Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 94
Crise 94 - Empreendendo


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta! Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645979/chapter/94

 

Era ela, ela mesmo. A Capitã Coração Negro, a terrível pirata espacial que quase acabou com a gente poucos meses atrás. O que ela estava fazendo ali? Ela deveria estar presa!

—O que foi, capitã? - disse um dos homens dela, andando depressa com uma bandeja vazia.

—Você se lembra dele? - disse a capitã – O mesmo garoto que ajudou a nos prender.

—Sim. É ele mesmo – disse outro dos funcionários.

—É verdade. Graças a ele ficamos presos por todo esse tempo! - disse outro.

Nisso, todos os funcionários do quiosque dirigiram seus olhares para a minha pessoa. Diante dessa situação eu precisava tomar uma atitude. Sim. Isso mesmo. Fechei meus punhos, rangi os dentes e...corri para bem longe dali, de volta para os meus amigos. Corri sem nem olhar para trás!

—Pessoal! Pessoal! - cheguei gritando, praticamente tropeçando em meus próprios pés.

—Vitor? - perguntou Mabi.

—Você está bem? - perguntou Eduardo.

—Cadê a comida? - perguntou Morgan.

—Esqueça a comida! Vocês não vão acreditar! A...A...

—Você não trouxe a comida? - Morgan insistia.

—Espera. Você tem que escutar...eu...

—Não trouxe a comida? - continuou Morgan – Puxa vida. Você só tinha um trabalho: trazer a comida. E o que você faz? Não traz a comida!

—Deixa eu falar! - exclamei – É a Capitã Coração Negro. Ela estava no quiosque.

—Quem? - perguntou Mabi.

—Uma vilã terrível! - falei, lembrando que Mabi e Eduardo não conheceram a Coração Negro.

—Você tem certeza? - perguntou Estrela, levantando seus óculos escuros – Coração Negro foi presa.

—É. Também foi o que pensei. Mas era ela. Certeza de que era. Não confundiria aquele jeito de falar por nada – disse – Como isso é possível? Ela foi presa há pouquíssimo tempo.

—Bem, tem que ver o local em que ela foi presa – disse Estrela, coçando a cabeça.

—O que o local tem a ver com isso? - perguntei.

—Acho que tenho uma hipótese – disse Eduardo, com toda a calma do mundo – Veja...normalmente pensamos que o tempo passa do mesmo jeito para todos, certo? Mas não é bem assim. De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, a passagem do tempo depende muito da referência que você adota. Mais precisamente, a passagem do tempo depende da gravidade local.

—Gravidade? - indaguei.

—Sim. Pela teoria da relatividade, a gravidade nada mais é do que uma deformação do espaço e do tempo por conta da presença de massa. Dependendo da quantidade de massa disponível do local onde essa pessoa estava presa, o tempo deve ter passado de modo diferente naquele lugar.

—Faz sentido – disse Estrela – A prisão em que Coração Negro ficou tinha uma passagem de tempo diferente. Passou pouco tempo para nós, mas para ela deve ter sido mais tempo.

—De quanto tempo foi a pena dela? - pergnutei.

—Espere – Estrela consultou a rede de seu Portal Gun e logo obteve a resposta ao entrar em alguns relatórios confidenciais – Ah, sim. Convertendo para anos terráqueos...seria o equivalente a 15 anos.

—Só isso? - perguntei.

—Espera – disse ela, continuando a investigar – Ah, aqui...parece que ela foi liberada mais cedo por bom comportamento.

—Bom comportamento? - perguntei.

—Sim. Isso conta. A pena dela acabou reduzida em 5 anos – disse Estrela – Em outras palavras, ela foi detida por apenas 10 anos.

—Repito...só isso para uma pirata tão perigosa? - perguntei.

—Bem, recuperaram boa parte do que ela roubou e a políca intergaláctica não conseguiu muitas evidências dos outros crimes.

—A justiça por aí é mais branda do que eu pensava – disse Mabi.

—Mas os processos são bem mais rápidos – disse Estrela.

—Tá, tá, tá...que seja – falou Morgan em tom impaciente – O que eu quero saber é da comida. Vai mesmo nos deixar com fome?

—Eu não volto para aquele lugar sozinho nem ferrando – retruquei.

—Está bem, eu vou com você – disse Estrela – Por favor, cuidem do nosso espaço aqui, tá?

—Pode deixar – disse Mabi.

Estrela e eu voltamos para o quiosque. Novamente, encontramos a Coração Negro ali, trabalhando duro atendendo clientes com pratos típicos da região.

—Olhando bem...parece ela mesmo – falou Estrela, nem um pouco preocupada – Só que alguns anos envelhecida.

—Então é isso! Ela realmente ficou esse tempo na cadeia – falei – Vai mesmo falar com ela?

—Bom, o que ela pode fazer? Precisamos comprar a comida ou Morgan não vai nos deixar em paz – respondeu ela.

—Não podemos comprar em outro quiosque? - perguntei.

—Deixa de ser medroso – disse Estrela – Ei, Coração Negro.

