Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 35
Crise 35 - Fim de Jogo


Notas iniciais do capítulo

Eu até poderia ter postado ontem, mas fiquei com preguiça. De qualquer modo, o próximo cap está aí!



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Crise 35 - Fim de Jogo

 

 Nosso último desafio era uma corrida de revezamento, mas enquanto Eduardo tinha que descer a trilha de uma montanha correndo e fugindo de uma enorme rocha que vinha rolando em sua direção, acabou tropeçando em um dos obstáculos. Embora eu estivesse longe, podia ver tudo pela grande tela e meu coração estava quase saindo pela boca. Eu mal podia olhar o que iria acontecer.

 

 Mas Eduardo parecia mais ágil do que eu imaginava. Apesar do tropeço, antes que a pedra pudesse tocá-lo, ele se levantou de forma extremamente rápida e acelerou seu passo. Havia escapado por um triz e, a partir daquele instante, começou a prestar cada vez mais atenção aos obstáculos. Por fim, conseguiu terminar a trilha e entregar o bastão para Estrela, que o aguardava na base da montanha.

 

— Espetacular - comentou ela - Não pensei que tivesse tanta habilidade.

 

— Dizem que o excesso de adrenalina faz o seu corpo superar os próprios limites - replicou Eduardo - Embora seja estranho que nossos hormônios continuem agindo em uma realidade virtual. Imagino que o SVT simule até mesmo nossos processos corpóreos.

 

— Sem dúvida, é um sistema bastante avançado - concordou Estrela. Nesse instante, a tela acima deles exibe a imagem de Alana.

 

— Muito bem. Vocês conseguiram chegar até à quarta etapa - disse Alana - Para prosseguir o teste, pedimos que o próximo jogador entre no carro.

 

— Que carro? - perguntou Eduardo.

 

 Uma Ferrari simplesmente chega com Alana dirigindo. Estrela teria que entrar ali?

 

— Esse carro - disse Alana - Seu desafio é chegar até o próximo jogador dentro desse carro. Basta usar os pedais para acelerar ou frear. Ele só tem duas opções de marcha, sendo uma delas para marcha ré. Quanto aos comandos, é só isso.

 

— Parece simples. Isso é bom, não é, Estrela? - disse Eduardo.

 

— Nunca é tão simples quanto parece - disse Estrela, mantendo sua expressão séria.

 

— Sim. Não seria uma corrida de obstáculos se não tiver obstáculos - continuou Alana - O seu carro tem uma barra de tolerância. Ele explodirá se essa barra se esvaziar. Ela é diminuída cada vez que você for atingida pelos diversos obstáculos na pista.

 

— Como esperado - disse Estrela.

 

— Mas não é só isso - continuou Alana - Terminarei de explicar depois que você entrar no carro. Por favor.

 

 Estrela faz isso. Entra no carro e dá a partida.

 

— Está vendo esse mapa que aparece em sua tela? - explicou Alana - Basta seguir a indicação amarela no mapa para chegar ao próximo jogador.

 

 Até aí, nenhuma dificuldade. Estrela via alguns obstáculos, como postes, árvores ou mesmo outros carros no meio do caminho, mas nada que fosse difícil de desviar. Até aí tudo bem. O problema é quando uma sirene começa a tocar.

 

— O que é isso? - perguntou Estrela.

 

— Ah, sim. Faz parte do desafio. Esse carro foi considerado roubado e policiais estão atrás de você. Está vendo essas estrelas no topo da tela? Quanto mais estrelas tiver, mais os policiais irão persegui-la. Começamos com duas, mas quanto mais você resistir, mais elas aumentam.

 

 De novo, já vi isso em algum lugar. Mas Estrela não se abalou. Olhando pelo espelho retrovisor do carro, ela sabia quando os policiais estavam vindo e conseguia usar a direção para escapar dos tiros dados. Pouco tempo depois eram três estrelas e ela conseguiu manter o mesmo ritmo. Logo, pulou para cinco estrelas (sim, de três para cinco!) e a perseguição era cada vez mais implacável. Ainda assim, a barra de tolerância do carro dela estava acima da metade. Acontece que helicópteros policiais também estavam acima dela. Como alguém consegue escapar disso? Mas estávamos falando da Estrela. Um dos policiais no helicóptero tenta jogar uma granada nela, mas Estrela acelera o máximo que pode antes que a granada atinja o chão. Os reflexos dela na direção eram incríveis. Não demorou muito para que ela conseguisse chegar até onde eu estava, que também parecia ser o topo de alguma montanha.

 

— Aqui, Vitor - disse ela, entregando o bastão para mim.

 

— Uau! Isso foi incrível! - exclamei.

