Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 143
Crise 143 - Juízo Final




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—Prima, a Mestra...do Fim? - repeti o que a tão misteriosa garota de cabelos brancos tinha acabado de dizer.

—Exatamente – falou Prima – E agora que disse o meu nome, não há mais como voltar atrás.

—Afinal, o que é tudo isso? - perguntou Kevin, que provavelmente nunca se viu tão assustado em toda a sua vida.

—Pelo que entendi...a bonitinha ali quer acabar com tudo – falou Lua – Depois eu que sou a maluca.

—Mas existe uma razão para acabar com tudo – prosseguiu Prima, ainda flutuando no ar em seu tom imponente diante de nós, pobres mortais – Vocês ativaram o evento do fim. Não tive escolha a não ser seguir minhas ordens.

—O que você quer dizer com suas ordens? - perguntou Quasar com um tom desafiador, embora também estivesse claramente assustado.

—Não sou eterna, fui criada juntamente com esse universo – explicou Prima – Mas o criador do universo me criou com uma missão...espalhar sementes de vida e acompanhar tudo até o fim. Até o dia em que o próprio criador trouxesse o fim de tudo ou...até o dia em que alguém ativasse o evento do fim. E parece que essa segunda opção é o caso. Esse é o meu dever como a Mestra do Fim.

—Mestra...parece que já ouvi essa expressão antes – disse professor Orion, pensativo (embora não estivéssemos em um momento muito bom para ficar divagando) – Li em um artigo uma vez que havia um planeta onde se acreditava que diversos elementos eram controlados por diferentes mestres...falaram do Mestre dos Relógios que controlava o tempo e o Mestre das Chaves que controlava os vários universos...se for a mesma ideia, então ela é a Mestra do Fim...

—Aquela que administra o fim de todas as coisas – completou Estrela, também séria, mas, pelo que já conheço dela, parecia temerosa por dentro – Parece que entendi.

—E-Espera aí – falei, já sentindo o mundo ao redor colapsar – Você disse algo sobre Julgamento, não disse?

—Sim – continuou Prima – Há uma esperança de revogar o fim. Posso conter temporariamente o evento até o fim de um Julgamento.

—E o que seria esse Julgamento? - perguntou Elena.

—É um teste – explicou Prima – Um teste para se determinar se ainda há um motivo forte o bastante para que a existência do universo prossiga.

—E que motivo seria esse? - perguntei.

—O teste é justamente isso – continuou Prima – Provem que esse universo merece continuar existindo.

—Essa é fácil – disse Lua – É a beleza!

—O que disse? - perguntou Prima.

—É isso mesmo – prosseguiu Lua – Olhe para mim, sou linda. Não seria um desperdício deixar esse rostinho tão lindo perecer?

—Não é um motivo bom o bastante – disse Prima.

—Ah, já sei! - falou Morgan – Estrela! Estrela! Pode abrir um portal de ida e volta para a CICE?

—No que isso vai ajudar? - perguntou ela.

—Confia em mim – disse ele.

Estrela fez isso e, poucos segundos depois, Morgan retorna com um pote gigante de creme de amendoim. Não bastasse isso, Kaldi estava ali, segurando o pote com toda a força.

—O que você pensa que está fazendo, seu rato imbecil? - disse Kaldi, furioso. Juntamente com ele, sua robô empregada, Margaret, seguiu pelo portal – Esses desgraçados só me deixam pedir um pote de creme de amendoim na prisão a cada dois meses! Não vai roubá-lo de mim!

—Desculpem ter trazido esse infeliz junto – disse Morgan, ignorando os insultos de Kaldi – Mas ele sempre vivia dizendo que sabia o sentido da vida. E então, Kaldi? Pode explicar o que você tanto defende?

—Ora, isso é muito simples – disse ele, pegando seu pote de creme de amendoim com todo o amor do mundo – O sentido de tudo está...no creme de amendoim!

Todos ficam em silêncio.

