Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 13
Crise 13 - Enchente Capilar




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Crise 13 - Enchente Capilar

Nunca pensei que a situação fosse chegar a esse ponto. Graças a um discuido meu, ao invés de acabar com o problema dos nanoinsetos fiz justamente o efeito contrário: a solução que acabei trocando na casa de Estrela sem querer com o frasco correto só fez o metabolismo dos bichos crescer mais. Resultado: o cabelo de Bruna não parava de crescer!

– O que está acontecendo?! - Bruna parecia assustada. Também pudera. Cabelos não crescem naquela velocidade.

– Isso é alguma mágica? - estranhou Priscila.

As outras convidadas também estavam pasmas. Eu também já estava começando a ficar nervoso, ainda mais considerando que amarrado em uma cadeira não se pode fazer muita coisa. Estrela era a única que mantinha a calma.

– É. Se continuar assim, teremos problemas - disse ela, pensativa com a mão no queixo, vendo Bruna com o cabelo em crescimento acelerado (eu iria dizer se descabelando, mas não caberia muito bem no contexto).

– Não fiquem aí paradas! Façam alguma coisa! - disse ela, já em um alto grau de desespero.

– E-Espere...já vamos dar um jeito nisso - tentei acalmá-la (detesto ver qualquer pessoa desesperada.

Mesmo que seja uma chantagista baixa como a Bruna) - Estrela. O que podemos fazer?

– O que mais? Preciso voltar para casa e pegar a solução correta.

– Como assim? Você sabe o que está acontecendo? - disse Priscila, ao ouvir o que ela acabou de dizer.

– Bruna tinha nanoinsetos no cabelo - disse Estrela, com toda a calma do mundo - São organismos nanoscópicos que catalisam reações químicas capazes de fazer o cabelo de uma pessoa crescer rapidamente. Eu vim aqui justamente acabar com essa ameaça, mas nosso convidado especial trocou os frascos por um acidente. Essas coisas acontecem.

– Espera. Como você sabe disso? - perguntou uma das amigas de Bruna, totalmente pasma.

Estrela apenas suspirou e disse o óbvio.

– Na verdade eu sou uma ecologista intergaláctica e investigo o equilíbrio da entrada de entidades alienígenas nesse planeta. Sim, sou uma alienígena.

Bruna fez uma cara de espanto.

– Como? Alienígena? Isso é impossível!

– O que está acontecendo nesse quarto parece bastante possível - disse Estrela, apontando para a quantidade gigantesca de cabelo que estava se alastrando por todo o recinto. Estávamos realmente em uma situação cabeluda (com o perdão do trocadilho. É, eu sei, não sou engraçado...).

De fato, o cabelo de Bruna estava atingindo proporções absurdas. Por mais que ela tivesse uma cabeleira linda, tudo tem limites. Aquela situação tinha que parar. O cabelo já estava na altura da minha cintura (bem, eu sou baixinho e estou sentado. Para as meninas, já estava na altura dos joelhos).

– Não sei o que você é, mas acabe logo com isso! - gritou Bruna. Nessas horas, "por favor" não era uma palavra dentro do vocabulário. Sim, essa era a verdadeira Bruna.

– Até poderia. Mas preciso encontrar meu celular - disse Estrela.

– O que seu celular tem a ver com isso? - questionou Priscila, também bastante assustada.

– É com ele que eu vou voltar para casa e pegar o frasco certo - disse Estrela, olhando para mim com uma cara de reprovação óbvia - Naquele frasco tem a solução que vai parar o crescimento do seu cabelo.

– Ache logo a droga do seu celular! - reclamou Bruna. Estrela apenas "mergulhou" no mar de cabelo e partiu em busca de seu aparelho. Imagino o quanto seria difícil para ela encontrá-lo, mas a situação também não estava muito fácil para Bruna, afinal, seu pobre cabelo era puxado o tempo todo.

– Ops - disse uma das convidadas, ao se virar bruscamente sem querer. A cara de dor da desafortunada Bruna foi intensa.

– Sua idiota! Não se mexe! Quer me matar de dor?

– Desculpa.

Por sorte, Estrela voltou logo de sua busca. Seu celular não estava muito longe.