 

— Como assim? Eram comandos extremamente simples. Só podia ter sido inspirado em um transporte da Terra mesmo - disse ela, não fazendo nenhuma questão de esconder o quanto nossos meios de transporte eram atrasados. Bem, isso era um sinal de que ela estava ótima.

 

— Muito bem - Alana apareceu agora, chegando até nós "caindo", usando um guarda-chuva de paraquedas - Agora só resta uma última etapa para terminar nosso teste.

 

— Sim, Vitor. Sairmos daqui agora ou não só depende de você - disse Estrela, sem nenhuma intenção de aliviar a pressão sobre minha pobre alma.

 

— Tudo bem..vamos lá - disse, pegando o bastão - Estou pronto. Seja lá o que for, darei o meu melhor para superar esse desafio!

 

 Foi o que eu falei, mas por dentro estava me sentindo uma galinha covarde cacarejando querendo sair dali o mais rápido que pudesse.

 

— Ao contrário do terceiro trecho, você não precisa descer a montanha, apenas deve seguir esse caminho reto até o final do percurso - disse Alana, apontando uma trilha reta que atravessava uma cachoeira por trás e depois...bem, não dava para ver muito bem.

 

— Certo - falei, engolindo seco - E quanto aos obstáculos?

 

— Temos alguns personagens inimigos que o eliminarão se você tocá-los - disse ela.

 

— Eliminarão? - repeti.

 

— Significa que um simples toque e você está fora - disse Alana, tranquilamente - E claro, o teste todo será perdido.

 

 Ótimo. Então eu não podia tocar em nada.

 

 - Mas esse trecho também conta com alguns itens que podem ajudá-lo a vencê-los - disse ela - Pode estar nessas caixas flutuantes com interrogação ou em baús espalhados pelo percurso. No mais, é só chegar até o final.

 

— Parece simples - comentou Estrela - Apenas chegue ao final sem tocar em nada e vença para podermos acabar logo com isso.

 

— C-Certo - gaguejei.

 

— Está pronto? Claro que está. Valendo! - disse Alana.

 

 O teste havia começado. Eu mal percebi isso acontecer.

 

— Já começou? - perguntei para Estrela.

 

— Sim - disse ela - E esse cronômetro logo acima parece confirmar isso.

 

 Ela apontou para cima e revelou um contador que começou em 300 e estava diminuindo cada vez mais.

 

— Você tem menos de cinco minutos para cumprir o percurso, caro jogador - disse Alana.

 

 Tá legal. Eu saí correndo. Agora, logo à minha frente, vi pequenos caranguejos parecidos com robôs. Por sorte havia uma caixa flutuante com um ponto de interrogação (onde eu já vi isso antes?). Resolvi pular em cima dela e saiu uma estranha roupa azul. Peguei o item e imediatamente me transformei em um estranho bicho azul.

 

— O que eu faço com isso? - perguntei desesperado, quando os inimigos já estavam vindo. 

 

— Seu primeiro item é a Roupa de Ouriço - disse Alana, aparecendo na tela acima de mim - Os poderes dela são ativados se você pular ou se abaixar.

 

Tentei pular e, qual não foi minha surpresa que, ao pular, meu corpo se enrolou automaticamente. Além disso, parecia que eu estava mais rápido. Tentei me abaixar e meu corpo se enrolou novamente. Ao tentar ir para frente, saí rolando e derrubando os inimigos em volta. O problema? Eu não sabia como parar. Em algum momento, acabei passando por um looping, derrubando mais inimigos robôs e, enfim, uma parede acabou me fazendo voltar ao normal.

 

— T-Tá legal - falei - Isso aqui tá estranho.

 

 Vi mais inimigos chegando e, dessa vez, eram tartarugas com asas, com máscaras de pano nos olhos e segurando armas.

 

— Tartarugas armadas? - indaguei - Como eu passo disso?

 

 Vi outra caixa de interrogação acima de mim e pulei. Dessa vez, era uma roupa de sapo. Pulei em cima dela e me transformei em um tipo de sapo gigante segurando o meu bastão da corrida que, por algum motivo, havia aumentado de tamanho. Ao mesmo tempo, Alana apareceu diante de mim na tela.

 

— Você ganhou a roupa do Sapo de Batalha - disse ela - Com isso você ganha uma barra de três estrelas que permitem levar dano dos adversários, mas se perder as três estrelas, você perde o desafio todo.

 

— O quê? E o que mais essa roupa faz? - perguntei.

 

— Você pode usar o bastão para atacar os oponentes. Boa sorte - disse ela.

