Talvez Percy estivesse certo. Só talvez eu devesse ter escutado o meu marido e tivesse ficado quieta naquelas duas semanas. Se eu tivesse ao menos ficado na cama esse tempinho eu talvez não estivesse com tanta dor agora.

—E o pior é que eu não posso contar a ele! - Resmunguei em frente ao espelho.

—Não pode contar o que a quem? 

Dei um pulo para o lado. 

Ele não podia pelo menos avisar que havia chegado?!

—Ai caramba! - Ele brigou com si mesmo - Desculpe querida. - Senti aqueles malditos olhos verdes lindos e pentrantes me olhando de cima a baixo... Droga! O que é que eu estou falando? São apenas malditos! Nada de lindos nem penetrantes! - Você está bem Annabeth?

—Eu estou ótima!- Menti.

—Meeesmo?

—Meeesmo. - Ri.

—Jura juradinho?

—Chega, né? - Reclamei. 

Outra pontada. Droga. Eu juro que vou pegar leve. Já aprendi a lição! Não vou mais passar por cima de ordens médicas!

Percy se aproximou e pôs a mão entre o meu cabelo, me puxando para mais perto ainda, se é que aquilo era possível.

Meu corpo parecia já saber como reagir a ele. Ou melhor, aos beijos dele. Senti uma mão na minha cintura me trazendo pra mais perto ainda e me levantando. Prendi um grito de dor.

Eu definitivamente não vou contar pra ele.

Percy me conduziu até a cama e...

—MAMÃE?! PAPAI?!

Percy me soltou imediatamente e ambos corremos para o quarto de Alicia.

—O que aconteceu?- O moreno perguntou ofegante.

—Eu tive um pesadelo. - A loirinha disse com os olhos cheios de lágrimas.

Percy suspirou.

—Vá pra cama Annabeth, eu coloco ela pra dormir.

—Tem certeza? Certezinha? - Brinquei imitando o jeito dele há alguns minutos.

Ele deu um sorriso malicioso. 

—Tenho.

—Ta bom então.

Dei meia volta, mas meus pés se recusaram a se mexer assim que cheguei na porta. Minha mão foi automaticamente para a barriga e meu corpo escorregou da parede até o chão.

Eu deveria ter contado. Eu realmente deveria ter contado.