Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 50
Crise 50 - O Robô Incompleto


Notas iniciais do capítulo

Nem acredito que conseguimos chegar no capítulo 50 dessa fic! Ainda tem muito mais por vir. Aguarde!

Por enquanto, fique com o capítulo da semana :)



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Crise 50 - O Robô Incompleto

 

 Estávamos presos no planeta Mecanias para sermos transformados em máquinas produtoras de creme de amendoim, quando o turno dos guardas da prisão é alternado para um drone robô que, do nada, começou a conversar conosco.

 

— Estou falando com vocês! - insistiu ele - Querem sair daqui?

 

— Está falando sério? - perguntou Mabi, que também começou a ouvir o robô falar - Quer nos tirar daqui?

 

— Isso é estranho - comentou Estrela - Vocês são programados para seguir as ordens de Kaldi. Não faz sentido propor isso.

 

— Entendo, estão achando que sou um robô completo - disse ele - Mas não sou! Sou um robô incompleto.

 

— Como assim um robô incompleto? - questionei.

 

— Eu nasci e cresci neste planeta e vivia uma vida tranquila como ator - explicou ele.

 

— Ator? - estranhou Estrela.

 

— Sim. Nosso planeta sempre dominou as máquinas e elas faziam todo o trabalho duro. As únicas profissões que sobraram fora do campo de tecnologia foram as criativas, como atuar, pintar ou cantar.

 

— Entendo, muitos trabalhos podem ser substituídos por robôs com o avanço da tecnologia. É um dos perigos das revoluções industriais - comentou Eduardo. Não quero ter aulas de geografia agora. Apenas deixe o robôzinho falar, por favor.

 

 

 - Vivia feliz representando peças dramáticas nos bares e casas noturnas. Até o dia em que o grande Kaldi decidiu transformar todos os habitantes deste planeta em escravos robôs há muitos anos atrás. Foi a partir daí que tudo neste planeta se tornou uma enorme fábrica.

 

— Mas o que aconteceu para você ser incompleto? - questionou Mabi.

 

— Eu também não sei - respondeu ele - Quando terminou o meu processo de mecanização, percebi que ainda mantinha a mesma consciência. Mas todos ao meu redor viraram máquinas sem coração.

 

— Então houve algum erro na produção e você conseguiu conservar sua consciência? - perguntou Eduardo - Isso é muito interessante.

 

— Sim e parece plausível - complementou Estrela - Seria estranho que robôs de fábrica possuíssem consciência, mas talvez não seja impossível para alguém que já foi um ser consciente manter sua consciência mesmo que tenha virado máquina. Mas...

 

— Mas o quê? - estranhei.

 

— Ainda não me convenceu - prosseguiu Estrela - A inteligência artificial neste planeta é muito avançada. Talvez você esteja apenas simulando essa conversa para nos prender em uma armadilha.

 

— Bem pensado - concordou Eduardo - Apenas o fato de estar conversando conosco, não significa que tenha uma consciência.

 

— Não? - eu estava totalmente perdido na conversa, mas não devia ter dado muita corda.

 

— Veja, você já ouviu falar do teste de Turing?

 

 Fiz que não com a cabeça. Lá vinha uma enorme explicação...

 

— Teste de Turing ou Jogo de Imitação foi um procedimento inventado pelo matemático Alan Turing para avaliar a inteligência artificial de uma máquina. Basicamente, você deve mandar mensagens que serão respondidas por alguém que não se sabe ser pessoa ou computador, algo como os chats online que temos na Terra. Quanto mais você demorar para conseguir diferenciar se está conversando com uma pessoa ou com um computador, maior é a inteligência artificial. Neste planeta, simular uma conversação não deve ser nada difícil.

 

— Nem um pouco - disse Estrela - Para começar, eles também devem possuir um sistema de tradução universal, como o chip que tenho instalado para auxiliar na comunicação. Simular uma conversa assim é bem fácil.

 

— Por favor, não duvidem! - disse o robô - Vocês já estão presos. Por que o grande Kaldi iria querer fazer algo com vocês que já não envolvesse o processo de mecanização?

 

— Como vou saber? - falei - Aquele cara é maluco!

