Rapunzel - A História nunca Contada [HIATOS] escrita por Captain Butter


Capítulo 9
Chapter VIII - Reasons for a Dignified Courage


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas! Cá estou eu novamente com outro capítulo fresquinho para "ôstes"!
Ele ficou beeeeem grandão :3 e sendo sincero, ficou meio parado, mas tá carregado de notícias importantes para o decorrer da história, então por favor, LEIAM!
Tenho uns agradecimentos a fazer, então... não reparem o Caps Lock!

UMA RECOMENDAÇÃO! UMA RECOMENDAÇÃO! UMA RE-CO-MEN-DA-ÇÃO!
GENTEEE VOCÊS NÃO TEM IDEIA DE COMO EU TÔ FELIZ! Eu saí gritando pela casa, cantando, pulando, berrando, levei um tapa na orelha, mas emfim, demonstrei minha loucura ao mundo! QUERIA MUITO AGRADECER AO MEU PRIMINHO, O LEITOR Perseus Aquiles Jackson, pela - mais uma vez dita - SUPER RECOMENDAÇÃO! Sério, mutcho obrigado! :3

Escrevi esse capítulo escutando a (nova e super viciante) música da Adele, Hello, não tem nada a ver com o conteúdo escrito aqui, mas se quiserem ouvir enquanto leem, eis o link:

http://www.vagalume.com.br/adele/hello.html

Enfim, chega de enrolação e boa leitura :3!
A tradução do título é Motivos para uma Digna Coragem.



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Chapter VIII – Reasons for a Dignified Courage

De certa forma a cena se tornaria comovente se não fosse o corpo de um dragão de escamas vermelhas jogado no chão, morto por conta da espada ônix fincado em suas costas, bem no meio da extensão das asas. As lágrimas não paravam de cair dos olhos de Lilly, naquele momento ela poderia ser a pessoa mais feliz do mundo.

Silhuetas de guerreiros confusos observavam atentamente aquilo tudo. Absorvendo de maneira lenta cada detalhe e processando de forma mais devagar ainda, por maior que fosse a vontade de deixar o trio sozinho, era inevitável que saíssem sem indagar nada, os dois loiros haviam matado a fera com tamanha facilidade. Coisa que centenas de homens não conseguiram realizar.

Querendo ao máximo segurar a emoção de reencontrar a velha amiga, Sebby mantinha-se com uma expressão estranha, mas ao mesmo tempo boa e prazerosa de se ver. O abraço aconchegante, apertado e quente fazia com que um antigo sentimento aflorasse novamente dentro de si, despertando uma chama revigorante que aos poucos preenchera seu corpo, como um choque em ondas diminutas.

– Lilly... – eliminara finalmente a palavra presa em sua garganta, despejando, juntamente com a mesma, algo a mais que apenas letras.

Gostariam com toda a certeza continuar daquela maneira, no entanto, os minutos já gastos em tal posição seriam os necessários para outras pessoas, sendo assim, afastaram-se, porém isso não impedia de ainda se encararem com saudade.

A ruiva levou a mão aos olhos verde grama, limpando-os delicadamente, enxergando de maneira explicita o mundo novamente. As últimas flamas esvaíram-se, deixando em seu lugar uma paisagem quase completamente queimada e com esperanças de crescer mais uma vez em séculos seguintes.

– O-onde esteve por todo esse tempo? – Demetria perguntou, preocupação estava presente em sua voz – Su-sumiu por meses! – em algum momento tristeza a alívio se misturaram com as outras emoções.

Inicialmente, ansiedade se instalara na face de Lilly, após isso confusão e desentendimento. Ela de fato não estava entendo nada daquela situação, seus dois amigos desaparecem em um terremoto gigante, poucos dias – para Lilly – se passam e ela os reencontra matando um dragão e salvando sua vida, dizendo que a mesma estava sumida durante meses! A frase rodopiava em sua mente, analisando cada ponto e procurando algum outro sentido.

– O que quer...? – começou a perguntar, querendo esclarecer claramente aquilo.

– Chega de enrolação! Precisamos partir, outros podem aparecer. – uma voz seria murmurara atrás do grupo – Além disso já devo ter causado problemas grandes com a Aliança pelo atraso. – Ragnarok a cortara, como se quisesse apenas uma desculpa para interromper a conversa.

