Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 42
Crise 42 - Fujam! O robô assassino vem aí!




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Crise 42 - Fujam! O robô assassino vem aí!

 O até então silencioso robô disfarçado de monitor de informática, Paulo, mudou sua postura para algum modo de destruição. Pois é, eu sabia disso por conta de suas próprias palavras.

— Eliminar...todos - ele dizia pausadamente, enquanto seu braço direito era retirado e substituído por uma espécie de arma.

— Sei não, mas acho que agora as coisas estão ficando perigosas - falei, já recuando alguns passos para trás, apenas para esbarrar em Estrela, que observava a cena com a expressão serena de sempre. Kevin, o agente da CICE, retirou um pequeno aparelho do bolso, algo não muito maior do que um chiclete e, rapidamente, o ativou, transformando-o em um tipo de pistola parecida com o Portal Gun.

— Pelo visto teremos que lutar - disse ele.

— Lutar? - exclamou Morgan, também - Acho que já deu a minha hora...o papo tá bom, mas tenho que ir, sabe como é, né? A vida de um rato é muito ocupada.

—Mas você é um mouseano e não um rato - mencionou Mabi.

— Mesmo assim...é melhor ir andando - disse o mouseano, correndo até a janela fechada e tentando-a abrir em vão. Bem, nem ratos e nem mouseanos possuem força o suficiente para abrirem uma janela sozinhos. E as coisas ficam piores quando o robô ainda atira no pobre Morgan, quase o atingindo e fazendo o pobre coitado cair espatifado no chão.

— Não vou permitir que ninguém escape - disse Paulo.

— Eu... só queria ver se a janela tava bem fechada - disse Morgan - Tá com uma cara de chuva, né?

— Paulo - gritou o diretor - Por que está agindo assim?

— Ele não é mais o mesmo, diretor - explicou Eduardo - Nossas palavras não podem alcançá-lo. 

— Ninguém irá escapar - repetiu o robô, já apontando seu braço arma para nós - Irei eliminar a todos.

— Qual é?! Eu nem queria estar aqui! - chorava Morgan.

— Espere - disse Estrela - Qual é a sua verdadeira intenção? O que quer aqui na Terra?

— Controle total - respondeu ele. Reparei que sua voz estava mais robótica - Nosso mestre deseja a destruição ou controle absoluto de todos os planetas para onde somos enviados.

— Mestre? Que mestre? - perguntou Kevin, sempre alerta.

— Resposta não autorizada - disse ele - Vocês serão eliminados agora.

 Ele deu o primeiro tiro, mas Estrela e Kevin, os mais ágeis entre nós, conseguiram nos empurrar e evitar que fôssemos atingidos. Agora a luta começou de verdade.

— Você disse..."nosso" - falou Estrela - Quer dizer que você não é o único nesse plano?

— Sou o primeiro - disse ele - O primeiro de muitos.

 Já ouvi essa frase em algum lugar, mas, para alguém que queria nos eliminar, até que ele estava falando bastante (talvez pelo fato de que sabermos ou não seus planos não faria diferença, já que seríamos mortos de qualquer jeito).

— O que quer dizer? - perguntou Kevin.

— A energia do cristal - disse ele, referindo-se ao Eternium que o diretor ganhou e usou para criar portais na tentativa de reencontrar sua amada - Aumenta quanto mais ele é usado. Estou acumulando a energia liberada pelo cristal para construir um exército de androides P-9090 como eu.

— Então era isso? - exclamou o diretor - Você me fez usar o cristal para que roubasse a energia dele?

— Exatamente - disse o robô - O mesmo dispositivo que criei capaz de gerar buracos de minhoca temporários também tem uma extensão que canaliza a energia do cristal diretamente para minha base. Dentro de alguns dias, meu plano poderia ser iniciado efetivamente.

— Fui enganado todo esse tempo - lamentou o diretor.

— Poderia ter tomado o cristal à força ou mesmo roubado - disse ele - Mas se aproximar de você permitiria usar o cristal do mesmo jeito sem me preocupar com perseguições. Claro que poderia destruir os perseguidores facilmente, mas meu programa sempre visa o menor gasto de energia. 

— Mas por que está fazendo tudo isso? - perguntou Mabi.

— Como eu disse: ordens do nosso mestre. Nosso mestre nos criou - disse ele - E nós cumpriremos com a missão que ele nos deu.

— Mas quem é esse mestre? - perguntou Kevin novamente.

— Chega de perguntas - disse o tal androide - Irei eliminá-los agora.

