CAT

–Cat.

–Já vou.

–Cat!

–Cinco minutos...

–CATHERINE!

Abri os olhos e vi Elena me olhando com raiva.

–Até que enfim!

–Que horas são?

–Umas três da manhã.

–Ah, tá.

Não, espera...

ESSA VAGABUNDA ME ACORDOU TRÊS HORAS DA MADRUGADA?

–É melhor você ter um motivo muito bom pra me acordar três da madrugada! - falei com o meu melhor olhar assassino.

–Eu tenho!

–Não to nem aí, me deixa dormir. - pedi me jogando de volta na cama.

Ela virou o meu colchão. Ah, não! Ela não fez isso!

–Eu vou matar você!

–Garanto que você vai me agradecer por isso.

–Por que, por todos os malditos anjos, eu te agradeceria por me acordar uma hora dessas?

–Porque agora você vai poder ir ao festival de pizza!

–Festival de pizza?

–É. Todos os anos, no lindo e maravilhoso Canadá, acontece o maior festival de pizza do mundo. E nós vamos nele.

–Nós vamos?

–Vamos.

–Você está sugerindo que a gente fuja da Academia, mate aula com uma desculpa esfarrapada e quebre no mínimo dezessete regras pra ir ao Canadá comer pizza?

–Exatamente! - Elena confirmou com um sorriso cínico.

Eu, se fosse uma pessoa sensata e com juízo, teria respondido "Não Elena, isso é errado e vai dar bosta. Volta a dormir.".

–Tenho muito orgulho de você. - respondi, limpando uma lágrima inexistente.

–Obrigada. Agora vamos.

–Como vamos chegar ao Canadá?

–Tem um feiticeiro devendo favor pra Isa. Ele vai abrir o portal.

–Ok. Espera eu pegar meu moletom de pizza.

* * *

Muitos símbolos de agilidade, silêncio e visão noturna depois, eu, Elena e o resto da cambada nos encontramos com o feiticeiro.

–Quero deixar bem claro que se a Clave me perguntar qualquer coisa eu vou culpar vocês e dizer que eu fui obrigado. - disse o feiticeiro cujo nome ninguém quer saber.

–Isso é o que nós vamos dizer caso alguém nos pegue. - respondi.

Ele ia responder, mas Isa o interrompeu:

–Lembre-se do que eu sei sobre você. Se a Clave perguntar é tudo culpa sua.

Ele engoliu em seco e assentiu. Isso me parece meio errado... Nah, não é da minha conta.

Nós passamos pelo portal. Ah, alguém devia dar um jeito de fazer com que passar por portais seja menos horrível.

–Eu já mencionei que eu gosto muito do Canadá? - Evan perguntou.

–É a primeira vez que você vem pro Canadá! - retruquei.

–Eu sei, mas ele tem um ar tão... canadense!

Revirei os olhos.

–É impressão minha ou ele está mais retardado que o normal? - Elena perguntou.

Dei de ombros.

–Ele não deve ter dormido. Ele fica desse jeito quando passa muito tempo sem dormir.

–Ei, Tommy, o que acontece com o Loki quando ele começa a gritar com o Thor?

–Ninguém quer saber, Evan. - Thomas respondeu.

–Ele vira o Caps Loki.

Thomas balançou a cabeça com aquela cara de decepção profunda.

–Vamos logo para o festival. - Julie sugeriu.

Todo mundo concordou. Depois de vinte minutos, várias piadas ruins, muita reclamação e várias perguntas a canadenses, chegamos ao festival.

–Eu morri e isso é o céu. - Isa declarou.

–Eu nunca vi nada tão bonito. - Erick enxugou uma lágrima.

–O que dizer desse país que mal conheço e já considero tanto? - Elena perguntou.

–Isso valeu a pena os vinte minutos ouvindo as piadas ruins do Evan. – Julie declarou.

–Já pensou que louco se tivesse pizza de pudim? - Evan questionou.

–Nunca fiquei tão feliz por ser acordado às três da madrugada. - Thomas anunciou.

–A mamãe chegou em casa, bitchs. - Declarei.

Não era a Doritoslândia da pizza, mas chegava bem perto disso. Havia pizza de todos os tipos e sabores imagináveis [N/Evan: De pudim não tinha!]. Olha melhor, Blackthorn. [N/Evan: Ai. Meu. Anjo. Raziel atendeu minhas preces!].

Todo mundo saiu correndo para o festival pra pegar pizza, como era esperado do grupo de gordos que somos.

–Ah, eu amo o Canadá! - Julie declarou.

–Viu? Eu disse que era um lugar legal. -Evan disse, comendo sua pizza de pudim (eu, particularmente, não achei a cara dessa pizza muito boa, mas tem gosto pra tudo).

–Vamos precisar de uma desculpa pra quando voltarmos para a academia. - Isa lembrou.

–Ou podemos subornar o diretor Blueblood com pizza. - Elena sugeriu.

Todos concordaram que era uma ótima ideia e continuamos comendo nossas pizzas.

O festival não tinha apenas pizza. Tinha filmes sobre pizzas e a sua história, peças teatrais dramáticas sobre guerras para decidir qual era o melhor sabor e até um Glee na versão pizza (sinceramente, eu achei o Pizza School Musical mais legal).

Eu estava lendo uma revistinha da Batpizza quando a tragédia ocorreu. Meu Sensor (que fica no meu bracelete) começou a pulsar.

–Elena?

–Já sei. -Elena sacou o arco.

Os outros também já tinham pegado suas armas.

–Onde?

Olhei em volta. Vi um cara de costas, com um livro sobre a história da pizza.

–Ali. Aquele cara. - Elena disse.

Três segundos depois ele estava cercado.

–Ah, Nephilim! Olha, não tem necessidade disso. Eu sou... digamos... um demônio vegetariano. Só estou aqui pela pizza. - Ele mostrou o pedaço de pizza que estava segurando para nós.

Ergui as sobrancelhas.

Erick revirou os olhos.

–Ah, claro. Senta lá, Cráudia.

O demônio fez cara de quem não entendeu a referência.

–Primeiro: meu nome não é Cráudia e eu não vou sentar lá. Segundo: parece que você não acredita em mim, mas eu juro que estou sendo sincero.

–E eu sou um pandicórnio voador que arrota arco-íris. - Thomas respondeu.

–Quando foi que os Nephilim ficaram tão sarcástico?

–Gente larga de ser trouxa, ele está enrolando! - eu disse, atirando uma faca nele.

Isso o teria matado, se ele não tivesse se virado e agarrado a faca. Só uma coisa a dizer sobre isso:

CRYSTALQUEPARIUQUEDEMÔNIONINJA!

–Então que seja assim. - disse o demônio.

Ele mudou de forma. Sua nova forma tinha no mínimo quinze metros de altura e parecia a mistura de um demônio hydra com um ravener que deu bem errado. Eu me lembrava de ter visto alguma coisa sobre ele no códex. É o tipo de demônio que você só encontra quando tem muito azar.

–E eu achei que as piadas do Evan iam ser a pior coisa do dia.