Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 2
Crise 02 - Garota Alienígena




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Crise 02 - Garota Alienígena

Espere um pouco. O que estava acontecendo? Há poucos instantes, eu simplesmente estava caminhando próximo da minha nova colega de classe Estrela e, do nada, ela revelou que meus cadarços estavam tomados por algum tipo de entidade alienígena. Depois disso, ela mesma revelou que era uma alienígena. Afinal de contas, o que estava havendo? Eu poderia ter uma explicação, mas parece que Estrela não iria me deixar sair dali com qualquer informação a mais. Na verdade, o que ela estava querendo era apagar a minha memória com aquele celular que se transformou em um tipo de pistolas ou algo assim...eu queria poder explicar melhor, mas antes disso eu precisaria que alguém me explicasse!

– Infelizmente...terei que apagar a sua memória aqui e agora - disse ela, sem sequer esboçar alguma emoção. Mas como não ter medo de alguém com uma pistola apontada na sua cara? Eu me rastejava para trás apavorado, mas parece que alguma força superior mudou meu destino. De repente, o aparelho que ela carregava começou a apitar e piscar com um tipo de luz azul esquisita. O que aconteceu? Ela esqueceu algum alarme ligado?

– E..agora? - foi tudo que consegui balbuciar.

– Como? - ela parecia agitada - Não é possível! Tem uma presença alienígena nas proximidades!

– Mais alienígenas? Como assim? - eu realmente não estava entendendo nada.

Ela olhou para mim, agarrou a gola da minha camisa e disse.

– Venha comigo. Cuidarei de você depois.

– E-Eu? Mas eu..

– Apenas venha! Não posso deixar você escapar depois do que viu...e ainda mais depois do que você verá!

Estrela simplesmente saiu correndo e me arrastando. Bem, meu corpo é leve, então não deve ter dado muito trabalho para me carregar, mas mesmo assim preciso dizer que aquela garota era muito forte.

– O que exatamente você é? - perguntei, enquanto era estupidamente puxado pela camiseta.

– Já disse. Sou uma alienígena, do seu ponto de vista - respondeu ela - Mas, digamos, que estou nesse planeta em missão investigativa.

– Missão investigativa?

– Venho do Setor W, uma galáxia que fica há muitos anos-luz daqui. O departamento de pesquisa da instituição onde trabalho detectou uma aparição anormal de buracos de minhoca surgindo neste planeta. O resultado é que diversas espécies alienígenas tem pulado para cá, o que pode causar um desequilíbrio ecológico grave nessa região do espaço.

– Desequilíbrio ecológico?

– Claro. Espécies diferentes em locais fora de seu habitat podem ser muito perigosas. Um exemplo são os Knot Snakes que você acabou de ver.

– Ah, está falando dos meus cadarços? - e por falar neles, correr com um tênis sem cadarços pode ser muito ruim, principalmente por seus pés ficarem saindo deles toda hora.

– Não eram seus cadarços! Eram entidades alienígenas com a capacidade de se integrar com fios daquele tipo. Eles também costumam atacar fones de ouvido, mas o efeito neles é reverso. Já reparou o quanto é difícil desembaraçar fones de ouvido?

Ah, então isso explicava muita coisa!

– Mas eles não são as únicas ameaças. A situação está tão grave que eu precisei vir para cá averiguar o caso e garantir a manutenção desse meio-ambiente. Pode-se dizer que sou uma espécie de ecologista intergaláctica.

– Então você está preocupada com a ecologia da nossa galáxia?

– Sim - continuou Estrela, sem parar de me puxar - Vocês são uma população de seres tecnologicamente atrasados e sem muito conhecimento do que ocorre além do seu planeta. Mas ainda temos muitos dados para recolher sobre vocês. Seria uma pena se esse planeta ou essa galáxia fossem prejudicados antes que terminássemos nossos estudos.

Então se entendi bem, o planeta Terra era como um objeto de estudo ecológico de outro planeta?

– E você disse que isso acontece por causa de buracos de minhoca? O que minhocas tem a ver com isso?

– O quê? Você não sabe nem o que é um buraco de minhoca? - disse ela, em um claro tom de espanto.

Ei, desculpa se ainda estou no Ensino Fundamental!