 Não sabia o que aquele robô estava querendo, nem quem era o mestre dele, mas de uma coisa eu sabia. Precisava sair dali o quanto antes. Mais uma vez, ele começou a atirar esferas de energia explosivas. Estrela e Kevin tentavam nos proteger, tentando desviar a atenção do robô (mesmo porque eles eram os alvos na linha de frente dele). Por mais que os tiros não fizessem muito barulho sei que não iria demorar para alguém da escola perceber a bagunça, o que iria gerar um enorme caos. Precisávamos fazer alguma coisa.

— Melhor ligar para a polícia - disse o diretor.

 Mas o que a polícia pode fazer contra um robô assassino enlouquecido?  Além disso, o robô simplesmente atirou no telefone, impedindo o diretor de ter qualquer acesso ou comunicação. Não tinha muito jeito, era preciso enfrentar a máquina. Kevin usou sua arma para tentar atirar na cabeça dele, mas o robô foi mais ágil. Ele deu cambalhotas para trás e evitou os tiros de Kevin.

— Como pode ser tão ágil? - reclamou o agente.

— Minha inteligência artificial é avançada - disse Paulo - Graças ao SVT que instalei nesse colégio mesmo, posso aprimorar minha habilidades cada vez mais.

— Então foi você quem instalou aquele programa? - indaguei - Era seu...centro de treinamento particular?

— Pode-se dizer que sim - continuou Paulo - Posso enfrentar qualquer coisa. Vocês simplesmente não podem me vencer em uma luta. Apenas desistam e aceitem seu destino.

— Não mesmo. Se não posso matá-la, posso pelo menos mandá-lo para um outro ponto do universo através de um portal - disse Estrela, com seu Portal Gun em punhos e saltando na direção de Paulo, porém o androide apenas atirou nas mãos de Estrela, fazendo-a jogar sua única arma para longe. Estrela cai no chão, fazendo uma expressão de dor pela sua mão direita atingida.

— Seus movimentos são muito lentos - disse ele - Não pode me derrotar assim. Apenas admitam sua derrota. 

 Paulo caminhava lentamente até nós, apontando sua arma em nossa direção. Parece que não tinha mesmo jeito de vencer. Estávamos encurralados em uma sala tão pequena.

— Então é isso? Vamos ser destruídos aqui? - disse Mabi, desesperada.

— Oh, não. Sou jovem e bonito demais para morrer - lamentou Morgan - Tem tantos queijos que eu ainda não comi. E, ei, que cheiro é esse?

— Desculpa. Fui eu - disse Veterano Caio.

— Quequéisso, meu filho? - reclamou Morgan - Cê comeu o quê? Um urubu morto? Até eu que passei dias morando no esgoto não aguento!

— Foi mal, não deu para segurar - disse ele.

— Como eu disse, suas armas não me afetam - comentou Paulo, ainda caminhando lentamente em nossa direção - Não tenho olfato, portanto sou incapaz de perceber a qualidade entre cheiros, embora meu nariz possa dizer do que se trata.

 Isso não era bem uma arma, mas certamente acabaria com muita gente por aí. Ah, o que estou dizendo? Só tenho alguns poucos segundos de vida. Preciso aproveitá-los.

— Mabi...- gaguejei - Já que vamos morrer mesmo...tem algo que queria muito dizer a você...

— O que é, Vitor?

— Bem, eu...eu gosto...

 Enquanto Paulo caminhava, o celular de Kevin tocou. Era um toque básico, daqueles que já vem no aparelho.

— Meu...celular - disse ele - Mesmo a poucos segundos da morte, alguém está me ligando.

 Nessa hora, Paulo parou.

— Hã? Parou? - estranhou Eduardo.

— O que...está difícil...de andar - o próprio Paulo não sabia o que estava havendo.

— Será que? - Estrela deslizou rapidamente para perto de seu Portal Gun e o fez voltar ser um telefone novamente. Ela colocou o mesmo toque de Kevin e começou a apontar para Paulo. Ele começou a agir estranhamente.

— Alô? - atendeu Kevin - Não, eu não estou interessado em comprar nenhum cartão de crédito. Não, moça, estou meio ocupado agora...

 Enquanto Kevin tentava se livrar do telemarketing, Estrela continuava a aproximar o celular tocando de Paulo.

— O que está havendo? - perguntei.

— Acho que entendi - falou Estrela - A frequência de um toque monotônico simples e antigo atrapalha os circuitos dele. Quem diria que uma tecnologia tão atrasada poderia derrotar um robô assassino desse nível?

 De fato, toques monotônicos são tecnologias atrasadas até para nós! Parece que Paulo não contava com isso.

— Impossível - disse ele - Ponto fraco imprevisto. Iniciar adaptação e atualizações de sistema e..

