Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 23
Crise 23 - Vestido Carente




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Crise 23 - Vestido Carente

Tudo bem. Pegamos o tal parasita mental que dominou o corpo da Bruna por meio de um vestido super caro. Mas ele acabou me comovendo. Sim...por ter vagado tantos anos pelo universo e nunca encontrado um hospedeiro legal, ele nunca havia se divertido. Olhando por esse lado, pedi para Estrela deixá-lo na Terra por mais alguns instantes para que pudesse se divertir. Ela não gostou muito da ideia, mas como não tinha nada a perder com isso, acabou aceitando. E era isso. Estávamos lá, andando com Bruna pelo shopping, coisa que eu nunca sonhei que iria fazer na vida, mas se bem que não era a Bruna e sim o parasita, mas...ah, vocês entenderam!

– E onde vamos primeiro? - perguntou o parasita pela voz de Bruna. O corpo dela ainda estava algemada por um campo de força que Estrela usou e não podia se desprender dela. Apesar disso, o parasita parecia bem empolgado.

– Onde exatamente você quer ir? - perguntei.

Ele pensou um pouco e disse:

– Ali! - falou, apontando para uma pista de patinação no gelo.

– P-Patinação? - gaguejei - Tem certeza?

– Sim! Quem chegar por último é a mulher do ET! - disse ele, correndo. Estrela acompanhou facilmente a corrida dele, mas eu tive que me esforçar um pouco mais. O que eu podia fazer? Poucos instantes depois estávamos lá, patinando. Quer dizer, eu, pelo menos, estava tentando me equilibrar, segurando nas barras da borda da pista.

– Olha, pai. O moço não consegue e equilibrar. Que bobão! - disse uma garotinha, apontando para mim e rindo.

– Quieta, filha. Não é educado rir da falta de capacidade dos outros - falou o pai. Essas crianças de hoje estão cada vez piores. Mas era fato que eu não estava conseguindo me manter de pé, enquanto todos passavam por mim facilmente. Estrela e o parasita conseguiam patinar facilmente.

– Como vocês conseguem ficar de pé nisso? - perguntei.

– Mas é tão fácil - comentou o parasita.

– Você consegue controlar perfeitamente o corpo de uma pessoa! É fácil falar! - retruquei.

– Quer que eu entre na sua mente para fazer você patinar? - perguntou ele.

– Mas aí seria você patinando e não eu!

– Mas você não iria passar vergonha.

– Quanto tempo mais você vai ficar aqui? - perguntou Estrela.

– É...já enjoei - disse ele - Agora, deixa eu ver...o que mais tem para fazer aqui? De repente, ele ouve alguém comentando sobre um filme que estava passando no cinema e decide seu próximo passo - Ah, já sei! Quero ir ao cinema!

– Bom..isso é mais a minha praia - falei.

Em poucos instantes, estávamos na sala do cinema. Compramos um balde de pipoca para dividir entre nós três, mas o parasita parecia querer tudo para ele.

– Ei, vai comer toda a pipoca mesmo? - perguntei.

– Vocês tem a vida toda para comer mais pipoca - reclamou ele.

Que seja. O filme logo começou. Era um drama romântico que ele achou ter uma imagem mais legal no cartaz. Mas não demorou muito para ele começar a reclamar.

– É só isso mesmo? Tá muito chato! - disse ele, em pleno filme. As pessoas começaram a pedir silêncio - Ah, fala sério! Só escolhi porque gostei da imagem no cartaz.

– Shh! - alguém chiou. Eu estava secando as lágrimas (o que posso fazer? O filme era um drama) e Estrela estava quase cochilando, quando o parasita finalmente resolveu sair.

– Meu tempo é curto demais para ficar perdendo tempo com essa baboseira. Vem, vamos embora!

As pessoas parecem ter ficado felizes com nossa saída. Pena que precisávamos passar por algumas pessoas sentadas para poder sair e acabamos atrapalhando o filme de muita gente. Mais do que pensávamos: quando o parasita estava passando, acabou escorregando em algum saco de pipoca engordurado de manteiga que deixaram no chão e praticamente caiu em cima do colo de um jovem rapaz que assistia tranquilamente o filme com sua namorada.

– Danilo! Você conhece essa menina? - disse a garota.

– N-Não, amor. Nunca vi mais magra! - disse ele.

– Já é a segunda vez que isso acontece hoje, Danilo! - reclamou a namorada. Acabei de lembrar que aquele era o mesmo casal que vimos anteriormente. Coincidências acontecem. De qualquer modo, saímos do cinema (deixando o casal discutindo sua relação) e nos dirigimos para nosso próximo destino, embora Estrela quisesse adiantar o expediente.

– Já não se divertiu o bastante? - perguntou ela - Já está na hora de ir embora.

– Esperem! - disse ele - Eu...ainda estou com fome.

– Fome? Você comeu o balde de pipoca todo! E olha que era de tamanho gigante - observei.

– Eu sei, mas eu nunca controlei a mente de um corpo que tivesse paladar. E a comida desse planeta é ótima! Quero experimentar mais coisas gostosas!

O que podíamos fazer? Fomos para a praça de alimentação. Não sem antes encontrarmos com outro problema no caminho.

– Ah! Vocês! - era o segurança que havia me segurado anteriormente. Ele não havia nos esquecido.

– Ai, tinha esquecido que estávamos sendo procurados - comentei.

– Agora vocês não me escapam e...

– Olhe! A presidente da Croácia! - exclamei, apontando imediatamente para trás.

– O quê? Onde?

Foi a oportunidade que tivemos para sair correndo. O velho truque de dizer "Olha ali" e sair correndo. Nunca imaginei que fosse funcionar. Quando finalmente vimos que estávamos longe, o parasita começou a rir (lembro sempre, com o corpo de Bruna).

