Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 75
Crise 75 - O Desafio de Lua


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta com mais um capítulo! A confusão continua!



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Estávamos tentando salvar a Terra. Fomos para um depósito de lixo reciclável do tamanho de uma galáxia inteira tentar fazer uma bola gigante de objetos metálicos para atirar contra o asteroide que se aproximava do nosso planeta. Lua, a irmã de Estrela e causadora dessa confusão apareceu. Agora, ela está disposta a nos impedir de salvar nossa pobre planetinha...você não pode me culpar por estar tão nervoso!

— Lua, o que está fazendo? - reclamei - A Estrela acabou de falar que vai com você, não falou?

— Falou, mas...agora é tarde - disse Lua, com um ar de convicção, enquanto tomava a bebida que Veterano Caio deu para ela - Ela só disse isso para livrar a pele de todo mundo, mas, no fundo, você não queria isso, não é, Estrela?

Todos apenas estávamos observando a discussão. Como dizem, em briga de família é melhor não se meter.

— Bem, eu só queria cumprir com o meu trabalho - explicou Estrela - Lidar com as pessoas da Terra não é tão simples quanto você pensa. Se suspeitarem que não sou uma aluna normal, meu trabalho vai ficar ainda pior e...

— Não quero saber! - interrompeu Lua - Se não posso me divertir com você no parque, maninha...vou me divertir com você por aqui mesmo.

Lua sacou seu Portal Gun em seu modo de arma e apontou na direção de Gutter. O pobre funcionário do depósito de lixo ficou, obviamente, desesperado. 

— Ei, não me mate, por favor, eu só trabalho aqui há 100 anos e tenho família para sustentar. Meus filhos só tem 40 anos cada um - disse ele, implorando. Mas o objetivo de Lua não era bem Gutter e sim o que estava bem ao lado dele. Ela atirou em cheio no painel de controle do giga-ímã que, por sinal, vimos cair diante de nossos olhos pela janela. Nossa maior esperança estava arruinada.

— O que você fez?! - bronqueou Estrela.

— Aquilo era o controle de um giga-ímã, não era? - disse ela - Você ia usar aquilo para juntar uma quantidade enorme de metal e fazer uma bola gigante que desviasse a trajetória do asteroide, não ia?

— É, o plano era esse mesmo - disse Eduardo, calmamente.

— Amor! Por que está contando isso? - perguntou Mabi, contrariada.

— Ela já adivinhou tudo. Não há motivos para esconder - respondeu Eduardo.

— Exato - disse Lua, com um sorriso no rosto - Sem giga-ímã, queridões.

— Consertar esse giga-ímã vai demorar um bom tempo - lamentou Gutter - Eu só queria um trabalho tranquilo...

— Estrela! Sinto muito, mas já tenho motivos suficientes para prender sua irmã e... - Kevin tentou dizer alguma coisa, no entanto, nenhuma das irmãs estava dando a mínima para o que ele dizia. Estrela não costumava expressar muito o que sentia, mas, naquele momento, seu jeito de olhar lembrava bastante algo como...indignação. Já Lua não parecia nada abalada. Ela realmente queria nos impedir de salvar nosso planeta.

— No que você está pensando, afinal? Quer tanto assim destruir a Terra? - reclamei.

— Não é nada pessoal - respondeu Lua - Só quero brincar um pouco com a minha irmã. Só isso.

— Mas nosso planeta vai ser destruído! - lembrou Mabi.

— Relaxem. Vocês nem estão na Terra - disse Lua, como se aquilo fosse um consolo. E as outras bilhões de formas de vida que ainda estão lá? Como é que fica?

— É inútil debaterem racionalmente com ela - disse Estrela - Minha irmã estava em um manicômio, lembram? Ela é completamente insana.

— Eu não sou louca! Só estou querendo passar um tempo com você, o que tem de errado nisso?

 Tem tanta coisa errada nessa história que nem sei por onde começar...

— Acho que precisamos seguir o jogo dela - comentou Eduardo, coçando a cabeça - Afinal, o que você quer é jogar, não é, Lua?

— Isso. Isso mesmo. Tenho o jogo perfeito - disse Lua. Eduardo era bom em entender motivações alheias. Mabi o olhou com admiração...como é que dá para competir com um cara desses?

— A mentalidade dela não é tão complicada - explicou Eduardo, em voz baixa para Mabi - Tudo que ela está fazendo é simplesmente para chamar a atenção de Estrela. Se dermos corda, podemos achar uma saída.

 Fazia sentido. Lua, no final das contas, era uma irmã bem carente.