 Mas Estrela apenas o chutou, com seu celular ainda tocando e arrancou a cabeça do androide. Isso parece violento demais para uma história de classificação livre, não é? Mas acalme-se: a cabeça dele tinha era facilmente removível e ele podia continuar se movendo muito bem sem ela. Estrela apenas a retirou para romper um dos fios principais que ligavam ao "cérebro" do robô. Pelo menos foi o que ela explicou.

— Modelos humanoides costumam ter sua unidade de processamento principal na cabeça, assim como a maioria das espécies - disse ela - Apenas rompi um fio do circuito mestre, interrompendo os movimentos dele. Agora estamos salvos.

 Como eu gostava de ouvir essa frase. Já podia respirar aliviado.

— Estamos salvos! - disse Mabi, praticamente chorando de alívio nos ombros de Eduardo.

— Calma, calma. Tá tudo bem agora - disse ele.

— Ah, é - disse Mabi, enxugando suas lágrimas - Você ia contar o quê mesmo, Vitor? Que você gosta do quê?

— Eu...eu...

Não podia falar o que iria falar agora que havíamos sobrevivido, não é?

— Gosto de música italiana. É. É isso. Você pode me emprestar alguns discos um dia desses?

— Ah, claro - respondeu ela.

— Tá querendo me dizer que uma telefonista de telemarketing salvou o mundo? - falou Kevin - Nunca mais vou desligar na cara delas.

— Caraca, é um robô mesmo. Que da hora! - disse Veterano Caio, alguém que se recuperar fácil de situações críticas.

— Você lida bem com situações críticas, heim? - falou Kevin, guardando seu telefone.

— Situações o quê? Não era tudo um jogo? - disse ele.

— Acho que é melhor continuar pensando assim - comentei.

— Pelo menos acabou tudo bem - disse o diretor - E pensar que tudo isso foi culpa minha por ter sido enganado.

— Não, diretor. Não pense assim - disse Mabi - Foi culpa desse robô, que estava programado para acabar com a Terra.

— Mas ele parecia tão humano - comentei - Difícil de acreditar que era um robô de verdade.

— Bem, nem tanto assim - comentou Eduardo - Vocês já pararam para pensar...

 E lá vamos nós...

—... que o comportamento humano pode, em tese, ser simulado por máquinas? - prosseguiu ele - As pesquisas em inteligência artificial e neurociências estão sempre avançando, tentando encontrar uma maneira de modelar o cérebro humano por meio de computação. Talvez um dia encontremos pessoas tão parecidas com humanos que sequer suspeitemos que se trata de um robô.

 Foi mais ou menos isso que aconteceu com o Paulo, não?

— Bem, é verdade que comportamentos podem ser simulados - disse Estrela - No Setor W isso já é bem comum, mas...nenhum computador ainda consegue simular os aspectos não-físicos do cérebro. Nenhuma máquina pode ter uma mente.

 Se dependesse de Eduardo aquela conversa iria demorar horas, mas Estrela tratou de interromper logo a discussão.

— Ele disse que a energia do Eternium estava indo para a base - disse ela - Isso significa que ele tem mais pistas. Precisamos ir atrás disso.

— Deixem comigo - disse Kevin - Levarei o robô para a CICE. Eles conseguirão fazer uma engenharia reversa para saber mais sobre ele.

— Não. Deixe comigo. Levarei o que sobrou do robô para o Setor W - falou Estrela, sem alterar o tom de voz.

— Comigo - repetiu Kevin.

— Não, comigo.

 Eles puxavam a cabeça do robô, cada um para o seu lado como se fossem duas crianças (embora Estrela não mudasse muito sua expressão). O diretor entrou na discussão.

— Por que vocês não trabalham juntos? - disse ele - Esse cristal, Eternium ou seja lá o que for, também tem muitas propriedades desconhecidas. Um de vocês pode ficar com o robô, enquanto o outro fica com o cristal.

— É, isso é verdade. Também precisamos investigar o Eternium - disse Kevin.

— Tudo bem, diretor? - perguntou Mabi - O Eternium não foi um presente da moça que o senhor ama?

— Eu sei, mas...depois de todos esses anos, é loucura pensar que irei reencontrá-la. Agora que estou pensando, talvez ela tenha me dado o Eternium para ajudar a humanidade mesmo. Talvez eu tenha que usá-lo. E vocês, garotos, parecem entender dele muito melhor do que eu - disse o diretor, sorrindo.

— Nesse caso, eu fico com o cristal - disse Kevin - Pode levar o robô, Estrela. 

— Ainda acho que é melhor eu ficar com os dois - retrucou Estrela.

— Acho que já está de bom tamanho, não é, Estrela? - falei - Aprenda a agradecer a gentileza dos outros. O diretor não tinha a obrigação de te dar o cristal.

— Como assim? Eu iria pedir o cristal de qualquer jeito - reclamou ela.

