Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 6
Crise 06 - Locadora Caótica


Notas iniciais do capítulo

Acabei me empolgando e quis continuar o mistério logo (mas nem sempre vou postar capítulos tão rápido assim. Hehe).



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Crise 06 - Locadora Caótica

Recapitulando: Estrela notou uma mensagem subliminar que sugere às pessoas mascarem chiclete em um vídeo passado por nossa professora de Educação Física. De acordo com a professora, o vídeo foi alugado em uma locadora próxima. Suspeitando do local, ela e eu (no meu caso, estava ali por livre e espontânea pressão) fomos ao local averiguar a situação. Mas nada garantia que teríamos algum sucesso.Estrela estava convicta de que poderíamos encontrar algo lá, mas eu não tinha tanta certeza assim. Já estávamos na rua da locadora quando resolvi, finalmente, perguntar.

– Ei. E se a locadora não tiver nada a ver com isso? Não seria mais lógico irmos atrás de quem fez esse filme?

Mas Estrela estava confiante em suas suspeitas.

– É um filme estrangeiro e pelos meus dados a maior concentração de alienígenas está mesmo nessa cidade - disse ela, o que também me fez lembrar da péssima dublagem do narrador - Além disso, é um filme antigo, considerando a tecnologia atual de vocês. Como os casos de invasão foram recentes, acho mais provável que alguém tenha editado esse vídeo.

– E você acha que foi justamente nessa locadora?

– Se não for, acho que poderemos arranjar alguma pista aqui - respondeu Estrela, já diante das portas daquele estabelecimento. Locadora. Faz muito tempo que não entro numa dessas! Depois que me acostumei com a Internet e a TV por assinatura, alugar filmes ficou para trás. Já ouvi dizer em fóruns da Internet que antigamente as pessoas chegavam a alugar jogos de videogame nesses lugares! Deve ser fantástico!

Estrela abriu a porta e dou de cara com várias prateleiras com os mais diversos tipos de filmes. Era mesmo um grande acervo. Fiquei até com vontade de olhar melhor a seção de filmes de aventura, mas Estrela estava com pressa. Ela se dirige rapidamente para o balcão, onde um homem careca, de bigodes e usando óculos com uma grossa armação a aguardava. Devia ter uns cinquenta anos para cima.

– Boa tarde. No que posso ajudá-la? - disse ele.

– Boa tarde - respondeu Estrela, lançando um leve sorriso sem um pingo de sinceridade (aquela garota quase nunca sorria, não seria agora que faria isso!) - Sabe, estou procurando por um filme em especial.

– Veio ao lugar certo - respondeu ele - O que exatamente está procurando?

– Que tal um filme sobre...mascar chiclete? - indagou Estrela, mudando sua expressão para um olhar mais cínico.

– Filme sobre chicletes? - o velho começou a ajeitar a gola da camisa, como se estivesse incomodado com alguma coisa - Não..não sei se tenho algo assim por aqui...

– Ah, mas parece ter muitos chicletes para vender em uma locadora, não acha?

– Chicletes? - falei. De certa forma, a mensagem do vídeo ainda devia estar fazendo efeito - Posso...comprar um? Estou morrendo de vontade de..

– Cale-se, Vitor - reclamou Estrela, impedindo minha aproximação do enorme pote de chicletes que aquele senhor tinha no balcão - Tente controlar seu subconsciente.

– Tem razão! Aquilo era uma subliminar...não posso me deixar controlar por isso. Preciso me controlar! Preciso me controlar!

Era o que eu estava dizendo, por mais que aqueles pequenos pacotinhos com goma de mascar estivessem quase me chamando. Será que a sugestão da mensagem era tão forte assim?

– Não sei do que estão falando. Só vendo chicletes para complementar a renda da locadora. Vocês sabem que poucas pessoas alugam filmes hoje em dia.

E desviava o olhar enquanto dizia isso.

– Ah, claro que sabe - falou Estrela, se inclinando no balcão e, ao contrário do balconista, tentava olhar muito bem nos olhos dele - A sua reação é muito suspeita. Admita. Você editou os vídeos desse lugar com uma mensagem subliminar para fazer as pessoas comprarem chiclete. É isso, não é?

O homem não respondeu.

– Mas não é só isso. Você, também não é daqui. Quero dizer, não é desse...planeta.

