Maria Matadora escrita por Marinyah Moonlight


Capítulo 5
Epílogo: A mudança da vida social no Nordeste


Notas iniciais do capítulo

Voltei, meu povo!
Desculpa a demora, mas aqui vai o epílogo que prometi a vocês. Então, boa leitura! ^-^



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Algumas semanas depois, o cangaço teve seu fim, após a decisão do Presidente da República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de desordem sobre o território nacional. A sentença foi matar todos os cangaceiros que não se rendessem. Um deles era Lampião, que junto com sua esposa, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros, acabaram tendo suas cabeças decapitadas e conservadas em aguardente e cal, e foram expostas por toda a região Nordeste do Brasil, na qual, sempre atraia multidões.

Maria Joaquina era uma dos cangaceiros que se rendeu, pois depois da decisão de Getúlio Vargas, achou que não necessitou mais roubar e matar; da mesma forma que mais alguns outros cangaceiros, enquanto mais alguns outros ficaram com medo de morrer; e conseguiu o que ela e todos do sertão do Nordeste queriam: viver de forma bem sustentável e saudável.

Já se passaram três anos desde a abolição do cangaço. Maria Joaquina agora morava na cidade e se casou com um filho de um comerciante local, tendo um filho chamado José, em homenagem ao seu falecido pai que tinha o mesmo nome.

Seus 12 irmãos também passaram a viver como a ex-cangaceira; tanto aqueles que escolheram morar na cidade e outros não; incluindo os dois que moravam com esta e seus pais no sertão.

Maria Antônia se casou com um fazendeiro de uma fazenda vizinha a da última que ela morou e seu marido ainda tinha essa fazenda, por mais que eles estejam morando na cidade. O outro irmão de Maria Joaquina também se casou, mas o que aconteceu com sua mãe? Ela ainda mora na última fazenda em que se mudou.

Era 31 de Julho, o que significava que era o aniversário da mãe de Maria Joaquina. A ex-cangaceira estava sentada ao lado da janela, olhando a paisagem da cidade, enquanto bebia café. O seu filho, José, se aproximou dela e cutucou-lhe o braço. Ela se virou para a criança que estava com um sorriso no rosto.

– Quando nós vamos para casa da vovó, mamãe? - perguntou José.

– É hoje, meu filho - respondeu Maria Joaquina.

– Não, eu quis dizer se vai ser agora ou não.

– Ah! Só mais tarde - concluiu Maria Joaquina, dando mais um gole em seu café e voltando-se para janela.

– Mamãe, é verdade que tu já foi uma cangaceira?

Maria Joaquina se virou para José mais uma vez.

– Como soube disso? - perguntou Maria Joaquina, pois nunca contara a respeito disso para seu filho.

– Eu sempre escutei as histórias que tu sempre conta para negada - respondeu José - Mas, o papai disse que os cangaceiros eram gente ruim.

Maria Joaquina riu da resposta do filho e o convidou para se sentar em seu colo.

– Escuta, filho - disse Maria Joaquina - Sim, eu já fui uma cangaceira, mas mesmo sendo, já sabia que o que fazíamos era ruim, mas acreditava que esse era o único meio para conseguirmos o que queríamos.

– E o que vocês queriam? - perguntou José. Maria Joaquina soltou um suspiro.

– Bom, nós do sertão não tínhamos os mesmos direitos que as pessoas daqui da cidade - respondeu Maria Joaquina em um tom triste - Nós sempre sofríamos por falta de fome e dinheiro, e sempre tinha gente morrendo por isso. Por isso, os cangaceiros sempre provocavam as pessoas daqui e de outras cidades, simplesmente porque queriam ter os mesmos direitos que elas.

José não falara nada, apenas observou o rosto de sua mãe, enquanto esta ainda olhava para janela.

– Está triste? - perguntou José, percebendo a expressão triste de sua mãe. Maria Joaquina voltou-se para ele, como se tivesse acabado de sair de um transe.

– Ah, não - respondeu Maria Joaquina, um pouco confusa - Desculpa, filho.

– Por que a senhora está se desculpando? - perguntou José. Maria Joaquina ficou mais confusa.

– Não é por nada, filho - respondeu Maria Joaquina, colocando o filho no chão - Vai brincar, vai.

José voltou-se para sua mãe, enquanto esta voltava a olhar para janela e tomava seu café. Ele a observou por mais um tempo e então, se afastou dela.

Depois de mais um tempo, Maria Joaquina e sua atual família foram até a fazenda de seu irmão, comemorar o aniversário de sua mãe. Lá, eles foram recebidos, não só das pessoas que moravam por lá, mas também de alguns convidados que tinham chegado antes deles.

A festa começou com muita alegria. Os adultos se sentavam em um circulo em cadeiras, enquanto conversavam e bebiam. Maria Joaquina entretia com suas histórias de quando ainda era cangaceira, como sempre fazia. As crianças brincavam por dentro da casa com seus carrinhos de madeira e bonecas de panos, e outros tipos de brincadeiras.

Mais tarde, foi a hora de cantar os parabéns. Todos estavam ao lado da aniversariante e tinha uma mesa a frente deles, com um bolo de cenoura no centro.

Depois de cantarem os parabéns, todos ganharam um pedaço de bolo e voltaram a fazer o que estavam fazendo antes.

Depois de mais algumas comemorações, todos os convidados voltaram para suas respectivas casas.

Ao sair da casa de sua avó com sua família, José se virou para trás para ver novamente.

– Mamãe - chamou José.

– Que é, filho? - perguntou Maria Joaquina, se virando para parte traseira da carroça, onde José estava, enquanto seu marido a controlava para mais longe da casa de sua sogra.

– Quando é que a gente vai visitar a vovó de novo? - respondeu José. Maria Joaquina riu um pouco disso, mas ela já sabia que ele ia perguntar isso, pois sempre fazia tal ato, sempre que saía da casa de sua avó, porque gostava muito de lá.

– Há qualquer dia desses - Maria Joaquina usou a mesma resposta de sempre para a pergunta de sempre de seu filho.

– Ah, mas você sempre fala isso - respondeu José, decepcionado - Eu quero saber qual vai ser o dia mesmo.

Maria Joaquina arregalou os olhos para José, mas riu de sua resposta. Seu marido também soltou uma risada.

– Agora com essa, você nos pegou, filho - afirmou o pai, ainda rindo de José - Não se preocupe que qualquer dia desses, a gente volta.

– Mas, eu quero saber que dia - insistiu José.

– Não sabemos ainda - respondeu o pai - Mas, não se preocupe que a gente volta. Fique sossegado.

Com isso, José ficou quieto de vez e assim, se sentou novamente na parte traseira da carroça, enquanto era levado de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

Significado de gírias nordestinas:
*"Negada" significa "pessoal", "galera".
*"Sossegado" significa "calmo", "tranquilo".

Então, a história termina por aqui, mas antes de me despedir, deixa eu só deixar mais um aviso: sabe aquela história de algo inesperado pelos personagens da história que eu disse no capítulo anterior? Pois é, essa coisa inesperada é a abolição do cangaço XD
Enfim, espero que tenham gostado da história. Talvez nos encontraremos novamente nas próximas histórias que eu publicar ou então, nas que ainda estou escrevendo kkkkkkkkkkkkkkk Até a próxima! ;D



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