Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 21
Crise 21 - Encrenca em Liquidação


Notas iniciais do capítulo

Estive longe do meu PC nesse fim de semana e por isso esse capítulo atrasou. Mas..aqui está ele.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645979/chapter/21

Crise 21 - Encrenca em Liquidação

Após um feriado com muita tensão (e pizzas), na segunda-feira era hora de voltar à escola. Depois de ouvir as reclamações habituais de minha irmãzinha sobre a segunda, saí de casa na esperança de ter um dia agradável. Vocês sabem a importância de manter o bom humor, não? Assim que saio de casa, dou de cara com minha vizinha alienígena (embora poucas pessoas soubessem que ela é uma alienígena) Estrela.

– Bom dia - cumprimentei sorridente.

– Bom dia - disse ela, sem mudar muito sua expressão séria. Como sempre, raramente ela sorria. Continuei a caminhar junto com ela, tentando acompanhar seus passos rápidos.

– Err...posso perguntar uma coisa?

– Sim - respondeu ela.

– Por que simplesmente não usa o Portal Gun para chegar na escola? Pode programá-lo para surgir em um local isolado se o problema for encontrar pessoas e...

– Fazer exercícios é importante - disse Estrela, antes que eu pudesse terminar minha fala - Você também deveria experimentar.

– Não sou muito bom em esportes, sabe?

– Sei. Já o vi nas aulas de Educação Física - respondeu ela, sem virar os olhos para mim - Mas ter um corpo bem treinado é importante para qualquer um que se aventure em outros planetas.

– Não planejo sair do meu planeta tão cedo - desabafei.

– O que está dizendo? Não gostou de visitar o mercado intergaláctico nesse feriado?

– Gostaria mais se não tivesse me envolvido naquela confusão toda!

– Só precisa tomar mais cuidado da próxima vez - disse ela calmamente.

– Mas eu tomei cuidado e..

Estrela me interrompeu com o dedo indicador no meu rosto. O celular dela começou a tocar no momento em que passávamos na frente da vitrine de uma lojinha de roupas que ficava no caminho da escola. Na verdade, era uma franquia relativamente cara, próxima do centro e as peças de lá eram bem luxuosas (segundo a Mabi, eu não entendo nada de roupas). O toque do Portal Gun era cada vez mais forte, indicando que havia alguma presença alienígena dentro daquele local.

– Falando em próxima vez... - comentou Estrela - Acho que ela já está bem próxima. O Portal Gun está acusando uma presença alienígena nesse local.

– Aí dentro? É uma loja de roupas e ainda está fechada - comentei. Naturalmente estava fechada. Ainda não era nem oito da manhã.

– O sinal fica mais forte..quando me aproximo desse vestido - disse Estrela, apontando o celular para um dos vestidos da vitrine. Era um vestido verde-claro, de tamanho pequeno e, segundo a placa, estava para ser vendido com 60% de desconta na Grande Liquidação da Segunda Maluca, que por sinal era hoje. Se bem que mesmo com 60% de desconto ele ainda custava mais de 200 reais.

– Esse vestido aí? - falei, apontando - Tá me dizendo que esse vestido é coisa de outro planeta? É verdade que o preço é absurdo, mas..

– Muitas espécies alienígenas costumam se disfarçar de objetos inanimados ou ser algo que pertença a um deles e contém algum traço biológico. Seja lá o que for, precisamos descobrir do que se trata e mandá-lo de volta para o planeta de origem o quanto antes - disse Estrela, fazendo seu Portal Gun assumir a forma de uma pistola e apontando-a para a vitrine - Vou explodir a vitrine e forçar o alienígena a sair..

– NÃO! - gritei, agarrando-a pelo braço imediatamente - Se fizer isso, vão chamar a polícia na mesma hora. Tem ideia do quanto essa loja é cara?

– Posso pagar o prejuízo com equivalente em ouro - respondeu ela.

– Mas como vamos explicar a situação? Não seria mais fácil agirmos quando a loja estiver aberta!

– Pode ser...vamos esperar a loja abrir.

– Não! - falei - Temos prova de ciências hoje, esqueceu? Não podemos faltar! Vamos voltar aqui depois das aulas!

