Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 87
Crise 87 - A Queda do Esquilo Voador




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A confusão da vez é que um aluno conhecido de nossa escola, Bartolomeu, ou simplesmente Bartô, conseguiu o poder de controlar o vento do nada. Estrela suspeita que ele conseguiu esses poderes por alguma fonte alienígena, mas precisávamos de mais detalhes. Tentamos capturar a identidade não tão secreta assim de Bartô, o Esquilo Voador, mas não tivemos sucesso. Como se não bastasse, nossa escola estava sendo ameaçada por uma nova gangue de valentões mascarados com sacos de pão na cabeça. Cheguei na escola naquele dia juntamente com Estrela, tomando o máximo de cuidado para não ser um alvo daqueles folgados.

—Muito bem, Vitor – dizia Estrela, totalmente despreocupada enquanto eu olhava para todos os lados para não ver se nenhum bandido com saco de pão na cabeça viria nos atacar – Hoje nós capturamos o Bartô e o forçamos a contar como conseguiu aqueles poderes de controle do vento.

—Será que ele vai aparecer hoje? - perguntei.

—Os valentões sempre atacam, Vitor – respondeu Estrela – Se ele quer mesmo ser um super-herói, precisará agir como um.

—Bom dia – disse Mabi, chegando com Eduardo – E então? Alguma notícia sobre o Bartô?

—Nada – falou Estrela – Mas precisamos pegá-lo o quanto antes.

—Não é ele ali? - disse Eduardo, apontando para o próprio Bartolomeu, que chegava distraído pelo pátio. Estrela correu na direção dele.

—Chega de truques – disse ela, praticamente mergulhando no meio da cara dele – Você é o Esquilo Voador. Assuma logo que é.

—O quê? De novo isso? - respondeu Bartô, assustado com a investida de Estrela como qualquer um estaria.

—Preciso que você me diga como conseguiu tais poderes. É importante – insistia Estrela.

—Eu..eu não tenho nada a dizer! - disse Bartô, saindo correndo.

Ao me aproximar juntamente com Mabi e Eduardo comentei:

—Não adianta. Ele não vai falar nada sendo pressionado.

—É difícil se abrir para estranhos – disse Eduardo.

—Não era ele que queria namorar comigo? - retrucou Estrela.

—Águas passadas – rebateu Eduardo.

—Bom, se ele não pode se abrir para mim, talvez possa se abrir para outra pessoa – disse Estrela – E é aí que meu outro plano entra.

—Ah, não. Vai mesmo tentar aquele plano? - lamentei.

—Sim. Se for preciso – disse ela.

Não vou dizer que plano é esse agora, mas, infelizmente, vocês irão descobrir logo. As aulas passaram e, algumas horas depois, o intervalo começou. Os professores avisaram que estranhos com saco de pão na cabeça estavam atacando os alunos e nos pediram para tomar cuidado. Bem, os inspetores não podem dar conta de todos os valentões, ainda mais quando eles resolveram aparecer em conjunto. Sim, ao descermos para o pátio, vimos um grupo de seis caras mascarados com saco de pão e, no meio deles, uma figura mais baixinha com um megafone.

—Atenção a todos – disse ele – Nós, a Gangue Mascarada, iremos dominar esse colégio. E para mostrar que estamos falando sério...

Ele mostrou a estátua do mascote do time de vôlei da nossa escola: Gilberto, o leão-marinho. Nada mais do que um leão-marinho com cara feliz usando a camiseta do time de vôlei do colégio Conexão.

—Ei, eles pegaram o Gilberto – disse um dos alunos.

—É o símbolo do nosso time – lamento uma das meninas – O que vão fazer com ele?

—Iremos trocar a camiseta dele pela camiseta do time do colégio do bairro vizinho. Tiraremos fotos e mandaremos por toda a internet – gritou ele.

—O quê?! Isso seria humilhação demais! - disse outro aluno.

—Alguém salve nosso mascote – falou uma das garotas do time.

—Temos uma condição para libertá-lo – disse o sequestrador – Queremos que o Esquilo Voador apareça aqui e se renda. Queremos que ele renuncie suas atividades como super-herói!

—O que é isso? - perguntei para Estrela – Você não está por trás disso, está?

—Não tenho a menor ideia do que eles estão falando – respondeu Estrela.

