Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 9
Crise 09 - Noite das Meninas




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Crise 09 - Noite das Meninas

Embora eu não estivesse nem um pouco interessado em conversar com a Bruna, Estrela precisava descobrir o que estava por trás daquela menina. Por isso, terminada a primeira parte das aulas da manhã, fomos atrás dela na hora do intervalo. No meu caso, mais puxado pela Estrela do que por qualquer outra coisa.

– Vamos lá - disse Estrela, praticamente me arrastando pela camisa quando o sinal para o intervalo tocou - Vamos ver o que conseguimos descobrir daquela garota.

– Olha, eu não me metia com aquela Bruna se fosse você, sabe - tentei argumentar - Ela não é muito..confiável. Pelas histórias que ouvi..

– Independente de quem seja, se estiver envolvida com um alienígena ou for uma, então é minha responsabilidade - interrompeu Estrela, sem largar da gola da minha camisa (já falei o quanto aquela garota era forte?) - O meu Portal Gun não se engana.

Bruna já havia saído da sala e estava indo para o pátio, conversando alguma coisa com sua escrava, digo, melhor amiga Priscila. Não demorou muito para alcançá-las, embora tenha dado para ouvir as últimas palavras de Bruna para Priscila.

– Então sua tia ainda não terminou de costurar aquele vestido para mim, Pri? - perguntou Bruna.

– Ela tem andado muito ocupada - explicou Priscila, notoriamente intimidada.

– Queria muito usá-lo no casamento da minha prima mês que vem, viu? Se ela pudesse adiantar as coisas, seria muito bom para mim e...para você também, né? - disse Bruna, em um tom sorridente, mas, sabe-se lá como, assustador ao mesmo tempo.

– Bruna, não é? - perguntou Estrela, chegando sorrateiramente próximo das meninas.

– Ah, oi - cumprimentou Bruna, exibindo um enorme sorriso imediatamente. Ela meio que cutucou Priscila com o cotovelo e ela também sorri - E aí, Estrela? No que eu posso te ajudar?

– Bem, nada especial. Achei que pudéssemos conversar mais - disse Estrela, em um tom que não poderia ser mais artificial. Agora eu que a cutuquei com o cotovelo.

– Sorria - disse para Estrela assim que ela olhou para mim, mexendo os lábios e sem emitir som. O resultado foi um sorrisinho bem simples. Se ela quisesse parecer simpática, ainda precisaria melhorar muito.

– Oh, sério? - disse Bruna - Que bom! Sabia que podíamos nos tornar grandes amigas!

– Você parece ser bem popular por aqui...deve conhecer bem esse planeta - comentou Estrela.

– Como? - estranhou Bruna.

– Escola. Quis dizer, escola - a ecologista corrige imediatamente.

– Bem, estudo aqui há algum tempo. Mas sim, adoro essa escola! - Bruna falou toda sorridente - Aliás, nós duas, não é, Priscila?

– Oh, sim. Muito. Minha vida não poderia estar melhor - disse Priscila em um tom claramente insincero.

– Seria bom ter alguém para me falar mais sobre esse lugar - comentou Estrela.

– O Vitor não te mostrou? - perguntou Bruna, olhando para mim (e finalmente reparando que eu estava ali).

Eu iria responder, mas Estrela interrompeu na mesma hora.

– Ah, ele só tem me seguido e resolvi ficar com ele.

Pare de me tratar como um animal de estimação..

– Entendo - disse Bruna, voltando a me ignorar completamente - Bom, acho que podemos conversar melhor...

– Por celular? Agora mesmo! Basta me passar o seu número! - Estrela interrompeu na mesma hora, retirando seu celular do bolso, que começou a apitar imediatamente.

– O que está acontecendo? - perguntou Bruna.

– Apenas uma função que não aprendi a controlar muito bem - falou Estrela - Mas acho que diminui se ficar mais próxima de você.

E ela foi aproximando o aparelho da garota sem nenhuma cerimônia. Sei que Bruna é uma falsa, mas o desconforto dela também estava me deixando com certo receio.

