Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 8
Crise 08 - Representante


Notas iniciais do capítulo

Agora voltamos à vida escolar de nossos heróis.



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Crise 08 - Representante de Classe

O incidente com as mensagens subliminares e a locadora gerenciada por um alienígena de chiclete mal-intencionado terminou. É verdade que o Eduardo, o namorado da garota que eu gosto, acabou descobrindo a verdade sobre a Estrela e os ocorridos na cidade e ela não foi capaz de apagar a memória dele por estar sem bateria. Apesar disso, ele não parecia disposto a revelar nada para ninguém e até se ofereceu para colaborar quando possível. Não tenho a menor ideia até onde isso pode levar, mas espero que não deixe as coisas ainda mais complicadas: afinal, algum alienígena pode surgir por esses buracos de minhoca quando menos esperarmos. Estou torcendo por isso. Para que se desesperar, não é? Meu lema é tentar ser o mais positivo que puder...mas ultimamente isso está ficando cada vez mais difícil!

– Bom dia - falei para Estrela, ao encontrá-la na entrada da escola no dia seguinte - Recarregou seu celular?

– Sim - respondeu ela (e sim, ela esqueceu de falar bom dia) - Tem bateria o suficiente para mais umas 300 horas.

– Que tipo de fonte de energia você usa?

– Tem muitos cristais feitos de um substância que emite energia própria em um planeta um pouco longe daqui. Ele consegue aproveitar a radiação infravermelha natural dos corpos ao redor e gerar uma quantidade absurda de energia. O Setor W se desenvolveu principalmente usando esses cristais. Não temos a mínima preocupação com falta de energia.

Queria muito entender o que ela fala, mas pelo jeito parece que ela tem uns cristais com energia pra caramba. Enfim, depois de tanto sufoco nos últimos dois dias, parece que finalmente iríamos descansar. Não encontramos com Mabi ou Eduardo antes do horário da aula, então subimos e fomos para a nossa sala. Ao entrar, quase dou de cara com a barriga do Veterano Caio (desvantagens de ser baixinho). Quem é o Veterano Caio? Bem, é um dos alunos peculiares da nossa sala.

– Ei, você fez a lição de matemática? Não consegui resolver nada daquilo e eu preciso entregar hoje - disse ele para mim, com um olhar de pedido de misericórdia.

Estamos falando de um cara grande, não muito atraente e forte. Bom, talvez mais gordo do que forte. E estamos falando de alguém no nono ano do fundamental. Mas também estamos falando de alguém de DEZOITO anos. Sim, ele repetiu uns quatro anos e não tinha muitas esperanças de passar naquele ano também. Por isso que Caio é chamado de Veterano Caio. Tem um bom coração, mas sérias dificuldades de aprendizado. Não falo muito com ele, já que ele parece ter suas próprias preferências na hora do intervalo: era comum vê-lo brincando com soldadinhos de plástico nesse tempo e eu não tinha muita certeza se valeria a pena participar da brincadeira.

– B-Bem, eu tentei - respondi - Mas também não sei se estão certas.

– Então tinha uma lição de matemática? - perguntou Estrela.

– Sim - falei - Você não se lembra?

Ela abriu a bolsa e pegou sua apostila. Abriu na página da lição e verificou que realmente havia tarefas para aquele dia.

– Ah, sim. Estava adiantando meu relatório e acabei esquecendo - disse ela.

– Você também não fez? - indagou o Veterano Caio.

– Nada que não se possa dar um jeito - disse Estrela, sentando rapidamente em uma cadeira desocupada (nem todos os alunos haviam chegado ainda), pegando um lápis e resolvendo todos os problemas da lição em menos de um minuto - Aqui. Está pronto.

É verdade. Embora ela tivesse uma aparência de uma garota de 14 anos (e, segundo ela, sua idade era mesmo de 14 anos terrestres ou algo equivalente na unidade de tempo do Setor W), já tinha conhecimento do mesmo nível de pós-graduados da Terra. E considerando que ela achava a Terra um planeta atrasado, para ela aquilo devia ser uma coisa extremamente fácil.