 

— É sério! Eu quero muito sair desse planeta! Vocês tem um criador de buracos de minhoca, não tem? Nós drones só podemos criá-los em conjunto e só para coordenadas no interior do planeta, a menos que o Grande Kaldi altere nossas configurações. Mas com a ajuda de vocês, posso sair daqui, finalmente. Esperei muitos anos por isso!

 

— Ele parece convincente - reparei.

 

— Bem, não parece mesmo lógico ele oferecer essa saída - disse Estrela, ainda pensativa - Podemos dar um voto de confiança.

 

— Então vão me ajudar se eu ajudar vocês? - disse o robô.

 

 Nos entreolhamos e, sem falar nada, apenas pelo olhar, concordamos. Apesar dessa preocupação de Estrela, essa seria a maneira mais fácil de sair da prisão. 

 

— Aceitamos - disse Estrela.

 

— Que ótimo! - disse o robô - Finalmente poderei sair deste planeta horrível. 

 

 O drone se dirigiu até o painel de controle da cela, conectou com o dispositivo usando um cabo ou algo assim e, em poucos instantes, o campo de força desapareceu.

 

— Isso desligou o campo de força - disse ele - Podem sair.

 

— Mas...esse lugar não tem câmeras de segurança? - perguntou Mabi.

 

— Antes de vir para cá, tomei o cuidado de editá-las com vídeos falsos de vocês dentro da cela. Não vai demorar muito para o sistema perceber a falha, mas deve dar tempo de sairmos daqui. Afinal, você tem um criador de buraco de minhocas, não tem? Eu sei que tem.

 

— Como sabe que temos? - perguntei.

 

— Se tivessem vindo numa nave, nossos satélites teriam interceptado vocês antes de pensarem em pousar aqui - disse ele - É a conclusão mais lógica.

 

— Você tem consciência, mas ainda consegue se portar como um robô? - perguntou Eduardo.

 

— Sim. Percebi que meus pensamentos controlavam minhas funções robóticas e descobri que podia me passar facilmente por um robô escravizado. Se descobrissem que sou uma falha, já teriam me "consertado" há muito tempo.

 

— Bem, obrigado, senhor robô - falei.

 

— Por favor, me chamem de Johnny - disse ele.

 

— Seu nome é Johnny? - perguntou Mabi.

 

— Na verdade era Jalin, mas gostei mais de Johnny. Já que virei um robô, achei que fosse legal mudar de nome - disse ele - Novo corpo, novo nome. Jalin não tem cara de ser nome de robô.

 

— Essa futilidade - disse Estrela - Se não é um ser consciente, está simulando muito bem um.

 

— Senso de humor pode ser simulado tão bem assim? - perguntou Mabi.

 

— Essa é uma pergunta interessante - ponderou Eduardo.

 

— Ah, já fiz várias peças de comédia. Senso de humor é comigo mesmo - gabou-se ele.

 

— Não é melhor nos apressarmos? - falei - Não vai demorar muito para perceberem que escapamos, não acham?

 

— Oh, é claro - confirmou Johnny - Nos tirem desse planeta com um buraco de minhoca, por favor.

 

— Não - disse Estrela, secamente.

 

— Como não? - Johnny ainda tinha uma voz metálica de robô, mas dava para perceber um sentimento de desespero nessa última entonação - Vocês não querem sair desse lugar horrível?

 

— Claro que queremos. A Estrela está só brincando, não é, Estrela? - falei, com um sorriso, esperando que ela dissesse "brinks" e nos tirasse dali, mas acho que Estrela não era esse tipo de pessoa e eu já devia saber disso.

 

— Você esqueceu, Vitor? - respondeu ela - Precisamos desmantelar o sistema central do Kaldi e acabar com todas as fábricas que ele liberou no universo. Só assim podemos garantir que viveremos em paz por mais alguns anos, pelo menos.

 

— Estão malucos! Não dá para enfrentar o exército do Kaldi! Ele tem um exército de máquinas prontas para destruir qualquer coisa sem um pingo de sentimento! Fugir dele já será um sacrifício! - Johnny se desesperou.

 

— Tem razão, fugir dele será difícil - falou Estrela - Se ele pegou nossa aparência, basta uma pesquisa rápida para descobrir de onde viemos. Com a tecnologia desse planeta não será difícil. Mas podemos atrasá-lo bem. Se destruirmos a base de todos os dados, certamente acabamos com o sistema todo. Com o Portal Gun podemos fazer isso e com você como nosso aliado...fica mais fácil ainda.

