~Pov Hermione

—Mamãe! –Scorp veio correndo em minha direção me encontrando na sala sentada ao lado de Rony.

—O que houve querido? –Perguntei segurando suas mãos.

—Quando meu pai vem me ver de novo?

—Eu não sei meu amor.

—Vai demorar?

—Mais tarde se quiser pode ligar pra ele.

—Por que não vamos até a casa dele de novo?

—Temos que avisá-lo primeiro.

—Foram até a casa dele? –Rony se pronunciou pela primeira vez, ainda olhando para o filme.

—Sim, para buscar a vassoura. –Ele balançou a cabeça e se levantou.

—Estão com fome? Posso fazer alguma coisa se quiserem.

—Não, obrigada. –Falei e Scorp apenas balançou a cabeça negando sem desviar o olhar do meu.

—Eu vou vê-lo de novo não é? –Perguntou assim que Rony saiu.

—Claro que sim, que tipo de pergunta é essa? –Ele indicou a porta por onde o ruivo passou e eu suspirei cansada de toda aquela guerra que eles estavam travando. –Olha Scorp, sabe bem que seu pai não é a pessoa favorita do Rony, assim como Rony não é a sua, mas ele não vai impedí-lo de vê-lo.

—Hei Scorp, pode vir aqui? –O ruivo chamou e meu filho foi em direção à cozinha rapidamente.

Me levantei e fui atrás, me sentando enquanto via meu marido abaixado falando com o pequeno, que tinha em seu rosto uma expressão de dúvida.

—Eu sei que você sabe que eu e seu pai não nos dávamos muito bem na escola, mas eu entendo que nada que eu fizer vai mudar o que ele significa pra você, então em desculpe se te culpei por algo, eu estava sendo um idiota.

—Tudo bem Rony. –Foi tudo o que ele respondeu. Ainda parecia confuso, mas sorriu e logo saiu da cozinha em direção ao quarto.

—Obrigada, é importante pra mim. –Falei me levantando e indo até ele, lhe dando um beijo.

—Andou lendo O Profeta? –Perguntou assim que eu me sentei de novo.

—Você sabe que parei quando publicaram sobre o Scorp.

—Acho que você devia abrir uma exceção. –Rony disse pegando o jornal e colocando diante de mim.

Eu o peguei meio relutante e ele se sentou para comer. Bem na primeira página havia uma foto de Draco ao lado das palavras: A Morte de Draco Malfoy: Erro ou Mentira?

“Há seis anos, o Ex-Comensal da Morte Draco Malfoy foi condenado à prisão em Azkaban pelos crimes cometidos no decorrer da guerra, deixando nossa querida sabe-tudo membro do trio de ouro Hermione Weasley, sua namorada na época, grávida.

Infelizmente ele não quis responder nada relacionado ao herdeiro Malfoy, mas deixou claro que sabia bem de sua existência.

‘Eu não faço a mínima ideia de quem está enterrado em meu lugar em Azkaban, mas estou fazendo o máximo para descobrir a respeito’ disse ele quando perguntado sobre os boatos de sua morte.

O que acham meus queridos leitores? A morte de Draco Malfoy foi um erro ou algo forjado? Como será a relação dele com o filho, Scorpius? E com Hermione? Será que a senhora Weasley nos daria algumas respostas?

Confira a entrevista completa na página 13

Por Rita Skeeter”

—Isso é ridículo, eu nunca daria uma entrevista a eles, não depois do que fizeram. –Falei soltando o jornal em cima da mesa perdendo toda a vontade de ler o resto.

—Pelo menos assim as pessoas vão parar de acreditar que ele morreu.

—É possível que alguém tenha forjado a morte dele?

—Difícil, mas se souber o que está fazendo você consegue. –Ele respondeu beijando meu rosto. –Harry está furioso pelo erro, está tentando encontrar falhas no sistema, mas tudo parece estar em perfeita ordem.

—Vocês são incríveis sabia? –Falei beijando-o e ele sorriu.

A campainha tocou e não demorou muito até que Scorp descesse as escadas correndo gritando que atenderia, com certeza esperando que fosse Draco. Ficou um pouco desapontado ao encontrar Gina e Harry na porta.

