P.o.v. Annabeth:

Fingi estar dormindo. Percy devia ter notado que era fingimento, ele me conhecia bem, mas aquela pessoa não.

–Perceu, você viu Alicia? Estou procurando ela há horas, aquela menina tem que tomar a droga do remédio!- Uma menina de cabelos castanhos apareceu na porta.

Alicia, Alicia... Aquele nome não me era estranho... Ah! Claro! A menininha orfã que o Percy adorava!

–Se eu não me engano, ela foi por ali.- Percy disse apontando para o outro lado do hospital.

–Obrigada.- Ela respondeu antes de sair correndo.

Não sei em quantos segundos, mas não passou de 10, uma menininha de cabelos loiros entrou correndo no quarto e fechou a porta logo em seguida.

–Obigada Tio Percy!

–Disponha querida.- Ele respondeu enquanto ela corria e se jogava nos braços dele.

–Quem é ela?- Alicia disse apontando para mim.- É aquela mulher da foto, não é tio?

–Prazer princesa, meu nome é Annabeth, mas pode me chamar de Annie.

–Oi Tia Annie!- Ela encarou a minha trança.- Faz uma em mim?

–Claro!

P.o.v. Percy:

Annabeth parecia agradecida com o pedido. Acho que qualquer coisa que ocupasse a sua cabeça naquele momento a faria feliz.

As duas começaram a conversar animadamente.

Peguei o celular. 5:00 da manhã. Se Alicia não dormia? Geralmente ela trocava o dia pela noite por causa de alguns analgésicos.

No momento, não quero falar sobre a doença de Annabeth, aquilo me deixava mal. Era ruim a sensação de que tinha uma probabilidade imensa de que talvez eu nunca tivesse um filho, mas era pior ver como Annabeth reagia a noticia.

Ela nunca me pareceu tão mal.

Tudo bem, eu explico um pouco.

Quando Annabeth perdeu o primeiro bebé, com 17 anos, não foi só por causa da pancada na barriga, bem, não totalmente. O últero dela é frágil, muito frágil, provavelmente sem um repouso rígido, ela não conseguiria passar do 3° més.

Mas aquilo era praticamente impossível para ela. O trabalho era estressante, e Annie não podia simplesmente abandonar os projetos, e se eu a conhecia bem, ficar parada por mais de dez minutos não é uma coisa que combine com ela. Não mesmo!

Alicia sorriu quando Annabeth terminou a trança e elas começaram a falar de coisas aleatorias, até que a menina bocejou e Annie a aconchegou em seu colo.

Ali tinha 4 anos, mas um tamanho de uma criança de 3, o que tornava mais fácil de coloca-la no colo.

A menina rapidamente dormiu e eu passei as mãos pelas costas da minha esposa.

–Quer conversar?

–Desculpa Percy.- Ela começou baixinho.- Desculpa não poder te dar um filho, formar uma família, me desculpe Percy.

Por mim, eu a teria cortado no meio do primeiro "Desculpe", mas falar aquilo pareceu faze-la sentir melhor.

–Ei, não precisa se desculpar Annabeth, preste atenção querida, VOCÊ é a minha família, e eu não preciso de mais nada para ser feliz meu amor!

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Mais alguns meses se passaram, e Annabeth começou a visitar Alicia todas as semanas, pelo menos duas vezes.

Em uma dessas visitas, a noticia vaio a tona:

–O orfanato vai fechar. Alicia não está entre as pessoas que vão ser tranferidas. Os recursos acabaram Percy. Ou ela é adotada em três dias, ou vai para a rua.- Carol, uma das administradoras do local nós alertou.

Annabeth e eu já haviamos conversado sobre aquilo. Digo, adota-la, mas sempre foi uma possibilidade muito distante. Mas assim que nossos olhares se encontraram, soube o que ela estava pensando.

E a simples possibilidade daquilo dar certo fez com que o meu coração se enchesse de alegria.