sei. Mas vocês dois tem que ficar juntos!

— Jaz, eu... – suspirei e fechei os olhos.

Quando tornei a abri-los, Jaz havia sumido. Então, apenas me virei para Cat.

— Não conte nada disso para ninguém.

Ela me olhou descrente.

— Ou?

— Ou eu conto sobre você e o Evan.

— Nada aconteceu entre a gente mesmo.

— Você acha que não, mas a impressão é a que vale. E a impressão é de que aconteceu algo entre vocês...

Ela bufou e revirou os olhos.

— Vocês estão juntos! – bati palminhas (o que foi muito, muito estranho).

— Não, não estamos.

— Estão, sim! Temos dois casais!

— Três.

Um ponto de interrogação devia ter aparecido na minha testa.

— Se eu faço parte de um casal, você também!

— Não, não faço!

Cat sorriu vitoriosa.

— Ok, não são. – suspirei.

— Boa garota.

Mas eu sorri vitoriosamente também.

Ah, sim, eles estariam juntos logo, logo...

Nem que o grupo brilhante tenha que voltar mais forte e poderoso!