Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 46
Crise 46 - O Planeta das Máquinas




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Descobrimos que a fábrica abandonada onde vários clones de androides estavam sendo produzidos estava ligada a um planeta distante, tão distante que nem Estrela o conhecia. Mas graças à tecnologia avançada do Portal Gun, Estrela conseguiu descobrir de onde vinha o sinal desse planeta e também descobriu que era um planeta que permitia vida. Certamente, o responsável pela fábrica estava naquele planeta e, claro, Estrela estava interessada em descobrir. Cruzamos o portal e lá estávamos nós, em uma região vazia, lembrava muito uma rua deserta à noite, cercados de um céu azul-escuro, um chão metálico e, ao longe, várias torres também metálicas com luzes que podíamos ver pelos buracos que pareciam ser janelas (ou algo parecido, não sei explicar muito bem, mas eram aberturas retangulares que predominavam na região mais acima de cada torre).

 

— Bem, parece que o ar é respirável - comentou Eduardo.

 

— Caraca, onde estamos? - fui logo tratando de perguntar.

 

— O Portal Gun sempre tenta nos deixar na região mais discreta possível - respondeu Estrela - Acho que conseguimos explorar um pouco a região.

 

— Que lugar esquisito - disse Mabi - Parece que é tudo feito de metal.

 

— Mas podemos respirar normalmente - lembrou Eduardo - Isso é sinal de que existe alguma fonte de oxigênio.

 

— Se oxigênio é necessário... - ponderou Estrela, com uma cara pensativa e com a mão no queixo - ...então esse planeta deve abrigar vida, apesar de tudo parecer artificial.

 

— Exato - concordou Mabi - Parece que o planeta inteiro é uma máquina gigante.

 

 Continuamos andando mais um pouco. Nem preciso dizer que eu estava apavorado, andando bem atrás de Estrela, com medo até da minha própria sombra. Mabi e Eduardo, por sua vez, estava apreciando a viagem, apontando para todos os cantos e se admirando com cada detalhe. Será que eu era o único que não conseguia relaxar?

 

— Se esse é o planeta que está tentando nos dominar...é sinal de que são perigosos, não é? - perguntei para Estrela.

 

— Provavelmente - respondeu ela.

 

— E eles podem nos atacar a qualquer momento, não podem?

 

— Claro - confirmou Estrela.

 

— E estamos sozinhos, no território deles...não acha que podemos morrer? - perguntei, ainda mais desesperado.

 

— Sempre estamos correndo riscos, Vitor - disse Estrela com toda a calma do mundo.

 

— Acalme-se, Vitor - disse Eduardo - Estrela tem o Portal Gun. Na pior das hipóteses, basta fugirmos rapidamente por um portal de volta para a Terra.

 

 Tentei ficar mais calmo. Vocês sabem, eu sempre tento ver o lado bom das coisas, mas naquela hora eu não conseguia conter minha ansiedade. Quer dizer, sou otimista em alguns pontos, mas pessimista em vários outros. Eu só queria voltar para casa e me sentir seguro. O que exatamente estávamos procurando por ali?

 

— Estamos chegando perto das torres - falou Estrela - É...parece que eles realmente gostam de máquinas.

 

 Conforme nos aproximávamos da cidade, começamos a observar vários objetos voadores. Eram drones que voavam livremente por toda a região. Eles pareciam uma bola de futebol americano metálica, com uma enorme lente no meio, o que devia ser o sensor de luz deles. Voavam com hélices na parte de cima e tinham pequenos bracinhos mecânicos nas laterais. Ao colocarmos nossos pés na rua principal da entrada da cidade, imediatamente todos eles voltaram as lentes para nossa direção.

 

— O que são essas coisas? - perguntou Mabi.

 

— Parecem drones - disse Eduardo - Realmente, essa civilização é muito avançada.

 

— Avançada? - estranhou Estrela - Máquinas voadoras são uma das coisas mais simples que...ah, é verdade, vocês são da Terra..

 

 É, ainda estávamos desenvolvendo a tecnologia dos drones.

 

— A questão não é eles voarem - continuou Estrela, apontando para aquelas coisinhas voando na nossa direção - E sim o poder de combate deles.

 

— Poder..de combate? - perguntei, já olhando para os drones que mudaram suas lentes para uma cor vermelha e começaram a atirar em nós com raios laser de alta potência saindo delas.

 

— Formas orgânicas não-identificadas! Formas orgânicas não-identificadas! - repetiam os drones, em uma fúria muito parecida com os androides da fábrica.

 

 Estrela nos empurrou para trás na mesma hora e mudou seu Portal Gun para o modo..."gun", ou seja, ela também abriu fogo contra eles. Nisso, ela conseguiu derrubar vários. Eles recuaram um pouco e isso foi o tempo necessário para corrermos o máximo que podíamos.

 

— Isso é mal - disse Estrela, sem parar de correr - Já imaginava que eram hostis, mas não pensei que fossem agir tão rápido.

 

— Eles são como os robôs da fábrica, então? - perguntei, tentando acompanhar a corrida.

 

— Sim - respondeu Estrela - Parece que estão programados para destruir qualquer coisa que tenha vida.

 

— Como eles podem atacar qualquer coisa viva? - estranhou Mabi - Esse planeta não é favorável à vida?

 

— Isso que é estranho - disse Estrela - Não é possível que só existam robôs e máquinas aqui.