—É sério mesmo? - disse Estrela para Morgan.

—Foi o que pude conseguir – respondeu o mouseano.

—Não, não convenceu – disse Prima.

—E-Espera...você é... - Kaldi finalmente reconheceu a garota de cabelos brancos – Você é o anjo que me libertou do planeta de limões! Por favor, me ajude agora também! Pode me soltar e me deixar livre desses idiotas!

—Sinto muito – respondeu Prima – Mas...todo o universo está em julgamento agora. Preciso de um motivo para manter o universo vivo.

—Um motivo? Ora, eu ainda preciso conquistar esse universo. Não pode acabar tudo antes de eu conseguir isso! - gritou Kaldi, recebendo um belo chute de Elena na mesma hora.

—Desse jeito você só vai piorar as coisas! - gritou a agente, furiosa.

—Ai, ai. Por que isso sempre acontece comigo? - reclamou Kaldi. Margaret começou a limpá-lo imediatamente.

—Vocês tem apenas mais alguns minutos – disse Prima – Não posso conter o evento por tanto tempo.

—Talvez... - comecei a pensar – Estrela, rápido! Abra um portal para a sala do diretor. Como só gastamos algumas horas para pegar os cristais, ele ainda deve estar na escola.

—O diretor? Mas o que ele pode fazer? - perguntou ela.

—Confie em mim – insisti.

—Como se eu tivesse muita escolha – reclamou Estrela. Por fim, ela abriu o portal e, rapidamente, consegui trazer o nosso diretor até lá.

—O que pensa que está fazendo, Vitor? - disse ele – Ainda tenho muito o que fazer e...oh!

Ele olhou admirado para a garota de cabelos brancos.

—Reconhece ela, diretor? - perguntei.

—Não é possível – o diretor olhava admirado para Prima – É...a garota de cabelos brancos que conheci anos atrás.

—Há quanto tempo – disse Prima, com um sorriso.

—Diretor...o senhor queria encontrá-la de novo, não é? - falei – Pode dizer o motivo?

—Sim – disse o diretor, com lágrimas – Eu queria encontrá-la...queria vê-la pelo menos mais uma vez. Quase acabei com a Terra por causa disso, mas...queria muito vê-la de novo!

—Por qual razão? - perguntou Prima.

—Por que queria vê-la de novo! - disse o diretor – Apenas isso. Eu...nunca me esqueci de você. Foi a primeira pessoa que...que me apaixonei.

—Ai, que lindo! - exclamou Lua.

—Cala a boca! - bronqueou Estrela.

Prima mostrou uma expressão surpresa.

—Perdão por não ter conseguido guardar o cristal que você me deu com tanto carinho – disse o diretor – Mas...nunca me esqueci de você. Sempre quis encontrá-la de novo.

—Bem...eu estava apenas desejando manter os três cristais separados, para atrasar o dia do fim o máximo possível – disse Prima – Mas nunca pensei que ele significasse tanto para você.

—Significou – disse o diretor – E...mesmo depois de tantos anos. Meus sentimentos por você não mudaram nada.

—Eu...agradeço seus sentimentos – disse Prima – Mas esse universo está prestes a acabar. Você pode me dar uma razão para que ele continue existindo?

—Bem, eu já mudei totalmente a minha vida – disse o diretor – Poderia deixar tudo para continuar com você. Você é uma razão suficiente para mim.

—Mas para isso o universo precisa continuar existindo, né, meu bem? - disse Lua.

—Não posso corresponder – disse Prima – Mesmo que o evento seja parado, somos seres extremamente diferentes.

—Bom... - o diretor parecia conformado – Sendo racional, é claro que não seria possível. Mas é isso. Nossos sonhos nem sempre se realizam.

—Que deprê. Desse jeito é melhor acabar com tudo mesmo – comentou Aster, que ainda estava ali.

—Cale a boca – disse Estrela, tomando a dianteira – Ei, garota. Quer saber mesmo um motivo?

