"Perder a coragem é perder tudo, porque perderá a si mesmo.

Masutatsu Oyama."

Era só mais uma das tantas lutas aquela noite, uma multidão gritava seu nome.

"Sasuke, O Vingador".

O preferido dos apostadores, um grande candidato a levar o cinturão de ouro. Sasuke estava no auge de sua carreira, ovacionado aonde quer que fosse, mas tudo isso agora não importava para ele.

Todos de sua família estavam presentes, seus amigos e os antigos colegas de academia. Suas tantas ex-namoradas, fãs, uma multidão estava ali, mas para ele a multidão parecia vazia, como se estivesse sozinho olhando para o nada. Faltava alguém, a melhor pessoa que conhecerá, Sakura sua doce flor não estava ali lhe desejando boa sorte que internada em um hospital local, estava lutando bravamente por sua vida, ela precisava de uma cirurgia com urgência para retirar um câncer que crescia a cada dia em seu cérebro, enquanto ele estava lá, prestes a entrar ringue e lutar para conseguir a quantia necessária para que a operação pudesse ser feita.

Era famoso, tinha dinheiro, mas não o suficiente para operá-la. Sua flor estava murchando. Seu objetivo era vencer por ela, para ela.

No hospital, a enfermeira trocava mais uma vez o soro, Sakura observava atentamente a mulher, seguindo seus passos com cautela.

Sakura sabia de suas condições há muito tempo, mas a manteve escondido de todos até certo momento onde sua vida estava se tornando insuportável. Queria viver a vida ao máximo antes de morrer, antes passava noites em matinês, bebia, se drogava e muita das vezes ficava com caras que mal se lembrava do nome o dia seguinte. Mas tudo mudou quando encontrou Sasuke pela primeira vez, treinando dentro de uma academia qualquer. Bastou um olhar dele para que seu mundo voltasse a ganhar cor, a cor que perderá em meio a tanta melancolia. Foi como se o tempo parasse e só existissem eles dois. Esqueceu-se mesmo que por poucos minutos de sua condenação, e passou admirar a figura masculina cada vez mais intensamente. Seus olhares eram correspondidos e juntos deles os sorrisos. Dali em diante as coisas aconteceram rápido, se registrou na academia e ganhou logo sua amizade seguida de um namoro. Sasuke era sua luz, sua proteção, seu braço forte. A ele confiou seu coração, suas esperanças e a vontade de aproveitar a vida mais lentamente ao lado dele, mas sua doença era gravíssima, tomando de si todos os seus sonhos e força.

Tentou esconder dele a verdade, mas esta aos poucos ia se revelando. Dores de cabeças frequentes, desmaios... Tinha medo que ele a deixasse quando soubesse que ela estava morrendo, mas diferente do que pensava ele não a abandonou. Pelo contrário, passou a dedicar ainda mais seu tempo á ela. Obrigando-a se tratar imediatamente, dando tudo que ela precisava. Contratou médicos especializados, mas todos diziam sempre a mesma coisa: ‘’Que ela não duraria muito. ’’ Sasuke não desistiu, encontrou alguém que se sentira desafiado a curar a jovem... O tratamento não era nada barato, milhões de reais eram gastos todos os meses com remédios, exames e cirurgias que amenizaram a dor da jovem. Sasuke se desdobrava, de dia ficava com sua namorada no hospital e a noite treinava intensamente. A luta havia se tornado seu sustento, não se dava o luxo de perder uma batalha sequer, sua vida dependia disso, a de Sakura também.

Familiares e amigos até tentavam ajudar, mas nada era o suficiente. O dinheiro arrecadado não cobria os gastos. Sasuke vendeu sua casa, seu carro e até abandonou seu sonho de montar uma academia, estava atolado em dividas. Sakura certa vez tentou impedi-lo, dizendo que não precisava daquilo e que preferia morrer a vê-lo na miséria. Sasuke a devolveu dizendo que a perder era pior do que qualquer dificuldade financeira. "Dinheiro é só papel, Sakura."

À hora do confronto se aproximava, Naruto, seu assistente, massageava seus ombros enquanto de olhos fechados o Uchiha visualizava seu objetivo. O premio lhe ajudaria, quitaria as dividas e pagaria o resto do tratamento de sua namorada.