– Ufa. Fiz bem em deixar meu Portal Gun perto daqui - disse ela.

– O que seu celular pode fazer? - indagou Bruna.

– Com a função certa, muita coisa - disse a alienígena, fazendo o celular virar um tipo de pistola com a qual ela abre um portal dimensional que certamente levaria para a casa dela - Vou para casa e já volto.

Todas as meninas ficam pasmas diante disso. Eu não podia fazer muita coisa.

– Que diabos é essa menina? - perguntou uma das garotas.

– É o que ela disse...uma alienígena - tentei acalmar, com o cabelo de Bruna já na altura do meu peito.

– Vai ser um escândalo quando o colégio todo souber disso - falou Bruna, em um tom claro de ameaça.

– Lembre-se de que ela é a única que pode te salvar agora - retruquei.

– Salvar? E se ela simplesmente deu o fora! Não confio naquela menina! - Bruna parecia mesmo nervosa, mas Estrela voltou rapidamente, surgindo em outro portal dimensional bem em cima dela. Sim, ela cai bem em cima da cabeça de Bruna.

– Desculpe. Devo ter errado as coordenadas por alguns dígitos - disse Estrela.

– Estrela! - rebateu Bruna, claramente nervosa - Não sei o que você é nem o que vai fazer, mas trate de acabar logo com isso!

– O mundo nem sempre é do jeito que você quer - disse Estrela - Mas, por sorte, posso resolver facilmente seu problema.

– Então anda logo! - resmungou Bruna - Daqui a pouco o planeta todo vai estar coberto com o meu cabelo!

– É...na verdade é o cenário mais provável se continuar assim - complementou Estrela, com toda a frieza que lhe era peculiar.

– Ai, que nojo - reclamou outra convidada.

– Você tá dizendo que o meu cabelo é nojento? -reclamou Bruna.

– Chega, chega. Vamos acabar com isso, vai - disse Estrela, derramando um pouco da poção correta no cabelo de Bruna. O cabelo, que antes estava crescendo cada vez mais, parece ter parado. Ainda bem, pois ele já estava chegando no meu pescoço (e nada de me desamarrarem, claro!).

– Parou? Parou mesmo? - perguntou Priscila.

– Claro. A ação do tônico é extremamente rápida. Por via das dúvidas, é melhor pingar no xampu de todos as pessoas dessa casa, apenas por garantia.

– Que horror, mas... - Bruna estava pasma diante de todo o cabelo em seu quarto - O que eu vou fazer com todo esse cabelo?

Estrela tinha uma solução bastante prática.

– Não se preocupe. Eu trouxe uma tesoura - disse Estrela, mostrando uma pequena tesoura que trouxe com ela.

– Tesoura? - Bruna pareceu assustada - Espere. O que vai fazer?

– Cortar o seu cabelo.

– Mas você sabe cortar cabelo? - Bruna exibia um temor cada vez maior. Na verdade, maior até do que quando o cabelo estava crescendo.

– É só cortá-lo, não? - disse Estrela, já se aproximando de Bruna com a tesoura em mãos.

– Espera. Não deixa muito curto e...

Mas Estrela acabou cortando mais curto do que estava antes. E o pior: ficou totamente fora de simetria. Priscila se segurou para não rir.

– Você...nunca foi cabeleireira, não é? - disse Bruna, chorando, de tristeza e raiva, claro.

– Isso não importa. Seu cabelo vai crescer de novo, na velocidade normal, é claro.

– Sua..

Mas Estrela parecia ignorar Bruna totalmente. No mesmo instante, ela abre mais um portal e começa a jogar todo o cabelo nele.

– Onde você tá jogando esse cabelo? - perguntei.

– Estou mandando para o planeta PoucaTelha.

– Que planeta é esse? - continuei a perguntar.

– É um planeta onde 99% da população fica calva com pouquíssima idade. Eles vivem de fazer perucas e as exportam para vários lugares do universo. Eles vão adorar essa doação.

– Imagino - comentei.

– Claro. Há uma chance mínima do cabelo se condensar em uma grande esfera capilar e viajar solta pela universo. Mas vamos torcer para que isso não ocorra.

Sempre tem uma chance mínima. Pelo menos agora o quarto (e o nosso planeta!) estava a salvo da enchente de cabelo de Bruna. A garota, por sua vez, estava realmente nervosa.