 

 O que mais eu podia fazer? As tartarugas chegaram e eu agitei o bastão gigante que carregava. Ele acabou derrubando as asas das tartarugas, mas agora elas iriam me atacar no chão. Tentei agitá-lo aleatoriamente e atingi as pernas delas. Golpe de sorte. Esse era o ponto fraco. Fiz isso em todas, fazendo com que elas caíssem viradas para cima, com muita dificuldade para levantar. Tentei usar o bastão novamente e, pronto, elas sumiram. Assim que acabei com todas as tartarugas, um baú apareceu. O que eu podia fazer? Fui até ele e o abri. Havia uma chave dentro. Assim que a peguei, minha mãos automaticamente levantaram a chave e Alana aparece em uma tela.

 

— Você conseguiu uma chave. Agora já pode abrir a porta no meio da ponte - disse Alana, apontando para uma ponte de madeira velha com uma porta trancada no meio dela.

 

— Mas quem colocaria uma porta no meio de uma ponte? - reclamei, mas observando o cronômetro vi que não tinha muito tempo para ficar pensando. Minha roupa de sapo desapareceu automaticamente. Fui até a porta, usei a chave para abri-la e cruzei a ponte. O que mais faltava? Espero que não sejam fantasmas que te atacam quando você vira de costas para eles. Mas ao atravessar a ponte, dei de cara com um pântano cheio de jacarés (ou crocodilos, nunca sei a diferença).

 

— Essa é a última parte do seu desafio - disse Alana - Passe por esses crocodilos usando os cipós logo acima.

 

 Olhei para cima e de fato havia vários cipós oscilando sem parar. É, isso era bem clássico. Mas não tinha muitas habilidades com isso. Coloquei o bastão do lado da calça e tentei pegar o cipó. O primeiro era fácil, agora o segundo...tudo bem, vamos tentar. Eu só tinha que saltar no momento que o segundo cipó estivesse próximo. Um, dois, três e...consegui. Agora era só fazer a mesma coisa com o último cipó. Um, dois e...deu certo. Nem acredito. Agora era só saltar para a outra margem do pântano. Eu até podia ver a chegada. Legal, o que podia dar errado agora? Bem, tudo teria dado certo se eu não tivesse errado o salto por uma margem mínima e caído dentro do pântano. Mas pelo menos não caí em cima do jacaré. Só que ele estava vindo na minha direção. O que eu podia fazer? Nadei como se não tivesse amanhã. Sério, nunca nadei tão rápido na minha vida. Só tive aulas de natação quando era muito criança, mas nessas situações você se lembraria até do que ouviu no útero da sua mãe. Nadei e saí do pântano correndo, alcançando a linha de chegada com o coração saindo pela boca. Havia acabado. Assim que cruzei a linha, o cenário mudou e todos voltamos para o mesmo cenário do início.

 

— Vitor! - gritou Mabi, animada ao me ver - Você conseguiu! Vencemos! Passamos pelo teste!

 

 Ela me abraçou animada. Isso seria bom, se o Veterano Caio também não tivesse feito o mesmo.

 

— É isso aí, moleque! É nóis que tá! - disse ele, me abraçando fortemente. Devo lembrar que ele ainda estava pelado com uma tarja? É, isso não era muito agradável...

 

— Muito bem - disse Alana, aparecendo novamente diante de nós - Isso encerra o Sistema Virtual de Testes. Mostraremos sua pontuação em comparação ao ranking universal.

 

— Ranking universal? - perguntei.

 

— É o ranking de todas as equipes que tentaram o teste - disse ela.

 

— Foi uma pontuação relativamente alta - mostrou Alana - Vocês estão em na posição 1001 do ranking.

 

— Não é de se espantar - disse Estrela - Esse teste é para equipes militares bem treinadas. 

 

— Bem, é isso. Agradecemos por usarem o Sistema Virtual de Testes. O programa será encerrado em instantes - disse Alana. Bem, nunca mais iríamos vê-la, mas não tenho medo de dizer que não sentirei nenhuma saudade. E foi isso. O programa encerrou e o cenário mudou para a velha sala de informática de nosso colégio, onde ainda estávamos os cinco de mãos dadas.

 

— Acabou? - falei, abrindo lentamente os olhos - Acabou! Não acredito que finalmente estamos livres!

 

Estrela olhou para o relógio da sala e haviam se passado apenas dez minutos desde o início do programa. O estagiário nem havia chegado ainda.

 

— Apenas dez minutos - disse Estrela - Entendo...a passagem de tempo no programa deve ter sido readaptada para nossa percepção.