— O que você está pensando, afinal? - perguntou Estrela.

— É verdade que acabei fazendo um asteroide se dirigir para a Terra, mas também é verdade que tenho uma solução para isso - disse ela.

— O QUÊ?! - exclamei - Você tem um jeito de impedir isso?

— É muito simples - disse Lua, sorridente e retirando uma espécie de mini-controle remoto do bolso de sua calça - Depois que o asteroide começou o caminho dele na direção da Terra, eu passei rapidamente no Setor W e peguei emprestado alguns reatores de portal.

— Reatores de portal? Essa tecnologia é extremamente cara. Como conseguiu isso? - indagou Estrela.

— Do que ela tá falando? - perguntou Kevin, já sem paciência.

— Reatores de portal usam a mesma técnica do Portal Gun, mas podem abrir portais de tamanhos bem maiores se usados em conjunto. Usamos isso para teletransportar objetos muito grandes, mas apenas poucos habitantes do Setor W tem acesso a isso. Vou repetir: como você conseguiu isso?

— Já falei. Peguei emprestado. Ninguém nem sentiu falta - disse Lua, com toda a naturalidade (em resumo, ela surrupiou os reatores de algum jeito) - Mas são eles que podem salvá-los. Coloquei esses reatores em um arranjo específico no espaço de tal modo que eles conseguem gerar um portal gigante capaz de teletransportar o asteroide inteiro para uma outra região do universo onde ele cairá diretamente em um enorme sol e será destruído. Mas, para ativar o portal, vocês precisam apertar esse botãozinho no controle que estou segurando.

— Entendi - disse Kevin - Então só precisamos tirar o controle de você, não é? Fácil.

 Kevin tentou avançar, mas Lua apenas se abaixou, deu uma rasteira e imobilizou o agente de CICE facilmente.

— Boa tentativa, amiguinho - disse ela - Mas o jogo é outro.

— O que você está querendo fazer, Lua? - perguntou Estrela.

— Bem. Como eu disse, esse controle é a única esperança de vocês. O asteroide passará pela região dos reatores em aproximadamente...uma hora.

— Uma hora?! Só isso? - exclamei.

— Sim, então... - Lua simplesmente caminhou para uma das janelas, abriu e atirou o controle mundo afora - Vocês tem uma hora para achar o controle. Boa sorte.

— O QUE VOCÊ FEZ?! - gritei, praticamente em prantos. Devo lembrar que estávamos em cima de uma montanha de ferro-velho gigante, absurdamente gigante, algo com a extensão de uma galáxia inteira. E ela quer que procuremos um controle minúsculo no meio daquele monte de coisas metálicas acumuladas? Tinha de tudo ali: pedaços de naves, de computadores, placas de máquinas de tecnologias que não tinha a menor ideia de como funcionava...e um controlezinho que poderia nos salvar, mas...NÃO DAVA PARA SABER ONDE. Que raio de jogo era aquele?

— Como é que vamos achar o controle aí? - disse Mabi.

— Vocês viram como eu joguei, não viram? - falou Lua - Nem foi muito longe. Com paciência dá para achar.

— Em uma hora? Impossível - falei.

— Na verdade, menos de uma hora - lembrou Lua - Já estão um minuto atrasados.

— Não vamos perder tempo - disse Estrela - Não se preocupem, esse depósito tem perfeitas condições de manter a vida de vocês. Podemos sobreviver lá fora. Apenas me ajudem a procurar. Não trouxe todos vocês aqui à toa!

— C-Certo - gaguejou Mabi.

 De fato, fomos todos juntos para aquele planeta na intenção de ajudar Estrela mesmo. No fim, éramos bons amigos e acredito que Estrela nos via assim, embora não costumasse admitir muito.

Assim, descemos via Portal Gun para procurar pelo controle, deixando o pobre Gutter desesperado na tentativa de consertar o painel que controlava o super-ímã e Lua na janela, dando tchauzinho para todos nós. Que garota complicada!

— Não se preocupem - disse Estrela - Pelo ângulo e a força que ela lançou, considerando a gravidade desse local, o controle deve ter caído mais ou menos por ali.

Como disse, aquele ferro-velho era um local gigantesco, mas até que havia bastante luz, jogada por enormes torres espalhadas por toda a área. Não sei dizer se era noite mesmo ou se aquele local era sempre assim. Talvez nem fosse exatamente um local específico no universo. Talvez fosse um espaço ampliado como no quarto do Veterano Caio aquela vez. Enfim, não era hora de ficar pensando nessas coisas. Tínhamos que achar aquele controle. Pelo menos Estrela parecia ter uma ideia de onde ele havia parado.

