Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 22
Crise 22 - Um vestido encrenqueiro




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Crise 22 - Um vestido encrenqueiro

Enquanto o táxi atravessava a cidade em perseguição ao carro de Bruna, eu tentava, em vão, convencer Estrela a não colocar a cabeça para fora da janela.

– Pare com isso! É perigoso! - reclamei com ela.

– Perigoso? - disse ela, virando os olhos para mim rapidamente - Nessa velocidade?

Eu disse que o táxi atravessava a cidade, mas o trânsito da cidade é horrível a qualquer hora. Assim como o carro de Bruna estava parado alguns metros à nossa frente, nós também estávamos presos no trânsito. Buzinas tocavam por todos os lados e não tinha sinais de melhoria.

– É o máximo que eu consigo, moça - falou o taxista, virando-se para trás - Sinto muito.

– Vamos ter que esperar, né? Agora...põe a cabecinha para dentro, por favor - falei, procurando manter a segurança o máximo que conseguia.

– Ei, ela está escapando! - disse Estrela, ainda com a cabeça para fora e apontando para Bruna, que acaba de sair correndo do carro onde estava - Rápido! Vamos atrás dela!

Estrela saiu do carro na mesma hora e restou para a minha pobre pessoa pagar a corrida. Ainda bem que não andamos muito e os dez reais que eu tinha na carteira foram o bastante para o pagamento. Tentei ir atrás de Estrela que não perdia o fôlego por nada. Bruna também não se cansava, mas no caso dela era de se esperar. O que aconteceu? Bruna estava usando um vestido que, na verdade, era um tipo de parasita alienígena que controlava a mente de quem o usava. O resultado é que o condicionamento físico dela se elevou amplamente. Pelo visto, o vestido aprimorava aos últimos limites a capacidade do corpo do hospedeiro. Se não fosse o fato da minha mente ser controlada, até eu queria um vestido desses...quer dizer, não que eu goste de usar vestido, mas...bom, mais importante do que isso, passamos pelo motorista do carro dela que estava com cara de quem não estava entendendo nada da situação.

– Ei, vocês são amigos da senhorita Bruna? - perguntou ele.

– Nós vamos buscá-la, não se preocupe - falei, enquanto Estrela simplesmente passou ignorando o pobre homem. Por sorte, era fácil avistar para onde Bruna estava indo. Era o shopping center da cidade.

– Ah, o shopping! - falei - Podemos beber alguma coisa lá dentro.

– Já cansou com uma corridinha dessas? - reclamou Estrela - Se bem que aquele vestido...ele consegue elevar o poder do corpo aos extremos. Se o perdermos de vista...

Entramos no shopping, mas ele não estava muito lotado, provavelmente por ser dia de semana. Mesmo assim, não conseguíamos encontrar a Bruna perdida. Para onde ela foi? Passamos por um banco onde um casal de namorados se abraçava. Nessa hora, o Portal Gun de Estrela começa a tocar.

– Sim. Tem alguma coisa estranha aqui - disse ela. O casal não entendeu muito bem o que estava acontecendo.

– Você conhece essa menina, Danilo? - perguntou a namorada.

– N-Não. Claro que não

– Está cada vez mais forte. Está perto..bem perto - disse Estrela, se aproximando cada vez mais dos dois e praticamente ficando de pé em cima do colo do rapaz. Eu até penso em falar alguma coisa, mas não tinha muitas palavras para isso.

– O que essa garota está fazendo subindo em cima de você, Danilo? - insistia a namorada. Mas Estrela simplesmente estava ignorando os dois.

– Ali! Peguei você! - gritou Estrela. Era Bruna que estava escondida na folhagem atrás do banco. Ela saiu correndo pelo outro lado na mesma hora. Estrela pega impulso no corpo do pobre Danilo jogando-o para trás e sai em perseguição à menina. Tento me desculpar do melhor modo que posso.

– S-Sinto muito - gaguejei - É que...ela é estrangeira.

Continuávamos correndo pelos corredores do shopping. Claro que correr pelos corredores não é seguro (por que se chamam corredores, então? Não vem do verbo correr?) e um dos seguranças, um cara enorme de quase dois metros de altura, tenta impedir Bruna. Se ela não tivesse deslizado por baixo das pernas dele, talvez ele até conseguisse pará-la. Estrela vinha logo atrás e consegue fazer o mesmo movimento. Parece que o segurança não era mais do que um obstáculo em uma corrida. Já eu, não tive a mesma sorte.

– O que você pensa que está fazendo, garoto? - disse o segurança, me levantando com as duas mãos pela camisa - Não sabe que é proibido correr pelo shopping?

– Desculpe. Estamos numa emergência - falei.

– Emergência? Que tipo de emergência?

– Não posso dizer, é algo complicado e...

– Chega de desculpas! Você deve ser um desses moleques que vem para cá fazer rolêzinho, não é? Pelo uniforme ainda é estudante. Vou avisar o seu diretor e..

– Err...seu sapato está desamarrado - falei, ao olhar rapidamente para baixo (e era verdade mesmo).

– Oh, obrigado - disse ele, me soltando e se abaixando - Vou amarrá-los e quando acabar irei falar com sua escola imediatamente e...