– Uau! Você é inteligente - admirou-se o Veterano Caio - Pode me ajudar com as lições?

– Não tenho tempo para isso, mas meu assistente Vitor certamente ficaria feliz em ajudá-lo - disse Estrela.

– E-eu? - gaguejei.

– Li ontem em algum lugar que ajudar os outros é bom para os terráqueos.

– Hã? Como assim terráqueos? - estranhou o veterano.

– Não é nada, Hehe - tentei disfarçar, enquanto olhava tenso para Estrela. Ela queria ou não guardar segredo sobre quem era? Se bem que, com o Portal Gun recarregado, ela só precisaria apagar a memória de todos.

– Mas não importa - falou Caio, me dando um "soquinho" de amigo (que quase me derrubou em cima das cadeiras) - O importante é ter alguém com quem contar. Agora já posso garantir minha lição. Hehe!

Caio foi para o seu lugar todo contente. Estrela estava mesmo me colocando em uma situação complicada.

– Isso é mesmo uma boa ideia? Quer dizer, não sei se serei um bom ajudante e..

– Você é bom em ajudar pessoas - interrompeu ela - E ele parece mesmo precisar de ajuda.

Olhei para trás e vi o Veterano Caio, que imediatamente me percebeu olhando.

– Ei, amigão - disse ele para mim, com duas canetas colocadas entre as gengivas e a parte de cima da boca - Eu sou uma morsa!

"Sorria e acene", pensei. "Apenas sorria e acene". É. Ele precisava de muita ajuda. Mas será que eu era a melhor pessoa para isso? Mas os problemas daquele dia estavam só começando.

– Bom diiaaaa! - uma voz musical surgia na porta da sala. Oh, sim, aquela pessoa. Ela finalmente apareceu.

– Ah, é a Bruna - disse uma garota da carteira da frente.

– Você melhorou? - perguntou uma outra colega.

– Se melhorei? Estou me sentindo uma outra pessoa! - respondeu ela, entrando na sala aos rodopios.

Deixem que eu explique de quem se trata. Bruna Agozzini, ou simplesmente Bruna, essa alegre e sorridente garota de longos cabelos castanhos lisos, tiara vermelha e apresentando um raro caso de heterocromia (ou seja, ela tinha olhos de cores diferentes. Um era castanho e o outro era verde. Não é que ter lembrado do Eduardo falando essa palavra me ajudou?). Ela era ninguém menos que nossa representante de classe, amada de todos os professores e paixão platônica de vários meninos da escola (me excluam dessa, afinal, já tenho a Mabi...em meus sonhos, mas tenho) que havia faltado nos dois últimos dias por causa de uma virose (é sempre uma virose, já reparou?).

Bruna cumprimentou as colegas e olhou para Estrela, que havia sentado temporariamente no lugar de Bruna para fazer a lição. A representante a recebeu com um belo sorriso.

– Oi - disse Bruna - Você deve ser a aluna nova, a Estrela. Ouvi falar muito de você.

– Você seria? - perguntou Estrela, sem o mínimo de afetuosidade.

– Hã? Ah, desculpe, não fomos apresentadas - disse Bruna, rodopiando mais um pouco em tom exagerado e, enfim, se apresentando - Sou a representante de classe, Bruna. Faltei nesses dias por que peguei uma virose, mas aqui estou de volta. Como representante, gostaria de me oferecer para ajudá-la no que for preciso.

Estrela não esboçava nenhuma reação muito emotiva. Na verdade, a resposta dela não poderia ter sido mais seca.

– Não preciso de nada.

Mas Bruna insistia.

– Alunos novos costumam ter dificuldades de integração - continuou Bruna, em tom sorridente - Pode contar comigo para ajudar na sua socialização. Sou a pessoa certa quando se trata de ajudar o próximo! Não é, Pri? Pri? Você está aí, não está?