 

— É possível - ponderou Eduardo - Talvez a passagem do tempo seja apenas uma questão de percepção. Mas achei incrível. Uma inteligência artificial capaz de controlar rapidamente todas as informações de um local. É uma tecnologia monstruosa. Vocês já pararam para pensar o que aconteceria se isso fosse criado em larga escala? Um SVT poderia dominar uma cidade inteira, um planeta inteiro...ou até o universo inteiro.

 

— Caraca - ponderou Veterano Caio - E se nós também estivermos em um SVT e ninguém nos contou?

 

— A possibilidade não é nula - considerou Eduardo.

 

— Espera, espera - disse Mabi - Afinal, o que foi tudo isso que aconteceu?

 

— Uma inteligência artificial dominou a informação da sala e entramos naquele jogo, amor - explicou Eduardo - Bem, talvez você esteja em dúvida de como todos compartilhamos nossas consciências, mas creio que nossos cérebros podem reconhecer padrões em frequência parecidas. Isso não é difícil de analisar, afinal certos campos eletromagnéticos de nosso planeta pulsam com uma frequência estacionária, é o que chamam de Ressonância Schumann.

 

— Você já passou por coisas assim antes, não? - perguntou Mabi.

 

— Algumas vezes - respondeu Eduardo.

 

— E por que nunca me contou? Achei que fôssemos namorados! - disse ela, não muito calma - Vocês também! Estrela! Vitor! Estavam escondendo coisas tão importantes de mim esse tempo todo!

 

— Entenda, amor - disse Eduardo - Não queríamos que você se envolvesse com coisas tão perigosas.

 

— Eu não me importo...só não quero...que escondam mais nada de mim - disse ela, em tom desapontado.

 

— Mabi...

 

— Posso apagar a memória dela agora mesmo se quiser - disse Estrela.

 

— Estrela! Não é hora para falar uma coisa assim! - reclamei.

 

— Afinal de contas - continuou Mabi - Eu me diverti pra caramba naquela coisa! Não quero que escondam essas coisas legais de mim!

 

 Então a preocupação dela era isso? 

 

— Parece que não tem jeito - disse Eduardo, coçando a cabeça - Venha comigo...vou explicar tudo o que sei. 

 

 Eduardo e Mabi se despediram. Parece que agora mais alguém sabia do segredo.

 

— Cada vez mais pessoas sabendo mais do que deviam - disse Estrela - Espero que você e Eduardo se responsabilizem por ela.

 

— Bem, você precisa admitir que é mais divertido com mais pessoas, não acha? - falei.

 

— Ter um terráqueo para me ajudar, como você, é até útil. Mas com cada vez mais terráqueos se envolvendo, isso vai virar uma bagunça e tanto - Estrela continuava a reclamar.

 

— Bem, só superamos o SVT por estarmos em equipe, não? - indaguei.

 

— Você sabe que o SVT só foi ativado por ter uma equipe nessa sala, não sabe? - retrucou ela.

 

— Não seja tão dura...

 

— Mas...esse SVT - Estrela começa a ficar com uma expressão pensativa - Não é como um vírus que se instala em uma rede sem nenhuma autorização. O único jeito dessa coisa estar nessa escola é porque alguém o instalou na rede daqui. 

 

— No que você está pensando? - perguntei.

 

— Essa escola...pode estar mais envolvida com questões alienígenas do que eu pensava - disse ela - Preciso manter meu olho aberto com tudo o que acontece aqui dentro.

 

— Bem, é isso, galera. Também estou indo nessa - disse Veterano Caio. 

 

 Quase caí para trás com o que vi.

 

— Veterano Caio! O que...o que está fazendo?

 

 Ele simplesmente havia tirado a roupa toda e estava indo embora completamente nu!

 

— Bom, me acostumei a ficar peladão em todo aquele tempo lá no jogo - disse ele - Vou para casa assim mesmo. Falou!

 

— Ele será impedido por algum inspetor, não se preocupe - disse Estrela, não muito abalada. O problema é que não tínhamos nenhuma tarja virtual dessa vez.

 

 Bem, terminamos o SVT. O problema é que não sabíamos o motivo dele ter sido instalado na rede da escola, mas agora nossas suspeitas sobre o próprio Colégio Conexão aumentaram. O que estaria por trás daquilo?


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Notas finais do capítulo

Dessa vez o capítulo foi maior, né? Queria finalmente terminar esse arco.

Na sequência, teremos mais um capítulo tranquilo e, logo após, entramos em outro arco importante. A partir daqui tentarei acelerar mais o ritmo da fic.

A partir do próximo capítulo a periodicidade da fic será um pouco menor. Motivo? Minhas férias acabaram e tenho muita coisa para resolver, mas tentarei pensar no roteiro em minhas longas viagens de ônibus e postar os caps sempre que possível.

Até mais! :)