Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 92
Crise 92 - Adeus, Antoine


Notas iniciais do capítulo

Tivemos vários capítulos nessa semana, né? Agradeça ao feriado prolongado. Boa leitura!



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—Mais alienígenas? - questionou Kevin, enquanto corria com a gente na direção de onde o sinal apontava – É muita sorte isso acontecer enquanto estamos passando por aqui.

Sim. Além do garoto alienígena Antoine que estava passando o dia conosco, algum outro ser alienígena foi detectado nos radares de Estrela e Kevin. Todos corremos para a direção em que o sinal apontava e nos deparamos com...nada? Bem, era uma vegetação bem grande e não havia muito sinal de vida, mas, ainda assim, o sinal continuava.

—Está por aqui – disse Estrela – Em algum lugar...

—Ei, moça bonita – falou Antoine.

—Agora não, garoto – disse ela – Estou em trabalho agora.

—Mas você não tá procurando aquilo? - Antoine apontou para uma figurinha meio que jogada no chão. Sua coloração verde nos confundia com o resto das plantas e ele parecia um...cacto? É, aquelas plantas espinhentas que encontramos no deserto.

—O que é isso? - perguntei – É um tipo de cacto alienígena.

—Interessante – disse Eduardo, colocando as mãos no queixo com um olhar interessado (como sempre) – Parece mesmo com um cacto de nosso planeta, mas ele parece ter olhos e boca.

Sim, era isso mesmo. Ele parecia adormecido.

—Ah, é igual ao meu amigo – disse Antoine, correndo para perto do cacto.

—Ei, volte aqui, garoto – gritou Kevin – Não sabemos se ele é hostil.

—Relaxem. Eu sei o que ele é – respondeu Antoine – Ei, acorde.

O “cacto” acordou e olhou ao redor. Ele se levantou (sim, era uma criatura em formato de cacto com pernas) e disse:

—Ei, quem são vocês? - ele perguntou – Achei que não tinha ninguém nesse lugar desde que caí aqui.

—Caiu aqui? - perguntei.

—É, eu estava andando tranquilamente pela rua para comprar uma garrafa de água quando um tipo de portal esquisito apareceu na minha frente e acabei caindo aqui – explicou ele.

—Ah, então ele veio por buracos de minhoca – disse Estrela.

—Legal! - disse Antoine – Você é igualzinho ao cacto que tenho no meu planeta.

—Como? - perguntou – Você possui um cacto?

—Sim. Ele é meu amigo – continuou Antoine – Costumamos jogar juntos, mas eu sempre ganho dele.

—O que vocês jogam? - perguntou Eduardo.

—Normalmente pedra, papel e tesoura – explicou o garoto – Mas ele só joga pedra. Aí não tem graça.

O fato de cactos não possuírem dedos parece ser apenas um detalhe.

—Nesse planeta cactos são apenas vegetais comuns – disse Eduardo – Mas parece que há lugares do universo onde eles são mais do que isso.

—Lugares do universo? O que está acontecendo? - perguntava o pobre cacto.

—Você entrou em um buraco de minhoca – disse Estrela – Mas não se preocupe, diga mais algumas informações sobre o seu planeta e eu o mandarei de volta.

—Meu planeta se chama Cacnopia...mas...está dizendo que existe mesmo vida em outros lugares por aí? - perguntou ele.

—O universo é bem grande – disse Estrela, enquanto vasculhava informações no Portal Gun – Ah, aqui está. Vou abrir um novo buraco de minhoca e você poderá voltar ao seu planeta, tudo bem?

—O-Obrigado – disse ele – Quero voltar logo para casa...hoje sai o episódio final da minha série preferida, Game of Cactus.

Apenas nos entreolhamos.

—Espere, preciso registrar uma ocorrência disso antes de mandá-lo para lá e... - Kevin disse isso, mas Estrela já havia aberto um portal e mandado o pobre cacto para sua terra natal de novo.

—Pronto – disse ela.

—Por que você não segue as regras? - reclamou Kevin.

—Não precisamos mexer com burocracias chatas. Se ninguém saber, qual é o problema? - respondeu ela.

—Somos mesmo diferentes – resmungou ele.

—Falando em voltar para casa, acho que já deu meu tempo aqui – disse o garoto.

—Já vai embora? - perguntou Mabi.

—É, não costumo ficar muito tempo num lugar só – disse Antoine – Quero visitar o máximo de lugar que puder enquanto tenho tempo.

—Seus pais não ficam preocupados com você indo e voltando o tempo todo? - questionou Mabi.

—Ah, não se preocupe com isso – disse Antoine, com um sorriso.

Naquele momento senti um certo aperto no coração. É verdade, como não pensei nisso? Se aquele garoto viajar o tempo todo pelo universo talvez ele simplesmente não tivesse uma família. Ele devia viver solitário em seu planetinha, juntamente com seu cacto de estimação. Devia ser uma vida muito triste.

—É, não precisa se preocupar – falou ele, virando-se de costas. Pobre garoto...devia estar refletindo sobre a tristeza de viver sozinho.

—Puxa, Antoine, nós não queríamos... - mas fui interrompido antes de poder falar alguma coisa.

—Não precisam se preocupar porque os meus pais moram em um castelo no planeta gigante logo ao lado do meu planeta. Só me mudei de casa porque queria me virar sozinho – disse ele sorridente. Tá. Tá legal. Nunca mais tento adivinhar se uma pessoa tem uma vida triste ou não.

De qualquer forma, ele estava decidido a ir embora.

—É que aquele carinha me fez lembrar do meu amigo cacto – disse ele – Cactos tem espinhos, mas também tem sentimentos.

—Vou me lembrar disso quando ver o cacto que minha mãe guarda no apartamento – disse Kevin.