Antes que você comece a pensar que Bruna Agozzini é a nova encarnação do Messias na Terra, devo alertá-lo para que não caia na maior armadilha da nossa sala de aula. É verdade que Bruna é nossa representante e tem a missão de ajudar novos alunos. Mas a verdade é que por trás desse sorriso alegre e essa boa vontade há algo bem mais perigoso. A última aluna nova resolveu cair na conversa de Bruna e o resultado foi que se tornou uma total escrava dela. Sim, Bruna adora exercer seu poder sobre os mais fracos. Todos viam que a representante abusava o tempo todo da pobre menina, até ela não ser a aluna mais nova e dar espaço para uma nova escrava. Sim, no momento era essa Priscila.

– Tudo bem com você, Pri? - disse Bruna, com um sorriso meigo, mas com uma aura psicopata óbvia.

– S-sim - gaguejou a pobre garota.

– Você tem algo para me dizer? - perguntou Bruna.

– Antes que eu esqueça. As lições do dia que você faltou, Bruna - disse a aluna mais recente da sala (antes de Estrela) com uma expressão claramente cansada e mãos trêmulas. Parecia nervosa com a presença de Bruna, mas parecia ansiosa com o fato dela ter encontrado uma nova vítima.

– Obrigada, meu anjo. Você é mesmo um amor. Espero que também tenha trazido aqueles biscoitos amanteigados que sua mãe faz.

– Claro. Estão aqui - disse a pobre menina, pegando uma vasilha da mochila.

– Você é mesmo uma linda! - disse Bruna - Fico muito feliz que tenha se adaptado tão bem nessa escola!

A grande verdade é que se você for uma vítima de Bruna e não seguir os comandos dela, sua vida escolar se torna um verdadeiro pesadelo. Principalmente se você for uma garota insegura e carente de aceitação em um grupo. Ela pode facilmente torná-la uma figura isolada e patética. Em suma, aquela representante tinha todos os contatos para controlar sua popularidade. Tudo bem. Eu era meio isolado e também era um garoto inseguro, mas nunca liguei muito para grupos, então a presença de Bruna era indiferente para mim. O alvo preferido dela eram garotas. E, embora não seja terráquea, Estrela é uma garota.

– E então, Estrela? Podemos conversar um pouco na hora do intervalo. Posso te contar algumas coisas e..

Mas Estrela interrompe a conversa ao ouvir um barulho em seu celular. Ela pega o aparelho e ele começa a piscar junto com o som. O som ficava mais forte quanto mais o aparelho se aproximava de Bruna. Será que ela era...uma alienígena? Tá, ela tinha olhos de cores diferentes, mas fora isso ela parecia uma garota comum. Está certo que ela controlava as meninas da sala, mas será que isso poderia evoluir para controlar a Terra toda?

– Desculpe, esqueci de desligar o alarme - falou Estrela. Todas as meninas acharam o modelo de celular dela muito estranho, mas Bruna apenas continuou com seu sorriso falso - Pode ser...podemos conversar mais no intervalo.

– Que ótimo! Tenho certeza de que seremos ótimas amigas! Vamos para nossos lugares, a aula já vai começar?

É impressão minha ou a Priscila estava quase chorando...de felicidade...como uma prisioneira que acabou de ser liberta? Mas é claro que Estrela só iria conversar com Priscila para esclarecer a reação de seu celular.

– Ei, Estrela - falei baixinho - O Portal Gun acusou alguma coisa. A Bruna seria...alguma alienígena ou algo assim?

– Talvez - disse ela - Ou talvez um alienígena tenha dominado o corpo dela. Não é incomum em algumas espécies.

Incrível como ela falava isso com tanta naturalidade. Bem, acho que eu iria saber logo. Antes de me sentar, olhei para trás e vi o Veterano Caio novamente. É, ele ainda continuava com as canetas na boca imitando uma morsa. Comecei a pensar se ele também não era um alienígena disfarçado...bem, ultimamente nada é impossível.


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Notas finais do capítulo

Bem, essa Bruna é a clássica patricinha bully dos colégios, mas ao contrário da Patrícia de This Is My Gang! (outra história minha), a Bruna é mais dissimulada e sua falsidade encobre bem suas maldades. Espero torná-la uma personagem interessante. Se ela é uma alienígena ou não...espere o próximo cap, certo? Até!