Desculpe, senhor segurança. Não tenho tempo para lições de moral. Aproveitei a brecha e saí correndo dali na hora que ele se abaixou, tentando alcançar Estrela e a Bruna-parasitada. Acho que nunca corri tanto na vida. Vi Bruna no andar de cima, quase sendo encurralada por Estrela. O parasita não tinha mais saída.

– Finalmente eu te peguei. Não tem mais para onde fugir.

– Mesmo? - disse ele (na voz de Bruna, é claro) - Esse andar não é muito alto.

Sim. Isso mesmo. Ele simplesmente saltou, dando rodopios no ar e caiu de pé. Os presentes bateram palmas, mas eu quase soltei meu coração pela boca. Se alguma coisa acontecesse com aquela menina, não sei como lidaria com a situação. Mas o vestido realmente conseguia levar a capacidade física do corpo ao máximo e ela saiu intacta. Provavelmente todos devem estar achando que é uma exibição. Foi tão rápido e inesperado que ninguém tirou nenhuma foto. Ainda bem.

– Vitor! - gritou Estrela para mim - O que está esperando? Atrás dela!

Eu tinha escolha? Bruna continuava correndo e dessa vez consegui vê-la entrando em uma loja de roupas. Pelo menos era um lugar fechado. Estrela me alcançou rapidamente e também entrou na loja. Já estávamos bem cansados de correr. Onde aquele parasita se meteu? Mas, por incrível que pareça, ele também não sabia muito bem onde se esconder. Ao olhar para os manequins da loja, vemos Bruna parada como estátua...ele sabia que isso não funcionava, não sabia?

– E agora? Qual deles será o verdadeiro? - disse Estrela, em tom irônico - Será...esse aqui?!

Estrela não só agarrou Bruna pelo braço, como usou seu Portal Gun para colocar alguma coisa nos punhos dela.

– O que você fez? - perguntei.

– Coloquei uma espécie de algema com campos de força. Ela não vai escapar tão fácil.

– Oh, droga! - reclamou o parasita, tentando se livrar das algemas - Você me pegou!

– Não quero machucar a garota - disse Estrela - Mas você não pode continuar nesse planeta. E não adianta tentar me possuir...tenho treinamento para expulsar parasitas mentais, você só iria perder sua energia.

Nessa hora, Bruna começa a chorar. Sim, abrir o berreiro totalmente. O suficiente para os presentes na loja olharem estranho.

– Ah, ela odeia perder no pega-pega - tentei falar - Já estamos indo...tchau!

E tentei puxar as duas para fora da loja. Realmente, alienígenas não sabem viver em sociedade. Bruna (ou melhor, o parasita) não parava de chorar. O que podíamos fazer?

– Afinal, o que você quer? - perguntou Estrela.

– Eu só queria...só queria...aproveitar a vida nesse planeta por um dia - disse ele - É verdade...eu sou um parasita que consegue se integrar com qualquer tipo de ser, animado ou inanimado, mas milênios e milênios viajando pelo universo eu nunca encontrei um corpo realmente bom para compartilhar. Daí um buraco de minhoca aleatório me fez parar nesse planeta e acabei me integrando com esse vestido. Quando essa menina o experimentou, consegui entrar na mente dela e finalmente tenho um corpo, uma vida, posso experimentar coisas...mas você...você quer tirar isso de mim!

E ele continuava a chorar.

– E agora? O que a gente faz? - perguntei para Estrela.

– Não é óbvio? Vamos mandá-lo para longe. Criaturas assim acabariam com o equilíbrio desse planeta - disse ela - Só preciso tirá-lo da Bruna e regular o Portal Gun para um local deserto do universo.

– Espera...acho que podemos fazê-lo aproveitar pelo menos o resto do dia, não acha? - sugeri.

– Como assim?

– Ei, Sr. Parasita - disse, olhando para Bruna - Estamos em um shopping. Tem várias coisas divertidas aqui. Podemos realizar seu desejo pelo menos por hoje.

– Como é que é? - perguntou Estrela.

– Vai, não custa nada fazer uma boa ação - argumentei.

– Mesmo? Obrigado! Obrigado mesmo! - ele quase tentou me abraçar com o corpo de Bruna, mas Estrela o impediu.

– Nada de gracinhas - disse ela - Não vai controlar esse menino, ouviu bem?

– Mas eu não ia... - ela iria chorar de novo, mas Estrela continuou.

– Está bem! Só uma tarde! Uma tarde e você vai para longe, ouviu bem?

– Sim, senhora - disse o parasita (na voz de Bruna).

Bem, acho que podemos dar pelo menos um dia feliz para essa pobre criatura, não é? Se bem que estar no corpo de Bruna não é bem uma situação onde podemos chamar de pobre.

– Infelizmente deixei a bolsa da menina no carro na correria - disse o parasita - Vocês vão ter que pagar. Hehe!

Retiro o que disse. Naquela tarde, ela era uma pobre criatura. E eu iria me tornar uma logo, logo.


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Notas finais do capítulo

Postei na véspera de Natal, então não sei se alguém lerá esse capítulo no dia, mas se sim: um Feliz Natal !

Até o próximo! ;)



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