—Interessante – disse Eduardo, que chegou com Mabi naquele instante – Realmente eles montaram um plano bem maligno.

—Não são apenas valentões comuns – comentou Mabi.

—Será que o Esquilo Voador vai aparecer? - perguntei.

Ele não apareceu, mas ouvimos outra risada vindo de trás de uma das colunas. Era outra pessoa usando um megafone, dessa vez um cara de óculos com roupa de borracha rosa que parecia imitar...um peixe?

—Tolos! - disse ele – Se tem alguém que derrubará o Esquilo Voador serei eu...o Salmão.

—O Salmão? - repeti.

—Sim. Se o Esquilo Voador não aparecer e se render...colocarei muitos peixes na geladeira da cantina. Para não desperdiçar comida, os cozinheiros deverão fazer peixe no almoço por toda a semana!

—Quem é esse cara? - perguntou um aluno.

—Parece o garoto da minha sala que vivia reclamando de não ter mais peixe no almoço – disse uma menina – Que triste...ele se tornou um vilão. A falta de variedade no cardápio do refeitório da escola pode mesmo afetar uma pessoa.

—Nada disso! - gritou outra voz, vindo de trás de outra coluna. Agora eram três meninas. Elas pareciam estudar no ensino médio e o que tinham em comum era....tiaras com orelhas de gato.

—E quem são essas agora? - perguntei.

—Parece ser aquelas meninas do primeiro ano do ensino médio que combinaram de usar tiaras de orelhas de gatinho – explicou outra pessoa.

—O Esquilo Voador irá ser derrotado por nós, o Trio Felino – disseram elas – Iremos derrubá-lo e tomar todas as tiaras de orelha de gato dessa escola. Apenas nosso trio irá usá-las.

E elas riram diabolicamente.

—Ei, estão roubando nossa cena – reclamou o valentão do saco de pão.

—Você tem um saco de pão na cabeça! Quem vai ligar para você? - disse a líder do Trio Felino.

—Não se metam ou irá sobrar para vocês também – disse o Salmão.

—Cale a boca! Quem vai levar um cara vestido de salmão a sério? - perguntaram os valentões.

—Olha, não mexam comigo – disse o Salmão tirando...peixes mortos do bolso – Eu estou armado com peixes crús e não tenho medo de usá-los.

—De onde saíram tantos malucos? - perguntou Estrela – E o pior é que nenhum deles é alienígena.

—Bem, você sabe o que dizem – disse Eduardo – Quando se sofre muito na escola, você se torna logo um herói ou apanha o bastante para se tornar um vilão.

—Nunca ouvi essa frase antes – comentei.

—Era isso ou algo parecido – continuou Eduardo – Mas...vocês já pararam para pensar que o surgimento de vilões é uma resposta natural ao surgimento de heróis?

—Como assim? - perguntou Mabi.

—Talvez o mundo seja mesmo maniqueísta. Não pode haver luz sem escuridão, assim como não pode haver bem sem mal. O pátio da escola é um reflexo do mundo em que vivemos e também apresenta uma estrutura espiritual. Se o bem ganha força, o mal também precisa ganhar mais força.

—A resposta mais simples é que esses alunos só querem chamar atenção. Não querem deixar apenas o Esquilo Voador nos holofotes – disse Estrela.

—Não temam, queridos colegas! - disse uma voz vindo de trás de uma das muretas. Era o Esquilo Voador? Não...era o …

—Mas o quê?! - as meninas do Trio Felino taparam os olhos de vergonha.

—Sim. Sou eu. O novo herói dessa escola: o Cueca Azul.

Mas era apenas o Veterano Caio vestindo apenas uma samba-canção azul e uma toalha azul como capa.

—O que está fazendo aí, Veterano Caio?! - gritei.

—Não deixarei que dominem essa escola. Derrotarei todos vocês com minha super força!

Ele tentou avançar na direção dos vilões, mas os mascarados com saco de pão apenas se juntaram e o lançaram em uma das latas de lixo.

—Queremos o verdadeiro Esquilo Voador! - reclamou o líder dos mascarados com saco de pão.

—Oh, onde está o esquilo...só ele pode salvar nosso recreio – disse um garoto do fundamental.

E eis que surge finalmente uma sombra no horizonte. Era ele...o Esquilo Voador.