Havia treinado para esse momento durante quatro meses incessantemente. Lutaria agora por Sakura.

~

No hospital Sakura ainda se concentrava na enfermeira que cuidava de si, sempre foi seu sonho tornar-se enfermeira, até começou a estudar, mas desistiu ao saber da doença... Tantos arrependimentos, tantas vontades destruídas... Seus olhos se encheram de lágrimas, mas não as deixou cair. Afastou as lembranças tristes e passou a pensar no seu amado. Um sorriso se formou em seus lábios que logo tratou desaparecer quando ouviu a voz da enfermeira a lhe chamar.

- Senhorita? - A gentil enfermeira a despertou de seus pensamentos.

- Sim... - Disse baixo.

- Precisa de algo mais? - Perguntou docemente.

- Não, obrigada! - Disse somente, não sorrira novamente, mas seus olhos brilhavam de gratidão.

A enfermeira estava prestes a sair quando escutou ser chamada:

- Aliás, se não for incomodar, poderia ligar a TV na grande luta de hoje?

Sakura sabia da luta, queria presenciar a derrota ou a vitória dele. Acompanhou-o em todas as lutas, assistindo pela TV ou pessoalmente, nunca havia perdido uma e não perderia essa.

A enfermeira ligou o aparelho televisivo, a luta estava prestes a começar...

~

Sasuke já se encontrava de pé, aquecendo seus músculos, se preparando para a luta. Seu oponente já estava se aproximando, a torcida que já estava inquieta agora parecia ainda mais entusiasmada gritando o nome de seu rival "Killer Bee, Killer Bee". O enorme homem entrou no ringue e rapidamente o apresentador se aproximou seguido pelo juiz que mediaria àquela luta.

- Senhoras e Senhores é chegada á hora do combate. - Começou levando todos á loucura. - Do meu lado direito, um dos homens mais fortes do mundo, ganhador de três ligas e atual dono do cinturão... - Disse alternando sua voz, ora baixa, ora alta, até que se calou aumentando ainda mais o suspense e deixando somente a voz da torcida ecoar. - Killer, Bee. - Disse por fim.

Sasuke preferiu não encarar seu oponente, algo que Bee não deixou de fazer um só segundo.

- E do meu lado esquerdo, ele, A Promessa, O Samurai... - E mais uma vez se calou. - O Vingador, Uchiha Sasuke!

O delírio foi geral, a luta havia sido anunciada meses com antecedência, Bee era um grande lutador, com toda certeza não seria nocauteado rápido, Sasuke teria trabalho.

O juiz se afastou, cumprimentaram-se como o início de cada luta, seria uma luta limpa e oficial. O sino soou começando o primeiro assalto.

Killer Bee tentou dar-lhe um golpe pela direita, Sasuke não tinha outra opção a não ser se defender naquele momento.

Bee era forte, porém não muito ágil, não como ele.

Sua estratégia era fácil, se defender o máximo e quando o oponente se cansar derrotá-lo.

Sasuke rodopiou no instante em que Bee tentou lhe deferir outro golpe, quando este tentou recuperar o espaço perdido Sasuke lhe acerto um Jab o lançando para trás. Um golpe que calou á todos...

~

Sakura assistia a luta atenta... Estava nervosa e apreensiva.

~

... Segundos depois Killer Bee já havia se recomposto, enquanto isso Sasuke tentava não apanhar muito do oponente à frente, o sangue escorria de suas narinas, mas suas pernas se mantinham firmes no chão. Bee tinha um sorriso no rosto que irritava Sasuke, um sorriso zombeteiro e intimidador. O suor escorria pelo seu rosto alvo, pingando sobre o chão do ringue. O som do gongo se fez presente anunciando o fim do primeiro assalto.

Os rounds se passavam um a um, ambos ficavam cansados, Sasuke deferia poucos golpes enquanto o outro homem lhe dava o quádruplo. A luta estava prestes a acabar, seu plano havia falhado... Ele perderia se não reagisse.