Após as palavras proferidas, um silêncio deslocado ficou instalado entre os presentes enquanto a fala de Demetria corroía e deteriorava os neurônios de Lilly.

– Tem razão. – Sebby pronunciou-se – Você e seu exército deveriam ir. – Retirou a espada ensanguentada das costas do dragão, era maior do que parecia, grande parte da arma estivera escondida e enterrada na carne da fera - Lilly? – o chamado do nome da ruiva pareceu despertá-la de um transe - Vamos? – levou a lâmina negra e suja de sangue ao ombro, sustentando-a de uma maneira melhor. Era incrível como o jovem conseguia sustentar o peso tão facilmente.

Naquele momento a garota pareceu estar dividida e, definitivamente, estava. Seguir Sebby e Demetria ou ir atrás do suposto responsável por afastá-los de si? Ela não sabia o que responder, seguir os sentimentos ou a razão? Ambas as opções eram boas a ela, no entanto, por mais forte que fossem as sensações que possuía com os amigos, Lilly tinha que fazer a coisa certa. Com o coração acelerado e dúvida correndo de maneira extrema pelas veias, fez uma tentativa de dar uma resposta.

– Sebby, eu...

– Eu sou um idiota. – o de cabelos platinado falou, não permitindo que a outra terminasse a frase e insultando a si mesmo – Sabe, não precisa responder, sei muito bem que a causa pelo qual Ragnarok está lutando trará benefícios a todos, e Lilly – fez uma pausa, com aquela frase indicara que conhecia a Comandante de outras épocas nem tão antigas assim, obviamente, a ruiva perdia-se mais ainda em meio ao assunto, repassando seus pensamentos e formando possíveis meios de algo profissional ter se concretizado entre aqueles dois, um adolescente e uma mulher sábia – você é necessária nessa missão. – um sorriso amarelado se formou em seus lábios, trazendo um grande conforto a outra. Nós é que vamos com vocês. – declarou finalmente, enchendo o coração da ruiva com uma alegria incondicional.

Sem nada mais a declarar, aos poucos Ragnarok foi liderando o amontoado, agora desorganizado, de homens incrédulos ansiando por qualquer coisa um descanso e algum tempo de luto digno após uma tarde de tédio, ação e mortes. Não podiam mais permanecer ali, tanto menos podiam dar um passo por si só, sabiam que tortura a mais tornaria quase insuportável o castigo que receberiam brevemente.

Estômagos famintos roncavam em pontos exatos em meio aquilo tudo, prestando atenção a algum fruto despercebido e maduro que ousasse brotar de árvores ou arbustos. As armas encontravam-se abaixadas, brandindo de vez em quando, quando algo feito do mesmo material que sua lâmina esbarrava-se contra si, apenas causando algum arranhão minúsculo quase invisível.

A partir daquele ponto, com lilases, tulipas e azaleias alastrando seus ramos por pedras, dando mais cor a paisagem, os soldados criavam mais esperança e aumentavam o nível do passo, alguns até corriam, esbarrando-se em quem quer que fosse que estivesse a sua frente, acelerando mais ainda o coração que já ansiava por deitar em panos macios e felpudos, dispostos em uma estrutura de madeira na qual dormiam.

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Os olhos azul piscina de Anna mantinham uma centelha de superioridade acesa a todo vapor enquanto dava passos lentos e elegantes em direção ao corpo caído do dragão, os olhos da criatura estavam abertos, ainda encarando-a com as íris verde musgo, porém desta vez opacas, sem vida. Ela não temia o escamoso, nem morto, nem vivo, sabia que se quisesse, poderia acabar com a vida do mesmo em apenas dez segundos.

Aboiou-se em um galho, subindo na cabeça do animal e sentindo os músculos e escamas sobre seus pés, a ponta das lascas vermelhas distribuídas no corpo do ser gastava aos poucos o couro de suas botas, porém aquilo seria o necessário para realizar o seu objetivo. O ferimento nas costas e centralizado entre as asas estendidas do dragão agora estava coagulado, deixando a sua superfície com uma aparência estranha.