Essa última frase foi o suficiente para gerar uma reação esquisita. O rosto do homem começou a se modificar. Foi ficando mais molenga, de um jeito que, poucos instantes depois, podia ser retirado como uma máscara. O disfarce havia caído. Aquilo não era um ser humano. Era um alienígena. E sua aparência, embora fosse um pouco humanoide, tinha uns traços meio estranhos. O que estava na nossa frente era um cara baixinho, ainda careca, mas rosa e cheiro forte de morango, com um único olho e uma pele estranha como se fosse feita de...chiclete? Além disso, ele parecia ser adulto. Tinha um bigode e usava uma camiseta regata branca com pelos saindo pelo peito.

– Não sei quem vocês são! Mas não posso deixar que saiam daqui vivos depois disso! - disse ele, saltando em cima do balcão, com um tom bastante furioso.

– Ai, ai, acho que agora é uma ótima hora para ir almoçar, não é? - falei, tentando fugir dali, mas fui atingido por...um pedaço do corpo dele? Sim, ele podia controlar o próprio corpo à vontade, afinal, era como se aquele cara fosse feito de chiclete mesmo. É. Eu acabei grudado na parede.

– Não adianta. Você não vai fugir.

– Eu disse que queria chiclete, mas não desse jeito - falei em voz chorosa.

– Vou tomar conta de você logo, logo. E agora? Cadê a garota?

Estrela foi mais rápida. Assim que o monstro me atacou, ela logo tratou de pular para o lado interno do balcão, já com seu celular transformado em pistola. Ela tinha mesmo treinamento!

– Garota? Onde você está?

– Bem aqui! - disse Estrela, surgindo de repente na frente do inimigo e lançando um raio laser (ou algo do tipo) na cara dele. O alienígena foi mandado para longe e Estrela saltou logo para pegá-lo.

– Ai - reclamou ele - Parece que você me pegou..

– Claro, precisa de muito mais do que isso para me derrotar - falou ela - Agora conte direitinho o que está planejando.

Mas o alienígena sorriu maliciosamente e jogou mais um de seus ataques de chiclete, agora prendendo Estrela em uma enorme "prisão grudenta". Nem preciso dizer que a locadora já estava uma verdadeira bagunça com toda essa luta. Caixas de DVD estavam jogadas por todos os lados.

– Estrela! - gritei - Agora você também está grudada.

Ela tentava se soltar, mas aquela coisa era bem forte.

– Agora já posso silenciá-los de uma vez - o tal alienígena tiozão peludo parecia feliz com a vitória. Ainda me sinto mal em ver alguém com um corpo tão molenga com tantos pelos, mas, enfim, era o que tínhamos para hoje. Mas, afinal, o que era aquele cara?

– O que você quer afinal?

– O que eu quero? - disse ele - Bem, já que vocês vão morrer aqui mesmo, acho que posso contar, ou melhor, irei mostrar.

Ele foi até uma sala na parte dos fundos da locadora e trouxe uma enorme televisão, parecida com aquela que nossa professora usou.

– Ah, não, outro vídeo - reclamei.

Mas o alienígena apenas ignorou o que disse e ligou a TV. A imagem que apareceu foi a dele mesmo, só que agora em uma roupa mais formal (sim, estava usando terno e gravata...talvez o senso de roupa social do planeta dele fosse parecido com o da Terra).

– Olá a todos. Aqui é Markov Gruudem, reportando o primeiro relatório de meu trabalho na Terra.

Pelo menos agora sabíamos o nome dele. Aquele devia ser o vídeo que ele fazia para mandar informações para o seu planeta.

– As primeiras impressões foram...positivas - continuou o vídeo - Esse planeta consegue desenvolver um material extremamente útil para nosso poder bélico. Isso.

E ele mostrou um pedaço de chiclete. Embora fosse um pedaço de chiclete mastigado.

– Quando os habitantes desse planeta comem esses doces, não o engolem. Apenas absorvem o açúcar e jogam fora. Mas a reação química da saliva deles com esses doces gera uma substância extremamente compatível com nossos corpos. Pelos meus testes, a fusão do meu corpo com poucos desses alimentos mastigados aumentou minha força absurdamente!

Espera aí. Aquele cara ficava mais forte com...chiclete mastigado?

– Nojento - retrucou Estrela - Então você é de Bubblegum, aquele planetinha

– Cale a boca! - disse o tal Markov - Esse planeta é uma mina de ouro para o poderio do planeta Bubblegum! Com os chicletes mastigados desse lugar, teremos poder suficiente para conquistar galáxias e mais galáxias!

– Então era isso...você está aqui em missão militar para o seu planeta - entendeu Estrela - Está colocando mensagens subliminares nesses vídeos para as pessoas mascarem mais chicletes.