—Acho que alguém estava esperando outra pessoa. –A ruiva disse olhando pra mim sorrindo enquanto eu me aproximava. Ela beijou a cabeça do pequeno, que subiu as escadas novamente após cumprimentar Harry. –Já viu os jornalistas acampados na porta da sua casa?

—Imaginei que logo aconteceria. –Bufei passando as mãos pelo cabelo e seguindo junto com eles até a cozinha.

—Como foi o encontro dele com o Malfoy? –Harry perguntou meio relutante.

—Foi ótimo, e como pode ver Draco não fez nada.

—Mione me desculpa eu só...

—Eu entendo que estava preocupado. –O cortei antes que ele começasse a se enrolar com as palavras como sempre.

—Podemos conversar lá em cima? –A ruiva perguntou e eu balancei a cabeça assentindo. Deixamos os dois sozinhos na cozinha e subimos para o meu quarto. –Como você está com tudo isso?

—Preocupada. –Admiti e ela me olhou sem entender. –E se o Scorp quiser ficar com ele?

—Seu filho te ama, ele não vai deixá-la só porque Draco voltou.

—Eu sei, ele me disse isso, mas mesmo assim não consigo parar de pensar que pode acontecer.

—Vai se separar?

—Não.

—Hermione por que insiste tanto?

—Draco e eu estamos acabados. –Me sentei e ela bufou cruzando os braços. –Gina ele foi incrível com o Scorp, mas isso não muda o que aconteceu, eu vejo o modo como ele olha pra mim, sei que não vai me perdoar.

—E por isso vai continuar casada com alguém que não ama?

—Por que nenhum de vocês entende que o fato dele estar de volta não muda nada?

—Porque muda tudo! –Revirei os olhos. –Ronald é meu irmão e eu quero que ele seja feliz, mas se você não estiver também nada vai estar completo.

—Eu estou feliz.

—Não parece.

—Por que defende tanto o Draco?

—Porque sou sua amiga e quero o melhor pra você e para o meu irmão. Vamos Hermione, acha que ele merece estar casado com a mulher que ama e ela não sentir o mesmo?

—Não, ele não merece.

—Malfoy é uma boa pessoa por mais defeitos que tenha. Não percebe? Uma parte de você acreditava que ele estava vivo, o sentia com você, por isso nunca o esqueceu mesmo depois do casamento. Estava em negação porque de alguma forma tinha esperança de que ele ainda estivesse vivo.

Abri a boca para responder, mas não consegui pensar em nenhuma boa resposta para aquilo. Gina tinha razão mais uma vez, não só sobre meus sentimentos por Draco, mas também sobre Rony. Ela não esperou que eu encontrasse uma boa resposta, simplesmente me deixou sozinha naquele quarto, sabia que eu precisava processar tudo aquilo.

Flashback On

—Podemos conversar Hermione? –Perguntou Narcisa Malfoy dando uma leve batida na porta do quarto, onde eu havia ido colocar os presentes que Scorp havia ganhado.

—Claro, entre. –Pedi fechando a porta. –Scorpius...?

—Está com Pansy, ela me disse que cuidaria de tudo lá embaixo enquanto estamos aqui. –Ela se referiu à festa de aniversário do meu filho que já estava acabando.

—Está tudo bem?

—É uma pergunta idiota. –Eu respirei fundo buscando paciência, já que a única pessoa que conseguia deixá-la de bom humor era o neto. –Sei que não estou sendo a pessoa mais agradável de todas, mas...

—Eles são muito parecidos. –Completei me sentando na cama ao lado dela e suspirando, a senhora Malfoy desviou o olhar para mim no mesmo momento. –Ainda me surpreendo com isso às vezes. Entendo que deve estar sendo difícil para a senhora.

—No momento em que a guerra teve fim eu soube que perderia meu marido, só não esperava que eles tirassem meu filho também. –Os olhos de Narcisa se encheram de lágrimas, e ela os fechou rapidamente antes que caíssem. Apesar de tudo ela ainda era uma mulher orgulhosa.

—Mas Draco vai voltar, e sei que quando for solto ele não vai querer vê-la mal. Só espero que ele aceite bem o Scorp.