Levando a mão a sua cintura, puxou uma adaga pequena, seu cabo e lâmina eram bem menores do que grande maioria das que se achava para venda, o símbolo entalhado no metal prensado coincidia com o de seu pescoço, indicando que tal arma permanecia a – supostas – várias gerações em seu clã. Segurando-a de uma forma na qual fosse possível realizar um melhor corte, cutucou até o sangue jorrar novamente, porém não fora necessário grande coisa, estava suficientemente afiada para em apenas um movimento realizar a ação.

Numa onda tênue, o líquido saiu, o tom vermelho misturava-se com um brilho natural da substância, uma onda de fosforescência laranja que se espelhava como a lua cheia na água salgada de um oceano. Com um frasco de vidro pequeno recolheu o sangue, melando as bordas de rubro vibrante e rolhando, evitando que vazasse após ser guardado no cinto, coberto pela blusa.

Com um ligeiro sorriso nos lábios róseos e pálidos, olhou para trás, sentindo-se triunfante conforme os ventos faziam seus cabelos negros voarem, finalmente pronta para voltar e seguir a caminhada, que tomara um ritmo mais rápido, com os outros, preparada para enfim iniciar os primeiros passos de seu plano.

Uma vez a mais, uma vez a menos, não vai fazer diferença. Aguarde-me, Waincrad, a Princesa da Morte retornou pensou enquanto caminhava, tentando desvanecer a aura melancólica que se formara a sua volta.

ஜ۩۞۩ஜ

Os suspiros de gratidão eram ouvidos por todos os lados ao pararem em Allegar, por incrível que pareça, o tempo correra incrivelmente rápido entre o intervalo em que o alvoroço começara quando o gigantesco carvalho pode ser avistado, sendo assim, o degrade de laranja, amarelo e dourado começara a ser enxergado ao horizonte, mesclando-se com o verde da planície e criando uma combinação mais que perfeita.

Ragnarok, juntamente com Jonathan, mantinham os olhos fixos naquela cena, refletindo cada detalhe em suas íris, sentindo a brisa passar por entre seus fios de cabelo, roçando a face, secando os lábios, zunindo nos ouvidos. Não se importavam em proferir palavras, por conta disso, o silêncio predominara, porém não de uma maneira desconfortável, apenas ficara ali causando certa pitada de conforto. O olhar enigmático de Ragnarok indicava que a mesma estava pensando, formando possibilidades alheias em sua mente para fortalecer seu exército e ao mesmo tempo arrumar formas de discutir com a Aliança sem ser dado a ela grande penalidade.

No entanto, esse não era um desafio difícil, por ser uma mulher de grande cargo facilmente o representante responsável pela tarefa aceitaria de forma óbvia sua explicação, ele não poderia recusar, ela fora atacada por um dragão que aparecera do nada, sem contar com a quase morte de seus mais novos aliados por conta do inimigo que ameaçava de maneira selvagem o reino.

Os últimos raios dourados se foram, dando espaço à negritude salpicada de pequenas estrelas, iluminando juntamente com a lua quase cheia o lugar onde estavam. O vento diminuíra, permitindo com que a folhagem alta do carvalho não balançasse mais e cessasse o som macio que produzira anteriormente.

– Vamos, Jonathan. – pronunciou finalmente, quebrando por completo a forte camada de silêncio entre ambos – Está na hora. – e adentrou na árvore, dando baços largos e esguios, virando à esquerda ao invés de subir a grande quantidade de escadas, seguindo pelo chão madrepérola.

A sua frente se estendia uma grande vão, servindo como uma espécie de arco para a entrada de uma sala. Sua borda era cravejada com múltiplas joias e pedras preciosas, distribuídas em certos pontos onde detalhes floridos e delicados entalhados na madeira se encontravam. Linhas difusas eram vistas nas paredes do outro lado do arco, distanciadas umas das outras e se entrelaçando e intensificando conforme iam ficando próximas a um armário seminovo centralizado no fundo do quarto.

Sentados e escorados em cadeiras altas estavam os jovens recrutados, formando uma espécie de C na grande mesa meia lua, sobrando uma única cadeira no qual Jonathan se posicionara sem fazer barulho algum. Os cabelos ruivos de Lilly destacavam-se entre os presentes, a garota conversava baixo com Sebby e Demetria que, mesmo estando entre aliados, não ousavam tirar as armas de seu campo de visão e manter a postura de desconfiança, principalmente em frente a Comandante. Instantaneamente, quando a mulher adentrou ao cômodo, todo o barulho, foi cessado, o único som que podia ser ouvido era o ar entrando e saindo, passando pelos pulmões, sendo distribuindo pelo corpo e saindo pelas narinas.

