Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 83
Crise 83 - Problema Resolvido


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Crise 83 – Problema Resolvido

Diante de tudo que aconteceu a única opção que nos restou foi que Estrela e eu nos disfarçássemos e raptássemos Bruna para apagar a memória dela a respeito do segredo de Priscila. Isso evitaria o futuro tenebroso que ocorreria caso ela revelasse para o colégio todo o pequeno segredo da garota. E foi o que fizemos. Graças às roupas que pegamos emprestadas (ainda que sem avisar) do grupo de teatro da escola, invadimos a palestra que a Estrela do futuro estava apresentando e sequestramos Bruna. É, foi a primeira vez que sequestrei alguém e, não, não me sentia nada bem com isso.

—Me soltem! Me soltem logo! - gritava Bruna, carregada nas costas por Estrela (devidamente disfarçada em sua roupa de coelho rosa) que era constantemente socada pela garota. Bem, não podíamos culpá-la, afinal, ninguém gosta de ser raptado, não é?

—Já vamos resolver isso – explicou Estrela – Só precisamos achar um lugar mais seguro.

Eu odiava correr, mas precisava fazer isso para acompanhar o passo de Estrela. Bem, pelo menos todo mundo na escola estava acreditando que era só alguma encenação do grupo de teatro e não acharam estranho. Quer dizer, todos pensavam isso, menos uma pessoa.

—Parados aí! - gritou Kevin, bem na nossa frente.

—O que está fazendo? - perguntou Estrela, freando de repente e quase derrubando Bruna.

—Não posso permitir que sequestrem a representante da nossa sala e saiam impunes – disse ele – O senso de justiça que desenvolvi no meu treinamento não permite isso.

—Espera aí, Kevin. Nós...

Mas fui interrompido rapidamente.

—Ei, desde quando nos conhecemos? - perguntou ele.

—Está brincando? Nós somos – mas dessa vez foi Estrela quem me interrompeu.

—É. Estamos raptando a representante. Saia da nossa frente agora.

—O quê?! Vamos assumir a culpa mesmo e...

Estrela olhou para mim (com toda a dificuldade de olhar pelos pequenos buraquinhos na cabeça de coelho que ela vestia) e acenou negativamente com a cabeça. É verdade. Para Bruna, estávamos ainda na palestra. Ela não poderia saber que havia duas Estrelas e dois Vitors.

—Ah, que bom. Alguém para me ajudar – disse Bruna – Vai, Kevin! Cumpra o seu dever de aluno e salve sua representante.

—Se não vão entregá-la por bem, terei que tomá-la à força – gritou Kevin, partindo para cima de Estrela.

—Ele realmente não nos reconhece...é um idiota mesmo – disse Estrela, desviando-se facilmente da investida de Kevin (mesmo com Bruna nas costas). Ela salta por cima do agente e o chuta para trás, fazendo-o quase derrubar uma lata de lixo.

—Vamos logo! - disse Estrela para mim.

—Desculpe por isso – falei para Kevin que tentou se levantar, mas já estávamos fugindo. Bruna continuou gritando e Kevin parecia desolado.

—Você é mesmo um coelho forte – disse ele – Mas não vou me dar por vencido, eu vou...

Ele até iria terminar de falar alguma coisa, mas assim que se levantou, uma outra pessoa, caminhando tranquilamente por ali, tropeçou em uma casca de banana e derrubou o cachorro-quente que estava carregando em cima do pobre Kevin. É, era o Bartô ou nosso amigo apaixonado por alienígenas.

—Ai, caramba. Paguei tão caro nesse hot-dog – reclamou ele, recebendo um olhar de reprovação de Kevin que, por sua vez, tinha molho escorrendo pelo rosto e uma salsicha na cabeça.

De qualquer forma, chegamos aos fundos da escola, atrás da quadra de esportes, um lugar mais ou menos deserto, onde poderíamos apagar a memória de Bruna (mais uma vez) com mais tranquilidade.

—Ora, seus – reclamou ela, assim que Estrela a jogou no chão – Não sei que brincadeira é essa, mas vão se arrepender. Minha família pode até pagar o resgate, mas vocês vão para a cadeia assim que …

—Não queremos dinheiro nenhum – falou Estrela – Só pegamos você um pouquinho emprestada para esclarecermos algumas coisas.

—Afinal, quem é você? Por que está vestindo essa fantasia ridícula de coelho? - perguntou Bruna.

—E por que você veste essa fantasia ridícula de terráquea? - perguntou Estrela.