– E se o alienígena fugir quando voltarmos? - indagou ela.

– Bom, eu preciso de nota naquela prova. Não vou poder fazer nada para ajudar - falei - Quer mesmo ficar aí?

Esperava que ela fosse dizer que sim e eu já estava pronto para ir embora, mas, ao contrário do que pensei, ela acabou cedendo. Abaixando sua arma e suspirando, Estrela disse:

– Está bem - disse ela - Não sei que problemas de burocracia pode haver aí dentro, é melhor fazer isso com a sua ajuda.

Tecnicamente sou o "ajudante" de Estrela em suas missões ecológicas de expulsar alienígenas invasores. Não que eu sirva de muita ajuda (na maioria das vezes, ela é que acaba me ajudando), mas era como se tivéssemos um acordo não escrito: sempre agíamos juntos. Enquanto ela cuidava da parte da ação, eu procurava ajudá-la a cumprir a missão da forma menos danosa possível para a comunidade. Não sei até que ponto isso estava dando certo, mas até que nossa equipe já fez bastante coisa.

O grande problema é que hoje era o dia dessa Grande Liquidação da Segunda Maluca. Assim que saímos da aula, viemos correndo para a frente da loja para verificarmos se o vestido ainda estava lá. Ao chegarmos no local, tudo que encontramos foi um monte de mulheres e garotas aglomeradas na frente da loja, tornando a passagem algo bastante complicado.

– O que está havendo? Isso já é obra do alienígena? - perguntou Estrela.

– Não. É uma liquidação. Preços baixos atraem várias pessoas - comentei.

– Oh, acho que me lembro...de um dia de liquidação em um planeta shopping - disse ela - Foi mesmo um dia conturbado.

– Planeta shopping?

– Sim. Um planeta inteiro só de lojas. Gastei boa parte do meu salário lá, mas pelo menos comprei umas camisetas legais - disse Estrela, enquanto tentava passar pela multidão. Assim que conseguimos adentrar na loja, Estrela olhou para a região da vitrine, mas o vestido não estava mais lá. Ela ligou o Portal Gun e ele começou a tocar em uma determinada direção.

– Achou alguma coisa? - perguntei.

– Ali! - disse ela, apontando para uma região próxima a um trocador de roupas. Assim que corremos para nos aproximar do local, encontramos uma pessoa conhecida.

– Ah, vocês - era a Priscila, a melhor escrava, digo, amiga de Bruna.

– Priscila? - exclamei espantado - O que está fazendo aqui?

– E-Eu que pergunto. Vocês não parecem ser frequentadores dessa loja - respondeu ela.

– Estamos apenas fazendo umas pesquisas - disse Estrela, apontando seu celular para o trocador que, por sinal, naquele mesmo instante, revelou quem estava por trás dele.

– E então, Priscila? Como estou? - era Bruna, exibindo exatamente o vestido que Estrela estava investigando. O pior que o vestido ficou bem nela. Era mesmo algo para uma garota daquela idade.

– Você - disse Estrela - Tire esse vestido agora!

– Oi, Estrela! Você também está aproveitando a liquidação? - perguntou Bruna.

– Não estávamos juntos na aula? - perguntei - Como conseguiu chegar aqui tão rápido?

– Motoristas particulares sempre são úteis. Principalmente quando se tem uma liquidação de roupas em uma das lojas mais chiques da cidade - disse ela, sorridente e confiante. Claro. Motoristas particulares. O mais irônico é que tínhamos uma arma que criava portais dimensionais, mas chegamos depois de um motorista de luxo.

– Não importa. Tire logo esse vestido. Ele é perigoso - continuou Estrela.

– Perigoso? Mas ficou tão bem em mim - disse Bruna, olhando para seu próprio corpo e satisfeita - Não deveria ter inveja de sua colega de classe, Estrela.

– Não se trata de inveja, eu apenas..

– Beijinho no ombro para você, querida - disse Bruna, já saindo de cena - Não só vou levar esse vestido, como também vou voltar para casa usando ele. Priscila! Pegue minha bolsa, por favorzinho.

– C-Claro - disse a pobre garota, entregando a bolsa para ela.