– Vocês foram convocados a este local para ficarem a par a ameaça eminente do reino. – foi direta com as palavras, não enrolando ou acrescentando detalhes desnecessários, apenas ditando uma simples frase para chamar a atenção de todos.

Com um rápido movimento, tirou um frasco escondido numa bolsinha de couro velho colocado discretamente em sua armadura, o líquido em seu interior era exatamente da mesma consistência e cor que o que Jonathan pegara do ferreiro – Austeen - nos níveis superiores de Allegar, antes mesmo da quimera, juntamente com Lilly e Ruby, chegarem a Colina do Forcado e encontrarem os outros quase mortos. Tirou a rolha que tapava seu pequeno gargalo, deixando que um cheiro de umidade e açafrão tomasse conta de uma porção do ar, inalando a fragrância suave.

Virou-o e deixou uma gota dourada cair na mesa, de início apenas molhou a madeira, fazendo com que a área escurecesse e ficasse poucos centímetros inchada, mas após alguns segundos um brilho começou a surgir, partindo daquele minúsculo ponto e tomando conta do móvel, porém, ao contrário da adaga em que Jonathan despejara o líquido, o objeto não se transmutou.

Uma ligeira onda dourada se espalhou pela estrutura, arrancando olhares surpresos e desacreditados ao observarem o mapa que se formara sobre a mesma. Toda a extensão do reino se materializara ali, em frente a eles, com apenas uma única gota de Água Divina. As Ilhas Salgadas ao sul, os Montes Abraéel ao leste, tudo.

– Este é um mapa completo de Waincrad, todas as terras, de norte a sul, leste a oeste, todos os locais, vilarejos e habitações de seres místicos estão registrados aqui. – apoiou-se em um pequeno ponto mais a borda superior direita, Lilly rapidamente reconheceu aquela lugar, o reino onde fora criada e crescera, fazendo amigos e descobrindo suas primeiras paixões, aquela cuja fora destruída e nunca mais tivera notícias do local, com isso, certa tristeza passou a florescer em seu peito.

Tirando as luvas de prata e exibindo as mãos esguias, deslizou o dedo pela madeira, indicando um local não muito longe de onde anteriormente se apoiara, por uma pequena área a negritude se alastrava, parecendo ali um pedaço pequeno de terra, mas que pessoalmente tornara-se algo extremamente grande, de extensões monstruosas.

– Essa terra foi o que surgiu de início, sem aviso prévio ou coisa do tipo, apenas materializou-se da noite para o dia. – fez uma pausa – No entanto, esse não é o mais estranho deste tópico, uma gigantesca torre em seu centro. E-essa torre – gaguejou -, mesmo vista de longe, é possível perceber que seriam necessários anos para construí-la, até mesmo utilizando meios mágicos, esse é o mistério de tudo. Como tal força, sendo conhecida ou não, conseguiu fazer isso? Até mesmo o acervo antigo da Aliança não cita algo capaz de fazer isso.

Passou a deslizar as mãos novamente pela superfície plana, encerada e lubrificada da mesa, apontando a certos lugares que passavam a ficar vermelhos conforme o seu toque.

– Sete dias sem causar perigo, sem apresentar ameaça ou poder maligno algum. Esse foi o prazo de tempo que o responsável pela aparição do local ficou inativo, após isso, passou a atacar. – respirou fundo, tentando conter os ânimos, passou à mão alguns centímetros acima do mapa, assim, cinco pequenas esferas apareceram – Katrina, a cidade mais bem protegida do reino – indicou um dos pontos enquanto o nome dito era escrito em letras delicadas ao lado de onde indicara –, Acamarth – outro ponto –, Delxtron – mais um – Sennegam Albadt – outro – e por fim, a capital, Meredith – fixou o indicador na parte de terra onde o outro reino se encontrava, era possível perceber rios circundando a grande extensão da mesma.

Com um pouco de silêncio completando sua fala, seguiu-se alguns prazerosos segundos, era necessário alguma pausa, mesmo que pequena, para os jovens digerirem aos poucos as informações cedidas a cada um.