– Exatamente. Para o meu plano funcionar, preciso que todos nesse planeta masquem mais e mais chicletes. Começo por essa locadora, depois avanço para as emissoras de TV. E, depois que todos mascarem mais chicletes, o que farão? Isso mesmo! Jogarão fora ou grudarão o chiclete em qualquer lugar. Mas o que eles não sabem é que esse chiclete será recolhido por mim e reunido para criar o maior exército de bubblegumianos que esse universo já viu!

– Recolher chiclete mastigado? É isso mesmo? - questionei.

– Não pense que será tão difícil! Olhe isso! - ele apertou algum botão escondido no balcão, abrindo um alçapão de onde subia uma enorme plataforma com uma não menos impressionante...bola gigante de chiclete mastigado.

– Não dá pra ficar mais nojento? - retruquei. Aquilo tinha quase o tamanho da televisão.

– Isso foi o que arranjei por aí. Mas vi que seria muito demorado e as pessoas não estavam mascando chiclete o bastante. Então, resolvi colocar mensagens subliminares nos vídeos e tentar aumentar a taxa de mascadores de chiclete. O universo não teme por esperar a ascensão de Bubblegum!

E ele ria freneticamente. Não sei se eu pensava de um jeito diferente, mas colocar subliminares em filmes de locadora não é um tanto...pouco efetivo? Se ele fizesse isso nos programas da Netflix eu até entenderia, mas aquilo? Tudo bem, minha opinião não importava muito naquela hora. Então era isso? Seríamos mortos por...um homem que usa chiclete mastigado como upgrade? Queria tanto que a Estrela tivesse apagado minha memória.

– Chega de conversa. Hora de acabar com o inimigo. Isso é o que ganham por meterem o nariz onde não são chamados! - disse ele, se aproximando de Estrela. A arma dela havia caído quando ela recebeu o ataque e embora estivesse próxima, não podia pegá-la. Markov se aproximava, mas ela não parecia abalada.

– Algumas últimas palavras?

– Sim - balbuciou Estrela - Sabe qual foi seu maior erro?

– Hã?

– Não ter tampado a minha boca com chiclete! - Estrela conseguiu chutar a Portal Gun próxima a ela para cima, pegá-la com a boca e fazê-la lançar um raio quase na cara de Markov. Enquanto ele se recuperava, ela segurava a pistola com os dentes e se soltava usando uma espécie de...raio gelado?

– Estrela! - exclamei esperançoso.

– Heh! Eu já falei. Tenho treinamento - disse ela, agora solta e com um sorriso de orgulho (embora bem leve, claro) - Essa arma está prontas para situações desse tipo. Se eu agarrá-la com os dentes, consigo controlar as funções dela por uma espécie de comando mental de emergência.

– Quem é você?

– Apenas uma ecologista preocupada com o equilíbrio do universo - respondeu ela - E agora que eu sei de onde você é, posso te dar uma viagem de volta de graça para o seu planeta. Bubblegum nem é muito longe daqui. Que tal?

– Por favor, não, não tem como prever quando outro buraco de minhoca para esse planeta irá aparecer. Meus superiores vão me matar!

– Pergunta se eu me importo.

– Não!

Markov foi enviado de volta para seu planeta de origem. O que foi tudo aquilo? Mas estou aliviado por ter acabado. Estrela se aproximou de mim e usou o raio de gelo de sua arma para me libertar da prisão de chiclete que meu corpo estava.

– Gelo é ótimo para remover chiclete - explicou ela.

– Obrigado. Mas...o que vai ser dessa locadora agora?

– Não é problema nosso - disse Estrela - Ela é gerada pelo mesmo sistema da minha casa, certamente as pessoas não vão mais nem lembrar que ela existe depois de alguns dias.

O que provavelmente será o destino de várias locadoras de verdade.

– Acho que agora já podemos ir, não é?

– Sim - concordou Estrela, fazendo sua arma voltar a ser um celular. Mas nossa saída não seria tão facilitada assim.

– É um celular bem diferente, heim? - disse uma voz, que, para o meu espanto, era conhecida.

– Aah!- gritei, saltando para trás - Eduardo! O que está fazendo aqui?

– Vim devolver um filme que aluguei. É uma surpresa vê-los aqui...err...onde está o Sr. Marco?

Era só o que me faltava. O namorado da menina que eu gosto...ter aparecido naquela hora? Por que justo ele?


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Notas finais do capítulo

Será que ele vai perder a memória? Veremos...até mais! :)