Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 56
Crise 56 - Notícias




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 A semana havia se passado e tudo estava relativamente tranquilo. Depois de Estrela finalmente unir alguns dados do Eternium que estava de posse da CICE, ela continuava a estudá-los por conta própria utilizando seus equipamentos avançados do Setor W em sua própria casa. Achei que ela iria passar dias sem aparecer na escola como na outra vez, mas ela veio às aulas normalmente. Disse que não estava com tanta pressa, afinal, tinha decidido ficar na Terra por tempo indeterminado enquanto o Eternium permanecesse sob o nosso poder. No fundo, ela tinha esperanças de que a CICE confiasse o mineral aos seus cuidados. Até lá, ela continuaria a analisar os dados e, claro, contaria com a minha ajuda para certas eventualidades. Mas eu nunca pensei que tipo de eventualidade seria essa até ser chamado por Estrela naquele sábado de manhã para realizar um favor.

— Ah, que bom. Você chegou - disse ela, ao atender o interfone que toquei assim que cheguei à frente da casa de Estrela (lembro sempre que ela mora na frente da minha casa) - Entre.

— C-Certo - respondi, entrando pelo corredor e me preparando para entrar naquela casa maior por dentro do que por fora (aquilo realmente não entrava na minha cabeça). Assim que abri a porta, fui recebido (ou melhor, derrubado) por Plum, o cachorro planta dela (ou algo parecido com isso).

— Ei, calma, calma, Plum. Por favor, deixa eu levantar - falei, enquanto era lambido no rosto por ela (a língua de Plum era muito estranha, devo lembrar).

— Vitor - disse Estrela, se aproximando em sua roupa caseira: camiseta, shortinho e chinelos havaianas (ou seja, o tipo de roupa que não daria ninguém suspeitar que se tratasse de uma alienígena) - Ainda bem que está aqui. Já pode começar.

— Bom dia, Estrela - falei - Não acha que deveria cumprimentar as visitas primeiro?

— Já fiz isso ao atender o interfone, não fiz? - disse ela, obviamente, sem nenhum tato social, para variar.

— Seja como for, não posso fazer nada enquanto a Plum não me deixar levantar - falei.

— Ah, mas o favor que eu quero te pedir tem justamente a ver com a Plum - explicou Estrela, mostrando uma escova, um frasco verde de algum produto e uma toalha - Hoje é o dia do banho dela e eu estou numa parte muito importante das minhas análises. Você pode fazer isso para mim?

— Quer que eu dê banho na Plum? - perguntei, mas sempre que eu tentava me levantar, a planta canina me derrubava novamente. Não era muito fácil lidar com aquele animal (ou vegetal, sei lá).

— Isso mesmo - disse ela - Pode usar aquela bacia ali. Basta lavar, aplicar esse condicionador especial para a espécie dela e enxaguar. Mas pode levar um tempinho que não quero perder.

Nunca tive muitos animais de estimação na vida, então não tenho a menor ideia de como dar banho em uma planta canina.  Mas eu prometi fazer o favor e como Estrela já salvou minha vida algumas vezes (embora também tenha me colocado em confusão várias vezes).De qualquer modo, consegui me levantar e peguei as coisas de banho com Estrela. 

— Obrigada - agradeceu ela - Pode assistir à televisão se quiser. Tenho alguns canais de outros planetas, mas nada que vá muito além da TV aberta intergaláctica.

 Agradeci. O que teria na TV aberta intergaláctica? Espero que seja algo melhor do que a TV aberta nacional. Estrela ligou seu aparelho, um aparelho de televisão gigantesco instalado em uma parede da sala, quase uma tela de cinema e voltou para suas pesquisas em outra região da casa. Não sei se conseguiria prestar atenção no meio da minha tarefa, mas passava um programa de auditório com várias espécies alienígenas estranhas tentando cantar coisas sem sentido (talvez fossem coisas que fizesse mais sentido na língua deles, mas pelo que pude entender, graças ao efeito do tradutor universal de Estrela que permitia compreender qualquer língua enquanto ela estivesse por perto, não tinha nem pé, nem cabeça). Ouvia aquelas esquisitices, enquanto tentava, em vão, manter Plum na bacia, após tê-la enchido com água quente. Eu ia acabar me molhando mais do que deveria, por mais que estivesse ali usando uma regata azul que não teria muito problema em me molhar. Será que todas as plantas caninas eram hiperativas assim?

— Plum, Plum, se acalme - tentava segurá-la - Calma. Se ficar quietinha, você ganha...ganha um biscoito!

 Parece que ela entendeu o que falei e ficou mais quieta. Agora sim, finalmente poderia dar banho nela. Até podia ouvir a televisão com mais calma. O programa de auditório havia acabado e deu lugar a um tipo de telejornal. O apresentador era um alienígena verde, usava terno e gravata com uma cara séria e uma expressão aparentemente cansada.

— Boa tarde a todos - disse ele em uma voz serena - Aqui é Marciano Revenus começando mais um Planeta Alerta. E já começamos nosso programa com uma notícia urgente: o tesouro planetário do planeta Mirgen acabou de ser roubado inteiro por uma única pessoa. Vamos ver isso aí, com nossa repórter correspondente da galáxia de Saint Pol, Chatíola Cauda de Cometa. Bota no planeta.

