Gina havia chegado em casa mais cedo naquele dia. Não estava se sentindo disposta e tudo o que queria era sorvete e Harry Potter, como sempre. A última dessas coisas, porém ela teria que esperar até que chegasse do trabalho.

Entrou em casa e tirou seus sapatos, soltando o ar aliviada quando seus pés tocaram o chão. A mulher caminhou em direção ao sofá e se deitou ali, com as duas mãos sobre a barriga e fechou os olhos, respirando fundo enquanto acariciava o pequeno ser que se formava ali. Pensou em seu irmão e no que ele tinha na cabeça para se meter em toda aquela confusão. Talvez fosse a única que ainda acreditasse que havia alguma explicação além do que ele sentia por Hermione. Ronald era mais que isso, ela sabia.

Ouviu um barulho no andar de cima e abriu os olhos. Ainda era cedo, Harry não estava em casa, da mesma forma que tinha certeza de que não era Hermione, já que sua amiga sempre passava na casa do Malfoy para ver como o filho estava depois do expediente. Pegou a sua varinha e deixou o mal-estar de lado, caminhando com todo o cuidado para não fazer barulho.

O som vinha do andar de cima. Encostou-se na parede quando viu uma sombra e viu perfeitamente quando um homem estranho passou pela cozinha. Quando ele sumiu, ela correu para o armário debaixo da escada. O abriu em um feitiço silencioso e de lá tirou a capa de invisibilidade de Harry. Agradeceu mentalmente por ele não tê-la levado para o trabalho naquele dia.

Gina Potter se escondeu sobre ela e pôde finalmente andar pela casa sem o medo de ser vista. Foi atrás do cara que estava na cozinha quando ele subiu para o segundo andar e viu que ele estava acompanhado de mais dois. Lembrava de ver dois daqueles rostos na guerra entre as fotos dos desaparecidos.

—Nenhum sinal do garoto, Reuben? –O mais velho deles perguntou e o mais novo negou.

—Nós deveríamos ir. É a casa dos Potter, quando eles chegarem...

—Ainda temos tempo. –O outro interrompeu e, visivelmente irritado, deu um soco no armário que estava no quarto do casal Potter. –Não tinham dito que ele estava ficando aqui?! Por que não vejo nada que indique que uma criança esteja realmente vivendo aqui?!

—Eu tenho certeza. Hermione Weasley está morando aqui e ela não ficaria sem o pirralho.

Ela prendeu a respiração. Então eles queriam Scorpius. Nunca deixaria que isso acontecesse. Tirou a mão e com um feitiço silencioso acertou o primeiro deles, deixando os outros dois em estado de alerta.

—O que diabos está acontecendo? –Um deles questionou, indo até o tal Reuben, que se encontrava no chão.

—Eu avisei! Disse que deveríamos ir embora! Péssima ideia invadir a casa dos Potter, péssima ideia! –O outro gritou e a ruiva quase riu do desespero em seus olhos.

Mais um feitiço lançado por Gina quando eles se distraíram levantando o outro. Precisava de manter em movimento ou então eles descobririam de onde os feitiços estavam saindo e com certeza a pegariam.

—Você viu isso?!

—Não! Não to vendo nada! –Gritou.

—Petrificus Totalus! –Lançou cegamente pelo quarto e por pouco não a acertou. Gina fez um feitiço de proteção e o feitiço ricocheteou, acertando o garoto mais novo.

—É culpa sua, seu idiota! –Xingou, exasperado. Não conseguiu se aguentar, soltando uma gargalhada baixa, mas eles ouviram.

Os dois lançaram feitiços juntos e ela desceu as escadas correndo. Eles sabiam aonde estava. Apressaram o passo prontos para pegá-la, já que ouviam o barulho de seus passos e também de sua respiração.