Mas não, não podia se deixar vencer, ele deveria ser o campeão, por ela. Sasuke estava inerte ao que estava acontecendo ao seu redor, perdido com os pensamentos em sua amada e o que a aconteceria se não conseguisse o dinheiro para a operação. Aquela não era uma boa hora para se distrair, Bee lhe acertou um soco certeiro que o jogou no chão. Sasuke viu seu mundo rodar e se tornar escuro. Sentiu uma mão tocar seu pulso, a voz longe da contagem regressiva. Não, não poderia perder!

-Um...

- Sasuke-kun...

- Sakura durma um pouco, você está cansada.

- Eu tenho que lhe contar uma coisa importante.

- Hoje não meu amor, estou cansado e você também, aliás, você falou muito hoje.

Ela sorriu. Deitada em seu peito beijou-lhe o queixo.

- Pare de gracinhas. É sério.

- Então diga, antes que meu lutadorzinho se anime de novo.

Sasuke sorriu enquanto ela ficou em silêncio para depois concluir.

- Eu estou doente... Eu posso morrer...

Aquela notícia lhe abalou pelo resto da noite, não conseguiu dormir, passou noites em claro, não conseguia se alimentar bem...

...Sakura se tornou sua prioridade.

- Dois...

- Não! - gritou para si mesmo.

Lágrimas cresceram em seus olhos, mas ele não as deixou cair. Levantou-se ainda que com dificuldade, Bee que antes estava de costas, voltou-se para ele não acreditando que ele ainda queria lutar. Todos estavam boquiabertos, com certeza aquela luta estava valendo cada centavo gosto com o ingresso.

O Uchiha cambaleou para frente, o corpo já cansado tentou acertar um golpe, porém falho, Bee revidou com outro lhe dando um Jet de direita acertando o oponente em cheio. Sasuke cairá mais uma vez na lona, mas não desacordado. Respirou fundo antes de se reerguer novamente.

Killer Bee já estava exausto, a luta havia durado sete rounds seguidos, Sasuke era forte e se mantinha em pé mesmo depois de tantos golpes recebidos. Ele tinha que finalizá-lo com seu famoso golpe, uma versão mais curta do golpe Gancho, executada de baixo para cima em forma de alavanca em direção ao queixo do oponente, ou à sua zona hepática; considerado muito perigoso e violento, seu famoso e temido Uppercut.

A mente suja de Killer Bee arquitetava o plano para acabar de uma vez com a luta, mas Sasuke também não pensava em outra coisa. A cada minuto, a cada golpe Sasuke se cansava ainda mais, seu treinador, Kakashi, se encontrava sentado na primeira fila olhando atentamente para seu aluno.

- Ele não vai durar por muito tempo não é? - Pergunta Naruto para Kakashi.

- Não. Acabaram as nossas carreiras. – O treinador já estava desacreditado.

- Como ele vai pagar o tratamento de Sakura? – Volta a perguntar Naruto, que também era amigo da rosada.

- Não pergunte isso a mim. Vamos apenas esperar Killer o finalizar.

Kakashi, Naruto e todos já estavam desacreditados por Sasuke, fãs já se preparavam para sair.

~

Sakura no hospital chorava, seu coração batia forte em vê-lo daquela maneira, ela não podia o ajudar e isso a angustiava.

Sentiu uma forte dor na cabeça, imediatamente levou suas mãos ao local, na tentativa de amenizá-la, mas de nada adiantou, tentou se concentrar na luta, mas o estresse causado pela mesma não estava fazendo bem a ela. Sentiu outra pontada ainda mais forte que a faz se contorcer de dor para depois ir ao chão. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, agora já gritava não aguentando mais guardar para si aquele sofrimento. Uma enfermeira ao ouvir seus gritos, correu para seu quarto encontrando-a em um estado deplorável. A hora havia chegado e a doença não a perdoaria por sonhar de mais.

~

Enquanto isso Sasuke se mantinha no chão, o último golpe de Killer Bee acertou-lhe fortemente, seus músculos já estavam anestesiados, sua cabeça doía, as pernas não reagiam mais, seria seu fim?

-Um...

Eles tinham tantos sonhos... Queriam uma casa com varanda, afastada da cidade, apenas eles e os futuros filhos...

- Dois...

Ele não sobreviveria se ela morresse se fosse para morrer que fosse antes dela para não a ver sofrer...