—Conheço meu filho o suficiente para saber que ele nunca quis uma criança. –Saber aquilo me fez ter medo de sua reação quando soubesse. Será que ele não o aceitaria? Olhei para a mulher ao meu lado esperando que ela dissesse qualquer coisa e assim ela o fez quando percebeu o quão preocupada eu estava. –Não se preocupe, isso não significa que ele vai deixá-los ou odiá-los por ter acontecido.

—Não o quero comigo porque temos um filho, Scorp não significa que ele está preso a mim.

—Draco nunca quis ter filhos ou até mesmo uma esposa porque ele nunca soube o que isso significava. Ele não sabe qual é a sensação de que há alguém tão pequeno e frágil com quem ele irá se preocupar e amar pelo resto da vida, muito menos conhece algum casamento que não tenha sido arranjado já que vem de uma família tradicional. Sei que se ele soubesse o significado de tudo isso não deixaria essa vida por nada.

—Achei que a senhora havia se casado por amor.

—Eu sempre amei Lucius, por isso fiz de tudo para me aproximar dos pais dele e me mostrar uma ótima candidata para entrar para a família. Como vim de uma família rica e influente não foi tão difícil convencê-los.

—E o que ele achou disso tudo?

—Ele sabia que os pais estavam procurando alguém para que se casasse logo, não pareceu surpreso pela minha tentativa. –Ela se levantou, andando devagar pelo quarto enquanto olhava todos os detalhes do cômodo. –Scorp me perguntou por que eu pareço querer chorar quando olho pra ele. Pelo visto ele já começou a perguntar pelo pai.

—Me desculpe, ele anda impossível com essas perguntas. Mais tarde conversarei com ele sobre isso e prometo que ele não perguntará à senhora novamente.

—Não, tudo bem. –Ela disse soltando o ar. –Eu disse que sinto falta do pai dele e ele respondeu que queria que Draco o visitasse às vezes, me pediu para falar com ele para vir quando pudesse.

—Não contei a ele o que houve, é apenas uma criança.

—Entendo que está preocupada com o que ele pode pensar de tudo isso, mas acho que já deve ir preparando-o para quando Draco voltar, eu sei que ele vai procurá-la. –Balancei a cabeça assentindo e me levantei também.

—Draco também teria um casamento arranjado? –Ouvir aquilo a fez dar um pequeno sorriso, como se já esperasse aquela pergunta, mas era um sorriso sem vida.

—Não é essa a pergunta que quer fazer Hermione. Quer saber quem eu e meu marido escolheríamos para se casar com ele? –Eu assenti. –Daphne Greengrass.

—E o que ele acha dela? –Perguntei sentindo a raiva subir ao ouvir aquele nome, mas ainda sim fazendo o possível para me controlar. Ela não, todas menos ela.

—Não se iluda pensando que eles nunca tiveram nada Hermione. –Balancei a cabeça, já imaginava que tivesse acontecido algo entre os dois, mas ainda sim saber que eles a achavam a esposa perfeita para o filho me irritou.

A batida na porta nos alertou que a conversa estava sendo longa demais. Abri a porta e Pansy entrou com Scorp nos braços, ele parecia cansado.

—Blás e Theo estão me esperando para irmos embora, quer vir conosco senhora Malfoy? Somos os últimos. –Ela assentiu e eu peguei Scorp de seu colo.

—Boa noite Hermione.

—Boa noite senhora Malfoy. –Me despedi enquanto ela ia até o neto e lhe dava um beijo na testa. –Obrigada por tudo Pan.

Ela sorriu e as duas desceram juntas, coloquei meu filho em minha cama e me deitei ao seu lado, lhe dando um beijo no rosto.

—Quer dormir aqui hoje? –Perguntei.

—Tanto faz. –Respondeu baixo virando de costas pra mim.

—O que houve querido? –Acariciei seus cabelos e me aproximei dele, esperando pela parte mais dolorosa de todos os seus aniversários.

—Papai não veio... –Eu senti meu coração se apertar. –De novo.

—Também queria que ele tivesse vindo. –Murmurei lhe dando um beijo na bochecha percebendo que ela estava molhada. Talvez por isso ele tivesse virado de costas.

—É verdade que somos parecidos? –Ele soltou minutos depois.