– Estrela! Não sei o que você é, mas sei que é perigosa. Tenho testemunhas! Vamos espalhar para todo o colégio a ameaça que você representa! Não podemos permitir uma alienígena em nosso colégio. Eu, como representante de classe...

Mas Estrela a atinge rapidamente com um raio e a coloca para dormir. Sim, Bruna cai dormindo na mesma hora.

– Acho que já está na hora de todas irmos dormir, não é? - disse Estrela - Quando acordar, não vai se lembrar de nada. Nem que eu estive aqui.

– O que você fez? - disse outra das amigas, já querendo tirar satisfação, mas Estrela utiliza o raio para apagar a memória mais uma vez e também derruba todas as convidadas uma a uma. Faltava apenas Priscila.

– Espere - disse ela - Tenho algo a fazer antes.

– O quê? - perguntou Estrela.

Priscila me desamarrou rapidamente e pegou o celular de Bruna sorrateiramente. Na mesma hora, ela apagou as fotos que todas elas tiraram de mim naquela noite. Eu praticamente chorei de alegria.

– Você...é um anjo - as lágrimas deviam estar escorrendo pelo meu rosto.

– Desculpe, Vitor. Eu já gosto de outra pessoa...que prefiro não revelar. Não posso retribuir o que sente por mim.

– Isso foi tudo um mal entendido! - tratei de deixar bem claro - Eu..também gosto de outra pessoa.

– A Bruna pode ser muito má mesmo - disse ela - Desculpem por isso.

– Por que você ainda anda com ela? - perguntei.

– Bem, não quero que ela fale da minha paixão secreta. Achei que ela fosse minha amiga e acabei revelando para ela, mas só me dei mal. Mas não se preocupem comigo, não. Apesar de tudo, consigo sobreviver bem ao lado dela.

– Priscila, eu..

Mas Estrela a atinge com o raio antes que eu terminasse de expressar a minha gratidão e compaixão à garota. Priscila cai em sono profundo assim como as outras.

– Ei, não precisava ser tão brusca - reclamei.

– Ela já estava falando demais. Ainda temos trabalho a fazer, precisamos colocar a poção contra os nanoinsetos em todos os frascos de xampu dessa casa. A sua confusão me deu um trabalho e tanto, sabia?

– Desculpe - lamentei, assumindo minha responsabilidade.

Logo depois a mesma empregada da casa que havia me deixado entrar passa pela porta do quarto segurando uma bandeja com alguns copos de suco.

– Trouxe suco para vocês, meninas - disse ela, mas foi atingida imediatamente por um raio de Estrela. Caiu imediatamente, sem, no entanto, deixar de segurar a bandeja, impedindo assim que os copos caíssem.

– Ela também nos viu. É melhor que ninguém se lembre que estivemos aqui.

– É...acho que sim.

Depois de colocarmos a poção contra os nanoinsetos em todos os recipientes de xampu daquela casa, Estrela usou seu Portal Gun para me mandar de volta para casa. Nos despedimos e fomos dormir. Finalmente tudo havia acabado. Nunca mais quero passar por isso. Meninas são muito assustadoras! Espero que a Mabi não seja assim.

Ao chegar em meu quarto via portal , desliguei o holograma que estava me substituindo na cama e quase me esqueci de que ainda estava usando o vestido, além de estar com o rosto coberto de maquiagem. Precisava remover toda aquela porcaria da cara logo, mas antes de correr para o banheiro, peguei o vestido e o joguei longe pela janela. Infelizmente, não estava nos meus planos que ele caísse bem em cima de um casal de namorados que passeava na rua da frente da minha casa. O olhar que os dois me lançaram foi de um espanto brutal, mas fechei a janela assim que percebi. Ainda bem que eles não voltaram ou bateram em casa para reclamar...

Realmente, essa foi uma noite para nunca mais esquecer. Espero que as coisas fiquem mais tranquilas daqui para a frente.


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Notas finais do capítulo

"Espero que as coisas fiquem mais tranquilas daqui para a frente."

Você é meu protagonista, Vitor. As coisas nunca ficam mais tranquilas. Bwahahauha!

Até o próximo! :)