~Pov Draco

Eu havia acabado de deixar a casa de Hermione. Ainda estava pensando no garoto loiro que a chamou de mãe. Ele era meu filho. Um filho que eu não cuidei e muito menos vi crescer, quem fez tudo isso foi Ronald Weasley, o cara eu sempre desprezei. Será que Scorpius o chama de pai?

Fiquei um bom tempo andando pelas ruas da Londres Trouxa pensando nisso, e à noite eu finalmente resolvi voltar para a Mansão, mas quando eu entrei vi que minha mãe não estava sozinha. Sentados no sofá ao lado dela estavam Blás, Pan e Theo. Todos pareciam preocupados.

—Então é verdade?! Cara bem que eu sabia que aquela notícia estava muito mal contada!

—Bom te ver também Theo.

—Hermione ligou. – Começou Pansy e eu revirei os olhos.

—Eu agradeceria se não dissesse o nome dela de novo. –Pedi mesmo sabendo que ela insistiria no assunto.

—Ela disse que você viu o Scorpius.

—Eu não quero falar dele também.

—Eu sei que está com raiva, mas a Herms o criou muito bem, então não pense nela como a pior pessoa do mundo. Ela até nos chamou para padrinhos porque você iria querer assim.

—“Herms”? Ficaram amigos agora? –Eles reviraram os olhos e Pansy cruzou os braços. –Digam a ela que eu não quero vê-la nunca mais e que eu jamais vou perdoá-la pelo que fez.

—Draco ela achou eu você estava morto!

—NÃO IMPORTA PANSY! EU NÃO QUERO SABER! ELA ESTÁ FELIZ, CASADA E EU SEI QUE ESTÁ CUIDANDO BEM DO GAROTO, ENTÃO POR MERLIN SÓ ME DEIXE EM PAZ!

Peguei um copo de Whisky e saí de casa esperando finalmente ficar sozinho no jardim que fora destruído pela guerra. Respirei fundo e mais uma vez me lembrei dele. Os cabelos loiros, os olhos acinzentados e a pele pálida...

—Hermione descobriu que estava grávida algumas semanas depois da sua prisão. –Eu ouvi a voz de Pansy e me virei olhando-a sério. Somente ela estava ali. –Pelo visto sua última noite com ela foi agitada.

—Era minha última noite, tinha que ser inesquecível. –Ela colocou a mão em meu ombro.

—Ela ficou tão assustada com a notícia que fez quatro testes diferentes antes de ir até Madame Pomfrey para ter certeza, foi alvo de várias críticas no sétimo ano.

—Pensei que ela seria a queridinha do mundo bruxo.

—E ela foi, até que a notícia de que ela estava grávida de você se espalhou. –Eu bebi mais um pouco.

—E o garoto?

—Scorpius é um bom menino. Teimoso e não aceita não como resposta, mas ainda sim um bom menino. Ele se parece com você. –Instantaneamente um sorriso brotou em meus lábios.

—Foi ao casamento? –Perguntei e ela assentiu meio relutante. –Acha que ele é capaz de fazê-la feliz?

—Eu não sei, ele não gosta muito de falar conosco, nunca gostou.

—Vou voltar pra casa. –Eu disse colocando o copo em sua mão e lhe dando um beijo na bochecha. –Se alguém perguntar diga que eu estou morto. Se funcionou uma vez pode funcionar de novo.

—Vai se foder. –Ela disse rindo, me fazendo rir também.

—Pode ter certeza que eu vou. –Falei e a morena revirou os olhos. –Aah, mais uma coisa. Você e Blás tem que me apresentar o Hunter.

—Pode deixar. –Pan sorriu acenando enquanto eu me afastava. –Se cuida.

~Pov Hermione

—Como você está? –Perguntou Rony entrando na biblioteca e se sentando de frente pra mim. Eu não respondi. –Amanhã irei até Azkaban pra saber sobre o engano. Farei aqueles incompetentes abrirem a boca.

—Obrigada. –Murmurei secando as lágrimas inutilmente.

—Scorpius está preocupado. Você está chorando desde antes dele chegar e agora está trancada aqui. Por que não sai e come alguma coisa?

—Não, obrigada. Diga a ele que estou lendo um livro triste.

—Hermione eu detesto te ver chorar! –Ele acariciou meu rosto. –Sei que não é uma boa hora pra falar disso, mas eu terei que perguntar antes que essa dúvida acabe me matando... –Eu o olhei esperando que ele falasse. -Como nós ficamos?

—O quê?

—Ele voltou. Você está livre de mim agora.

—Rony...

—Eu sei que ainda gosta dele Mione. Se você for até lá é claro que ele vai te aceitar de volta.

—Não. Sem você eu não estaria aqui e talvez nem o Scorp, mas está doendo Rony! O jeito como ele me olhou quando viu o nosso filho, com tanto ódio, rancor! Eu não queria que fosse assim!

—Ele está assustado, acabou de sair de Azkaban para descobrir que todos acreditavam que ele estava morto, que você está casada e que ele tem um filho. Logo tudo vai se acertar.

—Nem sei o que seria de mim se você não estivesse aqui. –O ruivo me abraçou e beijou meu rosto me confortando.

—Vai voltar pra ele?

—Não. –Ele sorriu. –Não é porque Draco voltou que eu vou esquecer o que aconteceu quando ele... –Eu não consegui terminar.

—Eu te amo muito. –Rony me deu um selinho e pegou minha mão. –Vem, você tem que comer alguma coisa.

Fomos juntos até a cozinha e lá o ruivo tentou fazer algo para eu comer. Depois de quase começar um incêndio ele finalmente me deixou cozinhar. Nós estávamos sentados na cozinha comendo enquanto Rony tentava me distrair, mas Scorp apareceu segurando algo. Seus olhos estavam brilhantes pelas lágrimas e ali eu via decepção.

—Está com fome queri... O que aconteceu? –Eu o olhei assustada e preocupada.

—Por que mentiu pra mim?! –O loiro então jogou o que segurava em cima da mesa. Ali estava a única coisa que ele tinha para ver Draco, a foto antiga que eu havia lhe dando quando, há anos, ele me perguntou como era seu pai. –Por que me disse que meu pai estava morto quando ele não estava?!

Eu não sabia o que responder. Se eu dissesse a verdade ele acreditaria em mim? Ele me perdoaria? Por que as coisas pareciam desabar cada vez mais?

—Scorpius eu não queria que soubesse assim...

—E queria que eu soubesse como?! Você e a minha avó, se é que ela é minha avó, mentiram muito bem por todos esses anos!

—Nós não mentimos, ela é sua avó! Me escuta! –Pedi me levantando e ficando diante dele.

—Quem me garante que não vai mentir de novo?!

—Scorpius escute-a, ela é sua mãe. –Disse Rony.

—Foi por sua causa que ela mentiu?! Acho que não adiantou muito já que eu nunca o chamei e nem nunca irei chamá-lo de pai!

Depois disso ele subiu as escadas correndo, a única coisa que eu ouvi foi a porta de seu quarto batendo com força.

Em cada perda
Em cada mentira
Em cada verdade que você negou
E cada arrependimento
E cada adeus
Foi um erro grande demais para esconder