—O quê? Do que está falando? - estranhou ela.

—Relaxe, isso não vai demorar muito. Segure ela, tá bom? - disse Estrela para mim.

—Eu? Segurar a Bruna? - falei, olhando para ela. Bem, ela rosnava para mim como um cachorro bravo, então não seria nada fácil.

—Vai logo – disse Estrela, me empurrando para cima dela.

—Fique quietinha, sim? - falei, tentando segurar os braços de Bruna, mas é claro que ela não parava quieta.

—Quieta? Você tá louco mesmo! Eu vou é fazer um escândalo! Vou gritar para todo o colégio ouvir!

—Isso não vai doer. Estou falando sério – falei.

—Você é a última pessoa que eu levaria a sério! - reclamou ela.

—Por quê? Está me achando com cara de palhaço e... - bem, olhei para minha fantasia e calei a boca. De qualquer forma, foi rápido. Estrela fez alguns ajustes no Portal Gun e atirou em Bruna. A garota caiu para trás.

—Deu certo? - perguntei.

—Relaxe. Ela não vai morrer – disse Estrela, claramente nem um pouco preocupada. Aos poucos, Bruna recuperou a consciência.

—Ai, o que aconteceu? - perguntou ela.

—Obrigada por participar da encenação interativa do grupo de teatro – disse Estrela, encarnando um personagem – Graças a você, pudemos divulgar nosso trabalho por toda a escola.

—Ah, por isso que me trouxeram aqui? - perguntou ela – Que absurdo! Vocês são mesmo uns idiotas.Vou reclamar isso para o diretor.

Bem, se for com ele, não precisamos nos preocupar muito...

—De qualquer forma...você está bem? - perguntei.

—Claro. Por que não estaria? - disse ela – Quer dizer...parece que minha cabeça tá meio estranha...é como se eu tivesse esquecido alguma coisa...sei lá...algo a ver com a Priscila, minha amiga...

Droga, será que o processo de apagar a memória não deu certo?

—Ah, é. Lembrei que preciso pedir para ela providenciar uns doces que a mãe dela sabe fazer muito bem. Faz tempo que não como.

—Só isso? - perguntei.

—É...o que mais seria? A Priscila é tão sem graça, não tem muito o que falar dela. Às vezes acho que ela gosta de alguém, mas não sei quem...

Respirei aliviado. Aquilo era a prova de que o processo deu certo.

—E vocês – continuou Bruna – Nunca mais façam essa bobagem. Evento de divulgação...cada jogada de marketing que me aparece...

E ela saiu de cena, apenas resmungando isso. Parece que tudo deu certo, afinal.

—Pronto – disse Estrela, tirando a máscara de coelho assim que Bruna foi embora – O problema está resolvido.

—Finalmente! - estava realmente aliviado.

Depois de tirarmos as fantasias, demos um tempo e pedimos para nossas versões do futuro se encontrarem conosco nos fundos da escola. Eles nos encontraram lá, juntamente com Kevin, Eduardo e Mabi, os únicos que sabiam de nossos duplos. Contamos tudo que aconteceu e, claro, Kevin ficou espantado.

—Peraí. Quer dizer que aquele coelho e aquele palhaço eram vocês? - perguntou ele – Por que não me falaram?

—Não queríamos que a Bruna soubesse que éramos nós – disse a Estrela do presente – Mas você poderia ter suspeitado, não acha?

—Como pude cair nessa? - Kevin se sentia desolado.

—Kevin? Por que está com catchup no cabelo? - perguntou Mabi.

—Foi um acidente – lamentou ele.

—Foi uma jogada arriscada – disse a Estrela do futuro – Mas pelo menos resolveu o problema. Bruna se esqueceu de sua chantagem e não precisamos nos preocupar que a vergonha de Priscila afete o equilíbrio da Terra.

—Ótimo – falou o Vitor do futuro – Mas e agora? O que fazemos?

—É verdade – disse Mabi – Vocês vão voltar para o futuro?

—Impossível – disse Estrela do futuro – Ao voltarmos no tempo criamos uma linha alternativa. Nunca conseguiremos retornar para o nosso futuro.

—Então o que vocês vão fazer? - perguntei.

—É simples. Vamos ficar aqui – disse a versão do futuro de Estrela.

—Ficar aqui? Mas como vamos manter a existência de vocês em segredo e...

Mas a Estrela do presente me interrompeu.

—Acho que sei o que está pensando – disse ela.