– Foi um grande mistério para os Conselhos decifrarem essa combinação e o motivo pelo qual esses lugares foram atacados inicialmente, eram as forças mais potentes de Waincrad. No entanto, nada que dias e noites em claro não resolvessem – o tom brincalhão passou a tomar uma fração do som de sua voz, era incrível como mesmo em uma situação de grande importância a mulher podia manter a calma, seguindo-se disso, moveu novamente o dedo pela mesa, desenhando algo, com linhas retas e certeiras, cinco ou seis ao total, no final, todos os traços ganharam uma coloração esverdeada, destacando-se um pouco mais que o vermelho.

Com aquilo, foi possível perceber o símbolo que se formara ao criar linhas imaginárias entre uma cidade e outra. Um perfeito pentagrama, traçado em linhas vívidas e eretas, despertando aos poucos a curiosidade dentro dos jovens.

– Isso é... – Rachel e Trix permitiram escapar um murmuro em uníssono, não deixando de lado a surpresa estampada em seus rostos, uma dizendo de forma direta enquanto a outra gaguejava.

– Exatamente. – ergueu sua mão, fazendo um rápido movimento por cima do mapa, deixando-o se desfazer em uma fumaça multicolorida e permitindo ficar somente a estrela no centro. – O pentagrama é um símbolo antigo que surgiu com a chegada das bruxas, sendo usado como proteções contra demônios e criaturas do gênero.

– Mas se é usado como proteção, porque o responsável o desenhou? Está criando defesas contra algo? – Rachel pronunciou-se, indagando de forma explicita sua dúvida.

– É esta a real pergunta por trás disso tudo, não sabemos ao certo o porquê de estar fazendo isso, apenas... – limpou o suor da testa – apenas está fazendo. Por precaução, proteção, ou ameaça, está causando problemas apenas com sua presença, doenças, pragas e tragédias vem se espalhando por Waincrad como abelhas em mel.

– Não há pistas do que quer que seja? – foi à vez de Jonathan, não importava se ele era uma pessoa com proximidade a Ragnarok, a quimera se encontrava na mesma situação que os outros, cada palavra era novidade para o mesmo.

Com um olhar de desânimo e perdão sendo exibido nos olhos castanhos intensos da Comandante, respondeu.

– Nenhum... nenhum mesmo, a coisa não deixou nada para trás, sinal de mágica, feitiços ou poder algum, forças astrais, enxofre nem indícios de espíritos. Nada! – a frustração era predominante no tom em que falava, definitivamente, para alguém de sua posição, ela não se importava em escondê-la.

Na esperança de que simplesmente alguém abrisse a boca e proferisse palavras que seriam a solução para o problema, todos ficaram mudos, aguardando algum tipo de sinal para continuarem a debater sobre o assunto. Alguns permaneciam realizando tentativas em vão de criarem teorias dignas de serem aceitas enquanto outros apenas mantinham a postura de surpresa.

– Talvez – uma voz finalmente pronunciou – vocês devessem parar de apenas imaginar coisas e agirem. Grande maioria dos problemas são resolvidos dessa maneira. – a frieza que fluía por suas veias também estava presente na forma como agia e dialogava.

De forma literal, as palavras atingiram em cheio as emoções de Ragnarok, a qualquer distância que fosse possível observa-la, mesmo com a mulher não demonstrando isso ao mundo a sua volta, por mais que a Comandante se controlasse, Anna a tirava do sério, pelo passado terrível que compartilhavam e pelo exato presente.

– Vejo que suas palavras não passam de uma lábia persuasória, Princesa. – Ragnarok dissera, tentando revidar de forma convincente as palavras dirigidas a ela, porém em uma tentativa não completamente sucedida.

– Mas vejo que funciona perfeitamente em você, Comandante. – cuspiu a última palavra, cruzou suas pernas enquanto distribuía olhares ferozes pela sala, estava claro que não possuía medo algum da mulher no momento e jamais possuiria, pelo menos não até a mesma demonstrar algo que a intimidasse de forma extrema, as tatuagens em seus ombros e acima dos seios destacavam-se em sua pele pálida.

– Vejo que a quase morte quando mais nova precisa ser renovada. – ameaçou-a, não ligando para quem quer que estivesse ouvindo.