— Estrela! - ela ainda tinha muito o que aprender sobre gentileza e convívio, mas, bem ou mal, tudo aquilo acabou bem. Estrela ficou apenas com o robô (meio a contragosto), enquanto Kevin levou o cristal (e Morgan) junto.

— Agora sim! Finalmente vou ter uma vida digna! - disse o mouseano, comemorando a sorte de finalmente ter um teto para morar.

— Espero contar com sua colaboração, Morgan - disse Kevin - Você terá muito a falar na CICE. Prepare-se para ter muito trabalho pela frente

— Trabalho? Oh, cara, nem tudo é perfeito - lamentou Morgan, mas ainda assim era melhor do que encarar os credores do seu planeta ou ficar enfiado no esgoto com os ratos.

— Bom, agora podemos voltar para casa? - disse Mabi - Estou super cansada.

— Claro, vamos lá - disse Eduardo - Nos vemos por aí, Vitor. 

— Tudo bem. Até mais - falei.

 E assim todos voltamos para casa. No dia seguinte, em mais uma manhã de aulas, acordei e passei na frente da casa de Estrela. Parei ali por um minuto e finalmente percebi algo que não tinha pensado. Agora que o caso dos buracos de minhoca estava resolvido, Estrela não tinha mais o que fazer na Terra, não é? Será que ela já foi embora? Sem mesmo se despedir? Algumas pessoas são assim: passam por nossas vidas sem pedir licença, viram elas de cabeça para baixo e depois vão embora sem aviso. Ela não era muito diplomática, então não me admiro muito dela ter ido embora sem falar nada. Se isso fosse verdade...ficaria chateado.

— O que está fazendo aí, Vitor? - disse ela, aparecendo logo atrás de mim, assim que eu resolvi virar as costas e continuar meu caminho.

— Estrela? - exclamei - Você...ainda está aqui na Terra?

— Ora, é claro - disse ela - O tal robô que assumiu o nome de Paulo ainda tem muitos segredos guardados. Só sabemos que ele tem alguma base aqui na Terra e que foi mandado para cá por alguém para controlar ou destruir esse planeta. Falei com meus superiores e ficarei aqui até resolver essa questão. Afinal, se tem uma fábrica de robôs assassinos num planeta tão atrasado tecnologicamente como esse, algum desequilíbrio ecológico pode acontecer. E como ecologista, não posso permitir isso. Creio que em poucos dias eu consiga a chave para hackeá-lo.

 Que alívio! Queria abraçá-la, mas acho que ela não iria reagir. Apenas sorri com a notícia.

— Isso é bom. Podemos continuar a nos ver! - falei.

— Isso significa que você ainda terá trabalho a fazer - completou Estrela - Se ainda puder contar com você como meu ajudante, é claro.

— Claro que sim! - respondi - Quer dizer...darei o meu melhor para te ajudar.

— É bom mesmo. Afinal, aquele Kevin continuará por aí também. E eu não quero perder as informações que ele tiver sobre o Eternium, isso também não sai da minha cabeça. A mulher que o diretor mencionou também é outra coisa que me intriga. Ainda tem muito a se fazer por aqui - prosseguiu Estrela - Conto com a sua ajuda.

— Claro - mas eu ainda precisava dizer algo - Err...Estrela?

— Sim?

— Por que quer que eu seja seu ajudante? - perguntei - Quer dizer, o Eduardo parece ser mais inteligente do que eu...ou o Kevin mesmo seria mais competente.

 Estrela apenas parou, pensou um pouco e respondeu:

— Porque eu tenho certeza que você nunca iria me abandonar - disse ela, esboçando algo que parecia um sorriso, embora muito, muito de leve. 

 Bem, é isso. Ainda temos mistérios para resolver e coisas perigosas acontecendo. Mas pelo menos Estrela ainda continuaria conosco. É como eu sempre digo: temos que ver o lado bom de tudo.

 O que será que nos aguarda daqui para frente?


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Notas finais do capítulo

E isso fecha a primeira temporada de Alien Panic, com mais mistérios ainda.

Tenho mais ou menos uma ideia do que irá rolar daqui para frente, mas preciso amadurecê-las um pouco mais, por isso prefiro deixar para uma próxima temporada. Espero que a fic retorne ainda esse ano.

Bem, é claro que você não precisa ficar órfão de mim por tanto tempo. Estou pensando numa outra fic. Se conseguir avançar nas ideias com ela, publicarei em breve. Sinta-se convidado para ler desde já. E claro, você também pode ler alguma outra fic minha que ainda não tenha lido (embora a maioria delas seja longa...mas tem feriado na semana que vem, então é uma boa oportunidade).

Obrigado a todos que leram e comentaram até agora. Aguardem por novidades.

Até a próxima! :)