—Sim. Isso mesmo. Temos que pensar igual, afinal, somos a mesma pessoa – completou a Estrela do futuro.

—O que ela está pensando? - perguntei.

—Acho que entendi – disse meu eu do futuro – Nós vamos ficar aqui...por que vocês vão embora.

—Nós?! - indaguei.

—Exatamente – disse a Estrela do presente – O único modo de manter o tempo coerente é esse.

—Do que estão falando? - perguntei.

—É simples – explicou a Estrela do futuro – Vocês, nossas versões de agora, devem voltar ao passado e repetir a história.

—Como é que é? - exclamei espantado – Quer que...passemos por tudo isso de novo?

—Na verdade, vocês devem passar o que nós passamos agora – explicou a Estrela do futuro – Vocês devem retornar ao passado, cumprir o nosso papel e deixar que as suas versões do passado façam o trabalho que vocês fizeram agora. Depois disso, vocês devem mandá-los para o passado e continuar com esse ciclo infinitamente.

—Claro. Faz sentido – disse Eduardo.

—Pode explicar? - pedi.

—Veja, nessa linha do tempo teríamos dois Vitors e duas Estrelas. Mas se vocês, do presente, voltarem ao passado poderão continuar a existir naquela linha de tempo, enquanto suas versões do futuro poderão continuar a existir por aqui.

—Então...nunca mais vamos nos ver? - lamentou Mabi.

—Do que está falando? Somos exatamente as mesmas pessoas – disse Estrela do futuro – Não vai mudar nada.

—Mas será que são mesmo as mesmas pessoas? - perguntou Eduardo – Como a mesma pessoa pode estar em dois lugares diferentes?

Por favor, não comece.

—Bem, é o único jeito de manter a coerência – disse a Estrela do presente – Não temos muita escolha.

—Pelo menos já sabemos o que fazer. É só avisar para nossas versões do passado apagarem a memória de Bruna e... - mas minha sugestão foi interrompida.

—Não, vocês não podem fazer isso – disse a Estrela do futuro – Vocês precisam repetir exatamente os mesmos passos que fizemos.

—Mas por quê? - perguntei.

—Pense no problema do caos – disse Eduardo – Mudanças no passado podem levar a futuros muito diferentes. Se mudarem as coisas, ninguém sabe o que pode acontecer.

—Oh, é verdade – lamentei.

—Bom, vamos logo – disse a Estrela do presente, abrindo um portal temporal com seu Portal Gun – Cara, isso acabou com a bateria do meu portal. Se o pessoal do Setor W descobrir...

—Relaxe – falou Estrela do futuro – Isso fica sendo nosso segredo.

As duas Estrela sorriem levemente e, enfim, entramos no portal temporal após nos despedirmos. Caímos exatamente na mesma região, nos fundos da escola.

—E agora? O que fazemos? - perguntei para Estrela.

—É simples. Precisamos encontrar a Priscila, tirar o Portal Gun dela e repetir toda a história.

—Repetir tudo? Isso vai ser um saco – reclamei.

—Bem, pelo menos vou poder apresentar a palestra que preparei – disse ela – Espero que nossas versões do presente tenham as mesmas ideias que nós.

—Viagens no tempo dão trabalho – comentei.

E como. O que aconteceu? A história se repetiu e tudo ocorreu como planejado. Finalmente. Quando mandamos nossas versões do presente de volta para o passado, podíamos enfim descansar dessa rotina de viagens no tempo.

—Espero que tudo dê certo para eles como deu para nós – comentei com Estrela.

—Quem se importa? Estamos em outra linha temporal mesmo – disse Estrela egoisticamente – Vamos embora.

—Que doido, né? Vão ficar nesse ciclo para sempre...o estranho é que vocês só voltaram ao passado...porque vocês voltaram ao passado...caraca, deu um nó na minha cabeça - comentou Mabi.

—É o que chamam de paradoxo Bootstrap – disse Eduardo – Quando o futuro causa o passado porque o passado causa o futuro.

Chega! Não quero ouvir sobre viagens no tempo por um bom tempo (desculpem o trocadilho). Ai, ai, espero que a partir de agora continuemos com uma rotina tranquila enfrentando alienígenas invasores em apenas uma linha do tempo.


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Notas finais do capítulo

Ufa! Consegui terminar esse arco (e devo dizer que fiquei mais satisfeito do que em Mind Clock, minha outra fic de viagem no tempo).

No próximo capítulo, mais confusões. Até lá! :)