Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 14
Crise 14 - Trabalho em Dupla




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Crise 14 - Trabalho em Dupla

Após um fim de semana para lá de tenebroso naquela festa de meninas na casa de Bruna, finalmente chegou a segunda-feira. A maioria das pessoas não gosta de segunda, mas eu sempre tento ver o lado bom disso: uma nova semana é uma ótima oportunidade de novas realizações! As pessoas deviam perceber isso ao invés de só reclamar, não é? Bem, não é o que a minha irmã mais nova Vitória acha.

– Eu odeio segunda-feira! - disse ela, substituindo o bom dia e sendo a última a descer para a cozinha na hora do café da manhã - O fim de semana passou rápido demais.

Talvez para ela. Foi o sábado mais longo e cruel que já tive. Apesar disso, eu estava ali, disposto a encarar os novos desafios da semana de peito aberto (tá, nem tão aberto assim...não aguentaria ser vestido de garota e maquiado novamente. Fiquei um bom tempo tentando tirar a maquiagem depois que cheguei em casa. É nossas horas que agradeço aos céus por ter nascido menino!)

– A vida é assim, princesinha - disse meu pai, desviando o olhar do jornal para conversar com Vitória, cujo olhar de mal-humor fulminava qualquer um a quilômetros de distância - Uma hora todos nós precisamos voltar para as nossas obrigações.

– Vai me dizer que o senhor gosta das segundas? - perguntou Vitória, desconfiada. Meu pai suspirou e respondeu chorosamente.

– Não...também detesto segunda-feira - disse ele.

– Ei, calma, pessoal - tentei amenizar o clima - Pelo menos podemos ter a esperança de viver coisas legais nessa semana.

– Tipo o quê? - perguntou Vitória.

– O café da manhã delicioso que a mamãe preparou, por exemplo - falei.

– Xi, pessoal. Desculpa. Esqueci de ir na padaria ontem e teremos que comer o pão adormecido. Tá meio duro, mas dá pra comer - disse a minha mãe, chegando na conversa naquela hora.

– Tem uma segunda opção? - indagou minha irmã cinicamente.

– O dia está só começando!

E assim que terminei de comer meu pão duro de anteontem, parti para o colégio. Logo na entrada dou de cara com Estrela, que parecia concentrada em seu celular.

– Bom dia, Estrela. Tudo legal? - perguntei.

– Dentro das condições normais - ela respondeu - Mas a quantidade de buracos de minhoca nessa cidade não diminui nem um pouco. Podemos ter problemas quando menos esperarmos.

Esse "podemos" dela era o que me preocupava. Meio que me tornei um parceiro forçado de Estrela nas investigações dela. Fico feliz em ajudá-la, mas preciso reconhecer que isso é muito cansativo.

– Estrela, querida! - disse uma voz conhecida. Dei um pulo para trás assim que a ouvi. Era a Bruna, acompanhada de três amigas (incluindo a pobre Priscila).

– Sim? - disse Estrela, olhando o curioso grupo diante de nós. Bruna estava com o cabelo mais curto, mas devidamente aparado.

– Por que não apareceu na nossa festinha?

– Tive alguns contratempos - respondeu ela.

Apenas para constar: terminadas as confusões na casa de Bruna no sábado, Estrela apagou a memória de todas.

– Que pena. Foi divertido. Tá certo que as meninas me desafiaram a cortar meu cabelo e eu aceitei, agora ele está mais curto, mas...até que ficou bonitinho, né? Bom, se precisar de qualquer coisa é só falar comigo...pode contar o que quiser para mim, tá? Tchauzinho!

E elas saíram tão rápido quanto chegaram. Bruna adora descobrir segredos das pessoas para usar de chantagem. Aquela garota era mesmo terrível.

– Desafio? - perguntei baixinho para Estrela.

– Quando apaga a memória o Portal Gun cria uma historia consistente na mente de pessoa para justificar certos fatos ocorridos - respondeu ela - Tá certo que nem sempre funciona, mas parece que dessa vez colou.

Problemas a menos. Enfim, o sinal tocou e fomos para a sala de aula. Betão, nosso professor de matemática metido a descolado, entrou na sala tentando esboçar um bom humor de segunda-feira (viu? Eu não sou o único!).

– Bom dia, galera. Tudo sussa?

Ele sempre falava assim. Depois de falar algumas coisas sobre a aula anterior chega um momento onde ele propõe algo, no mínimo, diferente.

– Seguinte, pessoal - disse ele - Já que as notas de vocês estão baixas, vou passar um trabalhinho para vocês.

Todos lamentam.

– Mas, calma. É um trabalho em dupla.