Chegando a sala, Gina tentou manter-se quieta, próxima a porta. Desceu uma das mãos até sua barriga. “Agora a mamãe vai mostrar como se faz, James”, pensou, sorrindo. Ainda não tinham a confirmação sobre o sexo do bebê, mas em seu coração, Gina Potter sabia que seria um menino e que não poderiam dar um nome diferente a ele.

—Apareça! –Um deles gritou. Eles apontavam as varinhas para tudo o que se mexesse no ambiente. –Apareça, Harry Potter! Sabemos que é você!

Ela revirou os olhos. Seu marido era uma lenda, sabia disso, mas por que sempre davam os créditos para ele quando alguém fazia uma coisa incrível? Ficou bem diante deles e revelou seu rosto. O resto de seu corpo ficaria invisível, pois não queria que eles sequer notassem sua barriga começando a aparecer.

—Gina Potter, na verdade. –Corrigiu, atraindo a atenção deles. Os dois apontaram suas varinhas para ela, que nem ao menos esperou por uma reação. –Bombarda!

A explosão causada na sala foi distração o suficiente e acertou os dois. Eles caíram no chão, feridos. Um deles se levantou, enquanto o outro permanecia gemendo no chão.

—Avada Kedavra!

—Protego! — Ela gritou e a luz verde inundou toda a sala. O homem se abaixou, impedindo que o feitiço que ricocheteou o acertasse. -Vai ter que fazer melhor que isso, querido.

—Mas eu estou apenas começando.

Diversos feitiços foram disparados na direção dela seguidamente. Um deles a acertou por pouco, cortando sua bochecha e quebrando alguns dos vasos que ficavam ali. Ao ver o dano o rosto dela ficou vermelho de irritação. Ela sorriu, superior.

—Minha vez. –Disse, com uma piscadela. –Expeliarmus! Petrificus Totalus! Confrigo! —Lançou os três e ele defendeu. –Impedimenta!

Ela o acertou em cheio, mandando-o direto na parede. Ele bateu a cabeça e caiu no chão. O outro se levantou e mais uma vez o jato de luz verde iluminou o lugar.

—Avada Kedavra! ­­— Ele gritou e ela desviou.

—Dois de uma vez? Como quiserem então. –Deu de ombros. –Incarcerous!

Cordas surgiram e amarraram o homem que se levantava ainda desnorteado. Era o tempo que o outro homem precisava para desarmá-la.

—Expelliarmus!

A varinha dela foi jogada para longe e ele sorriu, vitorioso. Com um movimento rápido ela puxou a capa e novamente ficou invisível, fazendo-o gritar xingamentos enquanto lançava feitiços aonde achava que ela poderia estar.

—Aparece de uma vez, sua vadia ruiva! Agora o duelo perdeu a graça pra você? –Gritou. –Eu vou te matar, está me ouvindo?! Eu vou te matar!

Gina Potter então caminhou em silêncio até estar atrás dele e o acertou em cheio com um soco no rosto. Quando o homem caiu no chão ela gemeu de dor, se recompondo em seguida e pegando a varinha dele. O sangue jorrava do nariz dele quando ela simplesmente o capturou.

—Levicorpus.

A ruiva respirou fundo, aliviada e com todas as varinhas em mãos deu uma olhada no dano que havia sido feito. Depois concertaria tudo. Com a sua varinha novamente ela os levou até o quarto aonde o outro se encontrava e o amarrou também.

...

Harry Potter subiu as escadas preocupado. Não, nada poderia ter acontecido a ela, ele não poderia falhar com ela assim. Com lágrimas nos olhos ele adentrou o quarto, encontrando a cabeça flutuante de sua esposa próxima a cama. Haviam três homens no quarto também, dois estavam amarrados no chão enquanto o outro flutuava sobre o tapete.

Hermione e Draco acompanharam o amigo, arregalando os olhos com a cena que encontravam, enquanto Scorpius segurava-se ao pai com medo, escondendo o rosto para não ver o que quer que estivesse ali. Harry não pensou em nada, apenas correu até a esposa e a envolveu em um abraço apertado.