—Estou esperando – falou Prima.

—O motivo...é que não precisa da porcaria de motivo nenhum! - exclamou ela.

—E-Estrela?! - gaguejei.

—Ei, Vitor. Você lembra uma das primeiras coisas que te disse? - perguntou ela.

—Depende...aprendi muito com você – respondi. Tentava me lembrar de alguma coisa, mas...

—Sabe por que tudo nesse universo tem valor? - disse Estrela, sem esperar que eu me lembrasse – Pelo simples fato de tudo ser único. Se um único átomo desse universo fosse diferente, tudo já seria diferente. Esse universo é único. Podem existir infinitos universos paralelos e o caramba, mas quem se importa? O que importa é que existimos e estamos aqui, não é? Só o fato de existir algo além do nada já basta para sermos especiais!

Estrela falava com bastante convicção. E ela prosseguia.

—Pode não fazer diferença no esquema geral das coisas se tudo acabar...afinal, somos apenas uma pequena poeira em um infinito multiverso, mas somos alguma coisa – continuava – E para melhorarmos, precisamos continuar existindo. Esse universo tem muita coisa ruim? Sim. Ainda tem povos atrasados e retrógrados como a Terra que chegam até a acreditar que socialismo pode dar certo? Sim, tem. Mas eles só podem melhorar se ainda tiverem alguma chance. E se você quer um motivo, então é esse: não tem motivo, além do fato de que existimos. E por isso temos a possibilidade de mudar. Só isso.

Todos ficaram em silêncio diante do discurso de Estrela.

—Bom, é o que eu acho – continuou ela – Se ainda assim quer acabar com tudo, então não temos mais nada a fazer.

—Estrela! Vai mesmo desistir de tudo assim? - perguntei.

—E o que posso fazer? Ela é um ser acima até mesmo da tecnologia do Setor W – falou ela – Mas...se tudo vai mesmo se acabar, preciso dizer uma coisa.

—O quê? - indaguei.

—Obrigada – disse Estrela, com um sorriso sincero (e não apenas um leve sorriso) – Sem a sua companhia e a de todos os outros...nada disso seria a mesma coisa. E isso é algo que tecnologia nenhuma pode fazer.

—Estrela – correspondi com um abraço amigável. Bem, não sei era o fim de tudo. Isso dependia de Prima, mas, pelo visto, alguma outra coisa iria acontecer.

—Prima? - perguntou Quasar – O que houve?

—Vocês...me deram um motivo – disse ela – Sim, tudo que Estrela falou é verdade. Mas, além disso, há um motivo mais forte.

—E qual seria? - perguntou Kevin, ainda assustado com tudo.

—Laços – respondeu ela – Não importa quantas raças existam por aí...se elas conseguirem criar laços tão maravilhosos como vocês...esse universo pode se tornar algo ainda melhor.

—Então, você não vai destruir tudo? - perguntei.

—Não – disse Prima, balançado a cabeça negativamente – Vocês passaram no Julgamento. O evento foi adiado.

—Sério? Agora que estava ficando emocionante – comentou Lua.

—Vou fingir que não ouvi isso – disse Morgan – Já estava me arrependendo de não ter comido tanto quando podia antes do universo acabar.

Então foi isso? Tudo acabou. Sim! Mas tudo acabou bem.

Todos os problemas foram resolvidos. Depois dessa confusão toda, Prima sumiu de novo e levou todos os cristais com ela. Por outro lado, Quasar perdoa tudo que aconteceu com Estrela e retoma o posto de ecologista dela. Mais do que isso: em compensação por tudo, Estrela ganhou uma promoção e agora pode atuar como protetora de ameaças ecológicas da Terra em tempo integral. Em outras palavras, Estrela morará na Terra ainda por um bom tempo. Sim, poderíamos continuar indo para a escola juntos, como sempre fizemos. No dia seguinte a toda a confusão com os cristais, nossa rotina voltou como antes.