-Três...

Porque o amor dela o transformou em um homem melhor, um homem não egoísta, um homem não tão cheio de si, um homem não covarde!

~

Sakura já estava sendo atendida, agora na U.T.I. Vários médicos e enfermeiros a rodeavam. Forçou os olhos para enxergar o que acontecia, mas não adiantou muito, sua visão já estava afetada e tudo o que via eram apenas imagens borradas.

~

Killer já levantava as mãos comemorando sua vitória, Kakashi já havia se levantado para sair quando algo chocou a todos... Sasuke havia se levantado novamente e antes que todos percebessem deferiu um golpe em Bee, um golpe Swing, o golpe mais potente do boxe, o corpo do oponente caiu no ringue como um saco de batatas e a contagem regressiva começou...

-Um..., Dois..., Três..., Quatro..., Cinco..., Seis..., Sete..., Oito..., Nove..., Dez... Vitória por nocaute!

Todos gritavam eufóricos, Sasuke tornou o impossível, possível. Seu coração lhe deu a força que precisava para vencer, Sakura o motivará mais que tudo na sua vida. Kakashi adentrou no ringue, eufórico, seguido por Naruto que pulou nas costas de Sasuke como se este fosse de ferro. Sasuke foi ao chão, suas pernas cederam depois de incontáveis minutos lutando para se manter de pé. A dor que antes era anestesiada pela adrenalina, agora começava a se espalhar por todo o seu corpo. Os golpes que Bee lhe acertará agora doíam o dobro.

- Parabéns, garoto! - Disse kakashi sorrindo feito criança atrás de sua máscara enquanto se abaixava. - Você conseguiu! - Disse tocando o rosto de suado e ensangüentado de Sasuke. - Você conseguiu...

Seus olhos se escureceram de exaustidão, sua cabeça doía o corpo já cansado não conseguiu ficar acordado por muito tempo.

~

Quando abriu os olhos se sentiu incomodado, a claridade do ambiente não o permitia ver muita coisa.

- Finalmente você acordou! -Diz Naruto.

- Onde ela está?

- Calma Sasuke! - Repreendeu Kakashi o impedindo de se levantar. - Ela está bem, já está na sala de cirurgia.

Aquela notícia o pegou de surpresa. Esperava conversar com ela antes de tudo acontecer.

- Como assim "Ela já está na sala de cirurgia”? - Disse um pouco irônico, seu nervosismo era visível, nada mais que o esperado.

- Se acalme cara, ela ficará bem. - Diz o loiro.

-Quem me garante? Eu vou atrás dela!

- Que vai o que, fica na sua ai deitadinho. - Repreende novamente seu treinador.

Sasuke tentou relutar, queria vê-la, a acompanhar, ver sua saúde e falar que tudo ficaria bem.

Naruto se sentou ao seu lado quando Sasuke se recusou a deitar novamente. Amizade que tinham era algo de irmãos.

- Ela ficará bem. É forte, uma guerreira. - Naruto apesar de hiperativo, conseguia o que muitos só tentavam acalmar Sasuke.

Uma enfermeira se aproximou.

- Sasuke Uchiha? - Ela chamou, fazendo com que o jovem se agitasse ainda mais.

- Como ela está? - Ele disse.

- O doutor ira vê-lo, logo ele estará aqui.

O médico entrou no quarto logo depois, Sasuke se mantinha calmo encostado sua cabeça no travesseiro ortopédico, parecia pensar.

- Senhor Uchiha, temos uma ótima e uma má notícia para lhe dar.

Sasuke abriu os olhos, estava apreensivo.

- Bem, a boa é que Sakura, sua namorada está bem.

Sasuke suspirou aliviado, seu sorriso se abriu em satisfação.

- E a má notícia... Bem sinto muito, mas aconteceram alguns problemas na cirurgia, e como não sabíamos da gravidez dela... Não conseguimos salvar o bebê.

Sasuke ficou em choque, Sakura estava grávida de si. Gerando um filho seu...