—Nada temam, alunos – disse ele – Jamais permitirei que o mal estrague a paz do recreio. Eu, o Esquilo Voador estou aqui!

—Finalmente apareceu esquilo – disse o líder dos valentões.

—É. Prepare-se para ser derrotado – falou o Salmão, manipulando seus peixes crús como nunchakus.

—Não passará pelas felinas – disse a líder das três garotas.

—Não me renderei. Salvarei o mascote do colégio com meu poder de vento – disse ele, preparando-se para lançar seu ataque, mas...alguma coisa deu errada.

—Vá, Esquilo Voador. Use seus poderes – gritavam os alunos em uníssono.

—Bem...eu...

Ele tentava jogar alguma coisa, mas não conseguia.

—O que está havendo? - disse um dos mascarados.

—Ele..não tem mais poderes? - reclamou o Salmão – Como assim? Estava esperando uma boa luta. Como a batalha contra seu arqui-inimigo pode ser épica se você não dá o melhor de si.

—Ei, nós é que somos as arqui-inimigas dele! - reclamaram as meninas com tiara de gatinho.

Alguém já parou percebeu que o Esquilo Voador só apareceu por UM DIA naquele colégio? Como ele já podia ter tantos inimigos assim? Seja como for, as pessoas começaram a vaiar. Parece que não havia muito jeito.

—Vitor, é a nossa deixa – disse ela.

—Vamos mesmo fazer isso? - reclamei.

—Não reclama. Vamos logo – falou Estrela, ao mesmo tempo que me puxava enquanto o restante do pátio vaiava o esquilo.

—Bem, isso quer dizer que o esquilo está derrotado, não é? - disse o chefe baixinho dos mascarados com saco de pão – Nós vencemos.

—Não! Nós vencemos! - reclamaram as meninas de tiara.

—Do que estão falando? Isso é uma vitória do Salmão – disse o outro vilão.

—Quem se importa? Vamos atacar todos juntos e derrubar o Esquilo Voador de vez! - sugeriu um dos mascarados.

—Oh, não – lamentou o Esquilo Voador – O que aconteceu? Eu estava com meus poderes até ontem! O que houve?

—Parem – gritou uma nova voz. Na verdade, era a Estrela. Mas ela não apareceu como Estrela e sim como uma mascarada com roupa preta e um chapéu de formato muito estranho que lembrava uma espiral ou algo assim – Afastem-se dele.

—Quem é agora? - perguntou uma das meninas de tiara.

—Outro vilão? - perguntou o Salmão.

—Aquela não é... - disse Mabi, olhando para a garota diante deles – É a Estrela! E aquele é o …

Sim. Eu estava do lado dela. Mas minha roupa não era tão glamurosa. Na verdade, eu estava com a fantasia de algum roedor cinza (que não era um esquilo voador).

—Quem é você, afinal? - perguntou o chefe dos valentões mascarados.

—Sou a Vingadora Galáctica. Viajo pelo universo para enfrentar o mal e senti uma grande densidade de injustiça nesse pátio. Irei acabar com isso agora! E esse é meu fiel ajudante: Garoto Chinchila.

—Oi – foi tudo que disse.

O plano de Estrela era se aproximar de Bartô fingindo ser uma super-heroína. Ela tinha uma fantasia dessas em sua casa, que usou quando criança por obrigação de seus pais para participar de uma festa. Vingadora Galáctica parecia uma personagem famosa no Setor W. E a minha fantasia? Bem, era uma fantasia de chinchila que por acaso Estrela tinha do lado. Meu papel era apenas servir de distração para os vilões, enquanto ela resgataria o Bartô.

—Muito bem, Garoto Chinchila – disse Est...digo, Vingadora Galáctica – Acabe com os vilões.

—Mas o que eu faço? - perguntei.

—Não posso resolver todos os seus problemas, Vitor. Improvise – e Estrela me lançou no meio dos bandidos. Na queda, acabei caindo em cima justo do chefe dos mascarados e ele não ficou muito feliz.

—Ora, seu...

Não tinha muito tempo para pensar. Estavam todos vindo atrás de mim, enquanto Estrela ia atrás do Esquilo Voador. E agora? O que eu posso fazer?


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Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo veremos como toda essa bizarrice irá terminar. Até lá! :)