—Eu estou bem. –Gina disse para tranquilizá-los. –Eles não me acertaram.

—Acertaram sim. –Harry murmurou, acariciando a bochecha dela, próxima ao corte.

—Foi de raspão.

Ele não disse mais nada. Beijou a ruiva e quando a soltou olhou bem em seus olhos como se para ter certeza de que estava bem mesmo. Gina Potter era realmente uma mulher incrível.

—Gina? –Hermione chamou a amiga e ela a abraçou também mesmo que ainda estivesse invisível.

—Fico feliz em ver que nada aconteceu, ruiva. –Draco disse.

—Vão precisar de muito mais que isso pra realmente acontecer alguma coisa. –Ela disse. –Estes são Logan Aiken, Finley Giel e Reuben Lumb. –Apresentou, indicando os homens que ali se encontravam. Harry tinha uma expressão séria no rosto e se pudesse os mandaria direto para os dementadores.

—Senhora Potter, por favor... –Pediu o homem mais novo que flutuava.

—Se vomitar no meu tapete Giel, eu juro que os dementadores vão ser o menor dos seus problemas! –Gina disse nervosa.

—Me desculpe. –Ele murmurou.

—Eles não sabem nada sobre o Rony, eu perguntei, mas...

—Mas? –Hermione questionou.

—Vieram atrás do Scorp. –Disse baixinho para que o garoto não ouvisse. Ele ainda tinha a cabeça repousando no ombro do pai.

Hermione e Draco se entreolharam. Imaginaram que isso aconteceria depois do que Narcisa lhes disse. Harry Potter chamou outros aurores para levar os homens que haviam invadido sua casa embora e eles desceram até a cozinha. Scorpius ficou na sala, brincando com o pomo de ouro que Dumbledore havia deixado para Harry.

—Alguma sorte com sua mãe? –Harry questionou, ainda mantendo Gina por perto.

—Aparentemente depois que ela mentiu por você, o filho de Dolohov morreu na batalha. Ele quer que ela saiba como ele se sentiu, por isso tentou me matar no baile. Os outros se juntaram a ele porque ela os entregou para o ministério em troca de liberdade.

—Eles querem que ela sofra, Harry. –Hermione completou. –Querem que ela fique sozinha e por isso estão atrás do Scorp também.

Harry soltou o ar, cansado. Era mais informação do que jamais conseguiriam nos interrogatórios e estava feliz por agora finalmente poder tomar as devidas providências, mas ainda sim as notícias não eram nada animadoras.

—Draco e eu voltamos. –Contou, não conseguindo evitar o sorriso. –Acho que vamos conseguir proteger o Scorp melhor se ficarmos juntos, então receio que minha estadia aqui acabou.

—Eles não vão conseguir, Mione. Não vão encostar em um fio de cabelo do Scorpius. –Gina prometeu. –Já estava mais que na hora de vocês dois darem um jeito. –Eles riram.

—E onde o Rony entra nisso? –Potter questionou.

—Eles podem não estar nessa pelos mesmos motivos, mas o que eles querem é a mesma coisa: minha cabeça. –Draco contou, não deixando de reparar no quanto o olhar de Gina mudou ao ouví-los falar de seu irmão.

—Nós precisamos fazer alguma coisa. Mione, pode ir comigo até a sua casa amanhã? Podemos ter deixado algo passar despercebido.

—Claro. –Ela sorriu.

—Selecionarei alguns aurores para proteger a sua casa, Malfoy, eles não vão conseguir se aproximar de novo.

—Obrigado, Potter.

Mas eu estou pronto, sim eu estou pronto para você
Eu estou me sustentando sobre os meus próprios pés
Do outro lado da porta as balas atravessam
Repetindo ao som do ritmo
Mais um bate as botas
Mais um bate as botas
E mais um já foi, e outro já foi
Mais um bateu as botas, yeah
Hey, eu vou pegar você também
Mais um bate as botas