Não esperava por aquilo, saber que Sakura estava bem o alegrava, mas receber a noticia de um filho e que ainda o tinha perdido era doloroso. Homens não choravam, foi o que aprendeu, mas seu coração doía demais. As lágrimas escorreram pelo seu rosto, pingando no travesseiro que o amparava. Sentiu a mão de seu amigo tocar seu ombro. Naruto estava do lado dele, e Kakashi também. Se aquilo lhe era como uma facada no coração imaginava como seria para Sakura quando fosse receber a notícia. Tinha de ser forte mais uma vez, aguentar a dor para alcançar a felicidade. Sakura estava bem e talvez curada para sempre, filhos ele teria quantos ela quisesse.

- Sasuke não fique assim, ela está bem e logo terão um filho. - Diz Kakashi.

- Dê tempo ao tempo amigo.

Sasuke apenas deixava as lágrimas rolarem por sua face enquanto segurava com firmeza o lençol sobre o corpo, os amigos tentavam consola-lo, mas não estava funcionado.

Estava abalado e ao mesmo feliz, feliz por Sakura e triste pelo filho que perderá.

- Eu quero vê-lá agora.

- Sasuke... - Diz o médico.

- Eu tenho que contar para ela.

- Nem você nem ela estão em condições, espere rapaz. - O médico insistia em convencê-lo a ficar.

- Pegue uma cadeira de rodas, eu vou até ela.

Sasuke insistiu por mais alguns minutos até que lhe trouxeram uma cadeira de rodas.

O corredor era extenso, Sasuke empurrava a cadeira sozinho ali, Naruto e Kakashi não quiseram o acompanhar, o Uchiha precisava de um tempo apenas para ele. Parou em frente à porta de madeira pintada de branca, girou a maçaneta e entrou no quarto de número quinhentos e cinco, surpreendeu-se ao ver a rosada já acordada.

- Fiquei sabendo que ganhou a luta... - Sakura diz ao vê-lo entrar.

A pele estava pálida, os cabelos haviam sido raspados para a efetivação da cirurgia, a boca rachada... Estava tão diferente do habitual. Mas mesmo assim estava linda...

- Sim, ganhei por você.

Ela sorriu para ele, os olhos não transbordavam aquele brilho intenso de sempre quando o via, mas mesmo assim eram felizes. Ela sobreviveu, a maior batalha havia sido vencida. Mal sabia ela que ainda tinha um nó escondido que ainda a mantinha presa à dor. Sasuke se aproximou da cama, com os olhos Sakura o acompanhou sentindo a culpa crescer dentro de si.

- Não deveria ter lutado tanto…

- Não se culpe, eu estou bem e você como se sente?

- Me sinto como um zumbi.

Ela sorriu parecia realmente feliz com o fato.

Os tubos estavam ligados em seu corpo, seus movimentos eram lentos, não podia fazer o mínimo de esforço sequer.

- Sempre dizendo bobagens... - ele parou por breves instantes. - Sakura eu tenho que te contar uma coisa.

- Não espere me deixe contar primeiro. Depois disso tudo... Eu quero te dar uma notícia boa.

Sasuke ficou em silêncio para que ela prosseguisse.

- Bem... Eu não queria te contar antes, mas eu estou grávida!

- Sakura...

- Eu sei, eu sei devia ter contado antes, mas não queria colocar o carro à frente dos bois e estragar tudo.

- Sakura...

- Vamos ter um filho, o que acha?

- Sakura...

- Pare com isso de apenas dizer meu nome, quero saber o que acha!

Sasuke se calou, as lágrimas queriam descer pela face mais uma vez.

- Você não está grávida.

- Como não, eu fiz o teste e...

- Devido à cirurgia, você a perdeu.

O chão não parecia mais tão firme agora. A alegria que sentiu quando descobriu a gravidez deu lugar à dor de saber que tinha perdido seu filho, seu primeiro filho, fruto de um amor intenso e verdadeiro.

- Se eu soubesse… - Disse enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. – Se eu soubesse nunca teria operado! – Gritou.

- Sakura não diga besteiras, não é sua culpa. – Tentou acalma-la.

Já não estava mais na cadeira e sim agachado a cama consolando sua amada.

– Não se culpe, teremos quantos filhos quiser, mas me prometa que não se culpará.