Eu não respondi, apenas me levantei da cama, o que chamou a atenção dele. Scorp se sentou me acompanhando com os olhos e eu fui até o meu guarda-roupa, de onde tirei uma caixa. Coloquei-a em cima da mesinha do quarto e peguei uma foto. Olhei-a por alguns segundos e respirei fundo buscando forças para fazer aquilo.

Voltei para a cama e lhe dei um beijo demorado na bochecha, colocando a foto em seu colo. Há muito tempo eu não abria aquela caixa porque sabia que se talvez visse as fotos eu poderia não aguentar, mas agora era preciso. Scorp pegou aquela foto e a olhou atentamente analisando cada detalhe dela maravilhado.

—É sua. –Falei, mas ele nem sequer desviou o olhar. –Precisa saber como ele é para quando se encontrarem.

— Nossa, eu me pareço mesmo. –Eu sorri beijando-lhe os cabelos.

—Você se parece muito mais do que imagina minha criança.

—O papai vai vir me ver algum dia?

—Está na hora de saber o que aconteceu Scorp...

Ele me escutou atento todas as palavras com a foto em suas mãos. Não me interrompeu para fazer nenhuma pergunta, e quando acabei ele simplesmente se aproximou mais de mim e dormiu. Estranhei sua reação, já que esperava ser atingida por várias perguntas, mas o deixei ali. Eu teria dormido também se não fosse o barulho em minha porta.

Cuidadosamente me levantei e desci as escadas levando minha varinha. Quem bateria a essa hora? Me surpreendi ao ver que era Rony, já que ele não me procurava desde que soube da gravidez.

—Eu sei que está tarde, mas se não conversássemos eu enlouqueceria. –Preocupada deixei que ele entrasse e seguimos juntos até a cozinha.

—Aconteceu alguma coisa?

—Onde o garoto está?

—Dormindo lá em cima. Ronald o que está acontecendo? –Mas a resposta dele foi um beijo.

De início eu não sabia o que fazer, apenas fiquei estática, mas depois quando suas mãos foram lentamente até minha nuca e me puxaram para mais perto eu retribuí.

Aquele beijo era tudo o que eu queria quando o via saltitando pelos corredores de Hogwarts ao lado de Lilá Brown no sexto ano, e quando finalmente o tive percebi que não era nada que eu imaginei que seria.

Talvez na época eu teria sentido as famosas borboletas no estômago, as mãos trêmulas e suadas por nervosismo, mas agora parecia completamente errado que eu continuasse, então eu o empurrei respirando fundo para me acalmar.

Mesmo que Draco tivesse me mostrado que eu não deveria me sentir suja ou deixar o trauma pelo que houve com Goyle me dominar era impossível não me assustar quando se aproximavam de mim tão de repente.

—Por que fez isso? –Perguntei baixo abraçando a mim mesma.

—Porque eu amo você Hermione.

—O quê?

—Sei que há muito tempo não nos falamos e entendo que não sinta nada além de ódio por mim por causa do que eu disse a você, mas eu precisava que soubesse. Não há um dia em que eu não pense em você e no quanto eu poderia fazê-la feliz, no quanto eu me esforçaria pra ver um sorriso no seu rosto.

“Mione eu sei que fui um idiota, não só com você, mas com o menino também. Ele é seu filho e eu respeito isso, sinto muito pelo que eu disse e por tudo o que passou quando ele nasceu, eu sei que eu errei. Por favor, só me prometa que vai me dar mais uma chance para sermos amigos como antes e eu prometo que vou estar do seu lado como deveria quando precisou de mim.”

—Rony você é um excelente amigo, mas não o vejo como algo diferente disso, portanto não tente mais nada. Todos merecem uma segunda chance não é? Não sou eu que vou negar-lhe isso. –Falei e ele sorriu dando um passo em minha direção, mas ele logo recuou.

—Posso? –Não respondi, apenas fui até ele e o abracei apertado.

Flashback Off

Ao mesmo tempo que Rony sempre foi tudo o que eu queria, Draco também era, e por mais que eu amasse os dois, mesmo que de formas diferentes, eu teria que escolher um deles antes que o outro se machucasse mais e assim eu acabasse me machucando também.

É tudo o que você queria, é tudo o que você não queria
Uma porta se abrindo e outra se fechando
Algumas orações encontram respostas
Outras nunca se sabe
Estamos segurando firme e deixando ir