—Oh, você! - disse a capitã, assim que colocou os olhos em Estrela – Você é a garota que me mandou para a cadeia!

—Sim, eu mesma – disse Estrela – Quero fazer um pedido.

—E você fala assim? Como se não fosse nada? - reclamou a capitã.

—O que você quer que eu fale? - indagou Estrela.

—Como assim? Aposto que está curiosa para saber como vim parar aqui! - disse a capitã, em seu jeito sempre expansivo.

—Não, não estou – respondeu Estrela friamente.

—É uma longa história, mas vou resumi-la – disse a capitã – Rudger! Música dramática!

E um dos funcionários pegou um violino e começou a tocar uma música triste.

—Sim, depois de ser manda para a prisão feminina espacial mais casca dura do pedaço, aprendi a trabalhar, cozinhar, limpar, cortar cebolas e batatas, muitas batatas, e várias outras tarefas – prosseguiu – Tive que sobreviver na cadeia e todas as minhas colegas eram más comigo...mas eu consegui aguentar e jurei que sobreviveria, juntaria novamente meu bando e juntos...

Nisso, todos os piratas (ou talvez ex-piratas) começaram a chorar.

—Juntos mudaríamos de vida e conquistaríamos o universo não como piratas, mas...como mestres da cozinha litorânea. Sim. Decidimos nos mudar para Solis, o planeta onde é sempre verão. Começamos com um quiosque modesto, mas logo teremos uma rede de restaurantes.

—Sim – disse um dos piratas – Graças a nossa grande capitã, agora temos um lugar para viver.

—Nem todos os meus homens saíram da cadeia, mas conforme eles forem saindo, irei integrá-los à cozinha – disse ela – Sim, sou uma nova pessoa.

—Então, não quer se vingar? - perguntei.

—Se...não quero me vingar... - a capitã parecia segurar aquela faca com mais força do que de costume, mas apesar de parecer ranger os dentes, ela terminou calma – Imagina. Quero apenas prosseguir com uma vida honesta.

—Mesmo? - insisti na pergunta.

—Mesmo – ela respondeu.

—Ótimo – disse Estrela, claramente não dando a mínima para aquilo – Pode atender nosso pedido.

E assim ela nos atendeu. Trouxemos a comida e...caraca, não é que ela estava trabalhando bem mesmo? Tudo que compramos estava ótimo. Parece que não tínhamos mais com o que nos preocuparmos.

—Viu só, Vitor? - disse Mabi – As pessoas mudam.

—Ah, que delícia de comida – disse Morgan, deitado com uma barriga cheia enorme para cima – Nunca comi tão bem.

—Comendo às nossas custas, devo sempre lembrar – disse Estrela.

—Pense em todas as vezes que o Kevin te ajudou – respondeu o mouseano, sem abrir os olhos – É só uma troca de favor.

—Francamente – Estrela reclamava, mas até que nossas férias estavam bem tranquilas. Isso até ouvirmos uma mensagem no alto-falante da praia.

—Atenção! Atenção a todos! Começaremos amanhã de manhã nossa tradicional corrida de melancias – dizia o anunciante – Atenção!

—Corrida de melancias? - perguntei.

—Ah, aqui está – disse Eduardo, consultando um manual turístico do planeta. Como conseguíamos ler aquilo? Bem, graças à presença de Estrela com seu chip interno de tradução simultânea, conseguíamos entender qualquer coisa que líamos ou falávamos – A corrida de melancias é uma corrida tradicional dessa região. Os participantes correm segurando uma melancia e tentam chegar com ela inteira até a linha de chegada. Vale tentar derrubar a melancia dos outros.

—Ah – exclamei, não muito interessado.

—E o nosso prêmio será... - o anunciante continuava - ...o medalhão Falis Solis, com o rosto do fundador dessa cidade litorânea que vale muito no mercado externo.

—Sim, isso é verdade – disse Estrela – Um medalhão desses é praticamente um tesouro.

—Te...tesouro! TESOURO! - ouvimos uma voz vinda do quiosque...sim, daquele quiosque.

—O que foi, capitã? - disse um dos funcionários.

—A senhorita está bem? - perguntou outro - Está se curvando tanto para baixo. O bobó de camarão não caiu bem não, é? 

—Tesouro...tesouro – e, de repente, ela tira sua roupa de dona de quiosque, mudando imediatamente para uma roupa de pirata espacial – Onde estava com a cabeça em tentar ganhar a vida com um quiosque? Sou uma pirata! Não vou desistir dos meus sonhos! Vamos ganhar aquela medalha e nos tornar os maiores piratas do espaço novamente! Quem está comigo?!

Todos os funcionários gritaram alegremente levantando as mãos com os punhos cerrados.

—Err...moça – disse um garotinho aguardando no caixa – Meu sorvete vai demorar muito?

—Oh, desculpe, desculpe, já vou pegar tá, queridinho? – disse ela. É...pelo visto teremos problemas com piratas de novo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, mais uma vez está difícil escrever com frequência, então o próximo capítulo sairá apenas daqui uma semana mesmo. Mas...espero que continue acompanhando.

Até mais! :)