 

— E-Eu?! - Johnny gaguejou. Essa covardia...cada vez mais acredito que ele esteja falando a verdade me ter mantido a consciência (do que estou falando, também estou morrendo de medo. Acho que me identifiquei com Johnny) - Se descobrirem que sou um traidor, vão acabar comigo.

 

— Você sabe onde fica o comando central desse lugar? - perguntou Estrela.

 

— Sei, mas...é um lugar protegido - disse ele.

 

— Temos um Portal Gun, esqueceu? Nada é acessível para nós - disse Estrela - Conecte-se com o meu Portal Gun e passe os dados de acesso.

 

— Posso fazer isso, mas..

 

 Depois de colher os dados, Estrela faz mais alguns ajustes e está pronta para nos mandar para sala de comando.

 

— Vamos? - disse ela.

 

— Espere...quer mesmo fazer isso? - reclamou Kaldi.

 

— Claro! Já estou fazendo - disse ela, apontando o Portal Gun para a parede mais próxima, criando um portal para a região que queria - Agora é só entrarmos nesse portal, destruirmos o computador central com todos os dados principais e ir para casa.

 

— Mas ele não tem backup dos dados? - perguntei - Se quebrarmos tudo isso pode gerar um...

 

— Quebrar tudo? Vocês da Terra pensam de modo muito destrutivo - disse Estrela.

 

— Mas então o que você...

 

 Estrela me interrompeu imediatamente.

 

— Quando digo destruir o computador central, quero dizer infectar toda a rede do planeta com um vírus poderoso - disse ela - Tenho um dos vírus de computador mais poderosos do universo aqui mesmo no Portal Gun. Em termos de tecnologia, esse planetinha ainda está muito atrás do Setor W.

 

— Como? Aqui...um lugar só de máquinas avançadas...ainda é pouco perto do Setor W? - estranhei.

 

— Sim, é - foi tudo que ela respondeu. Parando para pensar, Estrela nunca deu muitos detalhes de sua terra natal. Como seria aquele lugar? Mas não era hora de pensar nisso. Ela tinha um vírus poderoso, então?

 

— Instalando esse vírus, garantimos que os dados do sistema inteiro desse planeta irá por água abaixo - disse ela - Ele começa com o computador central e passará para tudo que estiver ligado a ele. Digamos que seria uma pandemia digital...se quiser usar os mesmos termos da biologia.

 

— Parece uma boa ideia - disse Mabi.

 

— Se conseguir fazer isso - falou Johnny - Eu...também serei infectado?

 

— Sim, infelizmente - disse Estrela, com pouquíssima consideração.

 

— Mas ele nos ajudou. Não podemos fazer isso com o pobrezinho - lembrou Mabi.

 

— Tudo bem...conecte-se aqui - disse ela - Vou instalar uma vacina em você que o tornará imune ao vírus. Depois o deixarei em algum local neutro do universo. Tudo bem para você?

 

— Por mim está ótimo - disse ele.

 

— Então, podemos atravessar o portal agora - disse Estrela, fazendo isso. Logo em seguida nós entramos e caímos bem na sala de controle do planeta inteiro. Ali era o lugar. Mas, assim que colocamos os pés lá, um alarme com um som horrível começou a soar.

 

— É, acho que já reativaram o sistema de segurança - falou Johnny.

 

— Bom, pelo menos fechamos o portal de onde viemos, por lá eles não chegam. Quanto tempo até chegarem aqui? - perguntou Estrela.

 

— Menos de um minuto - respondeu Johnny.

 

— Preciso de cinco minutos para instalar o vírus - falou Estrela - Tentem segurá-los enquanto eu faço isso, tudo bem?

 

— Não acredito que você fez isso de novo! Como vamos segurar um exército de robôs?! Dessa vez, o toque de celular não funciona.

 

— Eu confio em vocês - disse ela - Lembre-se que Kaldi nos quer vivos. 

 

— Mas é impossível! - gritei.

 

 Logo aquela sala estaria cheia de robôs impiedosos. Como vamos sair dessa?

 


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Notas finais do capítulo

A saga continua semana que vem. Até lá!



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