Agora todos ficaram mais animados. Na verdade, nunca me dei muito bem com trabalhos em dupla. No fim eu sempre sobrava e precisava ficar ou sozinho ou em trio com alguém. Talvez Estrela quisesse fazer comigo, mas antes que eu perguntasse ela já respondeu.

– Vou fazer sozinha - disse ela, sem sequer tirar os olhos do caderno.

– Mas..é um trabalho em grupo - argumentei.

– Estou até o pescoço investigando dados sobre as invasões pelos buracos de minhoca, Vitor. Não tenho tempo para um trabalho sobre...geometria plana.

– Algum problema? - perguntou o professor Betão.

– A Estrela não quer fazer o trabalho comigo - respondi.

– Vou fazer sozinha - disse ela, antes que o professor perguntasse.

– Mas, Estrela. Não acha que é importante trabalhar em equipe.

– Já trabalhamos muito em equipe - disse ela - Além disso, o Vitor pode fazer sozinho também. É geometria básica. O espaço nem é curvo.

Espero que ela não ache que o meu cérebro é igual ao dela.

– Tudo bem, tudo bem, não precisamos forçar ninguém a nada. Vamos ver, mais alguém sobrou...ah, sim, Vitor. Você pode fazer o trabalho com o Caio.

Com aquele Caio? Sim, aquele mesmo que estava ali brincando de lutinha com os lápis. O garoto de 18 anos ainda na oitava série, também conhecido como Veterano Caio.

– Ei, Caio? Você faz o trabalho com o Vitor, certo?

– Opa. Mas é o meu amigo do outro dia. É claro, professor. É nóis! Vamos juntar as cadeiras agora.

– Espera, Caio - mas o aviso do professor foi tardio. Veterano Caio já tinha arrancado a cadeira de um pobre aluno inocente sentado ao seu lado (sim, ele arrancou o aluno do próprio lugar dele!) e arrastado o móvel para o lado dele.

– Chega aí, Vitor. Vamos adiantar esse trabalho.

– O trabalho não é para ser feito agora, Caio. É um trabalho para outro dia. Você não ouviu o que eu falei?

– Mas o senhor estava falando bem na hora que eu estava lembrando do Capitão Zoing enfrentando os Monstros do Esgoto!

Capitão Zoing? Nunca ouvi falar desse herói, mas o nome não me era estranho. Será que vi em algum canal aleatório ou em alguma mochila por ai?

– Caio, por favor.

– Viu só? Você já arranjou uma dupla - disse Estrela - É uma ótima oportunidade de aprender mais sobre trabalhar em conjunto com outros terráqueos e me contar como é depois.

Isso esse não deveria ser o trabalho dela? Tudo bem, tudo bem. O Veterano Caio não é uma pessoa ruim. Acho que posso dar conta desse trabalho. Como eu disse, uma nova semana significa novas oportunidades, não é? O resto do dia foi até que tranquilo, mas, ao bater o sinal da saída, Veterano Caio simplesmente me puxa para o lado.

– E então, Vitor? Bora fazer o trabalho?

– Mas hoje? Eu não estava...

– Relaxa. É melhor fazermos isso logo! Senão vou acabar esquecendo.

Esquecendo? A memória dele é tão fraca assim?

– Mas eu - eu iria iniciar uma argumentação do tipo "não avisei à minha família que iria almoçar fora hoje", mas foi inútil, principalmente quando o forte veterano me levanta e me carrega nos ombros como se eu fosse um monte de lenha, um saco de batatas ou algo do tipo.

– E-Estrela! - tentei gritar chorosamente.

– Tenha um bom trabalho, Vitor - disse ela, sem ao menos tirar os olhos da mochila onde guardava seu material.

– É muito bom ver colegas de classe se dando bem - comentou Bruna - São coisas assim que nos fazem ter orgulho dessa sala! Não é, Priscila?

– Acho que sim... - respondeu Priscila timidamente.

– Concorde comigo com mais ênfase, Priscila! - disse Bruna um pouco mais ríspida.

– S-sim. Está absolutamente certa, Bru.

– Oooh. Por isso que você é uma linda! - disse Bruna, abraçando a pobre garota.

– Não, não, não, não me abandoooneee! Não me desespeeree! Que eu não posso, não posso, não posso ficar sem te veeer! - Veterano Caio cantava Daniela Mercury de modo totalmente aleatório e praticamente esquecendo que eu estava em suas costas. Aquele cara era tão forte quanto a Estrela ou eu que era baixinho e magro demais? Talvez as duas coisas? Bem, acho que não tenho muita escolha a não ser ir para a casa do Veterano Caio. Não deve ser algo tão ruim assim, deve?


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Notas finais do capítulo

Nunca é fácil, né?

Veremos o que acontecerá de estranho no próximo capítulo. Até lá =)

PS: Sim, já estou com Internet de novo.