— Confiamos em você, Estrela - disse Mabi.

— Vamos logo, procurar. Que remédio - disse Kevin, desanimado.

— Caraca, essa bebida aqui é mesmo da boa - disse Veterano Caio, tomando a bebida que pegou na geladeira do depósito - Querem um pouco?

— Você é mesmo bem despreocupado - falei.

— Ah, até que está divertido - comentou ele - Adoro quando vocês fazem essas coisas! Sempre tem alguma coisa nova para comer ou beber quando viajo com vocês.

— Sinto muito - disse Estrela, parando de repente - Minha irmã causou muitos problemas para vocês. Eu me responsabilizo pelo destino do planeta.

 Mabi colocou as mãos no ombro de Estrela com uma voz terna.

— Não se preocupe. Somos amigos, não somos? - disse ela - Tenho certeza de que no fim tudo vai dar certo.

 Ela era tão otimista. Como não amar aquela garota? Mas, devo lembrar que ela tinha um namorado...aquele cara.

— Está admirado...com a Estrela ou com a Mabi? - perguntou Eduardo, chegando atrás de mim repentinamente.

— Hã? Não, e-eu..eu...só estava...p-procurando o controle e... - gaguejei assustado. Eduardo apenas sorri.

— Não há necessidade de ficar nervoso. Respeito o que sente, meu amigo. Tenho certeza de que tudo se adequará da melhor maneira possível.

— Não entendi, eu..

— Não que eu acredite em destino ou um determinismo. Não acho que todas as coisas estejam completamente definidas. O futuro é bem aberto, mas, dadas as condições iniciais, acho que conseguimos perceber com uma boa precisão o que pode acontecer.

— Continuo não entendendo.

— Veja, confiamos em Estrela. Sabemos que ela dará um jeito de salvar nosso planeta. Sei disso por conhecer a variável Estrela envolvida nessa situação. É por isso que não estou desesperado.

— Oh...é...ela sempre dá um jeito..

— Além disso, achei que fosse seu lema sempre ver um lado positivo em tudo, não era?

— S-Sim. Eu tentava ser otimista, mas...mas...apenas enquanto minha vida era tranquila. Desde que conheci Estrela e comecei a me meter nessas encrencas no espaço e tudo mais, entrando em situações cada vez mais difíceis, percebi que era apenas uma máscara. Não, eu não sou um otimista, eu...sou um medroso mesmo...só queria ter a coragem do resto do pessoal.

— Coragem é uma virtude, mas você tem muitas outras - disse Eduardo - E esse é um outro fator que me faz entender que o futuro será bom: o fator Vitor. Se você é uma variável, tenho certeza de que fará uma diferença enorme no futuro de todos nós, incluindo o futuro de Mabi.

— Hã? Não, calma, eu não sinto e..

— Como disse, respeito o que sente - disse Eduardo - E lembre-se que não sou casado com Mabi. Não sei quais serão as escolhas dela, mas desde que ela esteja feliz, para mim é o suficiente.

 Toda aquela conversa misteriosa estava deixando minha cabeça ainda mais confusa. Tenho certeza de que não era o melhor momento para falar de sentimentos, mas ao que parecia, Eduardo parecia entender bastante do que eu sentia. Será que ele sabia que eu gostava...ah, não era hora de pensar nisso. E Kevin fez questão de nos lembrar disso.

— Ei, será que vocês podem falar menos e procurar mais? Precisamos achar aquele controle em menos de uma hora! - disse ele.

— C-Certo. Vamos lá - falei.

 Mas assim que disse isso, escutou um barulho enorme atrás de mim. Não apenas um barulho, mas também a sombra de algo que parecia um...robô gigante azul com detalhes prateados! E era a Lua ali dentro? Sim, era. O robô tinha uma forma humanoide e ela estava sentada dentro do que podemos chamar da cabeça dele. Ela abriu a janela e nos cumprimentou.

— Oi, oi, gente - exclamou ela - Vocês não acharam que seria tão fácil assim, acharam?

— Como é que é?! - exclamei, quase caindo para trás.

— Uau! Que da hora! - sorriu Veterano Caio.

Como ela conseguiu aquela coisa? Estrela, sua irmã realmente tem muitos problemas!


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Notas finais do capítulo

Menos de uma hora para deter o asteroide....será que eles saem dessa?

Veremos no próximo capítulo, quando também encerraremos essa temporada, aliás.

Espero vê-los lá.

Até! :)