 

— Talvez...o planeta tenha sido dominado pelas máquinas - teorizou Eduardo no meio da corrida - Talvez a inteligência artificial tenha evoluído tanto que resolveram dispensar os seres vivos. Máquinas não podem se criar sozinhas, mas podem destruir os seus criadores se chegarem a esse estado na programação delas.

 

— Então, só tem máquinas aqui? - perguntei.

 

— Eu não sei, só sei que elas estão por toda a parte - Mabi apontou para o céu e viu novos drones vindo em nossa direção.

 

— Estamos cercados - falei - Estrela! Acho melhor abrir o Portal Gun e irmos embora.

 

— Mas se formos embora agora não descobriremos o que está ameaçando a Terra - disse ela.

 

— Talvez - Eduardo ligou seu celular e ativou o toque monotônico que dispersou os androides da Terra - Talvez eles tenham o mesmo ponto fraco.

 

 No entanto, os drones eram diferentes.

 

— É, parece que não funciona - disse Eduardo, percebendo que os drones continuavam a se aproximar, mesmo com o som do celular no máximo.

 

— Estão chegando mais perto - disse Mabi - Logo vão começar a atirar de novo.

 

— Não posso atirar em todos ao mesmo tempo - falou Estrela - Droga.

 

 Ela olhou para todas as direções, quando lançou seu olhar para baixo e teve uma intuição.

 

— Ali! - gritou ela, apontando para um tipo de bueiro (pelo menos era o que parecia, levando em conta meu conhecimento da Terra).

 

— O que tem ali? - perguntei.

 

— Talvez tenha um sistema de tubos - disse ela, correndo para a tampa de metal, atirando rapidamente nos pregos que a prendiam ao chão e abrindo-a, enquanto corríamos dos raios sendo atirados em nós.

 

— Você tá querendo dizer...esgoto?

 

— É a única saída - disse ela - Estão comigo ou não?

 

— Bem, vamos nessa - disse Eduardo, segurando na mão de Mabi e descendo pelo tubo na mesma hora.

 

— Mas o que tem lá embaixo? - perguntei.

 

— Não deve ser algo pior do que temos aqui em cima - disse Estrela, já me empurrando bueiro abaixo - Entra logo!

 

 Quase caio no fundo do bueiro, mas, por sorte, consegui me agarrar à escada que levava para as regiões inferiores da cidade. Mabi estava logo abaixo de mim. Estrela veio logo em seguida e usou a lanterna do Portal Gun para iluminar nosso caminho.

 

— É, parece que não é muito profundo - disse ela, já vislumbrando um chão logo abaixo de nós.

 

— Pelo cheiro, parece que não é bem um esgoto - disse Mabi, aliviada.

 

— Se realmente não existem mais seres orgânicos, então faz sentido não ter dejetos orgânicos - disse Estrela - Mas... ouçam esse barulho.

 

 Prestamos atenção aos nossos ouvidos e, sim, era o som de algo fluindo.

 

— Isso é água? - perguntei.

 

— Ou algum outro líquido, mas vamos ver - disse Estrela, agora andando com mais calma. Alguns passos depois, nos deparamos com algum líquido fluindo.

 

— E então? - perguntou Mabi.

 

— Isso... - Estrela apontou o Portal Gun para o líquido e confirmou - ...isso é água mesmo.

 

— Água? - disse Eduardo, assumindo um ar pensativo - Se temos ar respirável e água, sem dúvida é um local favorável à vida, mas será que todos os seres vivos foram eliminados pelas máquinas?

 

— Precisamos de mais informação sobre esse local - disse Estrela, sentando-se encostada na parede e ativando seu Portal Gun.

 

— O que está fazendo? - perguntei.

 

— Procurando alguma rede de informações desse planeta - disse ela - Não precisa nem ser Internet, estações de rádio já podem nos ajudar bastante.

 

— Ainda bem que temos o Portal Gun conosco - disse Mabi aliviada.

 

— Eu acho que já deu por hoje, né gente? - falei - Não podemos voltar para a Terra?

 

 Estrela fez um sinal para que eu parasse de falar. E agora? O que houve?

 

— Esperem, esperem, acho que estou detectando alguma coisa - disse ela.

 

— É um sinal de rádio? - perguntou Eduardo.

 

— Sim - disse Estrela - Parece que...algumas mensagens estão sendo enviadas. Acho que o Portal Gun consegue traduzi-las.

 

 Após várias passagens de tela no Portal Gun, Estrela parece ter conseguido uma resposta.

 

— Aqui, parece que essa foi a mensagem. "Última atualização: quatro seres orgânicos detectados no planeta. Novas ordens. O Grande Kaldi exige que sejam capturados vivos. Atenção. Novas ordens. O Grande Kaldi exige que sejam capturados vivos!"

 

— Quatro seres orgânicos...somos nós, não é? - perguntei.

 

— Creio que seja a conclusão mais óbvia - disse Estrela.

 

— E agora querem nos pegar vivos? - estranhou Eduardo - E...Grande Kaldi? Será o líder deles?

 

— Interessante - prosseguiu Estrela - É, acho que agora temos uma chance de entendermos o que está acontecendo.

 

— Espera, você não está pensando em... - perguntei aflito, mas sim, ela estava.

 

— Vamos nos render e ver quem é esse tal Kaldi - disse ela - Se ele nos quer vivos, temos uma chance de entender o que está havendo.

É, era isso o que eu temia...algo me diz que não vamos sair muito bem dessa.


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Notas finais do capítulo

Afinal, qual é a desse planeta da máquinas? Mais respostas na semana que vem.

Até lá! :)