– Isso foi legal! - disse ele - E essa corrida só me deixou com mais fome. Vai, vamos comer.

– Ah, bem, a praça de alimentação é logo ali.

– Uau! - os olhinhos brilharam. Ele pediu lanches em uns três estabelecimentos. E, claro, minha mesada já foi por ralo abaixo. Estrela apenas comprou um milk-shake.

– Não vai pedir nada? - perguntou Estrela.

– Todo o meu dinheiro vai ser usado para pagar os lanches dele - reclamei.

– Eu disse para nos livrarmos logo dele, não disse? - disse ela.

– Mas olha só...ele está tão feliz.

Olhei para uma meiga imagem de Bruna devorando lanches altamente calóricos.

– Err...a Bruna da nossa sala fazia dieta, não fazia? - perguntou Estrela.

– Acho que sim - respondi e assim como Estrela não tirei os olhos do parasita.

– Imagino que todos esses lanches vão causar efeitos no corpo dela - comentou a ecologista.

– Ainda bem que ela vai perder as memórias disso.

E, por fim, o parasita terminou de comer tudo. Sua satisfação foi completada com um enorme arroto. Sim, nunca pensei que veria uma imagem da Bruna fazendo aquilo, mas enfim, era a Bruna e não o parasita.

– É...sobre isso eu não tenho muito controle - disse o parasita.

– Bem, toda criatura com a constituição biológica dela faz isso - explicou Estrela - Não se preocupe.

Por um lado, eu sabia que ela estava certa. Por outro, eu não queria deixar na minha cabeça a imagem de que garotas arrotam e...fazem outras coisas...aaah. Não, não quero pensar. Não quero pensar.

– Ah, mas agora estou satisfeito - completou o parasita - Apesar de ainda ter muitas comidas gostosas nesse planeta que eu gostaria de experimentar...

– Se já está satisfeita, então está na hora de ir - falou Estrela - Irei transferi-lo para outro objeto e libertar a mente da garota. Vamos, tem algo mais a dizer.

– Eu só queria me divertir um pouco - disse ele, em tom tristonho - Tudo bem. Agora eu serei levado para outro lugar do universo...onde a probabilidade de não encontrar nada que valha a pena possuir é muito alta. Que triste.

Olhei para Estrela comovido. Ela olha para mim. Eu olho para ela. Estrela suspirou.

– Tudo bem. Vou mandá-lo para Glutonia.

– Glutonia? - perguntei.

– É um planeta habitado por porcos. Eles só comem, dormem e se divertem o dia todo. Não vão sequer reparar que um deles foi possuído por um parasita mental que só pensa em se divertir.

– Porcos? Puxa vida, eu estava pensando num corpinho mais bonitinho que nem esse aqui..

– Já está pedindo demais. Vai, passe para...para...esse canudinho aqui - disse Estrela, procurando um objeto para o qual o parasita pudesse ser transferido o vestido (e da mente de Bruna. Ele acaba cedendo e Estrela usa o Portal Gun disfarçadamente para mandá-lo para o tal planeta. Um alienígena invasor a menos. Porém, Bruna acabou ficando inconsciente.

– E o que vamos fazer com ela? - perguntei.

– Simples. Vamos apagar a memória - disse Estrela.

De novo, ela usa o Portal Gun de maneira discreta (se bem que ninguém estava reparando na nossa mesa mesmo), mas Bruna continuava desacordada. Balanço o ombro dela para despertá-la e é o que acontece.

– Hã? Nossa...acho que cochilei - disse ela. Era a segunda vez que a coitada tinha a memória deletada - Ué? Eu estava no shopping. Devo ter cochilado com a conversa de vocês. Ah, sim, vim aqui para mostrar meu vestido novo para todos! Não canso de reparar o quanto ele é lindo! Uma boa representante deve manter seu estilo e seu modelito impecáveis.

Modelito impecável? Espero que ela não olhe para baixo e...oh, ela fez isso.

– Ei, de quem é todo esse lanche? Que horror! Só de olhar para isso, já sinto as calorias!

– Ah, é meu! Fui eu que comi tudo. Hehe - tentei disfarçar, para não deixar a situação pior.

– Puxa, amigo. Você devia cuidar melhor da sua saúde. Qualquer um que comer isso aí vai engordar uns dez quilos. Deus me livre disso!

Bem, acho que não vou estar por perto quando ela perceber os quilinhos a mais.

– Mas chega de papo furado - disse Bruna, se levantando e se alongando - Ainda quero dar umas voltinhas no shopping. Ah, é, deixei minha bolsa e o meu celular no carro, porque não pude nem esperar para mostrar meu novo modelito no shopping. Mas aposto que o Jarbas me esperou lá fora. Beijos, meus fofos. Não tenho tempo para vocês. Até mais!

– Como eu disse, o Portal Gun mantém a consistência dos fatos - disse Estrela - Pena que ele não muda a personalidade da pessoa.

– Já estou com saudades do parasita - lamentei. Mas, enfim, até que foi uma tarde divertida. Até eu olhar minha carteira. É...toda diversão é meio cara!


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Notas finais do capítulo

Olhando agora, esse arco não acrescentou muito à história. Mas nos próximos capítulos espero já começar a entrar em pontos importantes...já está na hora do roteiro engrenar um pouco.

Mas isso só no ano que vem. Pois é, não vou escrever mais nada essa semana (e talvez eu demore um pouco para escrever o próximo cap). Vou aproveitar o período de descanso para..descansar. E, claro, também pensar com mais calma nos próximos capítulos. Mas nada que ultrapasse uns dez dias. Ainda estamos na primeira temporada da fic, não vou começar um hiato tão cedo.

Até mais, gente! E boas entradas de ano! Nos vemos em 2016 :)