– O que está fazendo? - Bruna já estava quase falando de forma mais ríspida, mas eu resolvi finalmente interferir.

– Estrela...pare com isso!

– Só estou tentando resolver o problema - ela retrucou.

– Bom, posso te passar o meu número, claro - disse Bruna, quando Estrela finalmente afastou o aparelho - Mas podemos conversar com mais calma em um lugar mais apropriado, não acha?

– Como assim? - perguntou Estrela.

– Toma - Bruna retirou um pequeno cartão do bolso e entregou para Estrela - Aqui está o meu endereço. Farei uma festa só para meninas na minha casa, esse sábado, por volta das oito da noite. Por que não aparece por lá?

– Uma festa só para meninas?

– Será uma noite das meninas. Tipo, uma festa do pijama só para meninas. Minha casa é bem grande, podemos nos divertir bastante a madrugada toda! A Priscila e outras garotas também estarão lá.

Pude ver o olhar de preocupação da pobre Priscila. Imagino que as festas da Bruna não deviam ser das experiências mais agradáveis para ela.

– Certamente - disse Estrela - Essa sábado, então?

– Não tem problema para os seus pais, tem?

– Não, meus pais não moram comigo. Eles estão alguns anos-luz de..

– Ela mora com uma tia bem tranquila. Não precisam se preocupar! - falei, antes que Estrela deixasse escapar que era uma alien (afinal, ela queria ou não guardar segredo?).

– Bom, se é assim. Nos vemos lá - disse Bruna - Vai ser bem divertido!

Provavelmente, Bruna pretende fazer a cabeça de Estrela para manipulá-la à vontade. Por outro lado, Estrela parecia querer enganar Bruna para tirar alguma coisa dela. Nenhuma das duas estava bem-intencionada.

– Acredito que sim - disse Estrela - Bem, preciso comprar o meu lanche. Nos vemos mais tarde.

– Até mais, Estrela. Tenho certeza de que seremos grandes amigas. Não é, Priscila?

– Ah, sim, é claro. Seremos sim - disse Priscila timidamente.

Depois de nos afastarmos, pergunto para Estrela no que estava pensando.

– Então você vai nessa...festa do pijama ou o que for?

– Claro. Preciso verificar o tipo de criatura que está ligada a essa menina.

– Você acha que ela é mesmo uma alienígena?

– Vou descobrir logo - disse Estrela - Veja.

Ela mostrou as mãos com um fio de cabelo.

– O que é isso? - indaguei.

– Um fio de cabelo da Bruna - ela respondeu - Vou analisar em laboratório o material genético dela e descobrir alguma pista.

– Então ela tem chances de ser mesmo uma alienígena? - perguntei.

– Provavelmente. Mas preciso de mais dados. Por isso, vou analisar o fio no laboratório de casa.

Nisso, Mabi e Eduardo se aproximaram de nós. É verdade. Não havíamos visto os dois na hora da entrada. Mabi apareceu simpática como sempre. Estrela falou sobre a Bruna e a festa. Mabi pareceu animada.

– Ouvi falar que a Bruna é bem rica - disse Mabi - Imagino que a casa dela deve ser um excelente lugar para dar uma festa.

– Festa do pijama, hã? - disse Eduardo - Então, garotas também gostam de se reunir para se divertir.

– Claro. Mas acho que elas não ficam até tarde jogando videogame como os meninos - complementou Mabi.

Bem, de fato, é justamente isso que eu faria se me reunisse com amigos (embora eu não tenha muitos além daqueles três ali).

– Pelo estereótipo garotas gostam de se reunir para contar segredos umas para as outras - continuou Eduardo - Você já parou para pensar, Vitor, no que as meninas conversam quando vão ao banheiro?

– N-Não - respondi.

– Não adianta, não vou falar - disse Mabi, dando um tapa leve em Eduardo, mas rindo de maneira divertida - Isso é segredo feminino.

– Garotas contam segredos umas para as outras quando vão ao banheiro? - perguntou Estrela.

– Você não tinha amigas garotas na sua outras escola? - perguntou Mabi.