— Boa tarde Marciano - disse a repórter, uma alienígena rosa com um vestido preto que, pelos padrões de moda da Terra, parecia horrível - Estamos aqui na central de Mirgen, um pequeno e tranquilo planeta na galáxia Saint Pol, que teve todo o seu tesouro roubado por um único homem. O representante do banco, Sr. Koldsmerg, está aqui conosco para nos contar melhor essa história.

— Foi horrível! - disse o tal Sr. Koldsmerg, um alienígena da mesma cor de Chatíola, mas usando terno, gravata e com um cabelo loiro com rabo de cavalo - Ele tinha uma arma e nos mandou colocar todo o dinheiro dentro de uma sacola.

 

— E quanto dinheiro vocês tinham no banco? - perguntou a repórter.

— O suficiente para encher uma sacola - respondeu ele - Ou seja, todo o dinheiro do nosso planeta!

 Quer dizer que todo o produto interno planetário cabia dentro de uma sacola? Será que era maior por dentro também?

— Tudo que nos sobrou foi essa moedinha - disse ele, apresentando uma moeda com o dobro do tamanho de uma moeda de um real - Ele levou todas as outras quinze!

 Um planeta inteiro tem apenas dezesseis moedas no seu tesouro nacional? Que raio de lugar era aquele?

— Bem, os telespectadores podem não ter noção do tamanho do prejuízo, mas para um planeta com 6 quilômetros quadrados, é realmente muito problemático - disse ela.

— Sim, minha esposa, a outra habitante desse planeta, a Sra. Koldsmerg, está em choque até agora - disse ele.

 Então o planeta só tinha duas pessoas? É mais do que plausível ter sido roubado por uma pessoa só! Como o gerente também seria segurança?

— Que horrível! - disse o Sr. Koldsmerg, se lamentando novamente - Achamos que iríamos ficar tranquilos neste planeta, vivendo só nós dois e aí vem um pirata espacial tirar nossa paz. Agora a economia de nosso planeta está abalada para sempre! Teremos que duplicar nosso mercado de biscoitos amanteigados, nosso único produto de exportação!

 

 Imagino que a economia de um planeta com apenas duas pessoas deva ser frágil mesmo. Mas, afinal, quem era esse ladrão?

— Temos aqui, Marciano, a foto do meliante - disse ela - Vejam só!

 - Bota na tela - disse a voz de Marciano, revelando alguém com uma aparência humanoide, que podia se passar muito bem por um humano comum. Para mim, parecia bem jovem, como um garoto de 20 anos, com a barba por fazer. Quem ele era?

— Segundo o Sr. Koldsmerg nos contou, ele se apresentou como um pirata espacial - disse a repórter - E saiu em uma pequena nave com todo o produto do roubo em uma sacola.

— Tem alguma ideia de onde ele pode ter vindo? - perguntou Marciano.

— Não sabemos - disse a repórter - Mas sabemos que existe um grupo de piratas com essa aparência circulando o espaço. As últimas notícias dizem que muitos ataques de piratas tem acontecido próximo à região da Via Láctea. 

— Muito obrigado, Chatíola. Corta pra mim aqui - disse Marciano - Agora pensa comigo. Onde vamos parar? Não se pode mais nem viver tranquilamente em seu planeta sem ser assaltado por esses piratas espaciais. A polícia intergaláctica não consegue fazer nada para prendê-los com essa burocracia toda entre os planetas. Estou certo ou não, Percivaldo?

— Corretíssimo - disse um acompanhante do apresentador, um alienígena verde mais sorridente, com bigode e óculos, sentado em uma cadeira próxima. Mas Estrela chegou e mudou de canal bem na hora.

— Detesto esses jornais sensacionalistas - disse ela, com alguns biscoitos na mão - Quer biscoitos? Só subi para pegar alguns.

— N-não, obrigado - falei, enquanto Plum se sacudia antes de eu terminar de enxaguá-la - Ei, Estrela. Via Láctea é a galáxia onde a Terra está, não é?

— Sim.

— E se os piratas espaciais vierem para cá? - perguntei - Tem essa chance, não tem?

— Claro que tem - disse ela - Mas duvido muito que eles queiram algo daqui que não possam conseguir com mais valor em outro planeta.

— Ah, tá - respirei aliviado. Tem razão. Quais seriam as chances de um pirata espacial vir para cá, não é? Consegui terminar de dar um banho em Plum e me despedi de Estrela. Ainda tinha um trabalho de biologia para terminar. Assim que saí da casa dela, meio distraído, acabei tombando com um cara, também distraído.

— Ai - reclamou ele.

— Desculpe, eu não prestei atenção e... - a cara dele, era muito parecida com o pirata espacial da foto que divulgaram no programa. Será que? Não...não pode ser...Será?


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Notas finais do capítulo

Quais são as chances de ser o mesmo pirata? Só se o autor da história quiser sacanear muito, não é? Será? Aguardem o próximo capítulo. Começamos um novo arco agora.

Até mais! :)