Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 19
Crise 19 - Gerente


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente. Eu modifiquei um pouco o final do capítulo anterior. Se você o leu antes da data de hoje (08/12), por favor, volte lá e confira o que mudou. Boa leitura!



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Crise 19 - Gerente

Embora eu insistisse que a queda de todas aquelas latas não tinha sido a minha culpa, o funcionário não quis saber. Ele chamou o gerente e fomos obrigados a ficar ali, aguardando a chegada dele, acompanhados de dois seguranças de pele roxa com uns dois metros de altura. Evitava olhar para os lados por causa do medo. Bem, pelo menos não tinha ninguém reclamando na fila. Afinal, um corredor com mais de mil caixas sempre evitava filas e além disso os sessenta caixas próximos estavam vazios. Mas não era hora de ficar impressionado! O gerente do mercado logo iria chegar e nos cobrar pelo que aconteceu. Apesar de tudo, Estrela parecia tranquila.

– S-Sinto muito - lamentei, enquanto esperávamos.

– Bem, parece que isso irá nos atrasar um pouco - disse Eduardo, que, por algum motivo, mantinha toda a calma do mundo (gostaria de saber o que aconteceria se ele fosse empurrado).

– Acho que ele é o gerente da loja - disse Estrela, apontando para a figura que se aproximava de nós. Era uma criatura engravatada. Tinha dois braços roxos e gelatinosos enormes, dois olhos, duas antenas, e uma expressão nada agradável. Não tinha pernas, apenas se locomovia com a parte única de baixo do seu corpo, como se fosse uma lesma gigante ou algo assim. Um gerente de mercado furioso da Terra já me deixaria nervoso, mas o gerente de um planeta distante com uma forma daquelas aumentava meu grau de ansiedade cada vez mais. Mas eu precisava manter a calma. Tenho certeza de que Estrela não deixaria as coisas saírem do controle.

– Muito bem - gritou o gerente - Quem derrubou aquelas latas?

– Foi aquele funcionário ali - disse Estrela, apontando para o pobre funcionário de patins que tentava se levantar.

– Ei, você! - gritou ele - ESTÁ DEMITIDO!

– Mas eu nem ao menos... - o pobre funcionário tentava explicar, quando o funcionário do caixa interrompeu.

– Ele só caiu porque esse garoto derrubou essas garrafas - disse ele, delatando meu erro sem nenhum piedade.

– Então você está demitido! - gritou o gerente. Aliás, preciso relatar que o hálito dele não era nada agradável.

– Mas eu nem trabalho aqui - reclamei - Sou apenas um cliente.

– Mais ou menos - disse Estrela - Eu é que iria pagar tudo. Você é só um acompanhante.

– Não complica as coisas - reclamei e depois me voltei para o gerente - O-Olhe...eu...eu...

– Pare de gaguejar! - gritou ele.

– Eu não derrubei nada! Foi o garoto que me empurrou e..

– Não estou vendo nenhum garoto - grunhiu o gerente.

– Mas ele estava aqui agora pouco - tentei argumentar, olhando para os lados - Olha, foi ele que me empurrou e eu derrubei as coisas da prateleira sem querer.

– Sempre a mesma desculpa. Se tal coisa não tivesse acontecido, eu não teria feito isso. Blá, blá, blá. Agora vai me dizer que se o universo não tivesse sido criado, isso não teria acontecido.

– Olhando por esse lado, é verdade - comentou Eduardo.

Olhei para ele com estranhamento.

– Veja. Tudo precisa de uma causa. A prateleira não teria caído se você não estivesse aqui. Mas você só está aqui por que teve outras causas, como a sugestão da Estrela em comprar o fermento. E Estrela só comprou o fermento para ajudar a Mabi. E a Mabi só precisa do fermento para fazer a pizza e participar do concurso. E o concurso só acontece por causa de nossa cidade, que só está lá por conta dos eventos da história da Terra que só existe pelo fato do universo existir. Por essa lógica, sim, isso só aconteceu por que o universo foi criado.

– Isso não é desculpa! - reclamou o gerente ainda mais furioso - Só quero saber quem irá arcar com esse prejuízo? Aliás, vocês são de onde? Onde está a identidade de vocês?

– Bem, nós...somos da Terra - falei.

– Terra? Tem algum lugar no universo chamado Terra? - estranhou o gerente.

– Creio que esteja fora dos registros conhecidos. Ela ainda é objeto de estudo - disse Estrela - Esses dois estão sob a minha responsabilidade. Aqui está minha identidade.

Estrela acessou alguma coisa em seu celular, fazendo exibir uma espécie de holograma. Aquilo devia ser a identidade dela. O gerente examinou e disse:

– Setor W, heim? Então você é uma w-ana? Nesse caso, acho que posso confiar na sua palavra.

– Pelo visto, w-anos são bem respeitados no universo - comentou Eduardo.

– Pois é - concordei.

– E o que você pretende fazer para pagar o prejuízo? Vai colocar tudo na conta do seu departamento? - disse o gerente - Quero resolver esse problema logo! Tenho muito coisa para fazer, como terminar o jogo de paciência na minha sala que fui obrigado a parar no meio para atender o chamado de vocês!

Pelo visto os chefes fora da Terra também podiam se dar ao luxo de gastar seu tempo livre de trabalho.

– De quanto seria o prejuízo? - perguntou Estrela.

– De quanto é o prejuízo, garoto do caixa...err...Mason? - disse ele, olhar para o crachá do funcionário do caixa.

– Se lê "Meison", senhor - respondeu ele.

– Que seja. Responda. De quanto foi o prejuízo?

– Vamos ver...calculando rapidamente o número de latas que caíram e amassaram, mais o número de garrafas que você derrubou. O total é de vinte mil boreis.

– Heh! Não podia esperar menos de um Galken - elogiou o gerente - Vocês conseguem calcular tudo muito rápido.

– Obrigado, senhor - agradeceu Mason.

– Imagino que borel seja a moeda utilizada aqui - comentou Eduardo.

– Sim. Convertendo para a moeda do Setor W resultaria em quinhentos mil Ws.

– I-isso parece bem caro - comentei.

– Exato. Teria que gastar mais de 60% do meu orçamento mensal para pagar esse prejuízo - lamentou Estrela, embora sua face não esboçasse muita emoção.

– Não interessa - disse o gerente - Quero que esse prejuízo seja pago agora!

– Espere, creio que podemos resolver a situação de maneira civilizada - disse Eduardo calmamente - Não há nada mais que possamos fazer para compensar o prejuízo que nosso amigo causou acidentalmente?

– Isso mesmo! Foi só um acidente! Não temos direito à defesa? - reclamei.

– Querem um advogado? Isso pode custar ainda mais caro - disse o gerente.

– Ele tem razão - confirmou Estrela - Advogados cobram bastante, ainda mais para seres de planetas que sequer estão catalogados nos registro geral intergaláctico.

Mas, de repente, o gerente olhou para cima, como se estivesse pensativo, e começou a andar de um lado para o outro (se é que andar é o verbo adequado para um tipo de lesma gigante com terno e gravata).

– Oh, sim. Agora estou me lembrando - disse ele - Tem sim, tem algo que vocês podem fazer agora mesmo por mim.

– E isso compensará o prejuízo? - perguntou Estrela.

– Sim, compensa - disse ele, enquanto esboçava um certo sorriso em seu rosto - Creio que compensará muito bem.

Por que aquilo não estava me cheirando bem? Espero que não seja nada perigoso. Que coisa! Só precisávamos ir ao mercadinho da esquina...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo veremos o que o gerente tem planejado. Até :)