– Tinha, mas imaginava que o banheiro fosse usado para outras necessidades e não para conversar e...

– Hahaha! A Estrela era mais moleca. Devia ter mais amigos meninos mesmo, não é? Hahuha - ri para tentar disfarçar o lado nada discreto de Estrela.

– Imagino que tipos de segredos a Bruna deve contar. Como representante de sala ela tem uma responsabilidade para zelas, mas...por trás daqueles olhos de cores diferentes deve haver algum mistério.

– É o que pretendo descobrir. Bruna tem alguma coisa de diferente.

– Fico feliz que esteja se enturmando - falou Mabi - Mesmo estando tão pouco tempo nessa escola, já foi convidada para uma festa. Aliás, você também está convidada para ir à minha casa quando quiser. Você também, Vitor.

Mabi falou isso de forma tão doce e sorridente. Comecei a flutuar só de ouvir aquilo. "Quando quiser". Eu...na casa da Mabi...seria um sonho...um lindo sonho e...

– Se for necessário, aparecerei por lá - respondeu Estrela secamente.

Meu estado de flutuação passou. A nuvem onde estava se desmanchou.

– Estrela! Não seja mal-educada! - reclamei - A Mabi fez um convite gentil!

– E o que você quer que eu diga?

– Vocês parecem se dar muito bem - disse Mabi - Também fico feliz que esteja se socializando mais, Vitor. Estava preocupada com você, tão sozinho na outra sala.

Ah, ela estava preocupada comigo. Quase voltei a flutuar novamente. Mas agora a minha nuvem se desmanchou com o sinal de voltar para a sala.

– Bem, hora de voltar - falou Eduardo - Tenham um bom restante de dia.

Ele piscou, como se soubesse que o motivo de Estrela querer ir para essa festa fosse encontrar algum mistério envolvendo aliens. De qualquer forma, fico meio receoso de Eduardo ser tão mais esperto para essas coisas do que eu. Talvez ele devesse ser o assistente principal da Estrela ao invés de mim, mas ela não via as coisas desse jeito.

– Então é uma noite só para meninas, não é? - disse Estrela.

– S-Sim - gaguejei.

– Imagino que não irão te deixar entrar - ela disse - Dê um jeito de se infiltrar na casa da Bruna no sábado. Posso precisar de sua ajuda se as coisas saírem do controle.

– E-eu? Numa festa de meninas? E uma festa do pijama?

– Uma festa do pijama...é verdade - Estrela parecia pensativa (e ignorar minha apreensão) - Acho que meu pijama com imagens de Ekiwis desenhados vai combinar.

– Imagens do quê?

– Ekiwis parecem os ursos desse planeta. Mas não crescem muito e possuem asas parecidas com as de morcego.

– Não acha que ainda é cedo para pensar no que vai vestir? Não é melhor se concentrar no tipo de criatura que pode estar por trás da Bruna?

– É o que farei - disse Estrela - Assim que chegarmos em casa, veremos no laboratório de casa o que estamos enfrentando.

– Veremos?

– Claro. É melhor você saber o que está em jogo. Afinal, no sábado poderemos enfrentar uma criatura terrível...e é melhor estar preparado. Esse fio de cabelo vai decidir tudo!

Por que ela sempre tinha que decidir as coisas por mim? Bem, eu ainda tinha que voltar para a sala. Pelo menos isso seria tranquilo.

– E aí, meu amigão?! Bora pra sala! - disse Veterano Caio, que estava logo atrás de mim, me dando um tapa "amigável" enorme nas costas. Ele disse isso e seguiu para subir as escadas, enquanto eu praticamente sou lançado para longe. Estrela apenas observou a situação sem muito o que comentar.

– Acho que você devia treinar mais sua resistência. Se quer ser amigo dele, acho que vai precisar disso.

"Se quero ser amigo dele". Quando as coisas chegaram nesse ponto? Ainda seria uma longa semana...


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Notas finais do capítulo

Bem, essa festa do pijama pode ser bem problemática...vamos ver no que vai dar.

Até o próximo! ;)