—Bom dia – disse Kevin, assim que se encontrou conosco na frente da escola.

—Ainda vai continuar estudando aqui disfarçado? - perguntei.

—Sim – disse ele – A CICE me nomeou vigilante oficial dessa região. Qualquer problema que Estrela arranjar, estarei pronto para agir.

—Que seja – falou Estrela, indiferente.

 

—E o diretor? Será que ele está bem? Passou por muita coisa ontem – pensei.

Mas o diretor estava bem atrás de nós e ouviu isso.

—Não se preocupe, Vitor – falou ele, com uma expressão tranquila – Agora que pude encontrar Prima mais uma vez e falar o que sinto, estou com a consciência limpa. Posso seguir minha vida com tranquilidade.

—Fico feliz pelo senhor – comentei.

Depois disso, o diretor seguiu para a sala dele. Kevin foi resolver alguma coisa com alguém da nossa sala, enquanto Estrela e eu fomos para o pátio aguardar o sinal. Nisso, Lua se aproximou de nós.

—E aí, dupla? Fizeram a lição que eu passei ontem? - perguntou ela.

—Lua, o universo quase foi destruído ontem – lembrei.

—Vocês sempre achando uma desculpa para não fazer a lição – lamentou ela – Vou colocar ponto negativo para vocês.

Droga. Ela continuou sendo nossa professora, mas até que não causava tantos problemas quanto antes. Bem, enquanto nossos problemas forem apenas pontos negativos no diário, está tudo certo. Estrela e eu continuamos conversando.

—Ainda bem que você recuperou seu emprego e até uma promoção, heim, Estrela? - comentei – Ainda poderemos ir para a escola juntos por um bom tempo.

—Pois é, não é? - respondeu Estrela - Parece que tudo voltou como antes. 

De fato...todas essas aventuras, toda essa história e, parando para pensar agora, eu não tive nenhum desenvolvimento pessoal como personagem (sequer consegui dizer para a Mabi que gosto dela). Mas, pelo menos fico feliz por continuar com todos os meus amigos aqui.

—Tudo bem - comentei - Mas eu gosto do sossego, então fico feliz por tudo continuar em paz.

—É – falou ela - Também fico feliz. 

Apesar dela não expressar lá muito a felicidade.

—Fico feliz porque gosto da Terra – prosseguiu ela.

—Você sempre reclama que somos atrasados, mas você realmente gosta daqui, não é?

—Sim, Vitor. Gosto bastante daqui. Por mais que a Terra seja um planeta atrasado, creio que os terráqueos possuem um grande potencial evolutivo. Um dia, vocês alcançarão um progresso inimaginável – reconheceu Estrela.

—Ei, pessoal! - disse nosso velho conhecido Veterano Caio – Acho que aprendi a controlar o som dos meus peidos. Vou treinar a peidar o hino nacional a partir de amanhã!

Estrela e eu nos entreolhamos, enquanto ele seguia entusiasmado para falar a mesma coisa para um grupo de meninas ali perto.

—Talvez...esse dia ainda demore um pouco – refletiu Estrela, com uma expressão claramente pensativa.

Ou talvez demore muito. Quem sabe? O universo é cheio de possibilidades.

 


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Notas finais do capítulo

E assim termina!

Sei que essa fic poderia ser melhor, mas acho que me perdi um pouco do meio para o fim. Acho que não foi uma ideia tê-la escrito em primeira pessoa - o Vitor não é um protagonista tão interessante assim para torná-lo narrador. De qualquer forma, agora já foi. Não vou reescrever, então acabou ficando assim mesmo. Espero compensar em uma próxima história.

Apesar disso, agradeço a todos que tiveram a paciência de ler até aqui. Muito obrigado mesmo! Caso não tenham lido, recomendo minha outra fic "Pesadelo do Real" para compreender a referência ao Mestre das Chaves e o Mestre dos Relógios.

É isso, pessoal. Até mais!