A tensão, de forma descontraída, alojou-se entre as duas, contaminando os outros que apenas observavam, boquiabertos com a “recente” descoberto para cada um e ansiando para que cada animo furioso se acalma-se e o clima de harmonia e confusão voltasse a sua posição. Com uma risada sádica, Anna voltou a falar.

– Pode ter a completa certeza desse fato, minha cara. – endireitou-se, levantando-se da cadeira e ficando ereta, moveu a mão até um dos bolsos de sua calça, era incrível como, mesmo em uma situação em que cautela fosse apropriado, a garota podia manter um sentimento brincalhão e possuísse um ar zombeteiro, estendendo a palma, mostrou algo um tanto inadequado para o momento – pelo menos parecia inadequado.

Abarrotado e sujo, estava ali um cacho de cabelo loiro.

– Isso é nada mais nada menos do que fruto do responsável por tudo isso. – exibiu a todos – Um dos novatos de meu clã rumou a uma das cidades que formava uma das pontas desse pentagrama. Haviam o pagado para eliminar uma vítima nas redondezas, mas ao chegar lá, isso estava por todo lado, separado fio por fio, cada um preso nas roupas dos corpos de vítimas. Esmagados, perfurados, afogados, queimados... não importa a forma cujo a pessoa morrera, isso estava em tudo.

Por um momento a sensação de surpresa pareceu querer invadir a todos, mas fora impedida pelo choque que percorrera suas espinhas ao chegar antes da mesma. Ragnarok mantinha-se com a mesma postura de antes, no entanto, era possível perceber que estava pasma – de forma mais elevada que os outros.

– C-co-como tem certeza que isso realmente pertence ao vulto? Pode muito bem ser de... – Ragnarok começara a falar, tendo para si algum termo defensivo contra a grande descoberta que a outra fizera, no entanto, fora interrompida.

– E necessariamente o que deixaria isso para trás? – Anna perguntou num tom provocativo, era incrível como as palavras que pulavam de sua boca podiam mexer de forma selvagem com o emocional de outras pessoas - Orcs? Duendes? Fadas? – fez uma pausa para uma curta risada – Está tão desesperada ao ponto de achar que criaturas diminutas destruiriam as maiores forças armadas do reino?

Naquele momento a Comandante parecia ter cedido as palavras de Anna, tendo consigo somente as pernas para sustenta-la, sem outra opção a não ser apenas as próprias emoções que aos poucos eram moldadas pela garota. Entre os jovens sentados, Ruby era a única que em parte aproveitava a cena, ver Ragnarok com o sentimental abalado após tortura-la ou dar ao menos um pouco de dor a si, era definitivamente algo bom.

Porém, de um segundo a outro, os olhos castanhos da mulher acenderam novamente a chama de sempre, tomando por mais uma vez a postura de liderança que usava a quase todos os momentos. Ignorando todos os altos e baixos que sofrera anteriormente, continuou a discutir sobre o assunto, deixando de lado a raiva que sentia da morena.

– Se estou certa, basta utilizarmos algum feitiço localizador e isso nos levara ao que causou tudo isso? – perguntou, agora com uma essência de calma.

– Certamente. – Anna respondeu, igualmente a outra, tinha calma na voz, porém não deixara a frieza de lado, essa era algo que fazia parte de seu ser, era inevitável que algum dia, próximo ou longínquo, a deixasse em paz.

De súbito, Jonathan se levantou da cadeira, arrastando o objeto para trás e produzindo um ruído agudo após os pés do móvel deslizarem pelo chão seco e árido.

– Vamos lutar agora mesmo! – exclamou, não podendo evitar a adrenalina que corria por suas veias. Evitava ao máximo olhar para Anna, sabia muito bem que a garota fora a responsável por incendiar a vila em que morara quando criança quatro anos antes, sendo assim, nos dias atuais seria portadora de um poder enorme – A senhora, Comandante, pode não ter visto, mas aquilo deixou Kenai e os outros quase mortos! Enquanto lutávamos com o vulto consegui manipular o ar para que os curasse, no entanto acho que ainda precisam de um descanso.

Era possível perceber a preocupação em sua voz, sua personalidade e o papel de responsável não permitiam que não dissesse algo confortante aos outros e a quem quer que ouvisse.