—Mas antes de ir...queria levar algo de lembrança – disse Antoine.

—Batata frita? - perguntei.

—Ah, não. Já comi bastante – disse ele – Outra coisa...

—Batata assada? - perguntei.

—O mundo não se resume a batatas, Vitor – disse Estrela – Diga, garoto, o que você quer?

—Podem me fazer um desenho de lembrança – disse ele – Acho que eles são mais especiais do que fotos.

Ele tirou um pedaço de papel do bolso e me entregou. Kevin me entregou uma caneta e, por alguma razão, recebi a missão de desenhar algo de lembrança. Bom, não sou bom desenhista, mas fiz alguns bonecos palito representando todos nós (eu, Estrela, Mabi, Eduardo, Kevin e Antoine). Ele parece ter gostado.

—Obrigado – disse ele – Mas...podia desenhar o meu cabelo um pouco melhor?

—Não consigo desenhar muito melhor que isso – falei.

—Relaxe – disse Antoine – Já encontrei outras pessoas piores. Olha só esse desenho aqui...

E ele me mostrou o desenho de um chapéu ou algo assim.

—Um chapéu? - perguntei.

—Deixe de ser bobo, Vitor – falou Estrela seriamente – Isso não é um chapéu. É uma cobra que engoliu um elefante.

—Como assim? - indaguei.

—Sim. É isso mesmo – falou Antoine – Não precisa ser bonito, só precisa significar algo.

—Mas...

—Sim, Vitor – disse Mabi – Não importa como se olhe, é uma cobra que engoliu um elefante.

—Mas eu vi um chapéu! - reclamei.

—Arte pode ter muitos pontos de vista – disse Eduardo – Talvez o artista quisesse uma dupla interpretação. Quem sabe?

—E então? Mais alguma coisa? - perguntou Estrela insensivelmente (como sempre).

—Não. Isso já basta – disse ele – Vou me lembrar de vocês para sempre. E vocês também são responsáveis por mim agora.

—Como assim? - perguntei.

—Sim. Também me ensinaram isso uma vez...você é eternamente responsável por aquele que cativa mostrando coisas gostosas como batata-frita.

—Já ouvi uma frase parecida...mas acho que não tinha batata-frita no meio – disse Mabi – Ah, mas é claro que sempre pode nos visitar se quiser. Ficarei feliz em preparar comidas gostosas para você.

—Eu não vou me responsabilizar por nada, tá bom? Pode me incluir fora dessa - disse Estrela.

—Estrela! Não pode ser mais sensível? - perguntei.

—Tá legal! - disse Antoine, assobiando com os dedos – Daqui a dez minutos minha carona chega.

—Opa. Essa eu quero ver – disse Estrela – Ainda não engoli essa história de “estrelinhas viajantes”.

E dez minutos depois vemos um pequeno astro se aproximar de onde estávamos. Parecia um disco voador em forma de estrela. Era mais ou menos do tamanho de um sofá médio e tinha a inscrição “Estrelinhas Viajantes Cia. Ltda.” do lado. O objeto chegou rapidamente e quase não percebemos.

—Serviço de transporta Estrelinhas Viajantes. Muito bem – disse uma voz digital vinda do disco – Frequência de assobio da família real confirmado. Príncipe Antoine. Confirma identidade?

—Sim – disse Antoine – Vamos nessa!

—Ah, mas é claro – disse Estrela – Eles só respondem o seu assobio, não é?

—Na verdade, os assobios da família real – disse ele – Mas funciona, não funciona?

 

Aquilo não passava de um über intergaláctico reservado para a família real.

—Bom, vou indo. Foi muito bom conhecer vocês – disse ele, abraçando Estrela e Mabi mais uma vez. Já Kevin, Eduardo e eu...bem, recebemos apenas um aceno – É...também foi legal conhecer vocês. Tchau.

Nem queria um abraço mesmo. O garotinho subiu a bordo do disco, uma espécie de campo de força foi colocado em volta dele e o objeto saiu voando tão rápido quanto chegou.

—Um campo de força simples, heim? - disse Estrela – Mas para o grau de tecnologia da Terra é mais do que suficiente para não ser detectado.

—Adeus, pequeno príncipe – disse Mabi – Ah, ele era fofo.

—Mas meio esquisitinho, né? - falei.

—Isso é curioso – disse Estrela – O universo é mesmo grande. Não tenho a menor ideia de onde aquele garoto veio, mas talvez não seja tão distante do planeta de origem daquele cacto, se é que ele tinha mesmo um cacto de estimação.

—Sim. Como o cacto foi parar no planeta dele? - indaguei.

—Talvez os pais dele sejam conquistadores de planetas – sugeriu Estrela – É possível...mas...não sei, às vezes é melhor manter a pureza da infância.

—Concordo – falei – Seja como for, aquele garotinho parecia feliz.

—E por falar em felicidade...será que não podemos voltar para a nossa excursão? - disse Kevin – Ainda temos muito o que aprender sobre batatas!

Apenas respirei fundo. Mas, apesar dos pesares, foi bom não ter arriscado a vida com alienígenas para variar e...

—Ai!

—Vitor, você tá bem? - perguntou Mabi.

—Cuidado para não tropeçar nas plantações de batata – disse Estrela.

É mesmo irônico que batatas do planeta Terra tenham me machucado mais naquele dia do que os alienígenas que encontramos. Ai!


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Notas finais do capítulo

Esse arco foi mais para relaxar mesmo e homenagear o Pequeno Príncipe, um dos meus livros infantis preferidos. No mais, é totalmente filler...nada daqui vai influenciar acontecimentos importantes no futuro da fic.

No próximo capítulo, iniciamos um novo arco.

Até! :)