– Bom - continuou Estrela - Pense assim. Imagine que precise atravessar uma montanha. Você pode fazer isso de duas formas: ou você sobe e desce a montanha ou você cria um túnel para passar por dentro da montanha. Na maioria das vezes, criar o túnel torna sua passagem bem mais rápida. Buracos de minhoca são mais ou menos isso. São túneis criados no espaço-tempo para que dois objetos consigam chegar mais rapidamente de um ponto a outro. Entendeu?

– Mais ou menos - respondi.

– Isso não importa muito. Depois que resolver o caso, você não se lembrará mais de nada disso mesmo.

– Bem, quanto a isso, eu..

Mas ela não iria me ouvir. Quando parou de me puxar, havíamos chegado a uma espécie de quadra esportiva de algum clube de futebol de salão ou algo assim. Acontece que o lugar estava bem vazio. Parecia só ser frequentado aos fins de semana, mas Estrela parecia ter certeza de que o local de seu próximo alvo era aquele. Do nada, ela começou a escalar a grade que nos separava do interior do clube.

– Vamos entrar assim? - falei, espantado em ser puxado de novo (coisa que ela fazia com incrível facilidade, sim, ela subia pela grande enquanto me puxava pela camisa!) - E se alguém nos ver?

– Só preciso apagar a memória dele - falou Estrela, com toda a naturalidade - Vamos logo!

Ela tinha mesmo um jeito bem simples de resolver as coisas. Mas acabou que ninguém nos viu. Estávamos ali na quadra. Enquanto eu me recuperava da subida repentina, Estrela observava o local em estado de alerta.

– Está aqui...em algum lugar - disse ela, segurando seu celular (sim, ela voltou a transformar aquilo em um celular depois que a pistola começou a apitar) e olhando para todos os lados.

Só que não tinha nada ali, além de uma bola de futebol velha no meio da quadra. Ao se aproximar da bola, os apitos emitidos pelo celular (ou seja lá o que fosse aquilo) começaram a ficar cada vez mais altos.

– Ah, então está aqui - disse ela - Parece ser uma espécie alienígena que se integra facilmente a objetos esféricos...costumamos chamar de Living Ball (*)

– Todos esses alienígenas tem nomes em inglês? - perguntei.

– Bem, é uma das línguas mais faladas nesse planeta. O tradutor universal que instalei no chip do meu cérebro apenas dá a tradução mais conveniente - explicou ela.

– Tradutor universal?

– Claro. É a melhor opção para estudar locais com barreiras linguísticas. Ele emite ondas capazes de limpar a comunicação de milhões de milhões de espécies diferentes num raio de até 10 metros. Ah, mas é verdade, nesse planeta vocês ainda precisam aprender idiomas diferentes. Deve dar um belo trabalho.

Do ponto de vista dela, o planeta deve ser um local realmente atrasado. Tudo bem, não vou ficar ofendido, mesmo porque ela não parecia se importar nem um pouco com isso. Estrela se aproximou da bola e transformou seu celular novamente em uma pistola.

– Muito bem! Vou mandá-la para sua galáxia de origem!

– Essa sua pistola cria os tais buracos de minhoca?

– Desde que eu dê as coordenadas certas, sim. Não é muito difícil com a tecnologia certa.

Mas antes que Estrela utilizasse sua arma, a bola de futebol começou a se mover sozinha. Ela quase atinge a garota, mas Estrela era veloz o bastante para se esquivar.

– Mas que droga - reclamou Estrela - Acho que fizemos muito barulho. Agora vai ser difícil fazê-la ficar quieta.

Não é que a bola começou a se mover sozinha mesmo? Eu já estava começando a ficar apavorado de novo. Espero que aquela coisa não venha na minha direção. Dito e feito. Foi só eu pensar nisso que a bola começou a se dirigir a mim. Estrela me empurrou e conseguiu evitar que eu fosse atingido, embora ela acabou sendo atingida nas costas ao fazer isso.

– Você tá bem?

– Eu tenho treinamento. Não se preocupe comigo.

Só que a bola estava quicando de um lado para o outro sem parar. Precisávamos de um plano.

– Ela está rápida demais. Preciso prever o próximo movimento dela - disse Estrela, em tom sério.