– Acho que dá para levar à vista no cartão. É bem baratinho - disse Bruna, rindo alegremente - Mal vejo a hora de publicar no Face que agora ele é meu!

– Como? - perguntei.

– Sim. Há meio minuto atrás só publiquei que estava experimentando. Mas já que elogiaram tanto, achei que seria bom comprá-lo - explicou Bruna. Por mais fútil que a garota fosse, ela tinha algo importante e Estrela não estava disposta a deixá-la sair dali com o vestido.

– Não me irrite mais, garota - reclamou Estrela - Vou pegar esse vestido nem que seja a força!

E, de fato, Estrela se lançou na direção de Bruna, mas, por incrível que pareça, a patricinha escapou do ataque de Estrela com um belo salto mortal para frente.

– Uau! Não sabia que você praticava ginástica olímpica, Bruna - espantou-se Priscila.

– E não pratica - disse Bruna, mas de um jeito diferente, como se não fosse ela quem estivesse falando - Mas é um corpo no qual isso pode ser feito facilmente.

– Hã? - Priscila não estava entendendo muito bem.

– O que é isso? Uma exibição? - perguntou uma das mulheres clientes.

– Que legal! - reparou outra garota - Essa loja está investindo bastante em marketing, heim?

Ótimo. O alienígena tinha que se revelar bem no meio daquele monte de gente.

– Entendi - disse Estrela - É um Parasita Mental.

– Parasita Mental? - perguntei.

– Ele pode assumir a forma de qualquer roupa - Estrela continuou a explicação - E se algum ser com um nível relativamente alto de consciência a vestir, ele pode comandar a mente desse ser.

– Então quer dizer que a Bruna é um ser com um nível relativamente alto de consciência? - perguntei.

– Mais ou menos - disse Bruna (ou melhor, o parasita do vestido) - Mas até que foi fácil entrar na mente dessa garota. A atenção dela é toda voltada para roupas, sapatos e fofocas. É mesmo um desperdício...

– Não vamos deixar que fuja - disse Estrela.

– Mas eu já estou fugindo, meu bem - disse o vestido, através da voz de Bruna, subindo no balcão e digitando a senha na máquina de cartão dali - E esse cartão cheio de dinheiro vai ser muito útil para eu fazer o que quiser!

Após a transação ser aprovada, ele simplesmente saltou dali com mais uma acrobacia e saiu correndo da loja às gargalhadas.

– Droga. Vamos atrás dele imediatamente! - disse Estrela.

– Ele é muito perigoso? - perguntei.

– Essa criatura se aproveita da vida dos seres que se hospeda para fazer o que bem entender. Se ele não arranjou um hospedeiro há muito tempo, certamente vai aprontar um monte de coisas por aí - disse Estrela, logo em seguida voltando seu olhar para Priscila - Mas antes...

Estrela levou Priscila para dentro do trocador e saiu logo em seguida.

– O que você fez? - perguntei.

– Apaguei a memória dela. E terei que fazer isso com a Bruna de novo assim que a pegarmos.

Por sorte, as outras pessoas da loja estava mais preocupadas com as ofertas do que com os acontecimentos. A mulher da caixa parecia indiferente ao jeito que Bruna saiu da loja desde que o vestido tenha sido pago. O único problema era a Priscila mesmo, mas Estrela cuidou de fazer isso de modo mais discreto. Agora nossa tarefa era descobrir onde o tal parasita levou Bruna.

– Vamos perguntar para o motorista - falei, como primeira sugestão e, de fato, Bruna já estava dentro do carro. E, ao nos ver, ela só nos mostrou a língua, enquanto o carro deu a partida. Ótimo. Não tínhamos a menor ideia para onde ela iria, até que eu vi um táxi bem ali perto.

– Tem um táxi ali - comentei.

Na mesma hora, Estrela me puxou para dentro dele e gritou para o taxista apontando para o carro do motorista de Bruna:

– Siga aquele carro!

– Caraca! Sempre quis que alguém me pedisse isso! - comemorou o taxista, dando partida na mesma hora.

A perseguição havia começado. Afinal, o que aquele parasita iria fazer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo cap. Até mais! ;)