– Eu... entendo que esteja tentando proteger os outros de imediato. Acredite, acho muito nobre de sua parte, Jonathan. No entanto, não podemos, simplesmente partir para cima. O treinamento de vocês começa ao amanhecer, deixarão suas diferenças e inimizades de lado, os cortejos ou qualquer outra frescura que os impeça de usar sua real força, após isso, e somente , partiremos.

Mesmo já possuindo algum ideia do que seria dito a ele, as palavras o surpreenderam. Não imaginava que todo um treinamento reforçado fosse necessário para isso, mas parando para raciocinar direito, a força que possuíam era algo minúsculo em comparação ao poder do inimigo, era, com toda a certeza, algo de extrema importância a ser feito. Sendo assim, apenas retribuiu a outra um olhar significativo de concordância, entendo claro e plenamente a situação.

– Esta seção está encerrada. – Ragnarok dissera de forma direta, sem ter em mente outro assunto para discutir, deu um fim a tudo.

Aos poucos e com o rangido de cadeiras sendo arrastadas, a sala foi se esvaziando, os passos agitados e abafados pelo piso iam diminuindo em uma frequência baixa, deixando de existir um tempo depois. Todos foram embora, sendo dirigidos a seus aposentos por pessoas designadas a isso trajadas com uma túnica laranja, estampado com o símbolo da nação de Allegar nas costas.

A Comandante virou-se, esperando ver a sala vazia, somente preenchida pela sua presença e a do vento, propriamente alojado e preenchendo o vão de um móvel e outro, no entanto, lá estava, sentada de maneira desconfortável na cadeira centralizada, os cabelos ruivos amarrados de forma frouxa num rabo de cavalo, os olhos verde grama destacando-se na pele pálida. Lilly Becker.

– Lilly... você não devia estar indo com os outros? O seu Anfitrião está aguardando...

– Se ele rumou para os maiores reinos, por que o meu foi... por que foi tudo destruído?! Minha mãe, meu pai! Todos... – lágrimas se formaram em seus olhos, ela definitivamente sentia-se sentimental nos últimos dias, no entanto, era inevitável que parasse, todo o assunto e notícias bombásticas que se permitiram chegar a seu campo auditivo estavam roendo suas emoções de forma que quase sempre se sentisse com vontade de chorar.

Cedendo e não se preocupando mais em conter as gotículas que se formaram em seus olhos, chorou, em frente à Ragnarok que em parte se sentira comovida pela cena.

– Demonstrar tristeza não é sinônimo de fraqueza – a outra começou, proferindo palavras reconfortantes -, sendo sincera, a cada vez que você faz isso, vence um desafio em sua vida – fez uma pausa -, saltando-o e partindo para enfrentar outro e construindo barreiras maiores ainda para sua alegria. Então... chore o quanto quiser, acredite, isso é bom.

E com as significativas palavras vindas da Comandante, a ruiva passou a sentir-se melhor, em parte diminuindo as lágrimas vindas pela dor das perdas e mortes, por outra, mesmo sabendo que “chorar” era bom, ficou mais feliz, não podendo segurar um singelo e fino sorriso formado nos lábios róseos e delicados.

– Vá agora, minha cara. O que nos resta agora é acreditar que possuímos fé e esperança. – despediu-se da outra, enquanto, em passos lentos, Lilly atravessava o arco cravejado de joias e seguia a mulher de túnica laranja.

Da sala, Ragnarok apenas a observava, prevendo habilidades e técnicas que facilmente poderia ensinar a dominadora de trovões com grande potencial. Voltou-se para dentro, tirando a espada da bainha de couro e rumando para o armário mais ao fundo, abriu as portas com um rangido seco e apreciou a almofada de veludo vermelho dentro do mesmo enquanto posicionava sua lâmina no interior do móvel, lendo e deixando-se levar pelos pensamentos com a frase entalhada na arma.

“Em situações felizes, chorar pode ser a ação mais adequada a se realizar”


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Notas finais do capítulo

E aí? Que acharam? Sinceramente, espero que tenham gostado :3!
Vou tentar o máximo possível postar o próximo ainda essa ainda essa semana, porém não é certeza.
Enfim, acho que é só. Queria agradecer mais uma vez pela recomendação e INTÉ O PRÓXIMO!



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