– A-Acho que eu posso distraí-la - falei.

– Como assim?

– Vou fazer ela vir na minha direção de propósito. Daí você consegue prever para onde ela está indo, não consegue?

– Não! É perigoso! Não quero machucar as espécies inocentes desse planeta!

– T-Tudo bem. Eu confio em você. Quer dizer, a gente não se conhece muito bem, nem nada, mas já dá pra ver que você é bem responsável.

– Não diga bobagens, eu..

– Lá vou eu!

Às vezes eu faço essas coisas sem pensar. Não sou corajoso, longe disso, mas gosto de ajudar as pessoas. Se ela fizer a parte dela direitinho, não vai ser difícil.

– Ei, dona bola! Você não me pega! - falei, mostrando a língua para ela (alguém ainda faz isso com a minha idade? Bem, deixa pra lá).

Por incrível que pareça, a distração deu certo. A bola veio na minha direção. Tentei correr o máximo que pude, sem olhar para trás. Nessa hora, a bola só tinha uma intenção: me atingir. Antes de chegar na parede, me virei rapidamente para o sentido oposto e a bola ricocheteou na parede para tentar me pegar mais rápido. Mas foi aí que Estrela agiu. Nessa da bola rebater, ela atira com sua pistola e cria um mini-buraco (ou algo assim) que sugou a bola para longe.

– Ufa! Nem acredito que deu certo! - falei, me jogando no chão de cansado (é, não sou bom em atividades físicas).

– Nem eu - disse Estrela - Estranho...Living Balls costumam ser tranquilos e não atacam sem motivo, a não ser que tenham sofrido muito estresse.

– Bom, isso é uma bola de futebol - falei, jogado no chão - Devem chutá-la muito nos jogos. Isso deve estressar qualquer um.

– Sim. Como minha Portal Gun ressoa com a radiação que ela emite, isso deve ter aumentado ainda mais o estresse, a gota d'água para ela nos atacar.

Portal Gun deve ser o nome da arma dela ou do celular dela, seja o que for.

– Pelo menos tudo acabou bem. Ah, não, você ainda vai apagar minha memória, não vai?

Olhei para ela com cara de assustado. Mas Estrela pareceu ter piedade de mim dessa vez.

– É melhor para você...que essa missão se mantenha secreta - disse ela - Mas...alguma coisa no seu olhar diz que você é confiável.

De fato, ela estava olhando muito para dentro dos meus olhos.

– Você promete que manterá segredo sobre o que sou? - perguntou ela - Talvez...você possa me ajudar em alguns momentos e é muito chato fingir quem não sou o tempo todo.

– Ou seja, posso me considerar seu amigo? - falei, comemorando.

– Você sabe de alguns detalhes desse planeta que eu não sei muito bem. Como essa coisa de...bem...futebol.

Não que eu soubesse jogar futebol, mas sabia do que se tratava, claro.

– O que está querendo dizer?

– Talvez possamos nos ajudar. Meu departamento não quis me dar nenhum parceiro nessa missão, mas acho que você pode ser útil sim.

Não sei se entendi muito bem o que ela queria de mim, mas se isso significa não ser atingido com um raio ou perder a memória ou algo assim, então eu ficarei feliz.

– Pena que perdi meus cadarços. Minha mãe vai ficar brava - comentei.

– Acho que posso te arranjar outros - falou Estrela - Vem comigo, eu moro aqui perto.

– Sério? Eu também moro por aqui!

Segui Estrela por alguns instantes até que, finalmente, tive uma grande surpresa.

– Aqui está. Moro aqui.

– Mas..mas...essa é a casa na frente da minha! Como eu nunca reparei nessa casa antes?

– Ah, deve ser o campo de força que instalei. Você sabe que tem uma casa ali, mas nunca repara nela. Ajuda a evitar curiosos. Mas eu já liberei para você. Pode entrar.

Então ela seria minha vizinha de rua além de minha vizinha de carteira. Realmente, acho que vou encontrar essa moça várias vezes...

(*): Literalmente "Bola Viva"


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Notas finais do capítulo

Pelo visto esses dois vão se meter em altas confusões (muito narração de Sessão da Tarde, não é?). Aguarde novos capítulos e mais bizarrices.

Até!