- É a minha culpa, Sasuke. – Ela se afastou dele e tentou se levantar da cama, mas ele a impediu a abraçando forte. – Se eu tivesse te contado talvez nosso filho ainda vivesse. – Ela disse baixo.

- Sakura, meu amor se acalme.

- Eu perdi um filho! Como quer que me acalme?

- Sakura...

- Se eu não fosse tão inútil Sasuke, se eu não fosse tão fraca.

- Eu não teria ficado com você, pare com isso.

- Sasuke, nosso filho...

Ele a abraçou ternamente, mesmo estando abalado tinha que dar conforto a sua mulher.

- Nosso filhinho, Sasuke...

O resto da noite foi assim, mesmo com os médicos pedindo para que ele se retirasse, Sasuke se manteve firme e disse que não sairia do lado dela. Como sendo um famoso lutador, regalias lhe foram dadas como se fosse normal dá-las a qualquer um que quisesse ficar do lado de seu amor num momento de enfermo.

Semanas longas e dolorosas se passaram, Sakura chorava todas as noites pelo filho perdido enquanto o moreno tentava a acalmar de várias maneiras possíveis. Exames eram feitos todos os dias em Sakura e Sasuke, apesar de parecer forte por fora ele também estava bastante destruído por dentro. Os hematomas da luta sumiam enquanto alguns fios rosados começaram a aparecer na cabeça de Sakura.

O dia amanheceu lentamente, Sasuke dormia sereno depois de muitas horas em claro em uma poltrona colocada exclusivamente para ele. Sakura despertou com a enfermeira trocando o soro.

- Que horas já são? - Perguntou.

- Oito horas, senhorita.

- Eu gostaria de ver as crianças no berçário, isso é possível?

~

Sakura se encantou com as crianças ali, bebês enrolados em suas mantinhas felpudas e quentinhas atrás do vidro, lhe trouxe paz apesar de se sentir ainda vazia.

- Elas são lindas... - Dizia para si mesma.

Seus olhos brilhavam ao ver cada rostinho ali, algumas até sorriam para ela, havia carecas, com cabelo, brancos, negros, meninas e meninos.

Sasuke desperta depois de algumas poucas horas de sono. Passou a noite tentando de todas as maneiras reconfortar Sakura. A enfermeira estava no quarto, fazendo algumas anotações sobre os remédios. Sakura não se encontrava ali, ele levanta ainda com dificuldade. Uma vez lutador sempre lutador.

- Onde ela está? - Ele pergunta a enfermeira, seu rosto estava tenso e os hematomas e roxos só davam a ele um aspecto pior.

- Ela saiu um pouco, disse que iria dar uma volta pelo hospital. - Disse calmamente.

- Dar uma volta pelo hospital? - Sasuke perguntou mantendo a voz baixa, mas sua pergunta soou sarcástica.

- Sim, Senhor. - Respondeu somente.

- E ela foi como?

- De cadeira de rodas senhor, não se preocupe ela carregava consigo soro injetável e está acompanhada pelo médico responsável.

- Ela pode realmente fazer isso?

A enfermeira parou, respirou fundo e concluiu:

- Não. Mas, como ela insistiu muito preferiram levá-la para não piorar sua situação.

- E você deixou. - Gritou. - Porque não me acordou?

- Ele insistiu para que não te chamasse, e o Senhor também parecia cansado. - Disse preocupada.

Meio desajeitado ele se arrastou até uma cadeira de rodas próxima a si, a enfermeira tentou ajuda-lo, mas ele afastou qualquer tipo de ajuda possível. Sasuke estava nervoso.

Passou corredor a corredor daquele hospital até encontrá-la, maravilhada com os pequenos bebes atrás do vidro. Silenciosamente ele se aproximou, segurou nas pequenas mãos da namorada e respirou aliviado, mesmo ela estando cansada, sem o típico batom nos lábios, a cor natural de sua pele, Sakura respirava, Sakura mantinha seus olhos brilhando, Sakura estava com ele... E foi ali que percebeu...

... Ele não lutava só por ele, lutava por ela, por sua felicidade, pela família que teriam, pelos possíveis sorrisos, carícias, abraços, pelas coisas que aconteceriam futuramente, pelo amor que não deixaria se esfriar. Seria um lutador dentro e fora dos ringues para sempre.